13- Hipersensibilidade do Tipo I Flashcards
Caso clínico: HMR, 2 anos, sexo masculino, branco, natural e residente de Campo Grande MS, acompanhado de sus mãe MMR, procurou atendimento apresentando queixa principal há 1 dia, manchas vermelhas com prurido em todo corpo. A mãe refere que a criança ingeriu dipirona no dia do aparecimento das lesões na pele por apresentar leve coriza. Mãe nega alergias medicamentosas e alimentares anteriores e comorbidades familiares.
Placas eritomatosas, edemaciadas, de variados tamanhos de 1 a 7 cm de diâmetro, localizadas em face, tronco anterior e posterior e membros superiores e inferiores.
Hemograma completo sem alteração.
1) Qual a hipótese diagnóstica?
2) Quais as manifestações dessa hipótese diagnóstica que se apresentam no caso clínico?
3) Quais os diagnósticos diferenciais?
4) Tratamento (no caso, foi uma escolha terapêutica).
1) Reação alérgica medicamentosa
2) Urticária - uma das representações mais comuns de reações a drogas. É caracterizada pela formação de placas edemaciadas, com bordos irregulares, pruriginosas, surgindo em vários locais, simultaneamente ou não.
Nos quadros agudos, as placas urticadas são evanescentes, desaparecendo em minutos a poucas horas.
Nas crises agudas de urticária sempre devemos pesquisar reação a medicamentos, pois as manifestações podem se agravar com novos contatos com o medicamento.
3) Infecções bacterianas, exantemas virais, alergia alimentar - essas hipóteses foram descartadas mediante a história clínica, o exame físico e o exame complementar.
5) Uso de anti-histamínico oral e predsiona oral.
1) O que é a hipersensibilidade?
2) Quais são os tipos de hipersensibilidade?
1) Uma reação exagerada do sistema imune.
2) Hipersensibilidade do tipo I, hipersensibilidade imediata, alergia ou atopia.
Tipo II, Tipo III e Tipo IV.
Hipersensibilidade do tipo I:
1) Quais são as duas reações?
2) O que desencadeia essa alergia?
1) - Resposta imediata - poucos minutos após exposição.
- Reação de fase tardia - acontece após algumas horas, devido ao acúmulo de neutrófilos, macrófagos e eosinófilos.
2) O contato com o alérgeno (antígenos que desencadeia a alergia).
Quais fatores interferem nas manifestações clínicas da alergia?
- Quantidade de antígeno.
- Local de inoculação do antígeno.
Obs: as manifestações podem ser muito variadas.
Quais alterações ocorrem na alergia (3).
- Aumento da permeabilidade vascular
- Vasodilatação
- Contração do músculo liso bronquial e visceral.
Quais são os processos imunológicos que desencadeiam a hipersensibilidade imediata (7)
- Resposta Th2
- Produção de IgE alérgeno-específico.
- Na etapa de sensibilização ocorre a ligação do IgE antígeno-específico aos mastócitos, basófilos e eosinófilos.
- Atuação de citocinas, sendo as principais IL-4, IL-5 e IL-3 (são produzidas, principalmente, por Th2, Tgh e ILC2 - produzem o mesmo tipo de citocina que Th2 produz).
- Exposição repetida ao alérgeno - para desencadear manifestações clínicas um único contato não é suficiente.
- Ocorrem diversas manifestações clínicas. Ex: erupção cutânea, congestão sinusal, broncoconstrição, diarréia e choque).
- Ocorrência de interação gene-ambiente
1) Qual a natureza química dos alérgenos?
2) Características desses alérgenos
1) Proteínas ou compostos químicos ligados a proteínas - é necessário que haja uma resposta timo-dependente, para que ocorra troca de isotipo e produção de IgE (que será responsável pela resposta alérgica).
Obs: alguns antígenos timo-independentes (não proteicos) desencadeiam o processo alérgico, pois são capazes de formar conjugados com auto-proteínas, induzindo uma resposta de Lth (timo-dependente).
2) Normalmente, possuem baixo ou medio peso molecular, facilitando a difusão.
São estáveis nos fluídos corporais, não sendo degradados.
Alguns possuem estrutura glicosilada o que confere a eles proteção contra desnaturação e degradação no trato gastrointestinal.
Sequência de eventos da hipersensibilidade do tipo I
ETAPA DE SENSIBILIZAÇÃO (1º CONTATO COM O ALÉRGENO)
1º Exposição ao alérgeno
2º Ativação da resposta imune inata (APCs, ILC2)
3º Ativação da resposta imune adaptativa com um papel muito importante de Th2 e de Tfh por cauda da troca de isotipo que ocorre no LB para que ele produza IgE.
4º IgE se liga ao receptos FcepslonR que está presente nos mastócitos (principal célula relacionada a alergia. Está nos tecidos adjacentes aos vasos), basáfilos e eosinófilos circulantes.
ETAPA PÓS SENSIBILIZAÇÃO
1º Exposição repetida ao alérgeno.
2º Ligação cruzado do antígeno ao IgE (ligado ao mastócito) provocando ativação do mastócito.
3º Ativação do mastócito leva a liberação dos mediadores que geram a reações patológicas.
