ME2 - Prova 3 obstetricia Flashcards
- Como o fluido intravascular materno, o plasma e os volumes de eritrócitos mudam durante a gravidez?
- O volume do fluido intravascular materno aumenta no início do 1º trimestre da gestação para 1000-1500 ml acima do estado de não gravidez. O volume plasmático aumenta aproximadamente 50% a termo, enquanto o volume de eritrócitos aumenta cerca de 25%.
- Como o estado da coagulação muda durante a gravidez?
Estado hipercoagulável secundário a elevações nos fatores I, VII, VIII, IX, X e XII e a diminuições nos fatores XI e XIII e antitrombina III.
Resulta em aproximadamente 20% de decréscimo no tempo de protrombina (TP) e no tempo de tromboplastina parcial (TTP).
A contagem plaquetária permanece normal ou diminui 10% a termo. (555)
- Qual é a perda sanguínea média da mãe durante o parto normal de um recém-nascido? Qual é a perda sanguínea maternal média durante a cesárea?
Parto normal entre de 300 ml a 500 ml.
Durante a cesárea é de 800 ml a 1000 ml, embora a perda sanguínea durante a cesárea varie muito.
- Qual é a alteração do débito cardíaco de uma gestante em comparação a uma mulher não gestante?
Ela se deve a quais fatores (2)?
- Aumenta cerca de 35% no final do 1º trimestre, e 50% a termo.
- Aumento se deve a elevações do volume sistólico (25% a 30%) e da frequência cardíaca (15% a 25%).
- Em uma gravidez sem complicações, que mudanças ocorrem na pressão arterial, na resistência vascular sistêmica e na pressão venosa central?
- Apesar do aumento do débito cardíaco e do volume plasmático, a pressão arterial sistólica diminui secundária a uma redução de 20% na resistência vascular a termo.
- As pressões arteriais sistólica, média e diastólica podem diminuir de 5% a 15% em 20 semanas de gestação e aumentar gradualmente para valores pré-gravidez à medida que a gestação avança a termo.
- A pressão venosa central não muda durante a gravidez, apesar do aumento do volume plasmático por causa dos aumentos da capacitância venosa. (555)
- O que é a síndrome da hipotensão supina? Quais são os sintomas que acompanham a síndrome?
- Diminuição da pressão sanguínea quando a paciente gestante fica na posição supina devido a compressão da veia cava inferior com menor retorno venoso e diminuição de pré carga, diminuição do débito cardíaco de aproximadamente 10-20%.
- Estase venosa e potencialmente para o edema no tornozelo, varizes e aumento do risco de trombose venosa.
- Compressão da aorta abdominal inferior levando a hipotensão arterial em mmii, diminuição do fluxo sanguineo da placenta e utero levando a um comprometimento fetal alem de diaforese, náusea, vômito e possíveis desmaios.
- Quais são os mecanismos compensatórios que previne a síndrome da hipotensão supina?
- Desviar o fluxo venoso da veia cava inferior para o plexo venoso paravertebral -> veia ázigo -> VCS -> coração;
- Aumento na atividade do sistema nervoso simpático.
- Como a hipotensão maternal pode ser minimizada pelo médico que cuida da paciente gestante?
- Deitando na posição lateral.
- Deslocamento uterino para a esquerda (veia cava inferior fica do lado direito e anterior da coluna).
- Quais são algumas alterações ecocardiográficas durante a gravidez?
Deslocamento anterior e para a esquerda do coração, o aumento do tamanho da câmara cardíaca direita (20%) e esquerda (10%) e a hipertrofia ventricular esquerda associada e o aumento na fração de ejeção. Cerca de 1 em cada 4 mulheres tem regurgitação mitral. Além disso, pequenas efusões pericárdicas podem estar presentes. (556)
- Quais são alguns aspectos das vias aéreas superiores que passam por mudanças fisiológicas na gravidez? Quais são algumas implicações clínicas dessas mudanças?
Ingurgitamento capilar da camada da mucosa e aumento da fragilidade do tecido, resulta no aumento do risco de obstrução por edema e sangramento com a instrumentação das vias aéreas.
Cuidado adicional durante a aspiração e o manuseio das vias aéreas (evitar instrumentação nasal), a laringoscopia direta e a intubação.
