Quimioterapia antitumoral Flashcards

1
Q

Qual é o mecanismo de ação dos agentes alquilantes?

A

Ciclofosfamida (clorambucil, temozolomida)

Estes fármacos atuam por estabelecerem ligações covalentes (alquilação) com várias substâncias nucleofílicas

Os agentes bifuncionais (com duas cadeias ex: mostardas azotadas) estabelecem reações cruzadas entre as duas cadeias dos ácidos nucleicos ou entre um ácido nucleico e uma proteína

Efeitos biológicos da alquilação do N7 na guanina:
- Para os agentes alquilantes ficarem ativas necessitam de sofrer ciclização –> vai fazer com que fiquem com falta de e- –> ligam-se ao DNA para este ser o dador de e-

  • -> cria instabilidade no anel
  • -> o G deixa de conseguir ligar-se ao C e passa a ligar-se ao T

Tudo isto resulta na rutura das cadeiras

Nota: Os agentes alquilantes são mutagénicos e carcinogénicos e também potencialmente teratogénicoss

Espetro de atividade: Tumores de grande massa tumoral, pouca actividade proliferativa.
Toxicidade: Tecidos de proliferação rápida: hematopoiético, tecidos gonadais, epitélio
GI, folículos pilosos

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2
Q

Dá exemplos de fármacos alquilantes

A

Ciclofosfamida

  • Agente mais usados da classel
  • Atravessa BHE
  • Uso clínico: linfoma não‐‐Hodgkin, mama, ovário tumores em crianças

Clorambucil

  • Mais lenta e das menos tóxicas atualmente em uso
  • Ação mielossupressora moderada, gradual e rapidamente reversível
  • Pode administrar‐se por via oral

Temozolamida

  • Atravessa a BHE, atingindo concentrações eficazes no SNC
  • Atividade em gliomas primários e recorrentes, melanomas metastáticos.
  • Os efeitos laterais são menos severos.
  • Efeito tóxico limitante da dose: mielossupressão, reversível e não
    cumulativa. Pensa‐se que pode potenciar os efeitos da radioterapia.
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3
Q

Quais são os mecanismo de resistência contra os agentes alquilantes?

A

O aparecimento de resistências aos agentes alquilantes é muito frequente principalmente quando usados em monoterapia
• Diminuição da permeação do fármaco
• Concentrações intracelulares aumentadas de nucleofílicos, principalmente tióis como a glutationa, que podem conjugar‐se e desintoxicar intermediários eletrofílicos.
• Aumento da atividade de vias de reparação de DNA, o que pode diferir entre os vários agentes alquilantes.
• Aumento da atividade da aldeído desidrogenase e da glutationa transferase
• Vias apoptóticas comprometidas, com sobrexpressão de por exemplo bcl‐2
• Perda de capacidade de reconhecer aductos formados por nitrosoureias e agentes de metilação (falha no sistema MMR)

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4
Q

Qual é o mecanismo de ação dos Complexos de platina? Dá exemplos.

A

Cisplatina (carboplatina, oxaliplatina)

O fármaco penetra na célula –> o Cl- é substituido por H2O –> complexo eletrofilico –> ataca regiões neutrofílicas –> ligação covalente com essa posição –> inibição da replicação

Usos clínicos: Tumores testiculares, ovário, carcinoma de pequenas células do pulmão, bexiga, endométrio, cabeça e pescoço

Mecanismos de resistência: Diminuição do transporte para o interior da célula, níveis intracelulares de glutationa e outros compostos sulfidrílicos,aumento da reparação de aductos de DNA

Efeitos laterais mais relevantes:

  • Nefrotoxicidade (limitante), prevenida por hidratação vigorosa ou diurese.
  • Depressão da medula óssea, alterações eletrolíticas, altamente emetogénica. Neurotoxicidade (metal pesado)
  • Ototoxicidade.

Compostos que se utilizam com o objetivo de diminuir a sua nefrotoxicidade:
• ‐Tiossulfato de sódio: diminuição da toxicidade sistémica
• ‐Amifostina (composto tiólico)

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5
Q

Qual é o mecanismo de ação do Metotrexato?

