Suporte Neurológico Flashcards

1
Q

Quais as indicações da sedação na UTI?

A

Sedação leve: 0 a -2
- Ventilação mecânica invasiva com agitação após orientação e analgesia (Strom, 2010/AMIB)
- Procedimentos (ex. centro cirúrgico, IOT, EDA)
Sedação profunda: RASS -5
- Hipertensão intracraniana refratária (RASS -5)
- Estado de mal refratário (RASS -5)
- Bloqueio neuromuscular (ex. SARA, primeiras 48h)

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2
Q

Como prescrever a sedação contínua?

A
  • Propofol 50mg (sem diluição) EV em BIC sem diluição e ligar em 10ml/h
  • Dexmetomedina (precedex) 200mg (2mL) + SF0.9% 48mL EV em BIC e ligar em 3.5 ml/h titulando até 0.7mg/kg/h

Pelo estudo PRODEX, MIDEX e SEDCOM (guideline da ESCIM), devemos usar os não benzodiazepínicos, por menor tempo de Vm, menor tempo de UTI e menos delirium. Entre os dois acima, propofol é o mais barato.

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3
Q

Como prescrever a sedação em bôlus?

ex. para procedimentos

A

No caso de procedimentos, são opções mais usadas:

  • Etomidato 20mg (1 ampola) EV (mais usado IOT)
  • Propofol 3ml (1mg por 1ml) (rápida meia vida)

Pela revisão de procedimentos do NEJM, a sugestão é midazolam 0.5mg EV a cada 5 minutos (diluir 2ml + 8 mL de SF0.9% para ficar 1 para 1). A vantagem é a presença do antagonista, flumazenil 0.2mg EV, caso ocorra sedação excessiva com prejuízo respiratorio, infundido em 15 segundos, repetindo a cada 1 minuto até resposta.

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4
Q

Como aumentar a dose da sedação?

A

Como regra, o alvo da sedação é RASS 0 a -1, pois sedação leve tem menos tempo de UTI, de VM e mortalidade (exceto HIC, EM refratário ou BNM). Frente a agitação (RASS > 0), devemos, pela ESCIM/AMIB:

  1. Conversar e tranquilizar o paciente
  2. Pain first: CPOT/BPS
  3. Excluir delirium: CAM-ICU
  4. Fazer bôlus do sedativo e aumentar dose a cada 5 minutos até o alvo
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5
Q

Como desmamar a sedação?

A

Iniciado ao começar a sedação, avaliar 3-4 x por turno (ESCIM) se RASS -1 a 0. Se no alvo, reduzir dose em 50%. Alternativamente, podemos fazer despertar diário e manter sem sedação se não ocorrer agitação ou reintroduzir em 50% da dose se agitação. Não há diferença entre estratégias pelo estudo SLEAP – necessitando mais de BDZ e opioide na interrupção diária – preferir protocolo. Entretanto, pela BTF, no TCE grave o despertar diário é sugerido para fazer exame neurológico e tentar desmamar rapidamente para ter parâmetro

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6
Q

Como fazer a avaliação de delirium na UTI?

A

Todo doente com alteração aguda da consciência ou agitação deve ser submetido ao CAM-ICU no momento zero e 3-4 vezes/plantão (ESCIM). Pela AMIB, ao menos 1 vez por plantão, que consiste em quatro perguntas:

  1. Há alteração aguda e flutuante do exame mental?
  2. Há inatenção?
  3. Há alteração do nível de consciência?
  4. Há pensamento desorganizado?
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7
Q

Como prescrever neurolépticos no delirium?

A

Somente na presença de delirium HIPERativo:
- Haloperidol 1mg EV ACM
A via IM é mais dolorosa e tem absorção errática

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8
Q

Como aumentar a dose de neurolépticos no delirium?

A

Reavaliar a presença de agitação e, se presente, excluir dor e fazer o CAM-ICU e, a cada 30/30 minutos até controle da agitação. No trial do Devlin, 2010, a quetiapina 50mg VO/SNE 12/12h era iniciada caso haloperidol foi utilizado nas últimas 24h (resgate) podendo subir de 50 em 50 mg/dia até controle do delirium - 12h – tendo como finalidade recuperação mais rápida do delirium, menor agitação e transferência mais rápida para casa. Esses dados não se repetiram em outros estudos.