Tubos endotraqueais menores com manguito (6,0 a 6,5 mm de diâmetro interno)
- Como a ventilação por minuto muda durante a gravidez em relação a níveis de mulheres não gestantes? O que acontece com o pH arterial?
Aumenta cerca de 50% acima do nível da pré-gravidez, no primeiro trimestre de gestação, provavelmente por causa do aumento da progesterona e da produção de CO2.
Se deve ao aumento do volume de ventilação pulmonar com uma pequena contribuição na frequência respiratória.
O pH arterial permanece levemente alcalótico (7,42 a 7,44) secundário ao aumento da excreção renal de íons de bicarbonato.
- Como as caracteristicas de ligação da hemoglobina mudam durante a gravidez?
- A hemoglobina da mãe é deslocada para a direita, com o aumento de P50 de 27 a 30 mm Hg. Desvio para a direita diminui a afinidade da hemoglobina com o oxigênio, deslocando oxigênio da hemoglobina e lançando-o para os tecidos.
- Como o consumo de oxigênio se altera durante a gravidez e no parto?
- O consumo de oxigênio tem aumento de 20%. Durante o trabalho de parto, o consumo de oxigênio aumenta em 40% durante o primeiro estágio e 75% durante o segundo estágio.
- Quais são as alterações nos volumes pulmonares que ocorrem na gravidez?
- Os volumes pulmonares da mãe começam a mudar no segundo trimestre resultado da compressão mecânica pelo útero gravídico.
- Diminuição da capacidade residual funcional (CRF), no volume da reserva expiratória (VRE) e no volume residual (VR) pulmonar por cerca de 20%.
- Resultando em um CRF menor do que a capacidade de fechamento e no aumento da atelectasia na posição supina.
- Não há alteração significativa na capacidade vital observada durante a gravidez.
- Por que a paciente gestante dessatura rapidamente com apneia (3 motivos)?
- CRF menor leva a uma diminuição subsequente de reserva de oxigênio.
- Consumo de oxigênio aumentado
- Compressão da aorta-cava e o retorno venoso menor levam à diminuição do débito cardíaco com um aumento na extração geral de oxigênio.
- Quais são as alterações gastrointestinais na gravidez que deixam a mulher vulnerável ao refluxo gástrico (6)?
- Deslocamento do estômago e o piloro no sentido cefálico (esofago toracico) e leva a uma incompetência relativa do esfíncter.
- Tônus do esfíncter gastroesofágico reduzido devido a progesterona e estrogênio.
- Aumento pressão gástrica devido ao útero gravídico.
- Gastrina secretada pela placenta estimula a secreção gástrica do íon de H+ (pH gástrico baixo).
- Durante o trabalho de parto, esvaziamento gástrico é adiado, e o volume do fluido intragástrico tende a aumentar.
- A ansiedade, a dor e a administração de opioides podem diminuir mais o esvaziamento gástrico.
- Como a paciente gestante pode ser manejada clinicamente em relação ao risco de refluxo gástrico?
- Tratar como se estivesse com o estômago cheio.
- Uso rotineiro de antiácidos não particulados, indução de sequência rápida, pressão na cricoide e intubação com balonete
- Antiácidos não particulados como o citrato de sódio de 30 ml funcionam rapidamente.
- Metoclopramida diminui significativamente o volume gástrico em até 15 minutos, na ausência de administração anterior de opioides,
- Bloqueador do receptor H2 pode aumentar o pH do fluido gástrico em aproximadamente 1 hora.
- Como a concentração alveolar mínima (CAM) da anestesia com anestésicos voláteis muda na gravidez?
- Diminui no primeiro semestre de gestação em 28% estudos com humanos.
- Estudos de monitoramento eletroencefalográfico não refletiram esses resultados, os efeitos do sevoflurano no cérebro são semelhantes em pacientes não gestantes.
- Como os espaços epidural e subaracnoide mudam na gravidez? Como é a diferença de sensibilidade a anestésicos locais em mulheres gestantes versusnão gestantes? Como os requisitos de dosagem para a anestesia neuroaxial são afetados por essas mudanças?
- Volume diminuído por causa do ingurgitamento das veias epidurais e da maior pressão intra- abdominal mas a pressão do liquor não aumenta com a gravidez.