A

Tem 2 efeitos:

  1. Inibe a enzima dihidrofolato redutases (DHFR) –> diminuição da sintese de timidilato e purinas
  2. o Metotrexato é metabolizado –> formação de poliglumatos –> inibição das timidilato sintetase –> inibe a formação de himidilato
  3. e 2. –> resulta na interrupção da sintese de RNA e DNA

Uso Clínico: Faz parte dos tratamentos padrão de muitas neoplasias, como agente único
ou em associação.
Ex: osteosarcoma, carcinoma da cabeça e pescoço, leucemia linfocítica aguda, linfoma não‐‐Hodgkin.

Mecanismos de resistência: Aumento da produção da di‐hidrofolato redutase, diminuição da afinidade para o metotrexato, diminuição do transporte para o interior das células, diminuição da produção de poliglutamatos, efluxo (proteínas MDR).

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6
Q

Qual é o mecanismo de ação do 6 Mercaptopurina?

A

Convertido pela HGPRT em ácido 6 tioinosínico (TIMP).

  1. TIMP inibe o primeiro passo de síntese de novo de purinas
  2. TIMP é convertido em derivados di e trifosfatados que se incorporam ‐no DNA e RNA , danificando‐os ( quebra de cadeias e troca de bases)

Uso clínico: o citostático padrão na terapêutica de manutenção da leucemia
linfoblástica aguda, quer em monoterapia quer em combinação com outros citostáticos

Mecanismos de resistência: Diminuição dos níveis de hipoxantina‐‐guanina fosforribosiltransferase

Nota: Ele não atravessa a BHE.

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7
Q

Qual é o mecanismo de ação do Fluoruracilo (5‐FU)?

A

O 5-FU entra na célula e é convertido em 3 metabolitos:

  1. 5FdUMP –> inibe o TYMS –> inibe a sintetase da timina
  2. FUTP –> interfere na sintese de RNA
  3. FdUTP –> interfere na sintese de DNA

Uso Clínico: Usado em combinações (oxiliplatina ou irinotecano) para o tratamento de inúmeros cancros (mama, colon, estomago, fígado pâncreas…)

Mecanismos deResistências: Perda de enzimas alvo ou aumento da timidilato sintase

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8
Q

Qual é o mecanismo de ação da Capecitabina?

A

Pré-farmaco (via oral) –> absorvido no intestino –> metabolizado no fígado –> 5-DFUR –> metabolizado pela timina fosforilases –> 5-FU.

O 5-FU entra na célula e é convertido em 3 metabolitos:

  1. 5FdUMP –> inibe o TYMS –> inibe a sintetase da timina
  2. FUTP –> interfere na sintese de RNA
  3. FdUTP –> interfere na sintese de DNA

Uso Clínico:

  • Cancro da mama metastático
  • Cancro do colon metastático
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9
Q

Qual é o mecanismo de ação do Irinotecano, topotecano?

A

A topo-isomerase I liga-se ao DNA –> estabilização do complexo DNA topo-isomerase I –> cortes no DNA

Nota: São específicos da fase S.

Uso Clínico: Cancro colorrectal, ovário e carcinoma de pequenas células do pulmão

Mecanismos de resistência:

  • Diminuição da concentração intracelular dos fármacos, efluxo
  • Diminuição da expressão ou mutação da topoisomerase I
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10
Q

Qual é o mecanismo de ação dos alcalóides da Vinca? Dá exemplos

A

Vincristina e Vimblastina

Ligam‐se com alta afinidade à B‐tubulina impedindo a sua polimerização com a‐tubulina –> impede formação dos microtúbulos –> paragem do ciclo celular em metáfase –> apoptose

Uso Clínico:
Vincristina –> Linfoma Hodgkin e não‐Hodgkin, rabdomiossarcoma, neuroblastoma, tumor de Wilms
Vimblastina –> Linfoma Hodgkin e não‐Hodgkin, cancro da mama

Mecanismos de resistência: Aumento efluxo (glicoproteína‐P)

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11
Q

Qual é o mecanismo de ação dos Taxanos? Dá exemplos

A

Paclitaxel e Docetaxel

Ligam‐se à B‐tubulina, (local diferente dos alcaloides da vinca), estabilizando os microtúbulos e impedindo a sua dissociação –> Morte celular é dependente da dose e tempo de exposição

