HAS - CARDIO 2 - CAP 2 Flashcards
Qual a epidemiologia da HAS no Brasil?
- 32% da população adulta.
- 60% dos idosos.
- Mais prevalentes em homens, mas quadro se inverte quando comparado com mulheres pós-menopausa (efeito protetor do estrogênio).
- Aumento em crianças devido obesidade.
- Maior em negros.
Quais são os Critérios Diagnósticos da Hipertensão Arterial, segundo a VII Diretriz Brasileira de HAS?
- PA no consultório: média entre duas medidas da pressão arterial, em pelo menos duas consultas, > 140 x 90 mmHg.
- Monitorização Residencial (MRPA): média de várias aferições da PA maiores ou iguais a 135 x 85 mmHg.
- Monitorização Ambulatorial (MAPA):
Vigília: ≥ 135 x 85;
Sono: ≥ 120 x 70;
24 h: ≥ 130 x 80.
Qual o protocoloco para realizar a Medida Residencila da PA (MRPA)?
- 3 medidas matinais antes do café da manhã e 3 à noite antes do jantar, por 5 dias consecutivos, ou
- 2 medidas antes do café e 2 antes do jantar, por 7 dias.
Qual o protocolo para aferição de PA no consultorio?
- Média das PAs de 2 consultas (exceto se PA >180x110) ou
- Paciente com risco cardiovascular alto e PA > 140 x 90 na primeira consulta
Descreva o fluxograma de diagnóstico da HAS de acordo com a VII Diretriz Brasileira de HAS.
Qual a epidemiologia da “Hipertensão do Jaleco Branco”
- 30% dos Hipertensos (principalmente estagio 1)
- 70% dos hipertensos do Jaleco Branco podem desenvolver HAS em um periodo de 10 anos.
O que é o “efeito do jaleco branco”?
Consultório: PA↑
MAPA: normal.
- Aumento transitório da PA (pelo menos 20 mmHg na sistólica e/ou 10 mmHg na diastólica) quando medida por profissional de saúde.
- Pode ocorrer em pacientes normotensos ou hipertensos e, nestes últimos, pode levar a uma classificação errônea do estágio da HAS, tendo como consequências adversas o “supertratamento” e maior risco de efeitos colaterais (ex.: síncope/ quedas por hipotensão arterial no domicílio).
O que é a Hipertensão Mascarada?
- Situação clínica caracterizada por valores normais de PA no consultório (< 140 x 90 mmHg), porém,com PA elevada pela MAPA.
- Deve ser pesquisada em indivíduos com PA normal ou limítrofe e mesmo nos hipertensos controlados, que desenvolvem sinais de lesões em órgãos-alvo
- Sua prevalência média é de 13%.
O que é Hipertensão Sistólica Isolada?
- PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg com PA diastólica menor que 90 mmHg
- Entidade típica do idoso (cerca de 70% dos hipertensos acima de 65 anos.
- Aumenta consideravelmente o risco de eventos cardiovasculares no idoso
O que é Pré-Hipertensão segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão?
- PA sistólica entre 121-139 mmHg e diastólica entre 81-89 mmHg.
- Estado de maior risco de hipertensão arterial no futuro.
- Maior risco cardiovascular que os normotensos.
- Níveis > 130 x 85 mmHg representa risco mais alto, com chance de 50-60% de se tornarem hipertensos nos próximos anos.
HAS
Quais exames pedir na primeira consulta? (8)
- Glicemia de jejum;
- HbA1C;
- Perfil lipídico;
- ECG;
- Urina tipo I (EAS);
- K+;
- Creatinina;
- Ácido úrico.
Qual a prevalência de pré-hipertensão na população Brasileira?
30,7%.
O que é Hipertensão episódica?
- PA > 140 x 90 mmHg somente em algumas aferições fora do consultório.
- Teste ergométrico: elevação > 10 mmHg da PA diastólica em qualquer momento do teste e/ou elevação > 60 mmHg da PA sistólica com 6 METs.
Como é a técnica para aferição da PA?
Paciente
1. Em repouso, sem estresse.
- Sem efeito de substâncias pressóricas circulantes (ex. descongestionantes nasais).