- Redução do volume e da dose exigida do AL.
- Aumento de sensibilidade a AL
- Como o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular mudam na gravidez? Como isso afeta os limites superiores normais de creatinina e de nitrogênio da ureia sanguínea em pacientes gestantes?
- O fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular são mais altos (50-60% no 3º mês)
- Resulta em uma diminuição no limite superior normal do nitrogênio ureico no sangue e nas concentrações séricas de creatinina para cerca de 50% do anterior.
- Retornam para os níveis de pré-gravidez 3 meses pós-parto.
- O fluxo sanguíneo hepático muda durante a gravidez? Como as concentrações de proteína plasmática e a atividade da colinesterase plasmática são alteradas pela gravidez?
- Fluxo sanguíneo hepático não muda de maneira significativa.
- Concentrações de proteína plasmática são reduzidas na gravidez secundárias à diluição.
- Níveis menores de albumina geram niveis sanguineos elevados de drogas altamente ligadas a proteina;
- Colinesterase plasmática, ou a pseudocolinesterase, diminui atividade em 25-30% durante a gravidez da 10º sem de gestação a seis semanas pós-parto. Porem sem efeitos clinicos significantes.
- Como o sangue maternal e fetal são fornecidos para a placenta?
- Sangue da mãe é fornecido para a placenta pelas artérias uterinas.
- Sangue do feto é fornecido para a placenta por duas artérias umbilicais.
- Sangue rico em nutrientes é transferido da placenta para o feto via uma única veia umbilical.
- Os dois determinantes mais importantes da função placentária são: fluxo sanguíneo uterino e as concentrações relativas e características das substâncias a serem trocadas.
- Qual é a taxa de fluxo sanguíneo uterino a termo?
- O fluxo de sangue uterino aumenta durante a gestação de aproximadamente 100 ml/min antes da gravidez a 700 ml/min a termo. Deve-se manter um fluxo de sangue uterino adequado para assegurar que a circulação placentária é suficiente e, portanto, garantir o bem-estar fetal. Cerca de 80% do fluxo de sangue uterino é introduzido na placenta, e 20% apoiam o miométrio. O fluxo de sangue uterino a termo representa cerca de 10% do débito cardíaco. (558)
- Quais são os determinantes do fluxo sanguíneo?
- Durante a gravidez, o fluxo de sangue uterino tem a autorregulação limitada, e a vasculatura uterina é, em essência, maximamente dilatada sob as condições normais de gravidez. O fluxo de sangue uterino é proporcional à pressão de perfusão de sangue média sob o útero e inversamente proporcional à resistência da vasculatura uterina. A menor pressão de perfusão pode resultar da hipotensão sistêmica secundária à hipovolemia, à compressão aorto-cava, ou à resistência sistêmica menor decorrente da anestesia geral ou neuroaxial. Isso pode resultar da compressão da veia cava (posição supina), das contrações uterinas (em particular a taquissistolia, como pode ocorrer com a administração da ocitocina) ou da significativa contração muscular abdominal (manobra de Valsalva durante a expiração). Além disso, a hipocapnia extrema ( < 20 mm Hg) associada à hiperventilação secundária à dor no trabalho de parto pode reduzir o fluxo de sangue uterino ao ponto da hipoxemia fetal e da acidose. A anestesia epidural e espinhal não altera o fluxo de sangue uterino, desde que a hipotensão da mãe seja evitada. As catecolaminas endógenas induzidas pelo estresse ou pela dor e os vasopressores têm a capacidade de aumentar a resistência arterial uterina e diminuir o fluxo de sangue no útero. O uso de fenilefrina para corrigir a hipotensão da mãe não influencia o bem-estar fetal. Embora o uso de efedrina em quantidades moderadas também seja seguro para tratar a hipotensão da mãe, a administração de fenilefrina resulta em menor acidose fetal e no déficit de base, conforme mostrado nos ensaios clínicos. (558
- Que fatores afetam a transferência de oxigênio entre a mãe e o feto?
- A transferência de oxigênio entre a mãe e o feto depende de uma variedade de fatores, incluindo a razão do fluxo sanguíneo umbilical da mãe para o feto, o gradiente de pressão parcial do oxigênio, a capacidade de difusão da placenta e o estado ácido- base do sangue da mãe e do feto (efeito de Bohr). (558)
- Como é a alteração das curvas de dissociação da hemoglobina fetal e maternal? Qual é o efeito disso?