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9
Q

Como reduzir a dose de neurolépticos no delirium?

A

No trial do Devlin, a quetiapina era descontinuada se > 10 dias, na alta da UTI ou com resolução do delirium (CAM ICU negativo)

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10
Q

Como utilizar os benzodiazepínicos no delirium tremens da síndrome de abstinência alcóolica?

A

No estudo do Dappen, 2002, “Symptom Triggered vs Fixed-Schedule Doses of Benzodiazepine treatment for alcohol withdrawal”, a terapia guiada por sintoma (CIWA-AR) foi superior a doses fixas de benzodiazepínicos por permitir menores doses e por mais tempo em doentes internados. Na revisão do NEJM: Diazepam EV ou VO 10-20mg a cada 1-4 horas, lembrando que erro mais comum é subtratamento por ter medo de altas doses.

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11
Q

Como avaliar dor em pacientes que não estejam conscientes e orientados para avaliar a escala visual-analógica?

A

Através de escalas específicas como:
- CPOT: expressão facial, movimento corpóreo, tônus e assincronia com ventilador ou vocalização
- BPS: expressão facial, movimento de membro superior e assincronia com ventilador
Pela ESCIM, também devemos avaliar ao menos, 3 a 4 vezes por plantão.

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12
Q

Qual a prescrição habitual de analgesia contínua na UTI?

A
  • Fentanil 20ml + SF0.9% 80mL EV em BIC e ligar a 2ml/h (em doentes intubados)
    Droga ideal na UTI por não ter metabolismo renal, não causar depressão hemodinâmica e ter t1/2 5 minutos
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13
Q

Qual a prescrição de analgesia intermitente na UTI?

A

Conforme escala da OMS, porém evitando AINEs pelo risco renal e digestivo elevados no doente critico:

  • Dipirona 2g EV 6/6h
  • Tramadol 50-100mg EV + SF0.9% 100mL EV em 30 minutos 6/6h
  • Morfina 1-2mg EV 4/4h
  • Bôlus de 2ml da diluição de fentanil em bomba

Durante procedimentos, com sedação, a revisão do NEJM recomenda fentanil 25mcg (2 mL + SF0.9% 8mL e fazer 2-3mL) a cada 5 minutos. Reverter com naloxone 0.04mg, a cada 1 minuto se intoxicação (bradipneia e miose).

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14
Q

Como podemos aumentar ou reduzir a analgesia?

A

Após 24 horas, acrescentar as doses de resgate da dose diária de morfina e distribuir de 4/4h (resgates são 1/6 da dose). A cada 12 a 24 horas com dor controlada (sem resgate), podemos tentar reduzir a analgesia de horário ou retirar.

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15
Q

Quais as indicações de bloqueio neuromuscular?

A
  • Durante intubação orotraqueal: bloqueio neuromuscular é associado ao aumento de sucesso na primeira tentativa como mostrado no estudo observacional do Mosier, 2015.
  • Na SARA grave: o trial ACURASYS revelou que o bloqueio neuromuscular nas primeiras 48h reduz mortalidade em 28 e 90 dias na SARA grave (incluídos P:F < 150), além de menor barotrauma.
  • Na hipotermia: no estudo HACA, o BNM foi essencial para evitar os calafrios associados.
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16
Q

Como prescrever bloqueio neuromuscular?

A
  • Para IOT: habitualmente, sequência rápida usa succinilcolina 100mg EV em bolus (1 ampola) – 1.5 mg/kg.
  • No SARA grave: o ACURASYS usou Cisatracúrio 15mg EV em bolus, seguido de 37.5 mg/h por 48 horas.
  • Na hipotermia: no HACA, o uso de Pancurônio 0.1mg/kg EV 2/2h e ACM por 32 horas (24 + 8 horas).
17
Q

Quando indicar osmoterapia no contexto da hipertensão intracraniana?

A

Baseado no ENLS, todo doente com síndrome de herniação cerebral – definida por rebaixamento do nível de consciência (ECG) E anisocoria com perda do reflexo fotomotor, OU, com PIC > 20 mmHg (definição de HIC) como medida de primeira linha

18
Q

Como prescrever a osmoterapia na hipertensão intracraniana?