1) Quais são as principais cotocinas relacionadas a hipersensibilidade do tipo I e qual o papel dessas citocinas.
2) São produzidas por quais células?
1) IL-4: recrutamento de eosinófilos, amplificação de Th2 e troca de isotipo para IgE (também induz IgG4) Secreção de muco e peristaltismo intestinal. Diferenciação para a formação de macrófago alternativo.
IL-5: ativação de eosinófilos.
IL-13: estimulação de células epiteliais a secretar muco e estimulação do peristaltismo intestinal. Diferenciação para a formação de macrófago alternativo.
2) Começam a ser produzidas pelas células da resposta imune inata (principalmente ILC2) e, posteriormente, são bastante priducidas por Th2.
Ativação da resposta imune Th2 no processo alérgico
1º Primeira exposição ao alérgeno , reconhecimento por APC. Ex: células epiteliais em contato com o alérgeno são estimuladas a produzirem IL-25, IL-33 e TSLP, mobilizando DC para o linfonodo.
2º Apresentação do alérgeno a uma célula T naive que se torna efetora (diferenciação em Th2 ou Tfh (produtoras de IL-4, IL-5 e IL-13).
3º Th2 migram para sítios teciduais de exposição.
Tfh permanece nos órgãos linfoides e estimula a troca de isotipo dos LB para IgE.
ILC2 também participa produzindo, principalmente IL-5 e IL-13, mas também produz IL-4.
Obs: para indução de uma resposta Th2 o indivíduo já possui uma propensão genérica.
O evento iniciador pode ser uma lesão epitelial (algumas vezes invisível). Ex: indivíduos que possuem dermatite atópica não possuem uma proteína de queratinócito, denominada filagrina. Isso possibilita as pequenas lesões epiteliais e passagem de alérgenos.
1) Processo de diferenciação de Th2.
2) Funções de Th2
1) Ocorre pela a produção de citocinas produzidas pelo epitélio, pelas ILCs, pelas APCs, por mastócitos. Diferenciação (IL-4) , amplificação (IL-4) (ela mesmo amplia sua resposta) e produção de citocinas (IL-4, IL-5 e IL-13).
2) - Estimulam as reações mediadas por IgE, mastócitos e eosinófilos.
- Defesa do hospedeiro nas barreiras de mucosas.
- Infecções helmínticas e reparo tecidual.
- Ativação de macrófagos alternativos (IL-4 e IL-13).
Ativação do LB com troca de isotipo para IgE no processo alérgico.
Ativação de LB e produção de IgE.
BCR recebendo o 1º sinal (contato com o alérgeno) e o 2º sinal (dado pela Tfh).
Resposta timo-dependente, requer toda a interação de de CD40 e CD40L, além dos sinais nescessários para sua ativação.
Relação de citocinas, principalmente a IL-4 (troca de isotipo para IgE).
Receptor FcepslonR
1) Onde o receptor FcepslonR se liga?
2) Qual domínio ele possui?
3) Em quais células ele se apresenta?
1) Se liga a região Fc do anticorpo (IgE), deixando a região Fab disponível para a ligação com o alérgeno.
2) Possui domínios ITAMs que sinalizam para a célula, após sua ativação.
3) Presentes em mastócitos, nasófilos e eosinófilos.
1) Ativação dos mastócitos na alergia.
2) Regras para essa ativação (2).
3) Porque a hipersensibilização ocorre de forma imediata?
4) O que essas células ativadas vão produzir?
5) Quais os gatilhos para ocorrência do processo alérgico?
1) Mastócito sensibilizado (com IgE ligado ao FcepslonR), devido a uma exposição prévia ao alégeno.
Em uma segunda exposição ao alérgeno, o alégeno se liga ao IgE que já esta ligado ao receptor Fcepslon do mastócito.
2) Anticorpo só exerce sua função quando tiver ligado ao antígeno.
Célula só é ativada quando há, pelo menos 2 receptores Fcs adjacentes da célula ligados ao anticorpo que, por sua vez, está ligado ao IgE (formação de ligação cruzada entre esses receptores).
3) Célula ativada libera os mediadores que estavam dentro dos granulos. Como esses mediadores já estavam prontos, ocorre uma hipersensibilização imediata - minutos após a exposição repetida desse alérgeno.
4) Citocinas - são responsáveis pela reação de faze tardia que ocorre cerca de 2 a 4 horas após a exposição ao alégeno.
5) Não se sabe ao certo, mas pode estar relacionado ao número de exposições ao antígeno, com sensibilização cada vez maior dos mastócitos. Além disso, mais exposições aumentam a probabilidade de uma ligação cruzada de ativação de receptores FcepslonRs adjacentes.
Somado a isso, existe uma questão genética relacionada que podem aumentar a ocorrência dessa alergia.
O que ocorre após a ativação dos mastócitos em uma resposta alérgica?
Ocorre a fusão dos granulos com a membrana celular e consequente liberações do conteúdo dos granulos, por exocitose - DESGRANULAÇÃO.
Ocorre a produção e liberação de mediadores lipídico.
Também ocorre a produção e secreção de citocinas (TNF também vai ser importante no contexto da alergia).