- Sentado, com dorso na cadeira e braço apoiado na mesa.
- Não deve fumar ou tomar café nos 30 minutos prévios.
Esfignomanometria
- Manguito deve circundar pelo menos 80% do braço (se menor – ex.: obeso – a PA será superestimada em até 20/14 mmHg)
- Inflar até 20 mmHg acima da PA sistólica, estimada pelo desaparecimento do pulso radial.
- Desinsuflar 2 mmHg/s, para auscultarmos os sons de Korotkoff, através do estetoscópio.
Aferição
- Nos dois braços, considerando a maior.
- Aferida novamente depois de 3 minutos, em posição ortostácica (pode haver hipotensão postural - redução > 20 mmHg na PAS e/ou > 10 mmHg na PAD).
Quais as fases dos sons de Korotkoff?
Fase I: PA sistólica (aparecimento do som).
Fase II: Início do gap auscultatório;
Fase III: reaparecimento do som
Fase IV: abafamento do som.
Fase V: PA diastólica (desaparecimento do som).
Nos pacientes com insuficiência aórtica, qual fase de Korotkoff determina a PA diastólica?
Fase IV, já que a fase V pode ser o zero.
Quando realizar a aferição de PA em membro inferior?
Em hipertensos com menos de trinta anos de idade para avaliar a possibilidade de coartação da aorta.
O que é a Pseudo-Hipertensão do idoso?
- Alguns idosos possuem artérias muito endurecidas (pela calcificação e arteriosclerose).
- Elas não colabam mesmo com pressões acima da sistólica, e se mantêm “abrindo e fechando” (os sons de Korotkoff vêm das vibrações da artéria braquial, devido ao seu “abrir e fechar”)
- Assim, a aferição pela esfigmomanometria constatará um aumento falso da PA.
- 5% dos “hipertensos” idosos têm esta entidade.
- A Manobra de Osler pode ser feita mas sem grande acurácia.
- O diagnóstico é feita pela determinação da PA pela cateterização da artéria radial (método invasivo).
Como é feita a manobra de Osler?
- Insuflar o manguito até a total oclusão da artéria braquial (níveis superiores à PAS aferida).
- Esta é positiva quando a artéria continua sendo palpada, sem pulso.
- É indicativo de Pseudo-Hipertensão.
De quanto em quanto tempo dee ser avaliada a PA de adultos e crianças?
Adultos normotensos (PA ≤ 120 x 80 mmHg) : a cada 2 anos. Adulto pré-hipertenso: anual.
Crianças: Regularmente aferida nas consultas de puericultura a partir da idade de 3 anos.
Como é o estadiamento da Pressão Arterial?
*Caso a PA sistólica esteja em uma categoria diferente da PA diastólica, vale o que for maior.
Quais exames para avaliação Inicial de Rotina para o paciente Hipertenso?
- Análise de urina (EAS, urina tipo 1 ou sumário de urina).
- Potássio plasmático.
- Creatinina plasmática e estimativa da taxa de filtração glomerular.
- Glicemia de jejum.
- Lipidograma completo.
- Ácido úrico plasmático.
- Eletrocardiograma.
O que deve conter no exame físico do paciente com suspeita de HAS?
- Busca de sinais sugestivos de lesões de órgãos-alvo e de hipertensão secundária.
- Exame de fundo de olho.
- Pesquisa do Índice Tornozelo-Braquial (ITB): PA sistólica no tornozelo/PA sistólica no braço, aferido nos dois lados do corpo. O normal é um valor > 0.90. Valores mais baixos indicam a existência de doença arterial periférica.
Em quantos porcento dos casos de HAS a causa é conhecida? e desconhecida?
5% dos casos são de causa conhecida (Hipertensão Secundária)
95% são de causa desconhecida (Primária ou Essencial)
Quais as causas mais comuns de hipertensão secundária?
- Doença parenquimatosa renal
- Estenose de artéria renal (hipertensão renovascular)
Qual fórmula define a Pressão Arterial?