A

Ambas drogas, pelo ENLS, são igualmente efetivas, sendo rotina HC:

  • Manitol 20% 250ml EV em 15 minutos (50 g manitol = 0.5-1g/kg)
  • NaCl 20% 40mL EV correr na bureta (10-15m)
19
Q

Como prescrever a sedação com tiopental na hipertensão intracraniana refratária?

A
  • Tiopental 4000 mg EV + SG5% 250mL EV em BIC em 24 horas

Após 24h com PIC < 20 mmHg, reduzimos dose pela metade (2g) e, então, no dia seguinte, se ainda PIC < 20 mmHg, paramos. Não fazer parada abrupta, pelo risco de shift transcelular de eletrólitos.

20
Q

Quais as medidas não farmacológicas para reduzir a hipertensão intracraniana que devem ser utilizadas?

A

Pelo ENLS:
- Elevar cabeceira centralizada a 30 graus
- Drenagem de 5-10 mL de LCR pela DVE
- Hipertenvilação transitória pCO2 30-35 por até 6h
(Guiar por capnógrafo com gap conhecido)

Não devemos realizar hipotermia, baseado no Eurotherm 3235 pelo aumento da mortalidade e piora funcional; não devemos realizar craniectomia descompressiva no TCE pelo DECRA.
No caso específico do AVE, pelos estudos DESTINY, DECIMAL e HAMLET o AVC, com infarto de artéria cerebral média maligna (>2/3 do território e NIHSS > 18-20 (não dominante/dominante) OU > 50% e NIHSS > 16 a depender do trial) tem menor mortalidade sem melhora do mRS. Cirurgia deve ser em < 48h e < 60 anos.

21
Q

Quanto tempo de crise epiléptica define status epilepticus e por que só iniciar fármacos nesse momento?

A

Pelo guideline da Neurocritical Care Society e da AES, devemos iniciar o manejo após 5 minutos de crise epiléptica, pois o tempo para crises tonicoclonicas perderem o mecanismo de recuperação é esse (em ausência e focal, usamos 10 minutos). Só tratamos após 5 minutos, presumindo que 90% das crises terminam em 2 minutos (Theodore, 1994),

22
Q

Qual a prescrição inicial no doente em status epilepticus?

A
  • Diazepam 10mg EV OU Midazolam 10mg EV ACM

Pelos guidelines da AES e da Neurocritical Care (ENLS), iniciamos com benzodiazepínicos e então antiepilépticos, baseado em dois trabalhos:

  • Veterans Affairs Status Epilepticus Cooperative Study Group: comparou lorazepam, diazepam, diazepam seguido de fenitoina, fenitoina e fenobarbital na interrupção de crise. A droga mais eficiente deve ser usada antes devido a resposta tempo-dependente para interrupção – no caso, lorazepam 4mg EV (2mg/min). Como essa não existe no Brasil, usamos diazepam 10mg EV (2mg/min), o qual pode ser repetido após 5-10 minutos. (Mais eficiente antes)
  • RAMPART: Não houve diferença entre Midazolam 10mg IM ou Lorazepam 4mg EV (indisponível no Br, onde usamos Diazepam 10mg EV) no alvo interromper crise antes da chegada no hospital – medidas de resgate iniciadas 5-10 minutos após droga. Considerando doentes sem acesso, para não perder tempo, devemos preferir midazolam 10mg IM. (Via mais rápida)
23
Q

Como prescrever antiepilépticos no status epilepticus?

A

No estudo ESET 2013, doentes resistentes a anticonvulsivantes receberiam ataque de anticonvulsivantes, das doses de fenitoína 20mg/kg OU valproato 40mg/kg OU levetiracetam 60mg/kg, todas doses e opções compatíveis no guideline da Neurocritical Care. O resultado era ausência de crises em 20 minutos. Por custo, a opção no Brasil é fenitoína 1-1.5g (20mg/kg) EV em SF0,9% 250mL (precipita em SG) em 30 minutos (max 50mg/min), mantendo monitorizado pelo risco de bradiarritmias. Na Europa, no guideline da neurocritical care, valproato é a primeira linha, sendo mais tolerado e tendo menor instabilidade hemodinâmica. O nível sérico, pelo ENLS, do valproato pode ser visto quase imediatamente apos ataque e, da fenitoína 1-2 horas após.

24
Q

Como prescrever anestésicos no status epilepticus?

