Questões Vol 1 - Ciclo menstrual; Anticoncepção; Amenorreia; SOP Flashcards
1 – Qual é o progestogênio considerado menos trombogênico?
a) Desogestrel, de primeira geração.
b) Drospirenona, de última geração.
c) Ciproterona, de terceira geração.
d) Levonorgestrel, de segunda geração.
e) Gestodeno, de quarta geração.
A questão deseja saber qual dos progestogênios é considerado menos trombogênico. Os progestogênios são esteroides que podem ser sintéticos ou naturais. São classificados de acordo com sua origem em derivados da progesterona (17-hidroxiprogesterona), da testosterona (19-nortestosterona) ou da espironolactona (17-alfa-espironolactona). Ainda quanto à origem, os derivados da testosterona, ou melhor, da 19-nortestosterona são subdivididos em estranhos (18 carbonos) e gonanos (17 carbonos). Os derivados da progesterona, ou melhor, da 17-hidroxiprogesterona se subdividem em pregnanos (21 carbonos). E, por fim, um progestogênio mais recente é a drospirenona, um análogo da espironolactona. As progestinas, além de subdivididas quanto à origem, como esmiuçado anteriormente, também são qualificadas em gerações. Os progestogênios de primeira geração, comercializados desde a década de 1960, são derivados da testosterona e da progesterona. Os oriundos da testosterona (19-nortestosterona) são denominados de estranos e seus representantes são a noretisterona, noretindrona, acetato de noretindrona, noretinodrel, linestrenol e etinodiol. As progestinas de segunda geração, derivadas da 19-nortestosterona (gonanos), são o norgestrel e o levonorgestrel. A partir do levonorgestrel, vieram os chamados progestogênios de terceira geração, desogestrel, norgestimato e gestodeno. A progestina de quarta e última geração, até o momento, deriva da espironolactona (17-alfa-espironolactona), a qual tem ação antiandrogênica e antimineralocorticoide, apresentando leve efeito diurético. Os derivados da progesterona (17-alfa-hidroxiprogesterona), denominados de pregnanos, não possuem classificação de geração e incluem o acetato de medroxiprogesterona, o acetato de megestrol, o acetato de ciproterona e o acetato de clormadinona. De acordo com a literatura, o progestogênio com menor efeito trombogênico é o levonorgestrel, o qual representa uma progestina de segunda geração.
Resposta: letra D.
2 – Adolescente de 17 anos de idade refere nunca ter menstruado. Exame físico: estadiamento puberal pelos critérios de Tanner: M (Mamas) 1 e P (Pelos) 1. Peso = 41 kg, Altura = 145 cm (< percentil 5). Apresenta níveis elevados de FSH (Hormônio Folículo-Estimulante).
Qual o diagnóstico mais provável?
a) Amenorreia hipotalâmica.
b) Disgenesia gonadal.
c) Síndrome de insensibilidade androgênica.
d) Agenesia dos ductos de Müller.
e) Deficiência de 5-alfarredutase.
Questão interessante, sobre amenorreia primária. Paciente com 17 anos, nunca menstruou, com atraso no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, pois aos 17 anos, já esperaríamos estadiamento pelos critérios de Tanner como M5 e P5. Possui também baixa estatura e elevação do FSH. Logo, devemos pensar em alguma alteração em que não há produção de estrogênio. Na amenorreia hipotalâmica há diminuição dos níveis de FSH, pois há supressão do GnRH; na síndrome de insensibilidade androgênica, os caracteres sexuais secundários se desenvolvem normalmente, pois não há desenvolvimento do fenótipo masculino, porém não apresentam menstruação já que geneticamente são 46XY; na agenesia dos ductos de Müller, os ovários são normais, logo, os caracteres sexuais secundários se desenvolvem completamente; na deficiência de 5-alfarredutase, há desenvolvimento de pelos, pacientes possuem testículos que produzem testosterona, porém não há di-hidrotestosterona, não havendo diferenciação normal da genitália externa masculina. Ficamos então com a disgenesia gonadal, que contempla todos os achados que a paciente apresenta. Não há células germinativas nas gônadas, não havendo produção de estrogênio. Como resultado temos o atraso no desenvolvimento puberal e aumento das gonadotrofinas pela falta do feedback negativo. A síndrome de Turner é um exemplo de disgenesia gonadal.
Resposta: Letra B.