PA = DC x RVP
PA: PRESSÃO ARTERIAL
DC: DÉBITO CARDIACO
RVP: RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA
Nos hipertensos, qual componente da fórmula de pressão arterial esta aumentada?
Geralmente a DC esta normal e a RVP esta aumentada, no entanto a RVP esta elevada devido mecanismo compensatorio de uma DC ou PA elevada.
Quais os mecanismos compensatorios que influenciam na Pressão Arterial?
Mecanismos:
Influência do DC na RVP: Pautado no fenômeno de Autorregulação do Fluxo Orgânico. Uma queda no DC estimula a vasodilatação arteriolar e um aumento estimula a vasoconstrição. Um alto DC, por induzir vasoconstrição, pode aumentar a RVP. A RVP elevada, por sua vez, reduz o DC, fazendo-o voltar ao normal.
Remodelamento vascular: O aumento crônico da PA tem importantes efeitos nos vasos sanguíneos, tanto nos de condutância (artérias), quanto os de resistência (arteríolas). Ele estimula a liberação local de substâncias tróficas que promovem a proliferação e o desarranjo celular da parede dos vasos. As médias e pequenas artérias podem ter uma hipertrofia de sua camada muscular, enquanto as arteríolas sofrem alterações proliferativas que reduzem seu lúmen. Assim a RVP vai aumentando, servindo como o principal fator de manutenção (ou progressão) da hipertensão arterial. Em outras palavras, podemos dizer: hipertensão arterial gera mais hipertensão arterial!
Qual a relação entre ingestão de sal e a HAS?
Cerca de 50% dos hipertensos (em especial, os negros e idosos) são hipersensíveis à administração de sódio, ou seja, aumento da PA em mais de 10 mmHg após administração de quantidade moderada de NaCl.
Nas populações com consumo < 50 mEq/dia de sódio, a prevalência de HAS é quase nula.
Nos indivíduos normotensos os rins respondem ao aumento da PA com uma maior natriurese (natriurese pressórica), nos hipertensos a natriurese só aumenta em níveis proporcionalmente maiores de PA.
A retenção de sódio e água aumenta a volemia e, consequentemente, o DC.
Qual o papel do sistema Renina-angiotensina na fisiopatologia da HAS?
- A renina é produzida no aparelho justaglomerular das arteríolas aferentes renais. Sua função primordial é converter o angiotensinogênio em angiotensina I no plasma.
- A Enzima Conversora (ECA) no plasma converte a angiotensina I em angiotensina II.
- A angiotensina II tem uma série de efeitos sobre a PA: vasoconstrição arterial e venosa, retenção de sódio e água e um efeito trófico vascular, contribuindo para o processo de remodelamento.
- Entretanto, a maioria dos hipertensos tem renina plasmática normal (60%) ou baixa (30%). Será que isso afasta o papel da renina na gênese da HAS? A resposta é não. Na verdade, se pararmos para pensar, todo hipertenso deveria ter renina plasmática baixa, já que este hormônio é regulado pela volemia e pela pressão arterial. O fato de encontrarmos renina plasmática na faixa normal indica que ela está sendo produzida em quantidades acima do esperado…
O que o aspecto genético influencia na HAS?
- Existe predisposição genética em 30-60% dos casos.
- Genes para maior absorção de sal por parte de nossos ancestrais (hj, com grande oferta de Na+ isso é um problema)
- Genes em afrodescendentes (como o APOL1) confere maior proteção tripanossomica, no entanto tem como colateral maior predisposição para HAS.
Qual a relação do baixo peso ao nascer com a HAS?
Acredita-se que o baixo peso e/ou a prematuridade comprometa o crescimento renal adequado na fase uterina resultando em crescimento compensatório na fase extrauterina, promovendo hipertrofia dos glomérulos e consequente desenvolvimento de hipertensão arterial por maior secreção basal de renina.
Quais as Teorias sobre a Patogênese da Hipertensão Primária?
- Heterogeneidade de Néfrons
- Redução do Número de Néfrons
- Não Modulação da Angiotensina II Intrar- renal
- Hiperativação do Sistema Nervoso Simpático
- Resistência à Insulina e Hiperinsulinemia
Na HAS, o que diz a teoria da Heterogeneidade dos nefrons?