A

No status refratário (falha do BDZ e dos AED), devemos solicitar vaga de UTI + anestesia + IOT + EEG contínuo.
O anestésico mais utilizado é Midazolam 150mg + SF0,9% 120mL EV em BIC e ligar em 10 ml/h (0.05-2mg/kg/h).
Pelo GREEN e ENLS, devemos aumentar dose até atingir ausência de crises no EEG ou surto-supressão (controverso).
Pelo GREEN e ENLS, começamos desmame após 24 horas sem crise, reduzindo dose (50%) a cada 6 horas com drogas AED e nivel sérico/dose adequados.

25
Q

Por quanto tempo devemos manter os antiepilépticos, após a crise epiléptica?

A
  • No TCE, 7 dias, como feito no Best Trip e orientado pelo BTF (Temkin, 1990). (primaria e secundaria)
  • Pela AHA/ESO, após AVC/TVC, a sugestão é manter AED por ao menos 1 ano (secundaria)
  • Pela AAN, 2 ou mais crises > 24 horas OU 1 de 4: crise no sono, alteração de neuroimagem, EEG alterado ou síndrome epiléptica clara tem > 60% de risco de recorrência, devendo manter mesmo na alta.
26
Q

Pela nova resolução de morte encefálica (2017), quais etapas devem ser realizadas antes de iniciar os exames?

A
  1. Eu documentei a causa do coma?
    Diagnóstico conhecido e com neuroimagem compatível
  2. Há Pré-requisitos:
    - Lesão encefálica conhecida e irreversível compatível
    - Ausência de causas tratáveis (ex. Disnatremia grave)
    - Observação hospitalar > 6h OU > 24h se pós-PCR
    - T > 35 C + SpO2 > 94% + PAS > 100 mmHg OU PAM > 65 mmHg
    - Ausência de drogas depressoras do SNC ou BNM (4 a 5 meia-vidas)
27
Q

Pela nova resolução de morte encefálica (2017), como deve ser realizado o exame de ME?

A

São dois exames, com intervalo de 6 horas, por dois médicos com > 10 ME ou curso especifico, de especialidade compatível (ex. neurologia, intensivista, medicina de emergencia), não relacionados a equipe de transplante, em 5 etapas:

  • Pupila fixa e arreativa
  • Ausência de reflexo córneo-palpebral
  • Ausência de reflexo óculo-cefálico (horizontal e vertical, após excluir trauma cervical)
  • Ausência de reflexo vestíbulo-cefálico (50mL de SF0.9% gelado, continuo, após otoscopia ver integridade da membrana timpânica)
  • Ausência do reflexo de tosse (aspirar ou tracionar tubo)
28
Q

Pela nova resolução de morte encefálica (2017), devemos complementar com dois testes, a prova da apneia e um exame complementar?

A
  • Teste da Apneia: Antes de iniciar, checar pCO2 35-45 mmHg. Desconectar do ventilador colocando canula 14Fr a 6-10L/min antes da carina. Após 10 minutos, prova positiva se ausência de movimentos respiratórios e pCO2 > 55 mmHg.
  • Exame complementar: DTC (rotina HC), EEG, arteriografia ou cintilografia.
29
Q

Quais drogas devem ser prescritas para um potencial doador após diagnóstico de morte encefálica, visando melhor pega dos enxertos?

A
  • Metilprednisona 15mg/kg EV a cada 24 horas (Metanálise Dupuis, 2014)
  • Levotiroxina 300mcg SNE a cada 24 horas

A hormonioterapia está orientada pelo protocolo da AMIB e da ABTO.

30
Q

Como fazer monitorização do exame neurológico, isto e, neurochecks?

A
  • TCE grave: ECG + Pupilas, pela AMIB/BTF
    Red period: 15/15m na primeira hora
    Yellow period: 30/30m até 6 horas
    Blue period: 2/2 horas até 24 horas
    Green period: a cada 2-4 horas até 72 horas, conforme TC de crânio.
  • AVE trombolizado: NIHSS, pela AHA
    15/15 minutos na trombolise, a cada 30 minutos nas primeiras 6 horas, de hora em hora até 24 horas, a cada turno após (ao menos 1 vez ao dia).

Frente a piora do neurocheck, anisocoria OU piora em 2 pontos na ECG OU piora em 4 pontos no NIHSS, envolve nova TC de crânio de emergencias para avaliar complicações.