Semiologia Cardiovascular Flashcards
Quais principais sintomas relacionados ao aparelho cardiovascular?
- Dispneia, ortopneia e dispneia paroxística noturna;
- Angina de peito, outros tipos de dor torácica (ex.: dor pericárdica);
- Palpitações;
- Pré-síncope (ou lipotimia), síncope;
- Sintomas inespecíficos: fadiga, cansaço, vertigem…
Qual a sequência do exame físico na anamnese cardiovascular?
- Inspeção geral;
- Avaliação da pressão arterial (esfigmomanômetro);
- Avaliação do pulso arterial (por palpação);
- Avaliação do pulso venoso (por inspeção);
- Inspeção e palpação do precórdio;
- Ausculta cardíaca.
No exame físico cardiovascular, quais artérias são principalmente avaliadas e o que é analisado?
Carótidas e as Radiais
- Frequência cardíaca;
- Ritmo;
- Amplitude;
- Contorno;
- Aspecto palpatório da artéria.
Qual artéria ajuda a identificar as bolhas cardiacas? como?
As carótidas servem para ajudar a reconhecer as bulhas cardíacas na ausculta: a onda do pulso se dá junto com a primeira bulha (início da sístole).
Quais os tipos clássicos de Pulso Arterial?
- Pulso com baixa amplitude (“fino” ou “filiforme”)
- Pulso em “martelo d’água (pulso de Corrigan)
- Pulso “bisferiens” ou bífid
- Pulso dicrótic
- Pulso “parvus” e “tardus”
- Pulso “alternans
- Pulso paradoxa
Como pesquisar o pulso paradoxal?
Através do esfingmomanômetro:
- infla-se o manguito até um pouco acima da PA sistólica;
- Desinsufla manguito, observando com que PA aparecem os primeiros sons de Korotkoff, que aparecem apenas na expiração.
- Continua-se desinflando o manguito, observando-se com que PA os sons de Korotkoff tornam-se audíveis nas duas fases da respiração.
- Se a diferença entre esses dois valores de PA marcados for maior que 10 mmHg, diagnosticamos o pulso paradoxal.
Pulso com baixa amplitude (“fino” ou “filiforme”)
- Hipotensão com pressão arterial convergente.
- Baixo débito cardíaco (choques hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo ou a estenoses valvares severas, especialmente à estenose aórtica).
- Os pacientes com insuficiência cardíaca crônica que apresentam pulsos finos geralmente têm uma sobrevida curta.
Pulso em “martelo d’água (pulso de Corrigan)
PA divergente.
Característico da insuficiência aórtica crônica.
O que mais caracteriza o pulso é a subitanei- dade de sua queda. Os pulsos das síndromes de alto débito cardíaco (ex.: sepse, hipertireoi- dismo, anemia, fístulas AV) cursam com pul- sos amplos, porém sem a característica de “martelo d’água”.
Pulso “bisferiens” ou bífido
- o seu “desenho” tem dois picos sistólicos.
- A causa mais comum é insuficiência aórtica crônica associada ou não a uma estenose aórtica leve.
- Outra causa é a cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
- Este pulso ocorre em condições em que um grande volume sistólico é ejetado por um ventrículo com boa contratilidade.
- Provavelmente a segunda onda é um efeito de reflexão do pulso no leito arterial.
Pulso dicrótico
- Possui um pico sistólico e um pico menor na diástole.
- Este tipo de pulso em geral ocorre em estados de baixo débito cardíaco (choque hipovolêmico, cardio- gênico, obstrutivo) e em indivíduos com a aorta de elasticidade preservada (jovens).
- Como o pulso é fraco, a característica dicrótica pode não ser percebida na palpação.
Pulso “parvus” e “tardus”
- Possui ascensão lenta e amplitude baixa.
- É mais bem identificado na palpação da carótida.
- É característico da estenose aórtica moderada a severa.
Pulso “alternans”
Amplitude varia, alternando uma maior com uma menor amplitude.
Este pulso ocorre na insuficiência cardíaca em fase avançada, com baixo débito cardíaco.
É um sinal de mau prognóstico para esses pacientes.