Diz que uma subpopulação de néfrons possui uma arteríola aferente de calibre reduzido, estimulando a produção excessiva de renina no parênquima renal, suficiente para aumentar a retenção de sódio e líquido. Os níveis plasmáticos de renina podem estar normais na vigência de HAS.
Na HAS, o que diz a teoria de Redução do Número de Néfrons?
Diz que os indivíduos predispostos à HAS nasceriam com um menor número de néfrons. A hiperfiltração dos néfrons remanescentes leva à esclerose glomerular, com consequente retenção de sal e líquido.
Esta teoria é respaldada por um fato interessante: a criança que nasce com baixo peso (portanto,com rins de tamanho menor) tem maior chance de ser hipertensa na vida adulta.
Na HAS, o que diz a teoria de Não Modulação da Angiotensina II Intrarrenal?
Diz que existe a presença de níveis não suprimíveis de angiotensina II no parênquima renal, propiciando uma hipersensibilidade ao sódio.
Na HAS, o que diz a teoria de Hiperativação do Sistema Nervoso Simpático?
Diz que o estresse crônico e alterações primárias dos centros barorreguladores podem manter uma hiperatividade adrenérgica, responsável pela vasoconstrição periférica, pelo remodelamento vascular, pelo aumento de renina-angiotensina intrarrenal e pelo aumento inicial do DC.
Sabe-se que cerca de 40% dos hipertensos jovens (< 40 anos) têm um alto DC à custa de um hiperadrenergismo (frequência cardíaca elevada, aumento do inotropismo cardíaco, vasoconstrição). São os denominados hipertensos hipercinéticos.
Na HAS, o que diz a teoria de Resistência à Insulina e Hiperinsulinemia?
Diz que o excesso de insulina pode elevar a pressão arterial através dos seguintes mecanismos:
(1) aumento da reabsorção renal de sódio;
(2) aumento da atividade simpática;
(3) hipertrofia da musculatura lisa vascular por seu efeito mitogênico;
(4) aumento do cálcio citossólico no tecido vascular.
Quase 100% dos hipertensos obesos e 40% dos não obesos apresentam resistência periférica à insulina e hiperinsulinemia.
Quais são os órgãos-alvo afetados pela HAS?
- Artérias e arteríolas
- Coração
- Cérebro
- Rins
- Retina
Como é a Lesão vascular provocada pela HAS?
A lesão do endotelio é o evento inicial pois fatores tróficos são liberados, gerando o remodelamento vascular, aumentando a RVP o que eleva a PA e cria um ciclo vicioso de hipertensão.
As consequências finais podem ser:
- Arteriosclerose hialina;
- Arteriosclerose hiperplásica;
- Microaneurismas de Charcot-Bouchard;
- Aterosclerose;
O que é a Arteriolosclerose Hialina?
- Espessamento hialino homogêneo da parede das arteríolas, com consequente redução de seu lúmen.
- Ocorre deposição de material amorfo extracelular na parede vascular, além do aumento do número de fibras colágenas na íntima e média.
- Esta lesão pode levar ao comprometimento orgânico lento e progressivo (ex.: nefroesclerose hipertensiva).
- Nos idosos normotensos e não diabéticos, a lesão é de menor intensidade.
O que é a Arteriolosclerose Hiperplásica?
- Consiste no espessamento laminado concêntrico das arteríolas, dando o aspecto característico em “bulbo de cebola”, associado a um grave estreitamento do lúmen.
- O espessamento é devido à proliferação de células musculares lisas e à reduplicação da membrana basal.
- É encontrada na hipertensão acelerada maligna, com níveis de PA maiores que 200 x 120 e é a responsável pela nefroesclerose hipertensiva maligna.
- Eventualmente, podemos encontrar áreas de necrose fibrinoide entremeadas na parede vascular, o que chamamos de arteriolite necrosante hipertensiva.
O que são os microaneurismas de Charcot-Bouchard?