3 – Paciente de 24 anos, nuligesta, DUM = há 45 dias, procura atendimento ginecológico, pois está muito incomodada com o aumento de pelos em face, abdome e pernas, que piorou há 2 anos. Além disso, refere irregularidade menstrual desde a menarca. Também apresentou ganho de peso importante com aumento de 20 quilos nos últimos 3 anos. Nega outras queixas. Refere vida sexual ativa, em uso regular de preservativo como método contraceptivo. Nega vícios ou outras doenças concomitantes. Ao exame físico: BEG; corada; peso = 81 kg; altura = 1,65 m; IMC = 29,75 kg/m²; PA = 120 x 80 mmHg; FC = 88 bpm; CA = 98 cm. Índice de Ferriman-Gallwey = 13. Exame físico das mamas e ginecológico: sem alterações. Foram solicitados exames hormonais para diagnóstico: TSH = 2,2 mlU/ml (VN = 0,5 a 4,0 mlU/ml); FSH = 3,1 mlU/ml (VN = 2,8 a 10, 5 mlU/ml); Prolactina = 18,0 ng/ml (VN < 25,0 ng/ml); Testosterona = 118 ng/dl (VN < 80 ng/dl); 17-OH-progesterona = 78 ng/dl (VN < 150 ng/dl); DHEA-S = 101 g/dl (VN < 350 μg/dl). Lipidograma normal e TOTG em tempo 0 = 89 mg/dl e em tempo 120min = 130 mg/dl. US transvaginal = útero AVF com 98 cm³; Eco endometrial = 7 mm de espessura; Ovário D = 11,2 cm³, com 14 folículos antrais iniciais e Ovário E = 8,8 cm³, com 10 folículos antrais iniciais.
A melhor conduta para o controle da doença, nesse caso, é prescrever:
a) Metformina, pois a melhora da intolerância à glicose reduzirá o distúrbio metabólico.
b) Contraceptivo combinado oral para melhora do hiperandrogenismo clínico.
c) Progestógeno de segunda fase para controle do ciclo do menstrual.
d) Espironolactona entre o 5° e 14° dia do ciclo, associado à orientação de dieta e atividade física.
Questão prática, que aborda paciente com diagnóstico de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) segundo os critérios diagnósticos pelo consenso de Rotterdam, que são: oligo ou anovulação, sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo, ovários policísticos à ultrassonografia: 12 ou mais folículos com diâmetro até 9 mm e/ou aumento do volume ovariano > 10 cm³. É necessário que 2 dos 3 critérios estejam presentes. Observamos que a paciente em questão se enquadra neste diagnóstico. Diante disso, a questão pergunta sobre conduta para SOP com hiperandrogenismo clínico e laboratorial (aumento dos pelos em face, abdome e pernas, índice de Ferriman acima de 8, testosterona acima do valor normal). A paciente se queixa de aumento de pelos em face, tem vida sexual ativa e irregularidade menstrual, sem intolerância à glicose e sem menção a desejo de gestação. Nesses casos, a melhor conduta para o controle da doença é o contraceptivo combinado oral, que aumenta a produção hepática de SHBG, diminuindo a concentração de testosterona livre, diminui a produção adrenal e ovariana de androgênios e o crescimento de pelos, regulariza a menstruação para que não haja longos períodos de amenorreia e exposição endometrial ao estrogênio sem oposição da progesterona.
Logo, a resposta adequada, que contém a melhor conduta neste caso é a letra B.
4 – Mulher, 36 anos, nuligesta, comparece à Unidade Básica de Saúde para orientação contraceptiva. Apresenta enxaqueca sem aura. Faz uso de topiramato para controle das crises de enxaqueca (200 mg/dia). Nega outras doenças. Não tem vícios. Ao exame: PA: 110 x 70 mmHg. IMC: 22 kg/m², exame físico geral e segmentar normal. Exame ginecológico sem alterações. Considerando os critérios de elegibilidade médica da Organização Mundial de Saúde (2015), assinale a alternativa que apresenta opções de métodos anticonceptivos que podem ser prescritos (categoria 1 e/ou 2) para o caso descrito.
a) Pílula de progestogênio, injetável trimestral e Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre.
b) Anel vaginal, adesivo e injetável mensal.
c) Implante, injetável trimestral e DIU liberador de levonorgestrel.
d) Anel vaginal, injetável trimestral e implante.
