14 - Hipersensibilidade Tipo II, III e IV Flashcards
Caso clínico:
Homem de 56 anos, previamente hígido, relata que há 4 meses iniciou o surgimento de bolhas intermitentes e dolorosas na região oral, atingindo mucosa e lábios. As lesões permaneciam por uma semana até cicatrizarem e depois ressurgiam algumas semanas depois. No quarto mês o paciente notou lesões similares no tronco e membros, o que motivou a procura do atendimento médico. No exame físico foram observadas múltiplas lesões ulceradas afetando o tronco, membros e mucosa oral. As lesões se rompiam pelo mínimo contato, gerando áreas erodidas dolorosas na pele e mucosas.
1) Qual a hipótese diagnóstica?
2) Qual exame poderia ter sido feito para confirma-la e o que seria observado nele?
3) Qual o plano terapêutico para o paciente?
4) Qual hipersensibilidade está mais relacionada?
1) Pênfigo Vulgar: destruições dos desmossomos entre as células, predispondo a lesões na pele e mucosa.
2) Biópsias perilesionais:
- A histopatologia mostraria acantose (perda de aderência entre as células da camada espinhosa da epiderme) e bolhas intraepidermais.
- A imunoflourecência direta poderia demonstrar depósitos intracelulares de IgG na epiderme.
3) Terapia com corticosteroides, mofetil micofelonato, enxaguante bucal esteroide, spray analgésico para as lesões orais e terapia profilática para úlcera péptica e osteoporose. Para tratamento das áreas erodidas: enxerto de pele.
Após alta, o paciente precisa continuar com tratamento e acompanhamento dermatológico.
4) Hipersensibilidade tipo II.
1) O que é a hipersensibilidade?
2) Essa hipersensibilidade ocorre contra quais antígenos?
1) Uma resposta exagerada do sistema imune a algum antígeno.
2) - Pode ser contra antígenos próprios (autoimune).
- Pode ocorrer quando se tem uma resposta exagerada a microorganismos ou na presença de um microorganismo persistente.
- Pode ocorrer contra antígenos ambientais mão microbianos.
Obs: A hipersensibilidade tende a ser crônica e progressiva, apresentando-se como um mecanismo terapêutico.
1) Quais tipos de Hipersensibilidade estão relacionada a IgG e IgM?
2) Qual a diferença entre essas hipersensibilidade?
1) Tipo II e III
2) Tipo II: IgM e IgG reconhecem antígenos presentes na matriz extracelular ou na superfície celular.
Tipo III: IgM e IgG formam imunocomplexos - anticorpos se ligam a antígenos, levando a formação e deposição de imunocomplexos.
1) Das hipersensibilidades, quais são consideradas doenças causadas por anticorpos?
2) Animais normais podem adquirir essas doenças?
3) Como é feito o diagnóstico dessas doenças?
1) Tipo II e III
2) Sim, caso ele receba, passivamente IgG de um indivíduo afetado. Ex: Transferência transplacentária mãe-filho. É uma doença transitória, pois o indivíduo normal não produz essa imunoglobulina.
3) Características clinicopatológicas associadas a detecção de anticorpos ou imunocomplexos na circulação ou depositados nas lesões.
Hipersensibilidade do tipo II:
1) Mediada por:
2) Normalmente ela é sistêmica pu órgão-específica? Porque?
3) Normalmente ela é gerada por autoanticorpos (reação autoimune) ou pela reação cruzada entre anticorpos produzidos contra microorganismos específicos e antígenos próprios.
Ex: febre reumática - indivíduo adquire infecção estreptocócica, acarretando a produção de anticorpos contra a bactéria que, em uma reação cruzada, reconhecem antígenos próprios.
1) Anticorpos (IgM e IgG)
2) Órgão-específicas: pois é gerada em células ou tecidos específicos onde estão presentes os antígenos.
3) Normalmente ela é gerada pela a produção de autoanticorpos, no entanto, pode ocorrer pela reação cruzada. Ex: febre reumática - indivíduo adquire infecção estreptocócica, acarretando a produção de anticorpos contra a bactéria que, em uma reação cruzada, reconhecem antígenos próprios.
Mecanismo da hipersensibilidade tipo II:
1) Geral
2) Relacionado à opsionização
2. 1) 3 doenças provocadas por esse mecanismo
3) Relacionado a inflamação
3. 1) 1 doença provocada por esse mecanismo
4) Relaciona a funções celulares anormais
1) 1º Produção de anticorpos que reconhecem antígeno da superfície celular ou da matriz extracelular.
2º Os anticorpos levam ao recrutamento e a ativação de células inflamatórias mediadas por receptor de Fc e pelo complemento.
3º Ativação das células inflamatórias.
4º Liberação de enzimas lizossomais, de espécies reativas de oxigênio, levando a lesão tecidual.
2) Anticorpos fazem a opsionização ou ativam o complemento. Esses mecanismos sinalizam para os fagócitos iniciarem a fagocitose, destruindo células dos tecidos.
2.1) Anemia hemolítica autoimune (Ac contra eritrócitos), púrpura trombocitopênica autoimune (Ac contra plaquetas), hemólise nas reações transfusionais.
3) Anticorpos depositados nos tecidos ativam complemento e recrutam neutrófilos e macrófagos. Os leucócitos recrutados liberam ROS, NO, produzindo lesões no tecido.
3.1) Glomerulonefrite mediada por anticorpos.
4) Anticorpos podem interferir nas funções de receptores ou proteínas, acarretando funções celulares anormais mesmo sem gerar inflamação ou dano tecidual.
4.1) Doença de Graves (Ac sem ligam a receptor TSH, estimulando esse receptor na ausência do hormônio) e Miastenia Grave (Ac se legam a receptor nicotinico da acetilcolina, inibindo a ligação da acetilcolina ao seu receptor).
