Problema 04 Flashcards
O que é a doença hepática alcoólica e quais seus estágios histológicos?
Amplo espectro de desordens do fígado, começando na esteatose hepática, progredindo à hepatite alcoólica e culminando na cirrose alcoólica
> 3 estágios histológicos da doença do fígado:
- Esteatose alcoólica: gordura acumulado no parênquima
- Hepatite alcoólica: inflamação de cel do fígado e seu desfecho depende da severidade do dano
- Cirrose alcoólica: dano do fígado em estágio irreversível e levando a complicações como a hipertensão portal
Etiologia da hepatopatia alcoólica
Diferentes fatores, como: metabólico, genético, ambiental e imunológicos. Em conjunto desempenham um papel
O fígado tolera consumos leves de álcool, mas, à medida que o consumo aumenta, há distúrbios do funcionamento metabólico do fígado
Fatores que elevam o risco de desenvolvimento da doença:
- Quantidade e a duração da ingestão de álcool
- Obesidade e dieta rica em gordura
- Infecção concomitante por Hepatite C
Epidemiologia da hepatopatia alcoólica
(álcool por bebida, consumo x hepatopatia)
- 10-12g de álcool puro em:
-
330ml cerveja (copo de chope)
- 1 latinha: 9 g
- 100ml de vinho (uma taça)
- 30ml de destilado (uma dose)
-
330ml cerveja (copo de chope)
O consumo diário de 30 a 50g de álcool por mais de 5 anos é capaz de gear hepatopatia alcoólica:
- Esteatose – pode ocorrer em 90% dos pacientes que bebem mais de 60g/dia (7 latinhas: 63g)
- Cirrose – ocorre em 30% dos indivíduos com consumo prolongado maior que 40g/dia (5 latinhas: 45g)
As definições de consumo de risco de álcool são:
- Homens: mais de 14 bebidas/semana ou mais de 4 bebidas na ocasião
- Mulheres > 65ª: mais de 7 bebidas/semana ou 3 na ocasião
Fisiopatologia da Hepatopatia Alcoólica
Metabolismo do álcool no fígado:
- Álcool desidrogenase→
- Aldeído desidrogenase
Álcool → (1) → Acetalteído → (2) → Acetato
O metabolismo do álcool aumenta a produção de NADH+ e reduz a de NAD no corpo. Essa mudança do equilíbrio metabólico leva à formação de triglicerídeos, os quais se acumulam no fígado pela redução da lipólise (devido a b-oxidação de ác. graxos ser dificultada pela falta de NAD+)
O consumo continuado do álcool aciona o sistema imune. Interleucinas e neutrófilos agridem os hepatócitos, levando a hepatite alcoólica. Essa lesão continuada leva a danos irreversíveis no fígado – cirrose alcoólica

Histopatologia da Hepatopatia Alcoólica
É dividida em 3 etapas:
- Esteatose Hepática
-
Hepatite Alcoólica
- Esteatose definida, inflamação aguda e hepatócitos em balão. Há uma lobular infiltração de neutrófilos nessa condição
-
Cirrose Alcoólica
- Fibrose perivenular (em torno da v. hepática) e ao longo dos sinusoides. Nódulos regenerativos fibróticos
Os 3 estágios podem estar sobrepostos nos indivíduos com uso de longa data do álcool e sua descontinuação talvez possa causar regressão dos estágios
História do paciente com Hepatopatia Alcoólica
(perguntas importantes e exame físico)
- Idade: entre 40 e 50a é a faixa mais típica
- História do consumo de bebida alcoólica diário
- Dieta e ingestão calórica
- FR à desnutrição e outras hepatites
- Náuseas, vômitos e febre
- Fraqueza, cor amarelada dos olhos, anorexia
- Emagrecimento
Exames físico, são frequentes:
- Icterícia (de início rápido)
- Febre
- Hepatomegalia sensível
- Pacientes graves podem ter sinais de cirrose (HP, aranha v…)

