PLACA BACTERIANA Flashcards
O QUE É A PLACA BACTERIANA?
A placa bacteriana é caracterizada como sendo um biofilme aderido à superfície dos dentes. Esta adesão bacteriana é o fator determinante para que ocorra a cárie, a gengivite e a doença periodontal. A placa bacteriana pode conter também restos de alimentos e, se não for removida diariamente, endurece e forma o tártaro.
O QUE É O BIOFILME?
Os biofilmes são comunidades biológicas de microorganismos com um elevado grau de organização, onde as bactérias formam comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais. As bactérias da periferia morrem primeiro, devido aos agentes agressores, protegendo desta forma as bactérias que se encontram em profundidade.
Há 6 estirpes de bactérias identificadas num biofilme em laboratório, entre elas a Streptococcus e a Fusobacterium:
Streptococcus só adere à superfície se houver sacarose no meio, pelo que não secreta adesinas. Esta bactéria exporta H+ para o meio extracelular quando há sacarose no meio (absorve sacarose e excreta H+). A hidroxiapatite, principal constituinte do dente, contém um ião monovalente (OH-) que, ao reagir com o H+ excretado pela Straptococcus, leva à formação de H20. Assim, há dissolução da hidroxiapatite e formação de poros/cavitações, criando uma superfície retentiva.
Fusobacterium: bactéria que permite maior capacidade de adesão a outras bactérias.
A formação de placa bacteriana dá-se em três etapas:
Formação da película adquirida
Colonização Primária
Colonização Tardia
ONDE ACONTECE UMA COLONIZAÇÃO NOS TECISO ORAIS E QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE SUPERFICIE RUGOSA E LISA?
Nos tecidos orais a colonização pode ser feita ao nível dos dentes os das mucosas.
MUCOSA:
- superfície rugosa: lingua e sulco (RETENÇÃO)
-lisa- jugal… (ADESÃO)
DENTES:
- rugosa: fissuras, proximais (RETENÇÃO)
- lisa: faces vestibulares e palatina/lingual (ADESÃO)
Superfícies Rugosas – Nestas superfícies, a acumulação de placa bacteriana faz-se devido à elevada retenção da língua, dos sulcos e das suas fissuras e espaços proximais, causada pelo relevo.
ADESÃO MECANICA
Superfícies Lisas – A película pode também ser formada em superfícies lisas, através de uma adesão da placa bacteriana às superfícies dentárias através de permeases.
ADESÃO QUIMICA
O QUE É UMA PELÍCULA ADQUIRIDA?
A Película adquirida é uma fina camada acelular que forma a base para adesão dos microrganismos que posteriormente desenvolvem a placa bacteriana (ainda não há adesão de bactérias) . Esta película é composta por uma camada glicoproteica (colonizadores primários (sem dependência de outras bactérias para
adesão)) que se começa a formar 2 min após a escovagem. A formação da película adquirida faz-se a partir de saliva, isto é, os componentes
salivares passam de uma fase solúvel (saliva) para uma fase insolúvel (placa). Tem papel importante na formação de manchas brancas extrínsecas na superfície dentária, e supõe-se que dê uma permeabilidade seletiva e participe no reparo e proteção da superfície do esmalte.
A película adquirida permite a proteção do esmalte do atrito dos alimentos e variações do pH. No entanto, torna o esmalte colonizável.
QUAL A VELOCIDADE DE FORMAÇÃO DA PELICULA ADQUIRIDA?
A velocidade de formação da película adquirida tem duas fases e dura cerca de 2 horas:
- primeira hora ocorre a fase exponencial
- passados 30 minutos e temos a fase plateau (existe uns momentos de valores constantes).
QUAL A COMPOSIÇÃO DA PLACA ADQUIRIDA?
Película de proteínas salivares (rica em aminoácidos ácidos) e de componentes
bacterianos.
Proteínas salivares – Principalmente glicoproteínas
- Mucinas
- Estaterinas (recetores para Actinomyces e Fusobacterium)
- PRP’s (recetores para Actinomyces e Streptococcus)
- Lisozimas
- Lactoferrinas
- Glucose
Componentes bacterianos:
- Enzimas
- Fragmentos da parede celular
- Moléculas da membrana
- Glúcido mais abundante é a glicose, glicosamina, galactose e manose
Uma enzima (neuraminidase) das bactérias cliva o ácido siálico presente na saliva, alterando a sua solubilidade e fazendo-o, desta forma, precipitar mais facilmente.