A questão deseja saber quais são os métodos anticonceptivos que podem ser prescritos para uma mulher de 36 anos, nuligesta, portadora de enxaqueca sem aura, que faz uso de topiramato para controle das crises, de acordo com as orientações dos critérios de elegibilidade para uso de métodos anticoncepcionais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Vamos analisar cada uma delas para chegar à resposta da questão: Letra A: incorreta, pois a pílula com progestogênio em usuária de topiramato é uma condição considerada categoria 3 dos critérios de elegibilidade da OMS, ou seja, uma situação na qual os riscos decorrentes do uso, em geral, superam os benefícios. Assim, em linhas gerais, o uso deste método em pacientes com esta história é considerado uma contraindicação relativa. Letras B e D: incorretas, pois para pacientes com enxaqueca sem aura com 35 anos ou mais, o início de método contraceptivo contendo estrogênio é enquadrado como categoria 3. Além disso, a paciente faz uso de topiramato, um anticonvulsivante, também considerado categoria 3 para o uso de contraceptivos contendo estrogênio. Letra C: correta, pois métodos como implante, injetável trimestral e Sistema Intrauterino (SIU) liberador de levonorgestrel, os quais são compostos apenas por progestogênios, são classificados como categoria 1, independentemente da idade. Por fim, para fins de bagagem teórica para as provas de residência médica, vale a pena sedimentar: 1º) Nas pacientes em uso de anticonvulsivantes, nenhum método que contenha estrogênio e nem a pílula só de progesterona podem ser empregados, pois esta é uma condição classificada como categoria 3 da OMS, isto é, nesta situação, estes métodos devem ser a última escolha. 2º) O DIU de cobre também seria alternativa contraceptiva para essa paciente, pois é classificado como categoria 1 tanto para pacientes com enxaqueca quanto para as usuárias de anticonvulsivantes.
Resposta: Letra C.
5 – Mulher, 18a, com amenorreia há 4 meses tendo anteriormente ciclos menstruais regulares. Não faz uso de medicação. Nega atividade sexual. Relata estar muito ansiosa, pois irá prestar vestibular no próximo mês. Traz ultrassonografia pélvica e dosagem de Prolactina e TSH, todos normais. TRATA-SE DE:
a) Amenorreia hipotalâmica e GnRH com pulsatilidade reduzida.
b) Síndrome de Sheehan e dosagem de FSH elevada.
c) Menopausa precoce e dosagem de FSH elevada.
d) Síndrome dos ovários policísticos e dosagem de estradiol elevada.
A questão trata de uma paciente de 18 anos, portadora de amenorreia secundária há 4 meses, sem uso de medicação e sem vida sexual ativa, que deseja saber qual é a hipótese diagnóstica mais plausível com sua justificativa hormonal correspondente. Vamos às alternativas: Letra A: correta, pois a queixa de ansiedade com a proximidade do vestibular referida pela paciente é um dado fundamental para responder à questão, já que estados de grande tensão são causa de amenorreia hipotalâmica, na medida em que promovem desregulação e diminuição na pulsatilidade do GnRH. Letra B: incorreta, pois a síndrome de Sheehan resulta da necrose hipofisária secundária à isquemia local, que pode ocorrer em hemorragias com instabilidade hemodinâmica no parto. Perceba que não há nenhuma informação no enunciado que levante esta hipótese. Letra C: incorreta, pois embora a falência ovariana precoce ocorra antes dos 40 anos, ela passa por um período variável de transição, antes do ovário entrar em falência permanente e levar à menopausa precoce. Apareceriam sintomas climatéricos, como fogachos e ressecamento vaginal, o que não condiz com o caso da nossa paciente. Letra D: incorreta, pois como não há menção no enunciado à presença de hiperandrogenismo clínico ou laboratorial e/ou de aspecto micropolicístico ovariano à ecografia transvaginal, não é possível pensar em síndrome dos ovários policísticos, lembrando que são necessários dois dos três critérios de Rotterdam para definir o diagnóstico de SOP. A título de bagagem teórica, a informação do enunciado de que a paciente nega atividade sexual é sempre valiosa na investigação da amenorreia, pois em todas as mulheres na menacme com amenorreia, a hipótese diagnóstica de gravidez deve ser aventada, mas pode, teoricamente, ser descartada neste caso.
Resposta: Letra A.
6 – Mulher, 20a, procura Unidade Básica de Saúde solicitando medicação para anticoncepção de emergência. Relata coito não protegido há 50 horas. Refere ciclos menstruais irregulares e nega outra relação sexual desde a última menstruação.
