Raiva Flashcards
Conceito
É uma antropozoonose que causa uma encefalomielite viral aguda, progressiva, com prognóstico quase sempre fatal
Família Rhabdoviridae
Contágio
A transmissão do “vírus de rua” é feita, primordialmente,
pela mordida de animal raivoso ou no período prodrômico e por contato de saliva infectada com ferida de pele recente, ligada ou não à arranhadura
Vetores
No ciclo urbano o principal transmissor é o cão, seguido em frequência pelo gato e a grande ascendente importância de morcegos
Sabe-se que o cão e o gato eliminam vírus na saliva 5 a 10 dias antes de adoecerem e admite-se tempo maior para morcegos
Manifestações no cão
- Alterações de conduta: o animal torna-se arredio,
taciturno, procurando com frequência a obscuridade
ou, então, agita-se caminhando sem cessar, não mais
atende às solicitações, tendo respostas exacerbadas a
pequenos estímulos; - anorexia, micção frequente, seguida de excitabilidade;
- agitação, dificuldade micção ou defecação, autoestímulo de órgão genital;
- sialorreia
Patogenia
O rabdovírus não faz viremia. Inoculado, replica em células musculares no local da inoculação, é liberado no espaço extracelular, atinge as placas mioneural e neuro tendinal, migrando centripetamente através dos axônios dos nervos periféricos; É durante a replicação muscular que a conduta terapêutica pós-exposição inativa o vírus. Após a penetração no nervo não há mais bloqueio ou inativação por anticorpo homólogo ou heterólogo
Pródromo
2 a 7 dias, 40% a 80% dos pacientes apresentam, subitamente, com grande significância diagnóstica, parestesias, como prurido, calor, frio, ardência, dormência, formigamento, cãibra e, eventualmente, dor em pontada no local do ferimento. Acompanham-se de manifestações gerais, como mal-estar indefinido, febre, insônia, cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta, tosse, odinofagia e respiração ofegante. Mudança de comportamento, incluindo ansiedade, hiperatividade e delírios
Formas
Duas formas: a de extrema hiperexcitabilidade, dita “furiosa”, ou a paralítica. O termo “furiosa” em que mínimas solicitações ambientes, que são sentidas como se fossem no máximo da intensidade, despertando o pavor de asfixia e morte iminente. Nesta fase, os sintomas prodrômicos – insônia, agitação, delírios e hiperatividade – agravam-se.
Período de incubação
7 dias a meses. Intimamente ligado a:
Localização e gravidade da lesão (distância do SNC)
Proximidade dos troncos nervosos
Quantidade de partículas virais inoculadas.
Evolução
fácies de pânico com olhar brilhante, olhos arregalados e que se acompanham de movimentos voluntários e sem finalidade. Aumenta a hipersensibilidade tátil, térmica, dolorosa; fotofobia e aparece o primeiro grande sinal, a aerofobia, que permanece até a morte. Se tentar levantar, o andar é trôpego ou serpente
ante. Essas manifestações vão-se
acentuando e aumentam em frequência, sempre intervaladas por períodos de profunda lassidão, cansaço e inteira lucidez.
Diagnóstico diferencial
Três intoxicações, principalmente em criança: por datura, piperazina e a por prometazina, que tanto produzem incoordenação motora quanto agitação, alucinação, anisocoria e sialorreia. No adulto, é importante a diferenciação com o delirium tremens
e com as manifestações de distonia e crises oculogíricas da intoxicação por fenotiazínicos.
Poliomielite
Paralisias flácidas
Encefalites virais
Tétano
Botulismo
Quadros psiquiátricos (histeria, síndrome neuroléptica maligna)
Profilaxia pré-exposição
A primeira implica no controle e na eliminação
da infecção nas espécies vetoras e na imunização (0, 7 e 28 dias) de indivíduos que estejam, profissionalmente, em constante exposição. Controle sorológico: a partir 14° dia após a última dose, c/ pesquisa de Ac neutralizante
Medidas iniciais - Profilaxia pós-exposição
Vacina antirrábica. Não há nenhuma contraindicação para a vacinação antirrábica. Em qualquer caso, excetuando lesões de mucosas, o risco diminui em até 90% quanto mais imediato possível a lesão for exaustivamente lavada com água e sabão, seguida de instilação de antissépticos clorexidina, álcool a 70ºC.
Profilaxia para o tétano e infecções.
Observação do animal envolvido no acidente
Se observados por 10 dias e permanecerem vivos e sadios, não há risco de transmissão.
Acidente com pacientes imunodeprimidos
Pacientes imunodeprimidos devem receber
sempre gama-globulina humana hiperimune e vacina de cultura de tecido; os imunocompetentes, apenas vacina.
A vacinação antirrábica não tem contraindicação em
gravidez, doenças intercorrentes ou outros tratamentos concomitantes. Quando houver terapia necessária com corticoide ou quimioterápicos, indicar também gama-globulina
Diagnóstico laboratorial
Específicos: Isolamento do vírus na saliva Imunofluorescência direta: Ag rábico Córnea, LCR, folículo piloso nuca ou saliva Inoculação em camundongos