1) O que ocorre na eritroblastose fetal?
2) A qual tipo de hipersensibilidade essa doença está relacionada?
1) Quando a mãe é Rh- e o filho é Rh+ (criança possui em suas hemácias o antígeno). 1ª gravidez, a mão produz o anticorpo anti-Rh. Na 2ª gravidez, a mulher já vai ter anticorpos anti-Rh que vão passar pela placenta, caso a criança seja Rh+, esses anticorpos podem aos eritrócito, induzindo a morte celular deles.
2) Tipo II
Hipersensibilidade do tipo III
1) Mediada por
2) Onde estão os antígenos que se ligam aos anticorpos nessa doença?
3) O que ocorre com esses imunocomplexos?
4) É uma doença sistêmica ou órgão-específica?
1) Imunocomplexos: anticorpos ligados a autoantígenos ou a antígenos estranhos formando imunocomplexos.
2) Estão circulando.
3) Os imunocomplexos se depositam em alguns locais, provocando lesões.
4) Sistêmica, devido a circulação dos imunocomplexos que podem se depositar em múltiplos órgãos e tecidos.
Mecanismos da hipersensibilidade tipo III
1º Formação de imunocomplexos que ficam circulando.
2º Deposição desses imunocomplexos.
3º Recrutamento e ativação de células inflamatórias mediada por receptor de Fc ou pelo complemento.
4º Ativação de células inflamatórias com liberação de citocinas, de mediadores vasoativos, de enzimas lisossomais e de espécies reativas de oxigênio, provocando lesão celular.
5º O aumento da permeabilidade vascular provoca o aumento da deposição de imunocomplexos e a inflamação no interior dos vasos sanguíneos (vasculite), provocando a ativação do sistema do complemento, aumentando o processo inflamatório.
Doença do soro:
1) Em quais anos ela foi observada?
2) O que era essa doença?
3) Porque ela ocorria?
1) Anos 1900
2) Observou-se que indivíduos que recebiam soro de cavalo para tratamento de difteria apresentavam alguns sintomas (artrite, erupção cutânea e febre) cerca de 1 semana após o tratamento. Além disso, caso o paciente tivesse que receber mais uma vez esse soro, esses sintomas se apresentavam de forma mais rápida.
3) No caso, como o soro do cavalo continha proteínas estranhas ao organismo, ocorria a produção de anticorpos contra essas proteínas, levando a doença do soro.
Obs: atualmente, essa doença ainda é um problema, considerando-se a imunização passiva para picadas de cobra ou de raiva.
Cinética da doença do soro
1º Ocorre a inoculação de grande dose de antígeno
2º A partir do sexto já se inicia a formação dos anticorpos e dos imunocomplexos.
3º Ocorre captação dos imunocomplexos por macrófagos no fígado e no baço, mas alguns acabam se depositando no leito vascular.
4º Essa deposição desencadeia processo inflamatório que gera lesões no corpos (articulações, rins, vasos, etc).
- Vasculite, nefrite, artrite.
- Sintomas de curta duração (até eliminação do antígeno).
5º Redução de imunocomplexos e das lesões.
6º Eliminação do antígeno impede formação de imunocomplexos e anticorpos ficam livres.
Obs: complemento possui atuação, devido a via clássica.
Obs: casos o indivíduo tenha contato constante com o antígeno, o processo pode ser crônico.
Na hipersensibilidade do tipo III quais imunocomplexos se depositam mais, os maiores ou os menores, e porque?
Os imunocomplexos menores, pois os maiores são captados pelos macrófagos.
Reação de Arthus:
1) Qual tipo de hipersensibilidade está relacionado a essa reação?
2) Como ela ocorre?
3) Sintoma
1) Tipo III
2) Quando há injeção subcutânea de um antígeno em animal/indivíduo previamente imunizado ou que tenha recebido inoculação de anticorpos específicos para o antígeno. Assim, os anticorpos circulantes ligam-se rapidamente ao antígeno inoculado, formando imunocomplexos que se depositam nas paredes de pequenos vasos no local da injeção.
3) Vasculite cutânea, inflamação e edema local.
Obs: possui relevância clinica limitada, pois ocorre raramente devido a dose de reforço de vacina.
1) Quando a formação de imunocomplexos causa doença?
2) Quais imunocomplexos se depositam, os grande ou os pequenos, porque?
3) Quais o locais onde ocorre mais deposição de imonocomplexos?
1) A formação de imunocomplexos não é ruim, mas causa doença quando ele é produzido em excesso e não é eficientemente removido pelos fagocitos, depositando-se.
2) Os pequenos complexos são mais dificilmente fagocitados que os complexos maiores e, portanto, são os que depositam nos vasos.
3) Capilares glomerulares renais e da sinóvia onde o plasma é ultrafiltrado.
Obs: eles podem ser depositados em pequenos vasos de qualquer região.
Lúpus Eritomatoso Sistêmico (LES):
1) Está relacionado a qual tipo de hipersensibilidade?
2) Fisiopatologia
3) LES cutâneo - sintomas
1) Tipo III
2) Por gatilhos externos (ex: radiação ultravioleta) o organismo provoca a ativação da resposta imune, gerando a produção de anticorpos antinucleares. Esse anticorpos se ligam a antígenos nucleares provenientes da apoptose celular, formando imunocomplexos. Os imunocomplexos se depositam em diferentes locais, gerando os sintomas.
A CD plasmócitos tem uma relação com o LES devido a produção do interferon do tipo I que estimula a proliferação do LB. Os LB fagocitam os imunocomplexos, provocando maior ativação do LB, produzindo mais anticorpos.
3) Formação de rash cutanea em formato de borboleta.