- A curva de dissociação da oxi-hemoglobina fetal tem um desvio para a esquerda (maior afinidade do oxigênio), enquanto a curva de dissociação da hemoglobina da mãe tem um desvio para a direita (menor afinidade de oxigênio), resultando na transferência facilitada de oxigênio para o feto. (558)
- Qual é a fetal normal?
- A fetal normalmente é 40 mm Hg e nunca mais do que 60 mm Hg, mesmo se a mãe estiver respirando 100% de oxigênio. A troca placentária da mãe para o feto representa sangue arterial em vez de venoso. (558)
- Que fatores afetam a troca placentária de drogas e outras substâncias? Qual é a forma mais confiável de minimizar a transferência fetal de uma droga?
- A transferência relativa de drogas e de outras substâncias inferior a 1000 Da da circulação materna para a circulação fetal e vice-versa é determinada primariamente pela difusão. Os fatores que afetam a troca de substância da circulação materna para o feto incluem o gradiente de concentração da substância pela placenta, a ligação da proteína maternal, o peso molecular, a solubilidade lipídica e o grau de ionização da substância. A forma mais confiável de minimizar a quantidade de drogas que atinge o feto é minimizar a concentração de drogas no sangue da mãe. (559)
- Que drogas comumente usadas na anestesia têm uma capacidade limitada de cruzar a placenta? Quais cruzam prontamente a placenta?
- Os bloqueadores neuromusculares não despolarizantes têm um peso molecular alto e baixa solubilidade lipídica. Essas duas características juntas limitam a capacidade de os bloqueadores neuromusculares não despolarizantes de atravessar a placenta. A succinilcolina é altamente ionizada, prevenindo-a de difundir pela placenta, apesar do baixo peso molecular. Além disso, tanto a heparina quanto o glicopirrolato têm uma transferência placentária limitada. A transferência placentária dos anestésicos locais e dos opioides é facilitada pelos pesos moleculares relativamente baixos dessas substâncias. (559)
- Como o pH do sangue fetal afeta as drogas de transferência? O que é o aprisionamento do íon?
- O sangue fetal é ligeiramente mais ácido do que o sangue materno, com um pH cerca de 0,1 menor do que o pH do sangue maternal. O pH inferior do sangue fetal facilita a absorção de drogas pelo feto que são básicas. Drogas fracamente básicas, como os anestésicos locais e os opioides, que atravessam a placenta no estado não ionizado se tornam ionizadas na circulação fetal. Isso resulta em uma concentração acumulada de drogas no feto por duas razões. A primeira delas é que, quando a droga fica ionizada, ela não pode se difundir prontamente de volta para a placenta. Isso é conhecido como aprisionamento de íons. A segunda é que o gradiente de concentração da droga não ionizada é mantido entre a mãe e o feto. No caso da administração de lidocaína, isso pode significar que, se o feto estava em sofrimento e acidótico e a lidocaína era administrada na mãe em doses suficientes, a lidocaína poderia se acumular no feto. Isso pode ser particularmente nocivo ao feto se a injeção anestésica local intravascular for aplicada diretamente na mãe. A diminuição do tônus e a potencial bradicardia podem resultar na significativa toxicidade local do feto. (559)
- Que características da circulação fetal protegem contra a distribuição de grandes doses de drogas a órgãos vitais?
- A circulação do feto protege contra a distribuição de grandes doses de drogas para órgãos vitais de duas formas. Em primeiro lugar, cerca de 75% do sangue que vem para o feto via a veia umbilical passa primeiro pelo fígado do feto. Apesar da menor atividade enzimática do fígado em comparação a adultos, os sistemas da enzima fetal/neonatal são adequadamente desenvolvidos para metabolizar a maioria das drogas. Isso permite que uma quantidade significativa de metabolismo da droga ocorra antes de entrar na circulação arterial fetal e entrega para o coração e o cérebro. Em segundo lugar, a droga dentro do sangue da veia umbilical entra na veia cava inferior via o ducto venoso. Esse sangue é diluído pelo sangue livre de drogas que retorna das extremidades inferiores e da víscera pélvica do feto, resultando numa diminuição da concentração de drogas na veia cava inferior. (559)
- Cite os estágios do parto e os eventos que definem cada estágio.
