Suporte Renal Flashcards

1
Q

Quando eu devo indicar terapia de substituição renal?

A

O momento da hemodiálise é controverso, sendo que no estudo AKIKI não há diferença entre hemodiálise precoce (pelo KDIGO, ou seja, em até 6h do KDIGO3) ou diálise tardia (baseada em urgências dialíticas - K > 6 ou > 5.5 a despeito do tratamento OU pH < 7.15 OU BUN > 112mg/dL = Ur > 240 mg/dL OU edema pulmonar com necessidade de ventilação mecânica mesmo com diuréticos). Entretanto, a dialise precoce teve mais complicações (ex. infecção de cateter), razão pela qual preferimos a tardia. Essa decisão deve ser tomada em conjunto com a equipe de nefrologia.

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2
Q

Qual a melhor via de acesso para TSR na emergência?

A

Veia Jugular Direita > Veia Femoral > Veia Jugular Esquerda > Veias Subclavias.
A decisão e baseada no fluxo para o Schilley e para prevenção de trombose de veia com impedimento da confecção de fistulas AV nas VSC.

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3
Q

Quando eu devo indicar uma TSR contínua ou intermitente?

A

Pelo guideline da SBN, a TSR continua não tem diferença em mortalidade em relação a intermitente, porém tem menor oscilação de PAM, PIC e eletrólitos, devendo ser indicado em choque, hipertensão intracraniana ou disnatremias graves. Os trials do ATN e RENAL usaram a hemodinâmica do SOFA 3 ou 4 para indicar hemodiálise contínua – noradrenalina subindo doses ou altas doses

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4
Q

Quais os cinco parâmetros da TSR continua?

A
  • Método de TSR: Pela SBN, não há diferença entre métodos dialíticos, assim hemodiálise ou hemofiltração ou hemodiafiltração é baseado na experiência do serviço (exceção: intoxicações).
  • Anticoagulação:: No The Heparin Citrate Study, o uso de citrato aumenta meia vida útil do circuito e tem menos eventos adversos. Devendo corrigir cai pré e pós capilar 6/6h – a saber, pela rotina do HC: Devemos ter esses cuidados para evitar intoxicação por citrato que é associado a alcalose, hipocalcemia e hipocalemia.
    - Cai pre-capilar: manter entre 4.5-5.2. Se > 5.2, reduzir 5ml/h e se entre 3.6 e 4.4, aumentar 5ml/h do CaCL2. Caso muito baixo, < 3.6: fazer bolus de 5mL e aumentar 10ml/h da infusão de CaCl2.
    - Cai pós-capilar: manter entre 1.0-1.4. Caso < 1, diminuir infusão de ACD em 10ml/h e, > 2, aumentar infusão em 10mL/h de ACD. Se 1.4-2, aumentar infusão ACD em 5ml/h.
  • Dose: Pelo estudo RENAL e ATN, a dose deve ser de aproxidamente 20-25 ml/kg/h, no caso, 1800 é uma dose aproximada para 70kg. Sempre fornecendo mais, 25-30ml/kg/h pelas perdas no circuito.
  • Ultrafiltrado: com a finalidade de controlar hipervolemia, como nos doentes com insuficiência cardíaca, a ultrafiltração de 200ml/h foi a utilizada no estudo CARRESS-HF. Quando o doente não deve perder volume, como no chocado, o UF deve tender a zero. Pode ser 0, se doente instável e não hipervolemico (não esquercer de subtrair citrato e calcio)
  • Composição do banho: deve ser guiado pela nefrologia, conforme níveis prévios de K e de pH, respeitando os níveis de sódio. Completando uma solução de 5L, vendo a composição inicial, em três etapas: primeiro, defina o K – sendo K 1-2 se hipercalemia e 3-4 se potássio normal; a seguir, defina o bicarbonato – deixando 20-30 para corrigir acidose e, sempre será + pois há produção hepática pelo citrato; por fim, some sódio para deixar variação com sérico menor que 10 (evitar grandes variações de osmolaridade), já contabilizando o que já tem no banho e o adicionado pelo NaHCO3.
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5
Q