- São pequenas dilatações pós-estenóticas presentes em pequenas artérias cerebrais penetrantes, consequentes ao processo de arteriosclerose hialina.
- A ruptura desses microaneurismas é responsável pelo AVE hemorrágico intraparenquimatoso relacionado à HAS.
O que é Aterosclerose?
- É a formação na camada íntima das artérias de placas lipídicas (placas de ateroma) que contêm células inflamatórias mononucleares (macrófagos e linfócitos) e células musculares lisas que produzem colágeno.
- Patologia vascular mais incriminada nos eventos cardiovasculares
- Acomete geralmente artérias de grande e médio calibre
Quais os Fatores de Risco para Aterosclerose e Eventos Cardiovasculares?
MODIFICÁVEIS
*Pela mudança dos hábitos de vida
- Tabagismo.
- Obesidade.
- Sedentarismo.
Pela farmacoterapia e/ou mudança de hábitos de vida
- Dislipidemias.**
- Hipertensão arterial sistêmica.
- Resistência à insulina.
- Diabetes mellitus.
- Hiper-homocisteinemia.
- Proteína C-reativa aumentada.
- Microalbuminúria.
NÃO MODIFICÁVEIS
- Idade > 50 anos.
- Sexo masculino ou feminino pós-menopausa.
- Genética – história familiar positiva.
- Infecção pelo HIV.
Como é a patogênese da Aterosclerose?
- Inicia com uma lesão chamada estria gordurosa (acumulo de lipídios e células espumosas) e acomete a camada íntima de grandes artérias.
- Acúmulo de LDL oxidado na camada íntima
- Recrutamento de Leucócitos a partir dos LDLs.
- Migração de Miócitos Modificados (células musculares lisas modificadas) da camada média para a íntima.
- Miocitos sintetizam e secretam fibras colágenas que formam o tecido fibroso.
- Então, a estria gordurosa passa a ser chamada de Placa de Ateroma
Quais eventos ocorrem com o LDL na aterosclerose?
- Um dos 1os eventos é o acúmulo de LDL na camada íntima que fica ligada em proteoglicanos da matriz extracelular.
- Esse LDL por estar afastado de antioxidantes plasmáticos sofre oxidação.
- O LDL oxidado aumenta a expressão de moléculas de adesão leucocitária na superficie endotelial, como VCAM-1, ICAM-1 e P-Selectina
- O LDL oxidado também possui propriedades quimiotáticas e estimulam o endotélio a secretar citoquinas, como IL-1 e TNF-alfa
- Tais fenômenos relacionam o acúmulo lipídico com o recrutamento de leucócitos.
- O fluxo laminar de sangue é capaz de suprimir (pelo aumento da produção endotelial de óxido nítrico) a expressão das moléculas de adesão, enquanto o fluxo turbulento não tem essa capacidade.
Quem são os leucócitos envolvidos na aterosclerose?
Monócitos e os linfócitos T
Quais os processos que ocorrem com os leucócitos na aterosclerose?
- Após aderirem ao endotélio, eles penetram na camada íntima e lá são retidas.
- Lá, os monócitos se diferenciam em macrófagos, que então endocitam partículas de LDL oxidado, transformando-se nas Células Espumosas – típicas da aterosclerose (tenta limpar a camada íntima dos LDL).
- Algumas células espumosas escapam para a corrente sanguinea, mas outras entram em apoptose.
- Essa apoptose forma um cerne necrótico nas placas ateroscleróticas avançadas, uma região rica em lipídios.
Qual a diferença entre estria gordurosa e placa de ateroma?
Presença na placa de ateroma do tecido fibroso envolvendo o cerne lipídico. A placa de ateroma, na verdade, é um tecido fibrolipídico, contendo células em seu interior.
Quem é responsavel pela fibrose que caracteriza a placa ateromatosa?
Miócitos Modificados (células musculares lisas modificadas)
- Estas células migram da camada média para a camada íntima, por ação de citocinas e fatores de crescimento (como o TGF-beta) liberados pelos leucócitos, células endoteliais e pelos próprios miócitos.
- Ao se instalarem na íntima, são ativadas e passam a sintetizar e secretar fibras colágenas.