SE AS SALIVAS TÊM DIFERENTES COMPONENTES, DIFERINDO O INDIVIDUO, TERÃO ELAS TODAS AFINIDADE PARA ADESÃO À SUPERFICIE DO DENTE?
Todas eles, mesmo com componentes diferentes vão ter afinidade para as superfícies dentária, porém existem diferentes graus de afinidade consoante essas diferenças de composição da saliva:
Alta afinidade: proteínas com cadeias laterais ácidas e básicas
Moderada afinidade: proteínas com cadeias laterais polares (histidina, serina, etc.)
Baixa afinidade: proteínas ricas em anéis aromáticos, cadeias laterais apolares.
QUAIS OS MECANISMOS DE FORMAÇÃO DA PLACA ADQUIRIDA?
ABSORÇÃO DE IÕES:
(equimolar/equivalente)/ (camada de hidratação)
O esmalte é abundante em hidroxipatite sendo portanto uma superficie com carga negativa. Esta carga vai atrair cargas positivas e H2O, ao se formar esta “camada de hidratação” de cargas positivas ( iões cálcio e macromoléculas salivares (glocoproteínas)), que quanto maior forem estas cargas mais afinidade têm. Consequentemente esta camada de hidratação vai atrair cargas negativas (nomeadamente proteínas). Esta atração pode ser EQUIMOLAR (quando apenas atrai 1 carga negativa) ou EQUIVALENTE (quando atrai uma dupla ou conjunto de cargas neg).
ABSORÇÃO DE MACROMOLÉCULAS
Após a adsorção de iões temos adsorção de macromoléculas, que ocorre de diferentes formas:
Direta: as proteínas ligam diretamente os seus grupos glicosil e amina à superfície negativa do esmalte ou ligam-se diretamente por ligações hidrofóbicas.
Indireta: as proteínas ligam-se a iões positivos da superfície do esmalte que servem como pontes (intermédio de eletrólitos). Os grupos proteicos que se ligam aos iões positivos são carboxilo, fosfato e sulfato.
A absorção de macromoléculas depende de diversos fatores:
Se há perda de grupos terminais do ácido siálico das proteínas, há diminuição
das cargas negativas (aumentado as positivas), diminuindo a solubilidade da saliva e aumentando a adsorção (adesão) ao esmalt e a precipitação.
PRP’s ácidas - são fosfoproteínas que se ligam à superfície do esmalte através de interacções fortes entre o seu fosfato e o cálcio da hidroxiapatite. A adsorção diminui na presença de outras proteínas que competem com estas.
Aumento do cálcio - aumenta adsorção
Aumento do pH - diminuição da adsorção
As macromoléculas tem diferentes afinidades (alta, moderada ou baixa). Quanto menos polar for a molécula, pior a aderência. Algumas proteínas que aparecem na película estão modificadas por proteases ou
glicosidases para melhorar a adesão da proteína à superfície do esmalte ou mesmo para facilitar a posterior adesão de uma determinada bactéria em detrimento de outra.
O QUE É A COLONIZAÇÃO?
A colonização é a agregação de bactérias às superfícies retentivas da cavidade oral. Há 3 etapas:
Colonização
Momento académico que descreve o início da formação da placa bacteriana. Consiste na formação de uma barreira que se liga às proteínas salivares.
Espessamento
Aumento da camada e da espessura da placa bacteriana.
Maturação
Alteração da composição da placa, com o aumento de diferentes bactérias que se agregam. Composta por duas fases:
- 1ª fase: Agregação de microrganismos aeróbios (em superfícies lisas)
- 2ª fase: Aeróbios facultativos, que passam a anaeróbios (+ patogénicos) (profundidade da placa). O antibiótico elimina as bactérias mais superficiais. Como ele não chega às mais profundas, estas bactérias vão ganhar resistência ao antibiótico.
Os colonizadores primários criam condições favoráveis para a colonização da placa por outros microrganismos. Isto vai levar ao aparecimento de condições desfavoráveis para si próprios, levando à sua progressiva morte e desaparecimento (aumento de intermediários tóxicos, diminuição de alimentos e colonização feita em pontos isolados que criam ambiente anaeróbio).
O QUE É A COLONIZAÇÁO PRIMÁRIAS E QUAIS AS CARACTERISITICAS?
Colonização primária
Constitui o primeiro grupo de bactérias que se liga aos locais de colonização das superfícies duras (esmalte) e mucosas:
-Superfícies lisas (por acreção): Faces vestibulares, liguais e superfícies gengivais.
-Superfícies retentivas (por adesão mecânica): Fissuras, faces interproximais, zonas do sulco gengival e dorso da língua.