Pulso paradoxal
- Paradoxo do desaparecimento do pulso arterial durante a inspiração, apesar de manter-se o batimento cardíaco.
- é a exacerbação de um fenômeno fisiologico: Durante a inspiração, a redução da pressão intratorácica transmite-se para o pericárdio e para as câmaras cardíacas, promovendo um aumento do retorno venoso para o coração direito.
- Enquanto isso, o retorno venoso para o coração esquerdo diminui, pois há um ligeiro desvio do septo interventricular para dentro do VE e uma redução das pressões no sistema venoso pulmonar.
- Com isso, na inspiração, o débito sistólico cai 7%; e a pressão arterial sistêmica, 3%.
- Quando a pressão intrapericárdica está alta e há tamponamento cardíaco, mesmo em fases iniciais, o fenômeno exacerba-se, desenvolvendo-se o pulso paradoxal: redução da PA sistólica em mais de 10 mmHg e/ou a redução detectável da amplitude do pulso arterial, durante a inspiração.
- O mecanismo do pulso paradoxal é a restrição pericárdica ao VD, impedindo que sua parede anterior se desloque para acomodar o maior retorno venoso imposto pela inspiração.
- Para isso, o abaulamento do septo interventricular para o interior do VE é exacerbado, reduzindo importantemente o seu enchimento diastólico.
Das características do pulso jugular interno, o que pode ser avaliado?
- Estimativa da PVC (Pressão Venosa Central);
- Contorno do pulso venoso.
O que é PVC?
- É a pressão atrial direita, geralmente igual à pressão das veias cavas.
- A PVC transmite-se para o sistema jugular.
- A determinação da PVC é feita com o cateterismo do coração direito, colocando-se a ponta do cateter no átrio direito ou uma das veias cava.
- Na prática, utiliza-se a própria punção de veia subclávia ou jugular interna, ligando-se o cateter em um equipo feito para este intuito.
- Alguns dos monitores atuais têm transdutores capazes de aferir a PVC (em mmHg) e reproduzir as curvas de pressão intra-atrial, que correspondem ao pulso venoso jugular.
Como é feita a estimativa clínica da PVC?
- Colocamos a cabeceira do paciente a 45o e observamos onde está o ponto da altura máxima do pulso venoso jugular.
- A medida deste ponto até a altura do átrio direito (na linha axilar média), no eixo vertical, em centímetros, é a estimativa da PVC.
- Aqui a veia jugular interna funciona como uma coluna de sangue, que se eleva quanto maior for a pressão venosa.
- Para facilitar a medida, considera-se a distância entre o ângulo de Lui e a posição do átrio direito como 5 cm. Mede-se, então, a distância entre a altura do pulso jugular e o ângulo de Lui e soma-se 5 ao resultado.
- O valor estimado será dado em cmH2O.
Qual o vlor da PVC normal?
8-12 cmH2O, correspondente a 5-8 mmHg (mmHg = cmH2O/1,36).
Contorno do pulso venoso (ondas de variação pressórica):
3 ondas de ascensão (A,C e V) - A onda C é o fechamento da tricuspide e é inperceptível aos nossos olhos. Portanto, na inspeção temos apenas 2 ondas de ascensão.
2 descensos (X e Y)
Onda A: é a maior ascensão, ocorre junto à contração atrial direita, que promove um súbito aumento da pressão intra-atrial, logo antes da primeira bulha cardíaca.
Descenso X: vem depois da onda A-C, é a queda da pressão intra-atrial consequente à descida do assoalho tricúspide na ejeção ventricular. Essa queda de pressão estimula o enchimento atrial pelo sangue venoso.
Onda V: é a segunda ascensão, ocorrendo durante o enchimento atrial com a valva tricúspide fechada, logo antes da segunda bulha cardíaca.
Descenso Y: vem depois da onda V, causado pela abertura da tricúspide e saída do sangue do átrio para o ventrículo. A curva de pressão do átrio esquerdo (e veia pulmonar) é idêntica, porém, aos níveis pressóricos maiores.
Quando o enchimento dos atrios ocorre?