Faca uma prescrição padrão de uma TSR continua

A

Segue o modelo abaixo:
CVVH – Hemofiltração contínua Na 130+ K 4.0 Bic 15+ P 3.1
Solução ACD 2.2% 800ml em BIC ACM
Cloreto de cálcio 100mg/ml 30mL em BIC ACM
– Diluído em Cloreto de sódio 0,9% 100mL
Solução eletrolítica 0,61% de dialise 5000mL 1800h 2/2h
– KCL 19,1% para dialisato 10ml
– Bicarbonato de sódio 8,4% 250mL
– Fosfato de potássio mono e dibasico para dialisato 10mL
– NaCl 20% solução injetável ampola 20mL
Fluxo de sangue 200ml/min
Fluxo de reposição 1800 ml/h
UF 200ml/h
Protocolo Cálcio Agudos ACM
Protocolo Citrato Agudos ACM
Colher Na, K, Mg, P, GasoV, Cai pre-capilar e CaT 8/8h (6/6h não é factível no HC)
Colher Cai pós capilar 8/8h (6/6h não é factível no HC)
Se intercorrências avisar ao plantonista da nefrologia
Duração: 24h ou a critério da nefrologia

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6
Q

Faca uma prescrição modelo de uma TSR do tipo SLED (Sustained Low Efficiency Daily Dialysis)

A
SLED
Heparina 5000 UI tópica ACM priming
Heparina 5000 UI tópica ACM heparina para fechar cateter
Tempo de procedimento 6 horas
Fluxo de sangue 250 ml/min
Fluxo de dialisado 250 ml/min
UF 2000 mL
Dialisado Genius K 3 Ca 2.5 ACM 

Observe: diferente da prescrição da dialise continua, na intermitente, o método é dialítico, a anticoagulação é com heparina (exceto coagulopatias), a dose é dada por Kt/V 1.2-1.4, o que no geral, são 6 horas de 250:250, a UF é 2000mL assumindo perda de 1kg/d em doentes hipervolemicos e dialise em dias intermitentes e o dialisado é um padronizado (Genius) para evitar o erro humano.

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7
Q

Quando interromper a terapia de substituição renal?

A

A necessidade da terapia de substituição renal deve ser diária. O melhor sinal de recuperação da função renal, usado inclusive no estudo AKIKI, é diurese espontânea > 1000mL ou diurese estimulada (furosemida) > 2000mL. Além disso, o doente deve apresentar tendência de queda da creatinina e controle de distúrbios hidroeletrolíticos (K e balanço hídrico).

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8
Q

Como devemos fazer a nefroproteção na rabdomiólise?

A

O maior trial é do Brown, 2003, em rabdomiolise pós-trauma. Primeiro, somente CPK > 5000 foi associado a disfunção renal. Segundo, a única medida eficaz foi hidratação (nem manitol, nem bicarbonato foram eficazes) em mortalidade e redução de TSR. A sugestão da revisão do NEJM, é SF0.9% 200-1000ml/h ajustando para DU 200ml/h OU 3ml/kg/h.

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9
Q

Como fazer a nefroproteção para contraste iodado?

A

Pelo ACR: NaCl 0.9% 100ml/h 12 horas antes e 12 horas após (tolera-se 6-12 horas antes e 4-12 horas após)
Pelo CAR: NaCl 0.9% 1ml/kg/h 12 horas antes e 12 horas após. Para profilaxia com pouco tempo, podemos usar NaCl 3ml/kg/h em 6 horas antes e 6 horas após (toleramos mínimo de 300 a 500ml antes e após) OU NaHCO3 8.4% 150ml + SG5% 850mL 3ml/kg 1 h antes e 6 horas após.

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10
Q

Como fazer a terapia de reposição eletrolítica?

A

Coture e Hijazi mostraram que protocolos de reposição eletrolítica, guiados por eletrólitos diários, na ausencia de disfunção renal grave ou repercussão clínica são mais seguros e eficientes que sem eles. O protocolo da anestesiologia HC é:
Potássio K < 2.5: KCl 19.1% 20mL + SF0.9% 500mL EV em 2 horasK < 3.0: KCl 19.1% 20mL + SF0.9% 500mL EV em 4 horas
K < 3.5: KCl 19.1% 10mL + SF0.9% 250mL EV em 4 horas
Colher controle logo após
Cálcio Cai < 3.5: Gluconato de cálcio 10% 20mL + SF0.9% 100mL EV em 1 hora
Cai < 4.5: Gluconato de cálcio 10% 10mL + SF0.9% 100mL EV em 1 hora
Considerar correr manutenção em 24 horas, checar nível tardiamente
Fosforo K > 4.5: Glicofosforo 20mL (1 ampola) + SF0.9% 100mL EV em 2 horas
K < 4.5, P < 1.5: Fosfato de potássio 20mL + SF0.9% 250mL EV em 4 horas
K < 4.5, P < 2.5: Fosfato de potássio 20mL + SF0.9% 250mL EV em 4 horas
Se K > 3.0 na rotina, não precisa repor com KCl. Checar nível tardiamente.
Magnésio Mg < 1.49: Sulfato de magnésio 20mL + SF0.9% 100mL EV em 4 horas
Mg < 1.75: Sulfato de magnésio 10mL + SF0.9% 100mL EV em 4 horas
Checar nível sérico tardiamente (24 horas)