Durante esta fase predominam os fenómenos de adesão (Adesão de bactérias aeróbias, que se ligam a proteínas da película. Assim, a acreção é a ligação da bactéria ao elemento da película).
Nesta fase pode também ocorrer alguma (mas pouca) coagregação (agregação de várias bactérias).
Os colonizadores primários são, na sua maioria, Streptococcus sanguis e oralis, havendo também Streptococcus gordonii e bactérias filamentosas que aderem à superfície do dente, desenvolvendo posteriormente, formas filamentosas. De seguida, há a proliferação de Actinomyces.
O QUE É A COLONIZAÇÃO TARDIAS E QUAIS AS SUSAS CARACTERISTICAS?
Nesta fase só ocorrem fenómenos de coagregação de outras bactérias que têm
afinidade para moléculas de superfície de Streptococcus.
A coagregação pode ser:
- Direta: entre adesina dos agregados bacterianos e as bactérias da placa jovem, através da ligação direta por ligações glicosídicas.
- Indireta: entre adesinas dos agregados bacterianos e a placa jovem, através da interposição de macromoléculas da saliva.
Raramente há ligação direta entre uma bactéria em suspensão e a bactéria da placa jovem. Normalmente existem bactérias filamentosas, do tipo Fusobacterium nucleatum, que têm filamentos com capacidade de se ligarem a um conjunto de bactérias livres e simultaneamente de se ligar às bactérias da placa jovem, formando estruturas conhecidas como “maçarocas de milho”.
Há uma variação na constituição da flora oral que estabiliza após algumas semanas. A estabilização da placa é dinâmica (há uma constante substituição de bactérias, por multiplicação).
As diferenças das estruturas, das quantidades de matriz intermicrobiana e na deposição influenciam o processo metabólico e propriedades de difusão da placa dentária.
Nem toda a placa bacteriana é cariogénica! Para o ser têm de estar presentes os fatores etiopatogénicos da cárie!
O QUE É A ADESIVIDADE BACTERIANA E QUAIS OS TIPOS?
A adesividade bacteriana é caracterizada pela capacidade que as bactérias têm de aderir a outras bactérias diferentes de si ou de aderir a superfícies inanimadas, como por exemplo as superfícies dentárias.
Esta adesividade bacteriana pode ser inespecífica ou específica.
Inespecífica:
Iónica – aumenta a Energia de ligação (são ligações mais fortes)
Van der Waals – há apenas interações eletrostáticas (são ligações mais fracas)
ex: àcido teicóico
Específica (ligando-recetor):
Este tipo de ligações implica a presença de um ligando-recetor.
Adesinas
O QUE SÃO ADESINAS E QUAIS AS CARACTERISTICAS?
Proteínas de superfície celular ou apêndices de bactérias (entre 35 a 380 kDa) que facilitam a adesão bacteriana a outras células ou superfícies inanimadas, esta adesão é através da regulação. Esta regulação (ativação/inibidação) ocorre devido ás adversidades da cavidade oral (ph, temperatura..).
Pertencem a um grupo heterogéneo, mas as zonas responsáveis pela adesão são conservadas em termos evolutivos. Estas adesinas são consumidoras de elevada energia.
As adesinas estão ligadas à superfície bacteriana das próprias bactérias por dois mecanismos:
- As adesinas de maior peso molecular (210-260 kDa) ligam-se através das sequências LPXTG no C-terminal ao peptidoglicano nas bactérias gram-positivas. (LPXTG - lisina, prolina, X pode ser qualquer aa, Tirosina e Glicina).
- As adesinas de menor peso molecular (35-78 kDa) com sequências LXXC a nível Nterminal, ligam-se a um lípido membranário de bactérias gram-positivas ou gramnegativas. (LXXC - lisina, X pode ser qualquer aa, Cisteína).
Quando os streptococcus se ligam à celula hospedeira através da adesina/antigénio l/ll produzem grandes quantidades de recetores para que existam outras bacterias que se possam ligar a elas.
QUAIS OS LIGANDIS PARA A COLONIZAÇÃO PRIMÁRIA E TARDIA?
Ligandos para colonização primária
- Ligação a elementos da película adquirida, através de ligações proteína-proteína ou proteína-glúcido (lectin-like, dependendo de mucinas e GP).
- Adesividade sacarose-dependente.
Ligandos para colonização tardia (coagregation)
- Co-agregação directa lectin-like com unidades repetitivas da parede bacteriana GalNacGal e Galf (loop).
- Co-agregação indirecta por interposição de proteínas da saliva/salivares (adesinas multifuncionais).