Em duas fases do ciclo cardíaco:
- Sístole, devido à própria ejeção ventricular, que rebaixa o assoalho atrial e faz cair a pressão intra-atrial;
- Diástole, quando se abrem as valvas atrioventriculares, um momento em que as pres- sões atriais e ventriculares baixam simulta- neamente, promovendo o enchimento de todas as câmaras cardíacas. Esta fase deno- mina-se diástase.
Quais as alterações clássicas no pulso venoso?
- Onda A proeminente.
- Ausência de onda A
- Frequência das ondas A maior que a da frequência cardíaca.
- Onda A “em canhão”
- Onda V Gigante.
- Pulso venoso em W
- Ausência do descendo Y
Quando ocorre a onda A proeminente?
Condições que aumentam a resistência à contração atrial direita: principais:
- Estenose tricúspide
- Hipertrofia ventricular direita
- Insuficiência ventricular direita.
Quando ocorre a ausência de onda A?
Ocorre na fibrilação atrial, quando não há contração atrial. Nesse caso, às vezes podemos notar a onda C, dando a impressão de haver duas ascensões.
Quando ocorre Frequência das ondas A maior que a da frequência cardíaca?
nas taquicardias ou flutter atriais, em que a frequência atrial é maior que a ventricular, podemos notar nitidamente que existem mais ondas A em relação ao pulso arterial (frequência cardíaca).
Quando ocorre a onda A em canhão”?
Quando há dissociação atrioventricular (BAV total, taquicardia ventricular, taquicardia juncional), no momento em que a contração atrial se dá ao mesmo tempo em que a contração ventricular, portanto com a valva atrioventricular fechada.
Quando ocorre a onda V gigante?
- Na insuficiência tricúspide severa, o refluxo sistólico pela valva incompetente causa uma grande onda junto à sístole ventricular.
- Esta onda é considerada uma grande onda V, pois ocorre no momento do enchimento atrial sistólico.
- A onda A está presente, porém é bem menor que a onda V gigante, passando despercebida.
- O pulso venoso fica semelhante ao pulso arterial (“arterializado”).
- É a “onda V tricúspide”.
Quando ocorre o pulso venoso em “W”?
- ocorre nas cardiomiopatias restritivas e na pericardite constritiva.
- É caracterizado por um descenso Y proeminente, causado por um elevado gradiente atrioventricular no início da fase de enchimento rápido ventricular.
- O descenso termina subitamente, devido ao súbito aumento das pressões de enchimento no meio da diástole, evento típico de corações com baixa complacência.
Quando ocorre ausencia do descendo Y?
Ocorre no tamponamento cardíaco.
Nesse caso, há restrição ao enchimento ventricular desde o início da diástole, devido ao aumento da pressão intraventricular, influenciada pela alta pressão intrapericárdica.
Quais os ictus normais e suas localizações?
Ictus de VE (movimento da ponta do coração empurrando o tórax na sístole):
- Esta entre o 4o e 5o espaço intercostal esquerdo e na linha hemiclavicular esquerda;
- Tem a extensão de um espaço intercostal e duas polpas digitais no máximo;
- Tem uma ascensão e um descenso (como o pulso arterial).
Ictus de VD (movimento sistolico do esterno para fora):
- Atrás do tórax
- Normalmente não é visível ou palpável.
- Pode ser palpável e/ou visível nos estados hiperdinâmicos e em indivíduos muito magros.
Ictus de VD patológico
Está exacerbado (ictus de VD patológico) na hipertrofia ou dilatação do ventrículo direito, sendo um importante sinal do comprometimento desta câmara.
Quais os Ictus de VE patológico?
- Ictus propulsivo sustentado
- Ictus hipercinético
- Ictus hipercinético difuso
- Ictus hipocinético difuso
- Ictus desviado
- Movimento duplo
- Retração sistólica (sinal de Broabent)
O que é Ictus propulsivo sustentado?
- Ictus tópico, porém com amplitude e intensidade aumentadas e ascensão lenta e mantida.
- Geralmente está presente na HVE concêntrica, em que há um aumento da força contrátil e da massa miocárdica ventricular.
- As patologias de base podem ser:
- HAS
- Estenose aórtica
- Cardiomiopatia hipertrófica.
