Alterações urinárias assintomáticas Flashcards
Quais glomerulopatias que costumam se apresentar com hematúria assintomática ou oligossintomática?
1) Doença de Berger
2) Doença do adelgaçamento da membrana basal glomerular
3) Mal de Alport
Qual a glomerulopatia primária mais frequente no mundo, a qual é responsável pela maior parte dos casos de hematúria macro recorrente de origem glomerular?
Doença de Berger (nefropatia de IgA).
Qual a epidemiologia da doença de Berger?
Faixa etária: 10 - 40 anos.
M:F: 2:1
Origem asiática.
Portanto, deve ser sempre considerada em homens jovens com hematúria recorrente.
Qual a relação entre a doença de Berger e a púrpura de Henoch-Schönlein?
A nefropatia por IgA pode ser considerada uma forma monossintomática (restrita aos rins) dessa vasculite leucocitoclástica.
Qual outra doença glomerular cursa com intensa deposição de IgA no mesângio e como diferenciá-la da doença de Berger?
Nefrite lúpica classe II (consome complemento).
Quais as principais condições secundárias associadas à deposição de IgA no mesângio?
1) Cirrose hepática (1/3): diminuição da depuração hepática.
2) Doença celíaca e dermatite herpetiforme (1/3).
3) Espondiloartropatias soronegativas (EA).
4) HIV: a principal lesão glomerular no HIV é a GEF colapsante.
OBS.: não esquecer a nefrite lúpica tipo II e a púrpura de H-C.
Quais os aspectos histopatológicos da doença de Berger e qual o melhor método para evidenciá-los?
MO: glomerulonefrite focal ou DIFUSA com aumento da celularidade e expansão do mesângio.
IFI: depósitos granulares mesangiais difusos de IgA, IgG e C3.
Qual a diferença histopatológica entre a doença de Berger e a nefropatia por IgA secundária?
Não há proliferação celular mesangial.
Quais as apresentações clínicas da Doença de Berger?
1) Hematúria macroscópica recorrente.
2) Hematúria microscópica persistente.
3) Síndrome nefrítica.
4) Doença de Berger complicada: sd. nefrótica e GNRP.
Quais as características da apresentação de hematúria macroscópica recorrente?
1) Apresentação típica da doença de Berger (40-50%).
2) Apresentação clássica das crianças e adultos jovens.
3) Os episódios são geralmente assintomáticos (2 a 6 dias), mas pode haver dor lombar, disúria, febre baixa, mialgia e astenia. DDs: pielonefrite, cistite bacteriana hemorrágica.
4) Nefrite sinfaringítica: na maioria das vezes, as crises de hematúria macro acompanham episódios de faringite/amigdalite.
5) Outros fatores precipitantes: ITU, gastroenterite, exercícios vigorosos, vacinação.
6) É o grupo de melhor prognóstico.
7) Pode haver IRA reversível (toxicidade da hb e formação de cilindros hemáticos no lúmen tubular).
Quais as características da apresentação de hematúria micro persistente?
1) Ocorre em 30-40% dos casos.
2) Costuma ocorrer em mais velhos.
3) Pode haver crises de hematúria macro (25%).
4) Pode haver proteinúria nefrítica.
5) Pior prognóstico em relação ao grupo da hematúria macro (injúria glomerular é constante).
Quais as características da apresentação de síndrome nefrítica clássica?
1) Oligúria, edema, HAS, hematúria…
2) Ocorre em 10% dos casos.
3) Se infecção respiratória alta for fator precipitante, DD com GNPE, mas não há comprovação de infecção estreptocócica (ASLO etc.) não há período de incubação compatível nem há consumo do complemento.
Quais as outras apresentações possíveis para a doença de Berger?
1) Síndrome nefrótica (10% dos casos).
2) GNRP (menos de 5% dos casos).
Como são os exames complementares na doença de Berger?
1) EQU: hematúria glomerular (dismorfismo/cilindros hemáticos) com ou sem proteinúria.
2) Complemento normal.
3) IgA sérica aumentada em 50%.
4) Biópsia da pele do antebraço: depósitos capilares de IgA em 50%.
Como é feito o diagnóstico da doença de Berger?
1) Níveis séricos aumentados de IgA.
2) Depósitos capilares de IgA na biópsia da pele.
3) Biópsia renal.
Quem investigar para doença de Berger?
Pacientes com hematúria macro recorrente ou com micro persistente (associadas ou não à proteinúria nefrítica).
Para quem indicar a biópsia renal na suspeita de doença de Berger?
1) Proteinúria significativa (>1g/dia).
2) Síndrome nefrítica.
3) Insuficiência renal.
Quais são as 4 principais possibilidades de evolução da doença de Berger?
1) Permanência assintomática de hematúria micro e de proteinúria nefrítica com ou sem hematúria macro, mas com estabilidade da função renal a longo prazo (60% dos casos).
2) Evolução lentamente progressiva para IR (40% dos casos). Em 20% dos casos, para rins terminais ao longo de 10-20 anos.
3) IR terminal em menos de 4 anos do diagnóstico (crescentes). Raro.
4) Remissão completa da doença, sem complicações futuras (<4%).
Quais são os prenúncios de mau prognóstico na doença de Berger?
1) Idade (quanto mais velho, pior).
2) Sexo masculino.
3) HAS
4) Cr > 1,5 no diagnóstico.
5) Proteinúria persistente > 1-2g/dia.
6) Ausência de hematúria macro.
7) Glomeruloesclerose, crescentes, atrofia tubular.
8) Depósitos de IgA nas alças capilares (subendoteliais).
OBS: a intensidade e a frequência das crises de hematúria macro NÃO são indicadores prognósticos.
Quais são os pacientes candidatos ao uso de corticoide?
1) Proteinúria > 1g/dia.
2) HAS moderada.
3) Cr > 1,5.
4) Bx renal sugestiva de mau prognóstico (crescentes).
Quais os pacientes candidatos ao uso de IECA/BRA (nefroproteção)?
1) HAS.
2) Proteinúria > 1g/dia (mesmo se não hipertenso).
Qual outro tratamento pode ser tentado como alternativa ao uso de corticoide?
Óleo de peixe (ômega-3), pois pode lentificar a taxa de progressão do dano renal (mecanismo desconhecido).
Portanto, quando indicado, quais as possibilidades de tratamento da doença de Berger?
1) Corticoide
2) IECA/BRA
3) Estatinas
4) Óleo de peixe (ômega-3)