CARIE DENTÁRIA Flashcards
O QUE É A CARIE DENTÁRIA?
Doença infecciosa caracterizada pela desmineralização progressiva dos tecidos duros dentários, causada pela produção e exportação de ácidos resultantes do metabolismo de bactérias cariogénicas (S.mutans + sorotipo c) da placa bacteriana, em zonas de retenção.
QUAIS OS AGENTES BACTERIANOS DOMINANTES DA PLACARA CARIOGÉNICA?
CÁRIE CORONÁRIA S. mutans Lactobacillus CÁRIE DE FISSURAS S. mutans Lactobacillus CÁRIE RADICULAR Actinomycetecomitans CÁRIE SUPERFÍCIES LISAS S. mutans
O QUE É UMA CÁRIE DE SUPERFICIE LISA?
Este tipo de lesão tem uma microbiota bem caracterizada. Os microrganismos encontrados com maior frequência são o Streptococcus mutans e S. salivarius. Apesar do S. mutans ser um constituinte minoritário no biofilme (2 a 7%), ele é considerado o principal agente etiológico pelo seu grande potencial cariogénico
QUAIS OS MECANISMOS PARA AS BACTERIAS COMENSAIS SE TORNAREM PATOGÉNICAS ?
Metabolismo glucídico: 2 sistemas de entrada de glucose e sacarose
SISTEMA Fosfotransferases – grupo que faz a transferência de um fosfato,
fosforilando a glucose à entreda para a célula. A glucose 6-fosfato entra assim na via glicolítica dando origem a piruvato. Trabalham melhor a pH neutro
Complexo multienzimático de translocação
Alta afinidade para a glucose
Inibido a pH ácido
Regulação genética
SISTEMA da permease
Só em bactérias cariogénicas – S.mutans
Só funciona a pH < 7
Baixa afinidade para a glucose
Simporte com H+ (os ioes movem se na mesma direção)
O QUE AS BACTÉRIAS FAZEM COM A SACAROSE/GLICOSE?
Quando á s.mutans lhe é dada sacarose então esta vai aumentar a sua rentabilidade energética, multiplicando-se ou através das glucosil transferases (sintetizam dextranos) ou polímeros de glucose extracelulares de origem bacteriana (hidrófobos α1-6)) , (cortam a extremidade hemi-acetal e incorporam a glucose no polímero extracelular). Baixa afinidade para glucose). Conseguem sintesizar enzimas de superficie bacteriana, adesinas, fazendo com que estas se liguem ás superficies lisas da cavidade oral. Esta aderencia ás superficies lisas e a sua multiplicação acentuada vai levar à dominância na cavidade oral. consequentemente existe um aumento da produção de ácido gerando ainda mais multiplicação. Isto tudo vai levar à lesão de carie.
QUE TIPOS EXISTEM DE GLUCOSIL TRANSFERASE?
GTF-S oExtra-celular oSíntese de dextrano GTF-SI e GTF-I oEnzimas de superfície bacteriana oAfinidade para o dextrano oSíntese de mutano
2 domínios funcionais
o N-terminal catalítico (clivagem e transferência de radicais)
o C-terminal GBD (afinidade para a glucose esta liga-se a polímeros extracelulares e consequentemente adere à película adquirida)
QUAIS SÃO AS ZONAS QUE TEMOS NUMA CARIE INICIAL DE ESMALTE?
- Superfície integra
- Corpo da lesão – < teor mineral, resistem apenas os cristais de maiores dimensões
- Zona sombria/escura- desmineralização
- Zona translúcida - > teor mineralizado
O QUE ACONTECE NUMA DESMINERALIZAÇÃO?
Na desmineralização, liberta-se H2O, que fica retido no esmalte o que o torna mais opaco. A desmineralização começa na subsuperfície. (nas lesões erosivas de esmalte há logo desmineralização superficial)
Na cárie à medida que o corpo da lesão aumenta, a zona de superfície cede levando à cavitação. Como a camada superficial é mais rica em fluor, resiste melhor à desmineralização.
Antes da desmineralização chegar à dentina, já lhe chegaram alguns productos
exógenos cariogénicos pois o odontoblasto reage e fecha o CANAL CITOPLASMÁTICO pela produção de fosfato de cálcio amorfo, isto acontece na DENTINA ESCLERÓTICA. Com a chegada à dentina, que apresenta 60%mat orgânica, a flora terá que se alterar pois a lesão já está estabelecida, e nesse momento passamos a uma predominância de Lactobacillus, que produz proteases para propagar a lesão
Streptococcus mutans e S. sobrinus é Iniciador
Lactobacillus é Progressor
Actinomycetecomitans é Progressor
PORQUE É QUE A CARIE É UM DIAGNOSTICO DIFICIL?
Existe uma evolução surda (ausencia de sinais cardinais ), esta evolução pode dar-se no esmalte e progredir para a dentina (aparecimento tardio)
QUAL A ABORDAGEM QUE DEVEMOS TER EM RELAÇÃO AO PACIENTE QUE TEM CARIE?