QUANTO À ANTICONCEPÇÃO, A ORIENTAÇÃO CORRETA É:
a) A anticoncepção de emergência não está indicada pelo tempo transcorrido.
b) A anticoncepção de emergência não está indicada porque os ciclos menstruais irregulares são anovulatórios.
c) Aguardar a próxima menstruação para iniciar método anticoncepcional de escolha da paciente.
d) Prescrever anticoncepção de emergência para diminuir a possibilidade de gravidez.
A questão trata de uma paciente de 20 anos com história de coito desprotegido há 50 horas, ciclos menstruais irregulares, que nega outra relação sexual desde a última menstruação e deseja saber qual das alternativas apresenta a orientação CORRETA quanto à anticoncepção de emergência. Vamos analisar cada uma delas para chegar à resposta da questão: Letra A: incorreta, pois a Anticoncepção de Emergência (AE) deve ser iniciada, no máximo, em 72 horas da relação sexual e, excepcionalmente, até 120 horas após o intercurso desprotegido. Portanto, estaria perfeitamente indicada. Letra B: incorreta, pois a irregularidade menstrual não descarta a possibilidade de a paciente ter ovulado em algum momento. Letra C: incorreta, pois o objetivo da AE é prevenir a gravidez inoportuna ou indesejada após relação sexual que, por alguma razão, foi desprotegida. Entre as principais indicações de AE, está a relação sexual sem uso de método anticonceptivo, situação na qual a paciente do enunciado se inclui. De fato, estaria indicado o início de um método contraceptivo de alta eficácia no próximo ciclo menstrual, com o objetivo de evitar gestações futuras não programadas e de diminuir o uso de anticoncepção de emergência. Letra D: correta, pois descreve o objetivo da AE. Pelos motivos expostos, apenas a letra D é correta. Cabe salientar que entre as opções de AE, recomenda-se, como primeira escolha, o uso de progestogênio puro, ou seja, o método de levonorgestrel preferencialmente com 0,75 mg/comprimido, 2 comprimidos, VO, dose única.
Resposta: letra D.
7 – Com relação à síndrome dos ovários policísticos na adolescência, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Há irregularidade menstrual.
b) Presença de acne e hirsutismo.
c) Confirmação diagnóstica pela ultrassonografia pélvica, TC de crânio, dosagem de gonadotrofinas.
d) Além dos cistos ovarianos, existe oligo/anovulação.
e) Existe maior chance de desenvolver síndrome metabólica.
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma endocrinopatia comum que se caracteriza por oligo-ovulação ou anovulação, sinais de hiperandrogenismo e múltiplos pequenos cistos ovarianos. Esses sinais e sintomas variam amplamente entre as mulheres, assim como na mesma mulher ao longo do tempo. Como resultado, as mulheres com SOP podem requerer um acompanhamento multidisciplinar. Segundo os critérios de Rotterdam, a confirmação diagnóstica da SOP é feita na presença de dois dos três critérios: - Oligo ou anovulação; - Hiperandrogenismo clínico (acne, hirsutismo) ou laboratorial; - Ultrassonografia com ovários policísticos (12 ou mais folículos medindo 2 a 9 mm de diâmetro ou volume ovariano aumentado – maior do que 10 cm3). A questão deseja saber qual é a alternativa INCORRETA em relação à SOP. Analisando cada uma delas:
Letra A: correta, pois, em geral há irregularidade menstrual na SOP. A disfunção menstrual em mulheres com SOP varia de amenorreia (ausência de fluxo menstrual por pelo menos três meses) a oligomenorreia (ciclos com intervalos longos) até sangramento uterino disfuncional episódico (menometrorragia), que pode cursar com anemia.
Letra B: correta, pois a presença de acne e hirsutismo faz parte dos sinais de hiperandrogenismo clínico que podem estar presentes na SOP.
Letra C: incorreta, pois nem a tomografia de crânio e nem as dosagens de gonadotrofinas entram como critério diagnóstico da SOP.
Letra D: correta, pois a oligo/anovulação faz parte de um dos critérios diagnósticos da SOP, juntamente com os ovários policísticos à ultrassonografia e os sinais de hiperandrogenismo clínico ou laboratorial.
Letra E: correta, pois a prevalência da síndrome metabólica em mulheres com SOP é de aproximadamente 45%.
Resposta: letra C.
8 – Paciente de 21 anos tem queixa de dismenorreia desde a menarca. Deseja também fazer anticoncepção por longo período.