O que é Ictus hipercinético?
- Ictus de amplitude aumentada, de ascensão rápida e descenso rápido.
- Presente nas condições de circulação hiperdinâmica, como o exercício, febre, sepse, hipertireoidismo, anemia etc.
O que é Ictus hipercinético difuso?
Ictus amplo e intenso, que ocupa várias polpas digitais ou mais de um espaço intercostal.
Está presente em cardiopatias com sobrecarga de volume crônica, como a insuficiência aórtica, a insuficiência mitral e a CIV.
Ao mesmo tempo da ascensão do ictus no precórdio, há uma retração paraesternal esquerda, causando um movimento chamado “báscula precordial”.
O que é o movimento de Báscula Precordial?
Ascensão do ictus no precórdio com retração paraesternal esquerda.
O que é Ictus hipocinético difuso?
- Ictus de amplitude e intensidade reduzidas e com extensão aumentada (ocupa mais de duas polpas digitais e/ou mais de um espaço intercostal).
- Característico das cardiopatias dilatadas com insuficiência sistólica.
O que é Ictus Desviado?
- Impulso máximo deslocado para a esquerda da linha hemiclavicular e para baixo do 5o espaço intercostal esquerdo.
- Este sinal é específico, porém pouco sensível para as cardiopatias dilatadas (ictus tópico não afasta cardiopatia dilatada).
O que é o Ictus com movimento duplo?
- Impulso pré-sistólico pode ser visível ou palpável, correspondendo à B4 da ausculta
- Impulso protodiastólico pode ser visível ou palpável, correspondente à B3.
- Se houver associação dos dois impulsos, o ictus será em três tempos.
O que é a Retração sistólica (sinal de Broabent)?
- Presente na pericardite constritiva (o pericárdio está rígido, formando uma “carapaça” em volta dos ventrículos).
- Quando o miocárdio ventricular contrai-se, sente-se uma retração no precórdio, em vez de um impulso.
O que são as bulhas cardiacas?
Sons da vibração de estruturas cardíacas no ciclo cardíaco.
B1: Fechamento das valvas atrioventriculares, início da sístole;
B2: Fechamento das valvas ventrículo-arteriais, início da diástole.
B3: Vibração da parede ventricular, decorrente da brusca transição da fase de enchi- mento rápido para fase de enchimento lento ventricular.
B4: Vibração da parede ventricular, produzida por uma vigorosa contração atrial.
Primeira Bulha (B1)
- Som de média frequência
- Mais audível com o diafragma no foco tricúspide e em segundo lugar no foco mitral.
- É devido às vibrações decorrentes do fechamento das valvas mitral e tricúspide.
Quandp o desdobramento de B1 é audível? Quando ocorre?
- Normalmente, o componente mitral (M1) ocorre um pouco antes do componente tricúspide (T1) e tem a maior fonese.
- O desdobramento de B1 é audível quando esses dois componentes se afastam, geralmente pelo atraso de T1.
- Ele pode ocorrer em pessoas normais, mas pode ser bastante amplo no bloqueio de ramo direito, quando há um atraso na contração do VD.
- É mais audível no foco tricúspide, podendo irradiar-se amplamente.
Quais as causas de Hiperfonese de B1?
- Magros ou diâmetro AP torácico pequeno
- Síndromes hiperdinâmicas (pelo aumento da força contrátil dos ventrículos)
- Estenose mitral
- Intervalo PR curto (entre a atividade atrial e a ventricular).
Porque Estenose Mitral causa Hiperfonese de B1?
Pressão atrial esquerda está alta e a valva está tensa, esta só fecha no momento em que a pressão ventricular está mais alta, fechando-se com mais força.
Porque o intervalo PR curto apresnta Hiperfonese de B1?
A contração atrial aproxima-se mais da contração ventricular. No momento da contração atrial, a abertura valvar é máxima, portanto, com uma contração ventricular precoce, a incursão dos folhetos é maior, intensificando a força de fechamento valvar.
A condição mais comum em que esse fenômeno é percebido é na dissociação AV (ex.: BAVT), quando a fonese de B1 é variável, pela variação dos intervalos PR.