OBJETIVOS:
- avaliar o grau de risco individual
- avaliar a atividade da doença
- controlo bacteriano (eliminação de focos e tratamento farmacológico)
- identificar medidas necessárias para inclusão de baixo risco
- identificar lesões nao cavitadas e tratar nao invasivamente
- manutenção caseira e no consultório
QUAIS AS PREVENÇÕES PARA A CARIE DENTARIA?
BOA HIGIENE ORAL: escovegem, fio e coluntórios
FLUOR: remineralização, antibacteriano
SELANTES: Fechar zonas retentivas
NUTRIÇÃO: Limitar a quantidade e a frequencia
O QUE É A CLORHEXIDINA? E COMO ELA FUNCIONA?
MEIO QUIMICO PARA A REMOÇÃO DA PLACA BACTERIANA.
• Bisbiguanida
• antimicrobiano largo espectro (+ gram+)
• S. Mutans muito sensível
• excelente substantividade tecidual
• liga-se a cargas negativas na parede bacteriana
• induz disfunção membranária (hidrofilica e fobica)
• 10 ml a 0,2 pu 0,12% bi diário
• efeitos adversos disgueusia, disosmia e pigmentação dentária
O QUE É O FLUOR?
O Flúor (F) é um elemento com número atómico 9 situado no grupo dos halogéneos. É o elemento mais eletronegativo e reativo. Na sua forma ionizada (F-) é extremamente perigoso podendo originar diversos tipos de problemas.
Este ião está presente em vários produtos alimentares consumidos diariamente, como por exemplo, águas, chás, mariscos, peixes e cerveja, no entanto, este também existe Sob outras formas de aplicação tópica (local de ação) e sistémica (utiliza a circulação sanguínea para realizar a sua ação) nomeadamente comprimidos, gotas, pastas dentífricas, colutórios, Vernizes e suplementos.
COMO SE DÁ A ASORÇÃO DO FLUOR ?
A absorção do Flúor é realizada no estomago e na 1ª porção do duodeno. O flúor pode fazer diferentes tipos de ligações com diversos elementos, por exemplo, o flúor pode surgir sob a forma de uma ligação covalente- HF (ligação química caracterizada pelo compartilhamento de um ou mais pares de eletrões entre átomos) e sob a forma iónica (ligação química baseada na atracão electroestática entre dois iões carregados com cargas opostas). A absorção deste ião dependente do pH do meio, havendo interações com os ácidos orgânicos. Para um pH<3,5 predomina a forma não ionizada, HF, e, para pH>3,5, (existente na saliva, plasma e fluidos extracelulares) predomina a forma ionizada F-. A absorção deste elemento depende da nossa alimentação e ao mesmo tempo da interação com composto divalentes/trivalentes surgindo assim, elementos fluoretados lipossolúveis: NaF, HF, Na2PO3F e compostos fluoretados pouco lipossolúveis : CaF2, MgF2 e AlF3. A quantidade e composição de alimentos no estômago no momento da ingestão do flúor determina a sua taxa de absorção, ou seja, se o estômago estiver preenchido com alimentos dos quais as ligações deste ião fluor já estão completas parte deste irá ser excretado nas fezes. Caso contrário, a ingestão de flúor com o estomago “vazio” poderá resultar numa grande taxa de absorção. A biodisponibilidade (capacidade de uma “droga” não alterada atingir a circulação sistémica) vai ser influenciada entre 50% a 90% por todos estes factores falados anteriormente. O Flúor da maioria das preparações galénicas é quase totalmente absorvido quando deglutido. O flúor existente nas pastas dentífricas fluoretadas pode estar em diferentes concentrações e ter diferentes biodisponibilidades. Por exemplo NaF e SnF2 têm uma biodisponibilidade de quase 100% e Na2PO3F têm uma biodisponibilidade muito baixa. O gel APF (acidulated phosphate fluoride) favorece a absorção do flúor e os vernizes fluoretados existentes no mercado permanecem na superfície dentária durante 12h numa concentração plasmática de 1-2 mg.
COMO SE DÁ A DISTRIBUIÇÃO DO FLUOR?
Relativamente à farmacocinética - importância minor (etapas que determinado
elemento sofre desde a sua administração até a sua excreção) a distribuição deste elemento no organismo tem um pico plasmático 1h após a sua ingestão, mas após 3 horas retorna ao normal.
As concentrações plasmáticas são de 0,05 a 0,5 ppm, sendo que 10 a 20% está na sua forma livre e 80 a 90% liga-se indiretamente à albumina (principal proteína do plasma sanguíneo).
No decorrer de todo este processo dá-se a incorporação nos tecidos duros, que está aumentada no jovem e na grávida e nos tecidos em mineralização (Estudos in vivo demonstraram que os ácidos de certas drogas ou decorrentes de doenças metabólicas, tais como a diabetes miellitus e acidose tubular renal, influenciam o metabolismo do fluor, ou seja, resultam numa elevada concentração nos tecidos duros).