Assinale a alternativa que NÃO apresenta um método indicado:
a) DIU de cobre.
b) DIU com levonorgestrel.
c) Implante subdérmico de etonogestrel.
d) Anticoncepcional hormonal oral combinado.
e) Anticoncepcional com progestogênio isolado.
A questão deseja saber qual das alternativas apresenta o método contraceptivo que NÃO estaria indicado para uma jovem de 21 anos, que se queixa de dismenorreia, com desejo de anticoncepção por longo período. Como o DIU de cobre causa alterações do sangramento menstrual, como sangramento de escape ou aumento do fluxo menstrual e, principalmente, produz dismenorreia, ou seja, uma das queixas da paciente, seria ele o método que não deveria ser indicado. Todos os outros métodos hormonais listados nas outras alternativas da questão apresentam como efeitos benéficos a redução da quantidade e da duração do fluxo menstrual, além de reduzirem a intensidade da dismenorreia. Perceba, ainda, que o enunciado faz menção a um desejo da jovem de fazer uso do método por longo período. Todas as opções contraceptivas citadas nas alternativas, da letra B até a letra E, como o SIU de levonorgestrel, implante subdérmico de etonogestrel, Anticoncepcional Combinado Oral (ACO) e o anticoncepcional com progestogênio isolado, poderiam ser utilizadas por um longo período.
Resposta: letra A.
9 – Paciente de 37 anos, 1,60 m e IMC = 24 kg/m², vem apresentando ciclos menstruais irregulares há um ano. DUM: há 10 meses. Gesta II Para I. Último parto há três anos, com hipotonia uterina pós-parto. Exames laboratoriais: duas dosagens séricas de FSH aumentadas; níveis de LH e hormônios tireoidianos normais; TSH normal.
O diagnóstico mais provável é:
a) Insuficiência ovariana primária.
b) Ovários micropolicísticos.
c) Adenoma de hipófise.
d) Síndrome de Sheehan.
A questão descreve uma paciente de 37 anos com ciclos menstruais irregulares há um ano, estando em amenorreia há 10 meses. O achado laboratorial de FSH aumentado indica um hipogonadismo hipergonadotrófico, característico de insuficiência ovariana primária (letra A). Nestes casos, há falência ovariana antes dos 40 anos e a paciente apresenta sintomas de hipoestrogenismo. Logo, esta é a principal hipótese diagnóstica para o caso. Na síndrome dos ovários policísticos, a avaliação laboratorial das gonadotrofinas hipofisárias evidenciaria aumento do LH com FSH normal ou diminuído e, ainda, a clássica inversão da relação LH/FSH, o que descarta a letra B. O adenoma de hipófise pode produzir prolactina, mas não FSH, o que elimina a letra C. A síndrome de Sheehan apresentaria FSH e LH baixos, já que há uma destruição das células da hipófise pela hipovolemia pós-parto resultaria em um hipogonadismo hipogonadotrófico, o que exclui a letra D.
Resposta: letra A.
10 – Paciente de 36 anos, Gesta II Para II, procura ambulatório de ginecologia desejando orientação contraceptiva. Na anamnese, a paciente revela ser fumante e portadora de dismenorreia e hipermenorreia. A aferição da pressão arterial evidenciou níveis de 140 x 90 mmHg. Com relação à orientação anticoncepcional dessa paciente, é CORRETO afirmar que o (s):
a) DIU de cobre seria uma indicação excelente.
b) Métodos de barreira são os únicos indicados para essa paciente.
c) SIU-LNG (Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel) seria uma opção adequada.
d) AOC (Anovulatórios Orais Combinados) não apresentam contraindicação para essa paciente.
A questão deseja saber qual é a melhor opção contraceptiva para uma paciente de 36 anos, tabagista, portadora de dismenorreia e hipermenorreia com níveis pressóricos de 140 x 90 mmHg. Vamos avaliar as alternativas seguindo as orientações dos critérios de elegibilidade para uso de métodos anticoncepcionais da OMS:
Letra A: incorreta, pois embora o DIU de cobre seja considerado categoria 1 para pacientes hipertensas e tabagistas, ou seja, não há restrição para seu uso; ele não seria um método ideal para a paciente, pois pode intensificar o sangramento menstrual e agravar a dismenorreia.
Letra B: incorreta, pois os métodos de barreira não são métodos de alta eficácia e as comorbidades da paciente admitem o uso de outros métodos contraceptivos.