As placas de ateroma acumulam cálcio?
Sim, através de proteínas ligadoras de cálcio no interior da placa, tal como a osteocalcina e a osteopontina – normalmente presentes no tecido ósseo.
O que desencadeia a trombose da placa de ateroma?
- Antes da formação do trombo a placa passa por uma fase denominada Instabilidade da Placa.
- A ativação leucocitária no interior da placa deixa capa fibrótica mais fina, sendo degradada pelas metaloproteinases secretadas pelos macrófagos ativados.
- Finalmente, ocorre a rotura da placa, expondo seu conteúdo lipídico altamente trombogênico às plaquetas e fatores da coagulação.
- A consequência imediata é a trombose.
- O aumento dos níveis séricos de fibrinogênio e de PCR estão associados ao risco de eventos cardiovasculares em pacientes com aterosclerose.
Quais são as Cardiopatias Hipertensivas?
- Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE)
- Disfunção Diastólica
- Cardiopatia Dilatada – Disfunção Sistólica
- Doença Coronariana
Qual a patatogênese da Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE)?
- Aumento crônico da pós-carga ventricular impõe uma sobrecarga sistólica ao VE.
- Como resposta a esta sobrecarga, o miocárdio começa a se hipertrofiar (HVE - repercussão mais comum da HAS).
- Pode ser concêntrica (espessamento da parede com redução da cavidade) ou excêntrica (aumento da massa ventricular sem o espessamento da parede).
- A patogênese da HVE inclui, além do efeito direto da sobrecarga, a ação de substâncias tróficas, entre elas, a angiotensina II, sobre as células miocárdicas.
- Presente em quase 50% dos hipertensos não tratados, segundo o ecocardiograma.
Qual a definição técnica de Hipertrofia Ventricular Esquerda?
Massa ventricular esquerda indexada para a superfície corpórea maior que 116 g/m2 em homens e 96 g/m2 em mulheres.
Qual exame de escolha para Dx de Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE)?
ECOCARDIOGRAMA
O que é Disfunção Diastólica?
- É um Deficit de relaxamento ventricular
- Na HAS pode ser mais avançada, associada a aumento atrial esquerdo e HVE.
- O paciente pode tornar-se sintomático, devido à conges- tão pulmonar secundária ao aumento nas pressões de enchimento do lado esquerdo do coração (dispneia, ortopneia).
- A disfunção diastólica também explica boa parte dos casos de edema agudo hipertensivo.
- Comum em idosos não hipertensos.
Dos casos de ICC relacionados à HAS, 40-50% são por (1).
Disfunção diastólica pura
O que é Cardiopatia Dilatada – Disfunção Sistólica?
- A HAS é a primeira ou a segunda causa de IC.
- O quadro inicia-se com insuficiência ventricular esquerda, progredindo para insuficiência biventricular congestiva.
- Uma vez instalada a cardiopatia dilatada, a pressão arterial pode normalizar-se, devido ao baixo DC decorrente da disfunção sistólica do VE.
- A presença de espessamento da parede ventricular esquerda sugere o diagnóstico da etiologia hipertensiva.
- O prognóstico e as complicações são os mesmos em relação a qualquer cardiopatia dilatada.
- Os principais fatores de mau prognóstico são uma baixa Fração de Ejeção (FE) e uma classe funcional (NYHA) alta.
Qual a principal causa de óbito na população brasileira?
Doença Coronariana.
Qual a segunda maior causa de óbito na população?
Doença Cerebrovascular
Como a doença Cerebrovascular pode se manifestar?
- Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
- AVE isquêmico
- AVE hemorrágico intraparenquimatoso
- Hemorragia subaracnoide
- Demência multivascular e atrofia cerebral devido à arterioloesclerose difusa (doença de Binswanger)
Qual o evento mais comum na Doença Cerebrovascular?
AVE isquêmico (80% dos AVEs)
Na maioria das vezes causado por um fenômeno tromboembólico relacionado à aterosclerose carotídea.
Onde geralmente os trombos da doença derebrovascular são formados? Onde eles param?