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11
Q

Quando devemos indicar fluidoterapia?

A

Pelo guideline do NICE, devemos indicar pelo:
- Exame físico volêmico: PA, FC, TEC, PA ortostática, estase jugular e edema de membros. Resposta ao passive leg raising test.
- Tendencias/contexto: ingesta hídrica, sede, perdas anormais, peso, balanço hídrico.
A avaliação deve ser diária, envolvendo três fluidos: expansão (desidratação), manutenção (baixa ingesta - ex. jejum) e reposição (perdas).

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12
Q

Devemos usar coloides ou cristaloides para fluidoterapia?

A

Pelo estudo SAFE, não há diferenças entre coloides e cristaloides – preferindo ultimo por ser mais barato. De forma semelhante, no estudo 6S, colóide (HES) foi associado a maior mortalidade em 90 dias, mais dialise e hemotransfusões que ringer lactato em doentes sépticos.

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13
Q

Como prescrever a fluidoterapia de expansão?

A
  • Soro fisiológico 500mL EV em 15 minutos ACM (expansão)

O uso de provas volêmicas fixas não só foi o realizado no SAFE, como é sugerido no guideline do NICE, baseado em trials que ressucitacao excessiva aumenta mortalidade (ex. FINACE ou FEAST).

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14
Q

Quando parar as minhas provas volêmicas?

A

Pelo guideline do NICE, devemos avaliar piora da SpO2, aumento da FR ou nova estertoração pulmonar. Frente a esses parâmetros, devemos interromper a fluidoterapia e considerar o uso de drogas vasoativas caso seja necessário suporte hemodinâmico.

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15
Q

Em qual situação pode haver benefício da fluidoterapia ser realizada com albumina?

A

Um uso específico de colóide é baseado no trial do SORT, 1999, em que pacientes com peritonite bacteriana espontânea (definido como > 250 neutrófilos em ascite neutrofílica e com exclusão de PBS), além do tratamento habitual com cefotaxima ajustada para função renal por 5 dias, seguido de norfloxacina 400mg VO ad eternum, receberam albumina 1.5 g/kg até 6 horas do diagnóstico e 1g/kg no D3 tendo redução da mortalidade e da incidência de síndrome hepatorrenal – tendo benefício claro somente no subgrupo com BT > 4 e Cr > 1 mg/dL.

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16
Q

Como devemos utilizar diureticoterapia para almejar balanço hídrico negativo?

A

Pelo trial DOSE, não há diferença, na insuficiência cardíaca, de desfechos (sintoma), entre altas (até 2.5 x a dose ambulatorial) e baixas doses (40mg ou dose ambulatorial) OU uso em bolus (12 em 12 horas) ou contínuo de diureticoterapia (72 horas). Assim, na emergência, podemos dar ao paciente a dose ambulatorial EV (ou 40mg) OU 1mg/kg (SAVIC), conforme orientado pela ESC e reavaliar novo bolus após 2 horas.
Pelo estudo CARESS-HF, a ultrafiltracao nao e superior a diureticoterapia, ficando somente para os casos com resistencia diurética. Como o DOSE trial tinha poucos doentes resistentes a diurético, o TECA e o INCOR recomendam Furosemida (10mg/mL) 48 ampolas (puro) e liga a 4ml/h se falha, assim como associação diurética (bloqueio sequencial do nefron).

17
Q

Como avaliar o sucesso da diureticoterapia?

A

A diureticoterapia deve almejar a perda de 0.5 a 1 kg/dia no doente hipervolemico. Na UTI, podemos ver o balanço hídrico a cada 6 horas para atingir o alvo de -500 a -1000 em 24 horas (deve estar entre -125 e -250 a cada 6 horas).
Diariamente, o doente deve ter creatinina e eletrólitos quando em uso de diureticoterapia EV.