Letra C: correta, pois o SIU de levonorgestrel é considerado categoria 1 para tabagistas com idade ≥ 35 anos e para mulheres com Pressão Arterial Sistólica (PAS) entre 140 e 159 mmHg ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) entre 90 e 99 mmHg.
Letra D: incorreta, pois os anticoncepcionais orais são considerados categoria 4 (risco inaceitável para a saúde) para mulheres tabagistas com idade ≥ 35 anos que fumam 15 cigarros ou mais por dia e categoria 3 (risco teórico ou comprovado é maior que as vantagens do uso do método) para mulheres que fumam menos de 15 cigarros por dia, bem como para as hipertensas com PAS entre 140 e 159 mmHg ou PAD entre 90 e 99 mmHg.
Resposta: letra C.
RM 2016 - UFERJ
11 – Mulher, 21 anos, nuligesta, apresenta amenorreia secundária, há seis meses. Beta-hCG negativo. O teste da progesterona foi positivo, o que indica:
a) Níveis plasmáticos adequados de estradiol.
b) Presença de hipogonadismo hipogonadotrófico.
c) Incapacidade dos ovários em sintetizar estrógenos.
d) Alteração uterina ou endometrial como agente etiológico.
e) Necessidade de realização do teste do estrogênio associado à progesterona para elucidação diagnóstica.
Questão sobre a interpretação da propedêutica da amenorreia secundária. Convém lembrar que esta afecção é definida pela ausência de menstruação por no mínimo três ciclos consecutivos em mulheres com ciclos menstruais regulares prévios durante a menacme ou ausência de menstruação por seis meses em mulheres com ciclos irregulares. A dosagem da fração beta-hCG permite excluir uma gestação em curso. A paciente foi submetida ao teste da progesterona, o qual foi positivo. Vamos aproveitar para relembrá-lo. Este teste avalia simultaneamente o status estrogênico e a patência do trato genital de saída (compartimento I). Como ocorreu sangramento de supressão dois a sete dias após o término do esquema, sabemos que o estrogênio endógeno ocasionou a proliferação endometrial e o trajeto de saída está pérvio. Neste caso, é plausível concluir que: houve provavelmente anovulação; há estrogênio endógeno; ocorreu resposta endometrial satisfatória. Logo, a paciente possui níveis plasmáticos adequados de estradiol e, consequentemente, a letra A é correta. As demais alternativas são incorretas. O hipogonadismo hipogonadotrófico (letra B) é avaliado pela dosagem do FSH, a qual revela níveis inferiores a 5 mUI/ml, por causas hipotalâmica ou hipofisária. Não há incapacidade dos ovários em sintetizar estrógenos (letra C), pois nestes casos o teste da progesterona é negativo (ausência de sangramento). As alterações uterinas ou endometriais (letra D) são avaliadas com o teste do estrogênio associado à progesterona, se não houver sangramento há alteração no trato genital de saída (compartimento I). Por fim, quando o teste da progesterona é positivo, a principal hipótese é de anovulação e, portanto, não há necessidade de realizar outros testes (letra E).
Resposta: letra A.
RM 2016 - SES - RJ
12 – Paciente de 32 anos com amenorreia secundária fez uso de acetato de medroxiprogesterona 10 mg por cinco dias. Após três dias do término da medicação, não ocorreu sangramento vaginal. Realizou então, ciclo de 21 dias de estrogênios conjugados, seguido de mais dez dias de acetato de medroxiprogesterona, ao fim do qual ocorreu sangramento vaginal moderado por cinco dias. Diante desse quadro, a principal hipótese diagnóstica é:
a) Gestação inicial.
b) Síndrome de Asherman.
c) Falência ovariana precoce.
d) Síndrome dos ovários policísticos.