- Na bifurcação da carótida comum ou na porção proximal da carótida interna
- Caminha pela circulação cerebral e se impacta em um ramo de médio calibre (como a artéria cerebral média).
O que é a trombose in situ na doença cerebrovascular?
Placa de ateroma localizada em uma artéria cerebral do complexo carotídeo ou do complexo vertebrobasilar (cerebrais posteriores).
O uso de AAS é indicado para o manejo de doenças cerebrovasculares?
SIM. 200- 325 mg/dia está indicado, pois reduz a incidência de novos eventos.
O que diferencia o Ataque Isquêmico Transitório (AIT) do AVE?
- A reversibilidade completa do deficit em menos de 24h (geralmente dentro das primeiras 2h).
- O uso de AAS (200-325 mg/dia) reduz bastante a incidência de AVE.
A hemorragia intraparenquimatosa é consequente da ruptura de que estrutura? Representa quantos % dos casos de AVE?
Microaneurismas de Charcot-Bouchard
10-15% dos casos
A hemorragia subaracnoide é consequente do que? Representa quantos % dos casos de AVE?
- Da ruptura de um aneurisma sacular congênito, na maioria das vezes localizado no polígono de Willis, ou de uma Má Formação Arteriovenosa (MAV)
- 5% dos casos
Histopatologicamente, boa parte dos hipertensos de longa data apresenta (1) nas arteríolas aferentes renais, o que denominamos (2) (ou arterioloesclerose hipertensiva). Lesões tubulointersticiais também podem ocorrer. O primeiro sinal de comprometimento renal é a presença da (3), definida como a (4), faixa normalmente não detectada pelos exames de urina convencionais.
- Arterioloesclerose hialina
- Nefroesclerose hipertensiva
- microalbuminúria
- excreção de albumina em 24h entre 30-300 mg
Essa entidade é uma complicação esperada da hipertensão acelerada maligna, mais comum em negros, em que as arteríolas renais sofrem um processo de arterioloesclerose hiperplásica e necrose fibrinoide arteriolar.
O quadro clínico é de uma insuficiência renal que progride em dias ou semanas, associada à proteinúria e hematúria.
Muitas vezes, há uma agudização de uma insuficiência renal crônica, podendo haver necessidade de iniciar a diálise.
O tratamento intensivo para controlar os altos níveis de PA pode melhorar significativamente a função renal e retirar o paciente do programa de diálise.
A melhora, em geral, ocorre nas primeiras duas semanas, se o tratamento for precoce.
Nefroesclerose Hipertensiva Maligna
Qual a classificação de retinopatia hipertensiva (Keith-Wagener-Barker)?
Estadiamento da retinopatia hipertensiva
Grau 1: Estreitamento arteriolar;
Grau 2: Cruzamento arteriovenoso patológico;
Grau 3: Hemorragias e/ou exsudatos retinianos;
Grau 4: Papiledema.
Existe correlação entre retinopatia hipertensiva e presença de nefropatia hipertensiva
Quais exames complementares e seus resultados Identificam Lesões subclínicas de Órgãos-Alvo?
- ECG com sinais de HVE.
- ECO com sinais de HVE.
- Espessura médio-intimal de carótida > 0,9 mm ou presença de placa de ateroma.
- Índice tornozelo braquial < 0,9.
- Taxa de filtração glomerular < 60 ml/mim/1,72 m2.
- Microalbuminúria 30-300 mg/24h.
Quais são as principais causas de Hipertensão Secundaria?
1- Doenças parenquimatosas renais–2-3%
2- Estenose de artéria renal
(HAS Renovascular) —————— 1-2%
3- Uso de anticoncepcionais orais —–0,5-1%
4- Hiperaldosteronismo primário —– 0,3%
5- Outros ———– < 0,1%
(apneia do sono, hiper ou hipotireoidismo, síndrome de Cushing, feocromocitoma, hiperparatireoidismo primário, coarctação da aorta, policitemia vera, uso de drogas como ciclosporina, cocaína e anfetamínicos).
Quais condições de estresse agudo podem cursar com elevação dos níveis pressóricos?