Como é feito o diagnóstico da hepatopatia grave?
- Hemograma: afastar infecção, verificar complicações da cirrose
- Função** **hepática: AST é aumentado em oposição ao ALT na h. alcoólica. Também hipoalbunemia, hiperbilirrub e hipertrigliceridemia. GGT rotineiramente aumentada.
- TAP** **e** **INR: valores elevados em doença severa
- USG: usada na investigação de obstrução biliar e tumores hepáticos
- Perfil metabólico básico: avaliar a falência renal e distúrbios de eletrólitos (níveis baixos de K+, Mg2+ e fósforo).
- Outros exames:testes de outras hepatopatias crônicas: hepat. viral
- Endoscopia: varizes esofágicas devido à Hipertensão Portal na cirrose
- Biópsia: diagnóstico definitivo nos casos em que o diagnóstico é incerto
Diagóstico diferencial da hepatopatia alcoólica
A hepatite alcoólica pode ser confundida com outras causas de hepatite, como hepatite viral, induzida por drogas ou autoimune. História e testes sorológicos são fundamentais às distinções. A EHNA é o principal DD, já que cursam com os mesmos estágios.
Outras são:
- Sd de Reye
- Deficiência de α1-antitripsina
- Colangite ascendente
- Doença de Wilson fulminante
O que é o score Child utilizado na hepatopatia crônica?
É um sistema clínico de estadiamento da cirrose, com um sistema de escore de 5 a 15:
- Classe A: 5 a 6 (“cirrose compensada”)
- Classe B: 7 a 9 (“cirrose descompensada”)
- Classe C; 10 a 15 (hepatopatia grave)
Atualmente, é utilizado para avaliar o prognóstico da cirrose e orienta o critério padrão para inscrição no cadastro de transplante hepático (classe B de Child)
Possui fator preditivo razoavelmente confiável de sobrevida de várias doenças hepáticas e antecipa a probabilidade de complicações importantes da cirrose.
Tratamento da Hepatopatia alcoólica
Clínico
- Abstinência do álcool e aderência em programas de desintoxicação
- Suporte nutricional
- Tratamento de outras hepatopatias coexistentes
Cirúrgico
Se o dano é irreversível, o tratamento é definitivo é um transplante de fígado naqueles que mostraram um compromisso com a abstinência alcoólica
- Escore MELD: avalia prioridade no transplante hepático
Principais etiologias das hepatites virais
Pode ser causada por inúmeros vírus, incluindo, EPV, vírus simples da herpes, citomegalo, vírus hepatotróícos (A ao E)
- VHA: transmissão fecal-oral
- VHB: transmissão vertical e horizontal (sexual, fluídos de infectados…)
- VHC: transmissão horizontal (transfusões sanguíneas, injeção de drogas…)
- VHD: similar ao VHB e VHC. Único que necessita do AgHBs para se replicar
- VHE: transmissão fecal-oral e transfusão
Os subtipos B,C e E possuem potencial de cronificação
Quadro clínico das hepatites virais
(o que na epidemiologia por ajudar?)
Viagem recente para áreas endêmicas, uso de droga intravenosa e um contato próximo ou sexual com indivíduos infectados. Os pacientes devem sempre ser perguntados sobre estado imunodepressivo e transplante de órgãos,
O que é a hipertensão portal e qual é sua definição?
Aumento da pressão dentro do sistema venoso portal.
Definição: aumento do gradiente de pressão portal (a diferença entre a pressão venosa portal e a pressão da veia cava inferior ou veia hepática).
- Gradiente normal: ≤ 5 mmHg.
- Grandiente sugestivo: ≥ 6 mmHg
- Gradiente > 10 mmHg: H. portal clinicamente significante.
Etiologias da Hipertensão Portal
Suas causas são classificadas em:
- Pré-hepática
- Intra-hepática
- Pós hepática
Etiologias da hipertensão portal pré-hepática
-
Pré hepática
-
Aumento fluxo sanguíneo
- Esplenomegalia tropical idiopática
- Malformações arteriovenosas
- Fístula
-
Obstrução da porta ou esplênica
- Trombose
- Compressão tumoral
-
Aumento fluxo sanguíneo
Etiologias da Hipertensão Portal intra-hepática
-
Intra-hepática
-
Pré-sinusoidal
- Esquistossomose
- Colangite biliar primária precoce
- Sarcoidose
- Hepatite ativa crônica
- Toxinas: cloreto de vinil, arsênico e cobre
-
Sinusoidal
- Cirrose
- Hepatite alcoólica
- Intoxicação por vitamina A
- Drogas citotóxicas
-
Pós-sinusoidal
- Sd de obstrução sinusoidal e doença veno-oclusiva
-
Pré-sinusoidal
Etiologias da hipertensão portal pós hepática
-
Pós-hepáticas
- A nível do coração: aumento da pressão atrial
- Pericardite constritiva
- A nível da veia hepática
- Sd Budd-Chiari
- A nível da veia cava inferior
- Estenose
- Trombose
- Invasão tumoral
- A nível do coração: aumento da pressão atrial
Fisiopatologia da Hipertensão Portal
Se houver aumento da resistência ao fluxo no sistema porta (por alterações estruturais ou dinâmicas) → Hipertensão Portal
O aumento na produção de vasoconstritores endoteliais e a diminuição da liberação de vasodilatadores dentro do fígado levam a constrição sinusoidal, aumentando ainda mais a HP
HP = resistência ao fluxo v. portal + ↑↑ do fluxo sanguíneo portal
Quando a pressão portal permanece elevada, há o desenvolvimento de circulação colateral para reduzir isso
Quadro Clínico da Hipertensão Portal
-
Em geral: assintomáticos até as complicações aparecerem
- Mais comuns: hematêmese e melena (varizes esofágicas)
- A cirrose é a sua causa mais comum, então, podem ter manifestações associadas a essa patologia:
- Icterícia, ginecomastia, eritema palmar, aranha vascular, atrofia testicular, ascite, edema depressível e arterixis
- Circulação colateral na parede abdominal
- Esplenomegalia (sinal confiável de HP)
- Pancitopenia ao hemograma

Como é o diagnóstico da HP?
O diagnóstico requer uma boa história e dados de laboratório
- Hemograma
- Perfil metabólico: I.Renal, aumento de enzimas hep e hipoalbunemia
- Coagulograma: TAP (função hepática)
- Doppler: detectar a presença de trombose ou estenose
- USG abdominal: sinais de cirrose, ascite e esplenomegalia
- Endoscopia: identificação de varizes esofágicas
Pode ser feita a paracentese do líquido ascítico se presente
Tratatamento da Hipertensão Portal
Depende da causa. Se forem reversíveis, tem que tentar revertê-las (trombose de veia porta ou VCI por hipercoagulação, o paciente deverá ser anticoagulado)
- Outras opções são baseadas nas complicações!
- O tratamento da ascite depende da gravidade da doença de base e da resposta do paciente. Incluem:
- Restrição de sódio dietético
- Diuréticos: espironolactona + furosemida
- Paracentese de grande volume
- Transplante hepático (tratamento definitivo nas HP por cirrose)