Questão que apresenta a investigação de uma paciente de 32 anos com quadro de amenorreia secundária com teste da progesterona e teste do estrogênio com progesterona. O teste da progesterona foi realizado utilizando-se o acetato de medroxiprogesterona 10 mg, sem ocorrer sangramento vaginal ao seu término. O sangramento deve ocorrer caso a paciente apresente secreção estrogênica adequada para haver proliferação endometrial e sangramento por supressão após suspensão da medicação. Como o teste da progesterona foi negativo, foi realizado o teste com estrogênio e progesterona, com sangramento vaginal após. Esses resultados indicam sangramento por supressão e falência ovariana precoce (letra C), pois não há produção suficiente de estrogênio para ocorrer proliferação endometrial e sangramento menstrual. As demais alternativas são incorretas. A gestação inicial (letra A) sempre deve ser excluída em casos de amenorreia secundária nas pacientes na menacme. Entretanto, por definição, o termo amenorreia secundária define a ausência de menstruação por no mínimo três ciclos consecutivos em mulheres com ciclos menstruais regulares prévios durante a menacme ou ausência de menstruação por seis meses em mulheres com ciclos irregulares. Portanto, com base no conceito, em caso de gestação, a paciente já apresentaria uma idade gestacional mais avançada e não inicial. A síndrome de Asherman (letra B) apresenta teste do estrogênio e da progesterona negativo, pois há sinéquias intrauterinas e, portanto, obstrução ao trato de saída. Na Síndrome dos Ovários Policísticos (letra D), há sangramento após o teste da progesterona. O sangramento de supressão dois a sete dias após o término do esquema, permite concluir que o estrogênio endógeno ocasionou a proliferação endometrial e o trajeto de saída está pérvio. Assim, na SOP, o teste da progesterona é positivo, pois há anovulação e estrogênio endógeno e, portanto, há resposta endometrial satisfatória.
Resposta: letra C.
RM 2016 - HUT – SP
13 – Considerando o gráfico do ciclo menstrual, indique quais afirmativas estão CORRETAS.
I. Se o corpo lúteo for insuficiente, o ciclo menstrual será proiomenorreico.
II. Se o número de folículos for pequeno, não ocorrerá o pico de LH, porque a quantidade de FSH é insuficiente para provocar o feedback positivo do LH.
III. A progesterona é responsável pela fase proliferativa do endométrio.
IV. O crescimento insuficiente do folículo está diretamente relacionado com a diminuição do LH.
V. Se não houver ovulação, o ciclo poderá ser polimenorreico ou espaniomenorreico.
a) Apenas I e V estão corretas.
b) Apenas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas II, III, IV e V estão corretas.
d) Apenas I, II, III, V estão corretas.
e) I, II, III, IV e V estão corretas.
Questão sobre ciclo menstrual, que deseja saber quais são as afirmativas corretas. Vamos analisá-las para chegar à resposta da questão:
ASSERTIVA I – Inicialmente, vale relembrar a definição de proiomenorreia, a qual consiste em ciclos menstruais mais curtos, que duram de 20 a 25 dias. Ela pode ocorrer por encurtamento na fase folicular ou na fase lútea, quando o corpo lúteo é insuficiente e não produz quantidade adequada de progesterona e o endométrio descama. Consequentemente, a afirmativa é CORRETA.
ASSERTIVA II – incorreta, pois o feedback positivo para o pico de LH depende da concentração e da duração do pico de estradiol e não do FSH.
ASSERTIVA III – incorreta, pois o hormônio responsável pela fase proliferativa do endométrio é o estradiol. A progesterona é responsável pela fase secretora.
ASSERTIVA IV – incorreta, pois o crescimento do folículo é estimulado pelo FSH, logo, sua diminuição, e não a do LH, causa crescimento insuficiente do folículo.
ASSERTIVA V – é correta, embora o mais comum seja a oligomenorreia. Cabe lembrar que a definição de espaniomenorreia e proiomenorreia é divergente na literatura. Na ausência de ovulação, o ciclo poderá ser mais comumente espaniomenorreico, em que há intervalo de 2 a 3 meses entre os ciclos, como ocorre na síndrome dos ovários policísticos. Porém, pode ocorrer com menor frequência a polimenorreia, com diminuição do intervalo entre os ciclos, com frequência ≤ 24 dias (FEBRASGO), devido à proliferação endometrial pelo estímulo estrogênico sem a contraposição da progesterona. Em geral, os episódios de sangramento são geralmente volumosos.
Portanto, as assertivas I e V estão corretas.
Resposta: Letra A.
RM 2016 - SCM - SP
14 – Sabe-se que as pílulas combinadas trazem benefícios secundários à saúde da mulher além da contracepção. Assinale a alternativa que contém esses benefícios.
a) Prevenção de câncer de ovário e prevenção do câncer de colo uterino.
b) Prevenção de câncer de mama e tratamento de acne.
c) Prevenção de câncer de cólon e prevenção da doença inflamatória pélvica aguda.
d) Tratamento do hiperandrogenismo e diminuição da infecção pelo HPV vírus.
e) Tratamento da enxaqueca menstrual e da enxaqueca com aura.