- Dor
- Hipoglicemia
- Abstinência alcoólica
- Pós-operatório
- Queimadura
- Pancreatite
- Hiperventilação psicogênica
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Roncos, sonolência diurna, síndrome metabólica.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Apneia obstrutiva do sono.
EXAMES ADICIONAIS:
Polissonografia
(>5 episódios de apneia ou hipopneia por hora de sono)
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Hipertensão resistente ao tratamento e/ou com hipocalemia e/ou nódulo adrenal.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Hiperaldosteronismo primário.
EXAMES ADICIONAIS:
Relação aldosterona/atividade de renina plasmática, TC ou RM de abdome.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Insuficiência renal, doença cardiovascular, edema.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Doença renal parenquimatosa.
EXAMES ADICIONAIS:
Taxa de filtração glomerular, ultrassom renal, pesquisa de albuminúria/proteinúria.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Sopro sistodiastólico abdominal, edema pulmonar súbito, piora da função renal com uso de IECA / BRA.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Doença renovascular.
EXAMES ADICIONAIS:
Angiografia por RM ou TC, ultrassom com Doppler, renograma, arteriografia renal.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Pulsos femorais reduzidos, raio X de tórax anormal.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Coarctação da aorta
EXAMES ADICIONAIS:
Ecocardiograma ou TC de aorta.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Ganho de peso, fadiga, fraqueza, hirsutismo, amenorreia, face em lua cheia, obesidade central.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Síndrome de Cushing
EXAMES ADICIONAIS:
Cortisol urinário de 24 horas, cortisol matinal (8h) após 1 mg de dexametasona às 24h do dia anterior, cortisol salivar noturno.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Hipertensão paroxística com cefaleia, sudorese e palpitações.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Feocromocitoma.
EXAMES ADICIONAIS:
Determinações de catecolaminas e seus metabólitos no sangue e urina, TC/RM de abdome.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Fadiga, ganho de peso, queda de cabelo, hipertensão diastólica.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Hipotireoidismo.
EXAMES ADICIONAIS:
Determinação de TSH e T4L.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Intolerância ao calor, perda de peso, palpitações, hipertensão sistólica.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Hipertireoidismo.
EXAMES ADICIONAIS:
Determinação de TSH e T4L
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Litíase urinária, osteoporose, depressão, letargia, fraqueza muscular.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA
Hiperparatireoidismo.
EXAMES ADICIONAIS
Determinação de cálcio sérico e PTH.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA
ACHADO/SUSPEITA DIAGNÓSTICA E EXAMES ADICIONAIS
ACHADO:
Cefaleias, fadiga, problemas visuais, aumento de mãos, pés e língua.
SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
Acromegalia.
EXAMES ADICIONAIS:
Determinação de IGF-1 e de hormônio do crescimento basal e durante teste de tolerância oral à glicose.
Quais as drogas de escolha para a HAS associada à nefropatia crônica?
IECA e os antagonistas da angio II
Em um paciente com HAS, uma proteinúria >2g/ 24 horas é sugestivo de que?
HAS secundária à doença renal parenquimatosa
Quando recomendar uma nefrectomia em pacientes hipertensos com doença renal parenquimatosa?
Atualmente, recomenda-se a nefrectomia em pacientes hipertensos e com rim pequeno unilateral e função renal normal, se e somente se:
(1) a hipertensão arterial for grave;
(2) o rim pequeno for disfuncionante;
(3) o rim contralateral tiver função normal.
Os dois últimos itens podem ser avaliados pela cintigrafia de perfusão renal.
No paciente Hipertenso, quando a Estenose de Artéria Renal deve ser suspeitada?
- Deve ser suspeitada em pacientes que ficam hipertensos com menos de 30 anos ou mais de 55 anos em
- Hipertensos graves refratários e em
- Hipertensos cuja função renal piora com o uso de IECA ou antagonistas da angio II (estenose bilateral de artéria renal, ou unilateral em rim único).
Nos jovens, a lesão obstrutiva é a fibrodisplasia, quase sempre unilateral. Nos idosos, a lesão costuma ser a aterosclerose renal, sendo bilateral em 20% dos casos.