Uso clínico: Carcinoma avançado do ovário, mama, pulmão, estomago, geniturinário,
cabeça e pescoço

Mecanismos de resistência: Não totalmente clarificados: efluxo (glicoproteína‐‐P), mutações B‐tubulina

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12
Q

Qual é o mecanismo de ação das Antraciclinas? Dá exemplos

A

Adriamicina (doxorrubicina)

Mecanismo de ação:
• Intercalação direta no DNA
• Inibição da Topoisomerase II
• inibição do transporte de sódio e cálcio na membrana celular
• formação de radicais livres –> stress oxidativo (efeitos tóxicos e antitumorais)

Os efeitos das antraciclinas são máximos durante a fase S do ciclo celular –> atuam em todos os pontos do ciclo, no entanto são mais especificos na fase S.

Uso Clínico: Um dos anticancerígenos mais usados na clínica: cancro da mama, endométrio, ovário, testículo, tiroide, estômago, bexiga, fígado e pulmão; em sarcomas de tecidos moles; e em vários cancros infantis, incluindo neuroblastoma, sarcoma de Ewing, osteossarcoma e rabdomiossarcoma. Também tem atividade clínica em hematologia, incluindo leucemia linfoblástica aguda, mieloma múltiplo e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin

Mecanismos deResistências: Aumento do efluxo do fármaco (glicoproteína P)

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13
Q

Como funciona a estratégia de inibição de RTKs? Dá exemplos.

A

As células tumorais são ricas em fatores de crescimento que se ligam aos recetores da tirosina-cinase:

  1. ativação de vias anti-apoptóticas
  2. inibição de vias pró-apoptóticas

Se a ligação aos RTKs for bloqueada –> não há cascata de sinalização –> a proliferação do tumor para!!

Gefitinib –> inibidor de RTKs –> inibe a cascata de sinalização
Trastuzumab –> anticorpo monoclonal –> impede a ligação do fator de crescimento ao recetor

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14
Q

Qual é o mecanismo de ação dos inibidores angiogénese? Dá exemplos

A

Anticorpo Monoclonal contra VEGF (ligando do VEGFR‐‐1 e VEGFR‐‐2)

Mecanismo de ação:
- Alteração da função vascular dos capilares tumorais (fluxo e permeabilidade)
‐ Inibição da formação de novos vasos (angiogénese)

Nota: Os tumores necessitam de glucose, que chega através da vascularização. Assim os tumores produzem VEGF –> ao bloquear o VEGF inibimos a angiogenese –> a proliferação do tumor não acontece

Uso clínico: Carcinoma colorectal metastático (em combinação com 5‐‐FU)

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15
Q

Como é que as hormonas e os antagonistas travam o crescimento de tumores?

A

O crescimento de alguns tipos de cancro (mama, ovário, útero, próstata e testículos) é dependente ou regulado por hormonas

Glucocorticoides –> efeito anti proliferativo e apoptótico sobre linfócitos: usado no tratamento de leucemias em crianças e linfomas em adultos e crianças.

Progestina –> 2ª linha no tratamento de cancro da mama hormono‐dependente e no carcinoma endometrial

Anti estrogénios (Usados no cancro da mama hormono‐dependente)

  • Inibidores seletivos do RE: (Tamoxifeno)
  • Moléculas que diminuem seletivamente o RE: (Fulvestrand)
  • Inibidores da Aromatase: (Anastrozole)

Anti androgénios (Ciproterona) –> carcinoma de próstata

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16
Q

Qual é o mecanismo de ação da Hidroxiureia?

A

Atua especificamente no ciclo celular, levando a uma sincronização das células na interface G1 – S : como a radioterapia é maximamente eficaz sobre células na fase G1, tem‐‐se recorrido à hidroxiureia como agente sensibilizador à radioterapia em alguns carcinomas

Mecanismo de ação:
- Inibição da síntese do DNA, por inibição da ribonucleosideo –> difosfato redutase –> impede a conversão de nucleótidos em deoxiribonucleotideos –> inibição da sintese de DNA