A questão deseja saber qual das alternativas apresenta os efeitos benéficos secundários das pílulas combinadas ou Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO). Vamos a elas:
Letra A: incorreta, pois embora o uso de contraceptivos orais combinados seja um fator protetor à carcinogênese ovariana, reduzindo os riscos em aproximadamente 50%, sendo, inclusive, o único modo de quimioprevenção documentado para tumores ovarianos, são necessários estudos adicionais para desvendar qual é a real participação destes medicamentos na etiopatogenia do câncer de colo uterino. Alguns autores propuseram que o uso de contraceptivos orais poderia aumentar a incidência de anormalidades glandulares cervicais. No entanto, essa hipótese não apresentou suporte consistente das fontes bibliográficas.
Letra B: incorreta, pois, até o momento, as evidências sobre o aumento de risco de câncer de mama com o uso de contraceptivos orais são conflitantes, mas o uso da pílula combinada definitivamente não é um fator protetor. Em contrapartida, o uso de ACO promove melhora da acne.
Letra C: correta, pois o uso de pílulas combinadas reduz a incidência de câncer do cólon e reto em até 40% das pacientes que utilizam os ACO por um longo período e também previnem a Doença Inflamatória Pélvica (DIP) pela alteração que promove no muco cervical, dificultando a ascensão de micro-organismos, fator primordial para a ocorrência da DIP. Vale salientar que apesar de as usuárias poderem ter uma menor percepção sobre a necessidade do uso de preservativos e ficarem mais expostas ao risco de adquirir uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), como uma cervicite por clamídia, os livros de ginecologia colocam os contraceptivos orais como protetores de DIP, reduzindo a incidência em até 50%.
Letra D: incorreta, pois o comportamento sexual das usuárias de pílulas, ao não utilizarem preservativos rotineiramente, as expõem mais às IST e, consequentemente, à infecção pelo papilomavírus humano. Por outro lado, o uso de ACO diminui a produção adrenal e ovariana de androgênios e o crescimento de pelos em quase dois terços das pacientes hirsutas e, consequentemente, trata o hirsutismo.
Letra E: incorreta, pois enxaqueca é um dos efeitos colaterais das pílulas combinadas. Quando acompanhada de aura, é uma condição classificada como categoria 4 da OMS, ou seja, representa uma contraindicação absoluta ao uso dos anticoncepcionais orais combinados.
Resposta: letra C.
RM 2016 - FM - ABC - SP
15 – Sobre os métodos anticoncepcionais, é CORRETO afirmar:
a) É uma característica inerente à categoria dos métodos hormonais o aumento do risco de doença tromboembólica venosa.
b) Os dispositivos intrauterinos aumentam as taxas absolutas de prenhez ectópica.
c) O principal mecanismo anticoncepcional do dispositivo intrauterino medicado com cobre é a inibição da ovulação.
d) Os métodos hormonais apenas de progestogênio apresentam menor número de contraindicações do que os combinados.
A questão deseja saber qual é a alternativa CORRETA sobre os métodos anticoncepcionais. Vamos a elas:
Letra A: incorreta, pois contraceptivos que contêm apenas progesterona não apresentam um risco significativo de doença tromboembólica.
Letra B: incorreta, pois os dispositivos intrauterinos aumentam o risco relativo (e não absoluto) de gestação ectópica. Ou seja, o DIU diminui a chance de gestação em geral (risco absoluto), porém, quando esta ocorre, há maior chance de ser uma gestação ectópica (risco relativo).
Letra C: incorreta, pois o mecanismo de ação contraceptivo do DIU de cobre não interfere com a ovulação. O DIU de cobre funciona como corpo estranho causando uma reação inflamatória local, que produz lesão tecidual mínima, porém suficiente para funcionar como espermicida. Causa mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio e altera o muco cervical. A reação inflamatória no endométrio cursa com alterações histológicas e bioquímicas importantes que interferem na fisiologia normal da espermomigração, fertilização do óvulo e implantação do blastocisto. Os íons de cobre interferem na vitalidade e na motilidade espermática, prejudicando-as, e também diminui a sobrevida do óvulo no trato genital. Assim, pode-se concluir, pelos dados científicos disponíveis, que os DIUs com cobre agem não apenas na cavidade uterina, mas também fora dela, interferindo em várias etapas do processo reprodutivo.
Letra D: correta, pois, de fato, os métodos hormonais somente de progesterona apresentam menor número de contraindicações do que os combinados, incluindo menor risco trombótico e menor risco cardiovascular.
Resposta: letra D.