- O trabalho de parto é um processo contínuo dividido em três estágios. O primeiro deles é o início do trabalho de parto até que o colo do útero esteja completamente dilatado. O primeiro estágio é ainda dividido em fases ativa e latente. A fase latente pode persistir por muitas horas. A fase ativa começa no ponto quando a taxa de dilatação do colo do útero aumenta (em geral entre 5 e 6 cm de dilatação). O segundo estágio de trabalho de parto começa quando o colo do útero está completamente dilatado e termina quando o bebê nasce. Esse estágio é chamado de estágio de “empurrar e expulsar”. O terceiro e último estágio começa com o nascimento do bebê e se completa quando ocorre a dequitação da placenta. (559)
- O que é uma “parada da fase ativa”? O que é uma “parada da descida”?
- Se a parturiente não conseguir atingir a dilatação adequada na fase ativa, apesar das intervenções farmacológicas, isso é considerado uma parada da fase ativa e resultará na cesárea. Durante o segundo estágio do trabalho de parto, a paciente pode não ser capaz de empurrar o bebê pela pelve. Isso é chamado de parada da descida. Se o neonato estiver na posição baixa o suficiente na pelve, o obstetra pode realizar um parto normal por fórceps ou vácuo extrator; caso contrário, a cesárea é necessária. (559)
- No primeiro estágio do trabalho de parto, de que órgãos os impulsos do nervo aferente se originam, e quais são os níveis sensoriais associados?
- Durante o primeiro estágio do trabalho de parto (dilatação do colo do útero), a maioria dos estímulos dolorosos resulta dos impulsos do nervo aferente do segmento uterino inferior e do colo do útero. Essa dor é tipicamente visceral por natureza (indistinta e de difícil localização). Os corpos celulares do nervo estão localizados nos gânglios da raiz dorsal dos níveis T10 a L1. (560)
- No segundo estágio do trabalho de parto, de que órgãos os impulsos do nervo aferente se originam, e quais são os níveis sensoriais associados?
- No segundo estágio do trabalho de parto, os aferentes que se originam da vagina, do períneo e do assoalho pélvico viajam primariamente via o nervo pudendo para os gânglios da raiz dorsal dos níveis S2 a S4. Essa dor é, por natureza, tipicamente somática (aguda e bem localizada). (560)
- Descreva que técnicas analgésicas beneficiam as mulheres gestantes para cada estágio de trabalho de parto.
- Durante o primeiro e segundo estágios do trabalho de parto, a parturiente pode se beneficiar das técnicas neuroaxiais como uma analgesia epidural ou espinhal-epidural combinada. Embora não seja utilizado com frequência, o bloqueio paracervical uterino também pode ser administrado durante o primeiro estágio do trabalho de parto para bloquear a transmissão de dor no gânglio paracervical. Um bloqueio espinhal de única dose pode ser usado para o segundo estágio do trabalho de parto, mas é limitado por natureza. Um bloqueio do nervo pudendo alivia a dor na parte inferior da vagina e do períneo e não é frequentemente usado como analgesia do trabalho de parto durante o segundo estágio de trabalho de parto. Tipicamente, o obstetra realiza o bloqueio paracervical e do nervo pudendo. (560)
- Quais são alguns efeitos fisiológicos da dor do parto sobre a mãe?
- A dor do trabalho de parto estimula o sistema nervoso simpático da mãe, aumentando os níveis da catecolamina plasmática, que podem levar à taquicardia da parturiente, à hipertensão e ao fluxo sanguíneo uterino reduzido. (560)
- Descreva as diferentes técnicas não farmacológicas usadas para o trabalho de parto.
- Há uma variedade de técnicas não farmacológicas para a analgesia da dor do parto, incluindo hipnose, método Lamaze (técnicas de respiração), acupuntura, acupressão, método LeBoyer, estimulação do nervo transcutâneo, massagem, hidroterapia, posicionamento vertical, presença de uma pessoa para apoio, massagem, injeções de água, biofeedback e muitas outras. Uma meta-análise que revisa a eficácia de um indivíduo de apoio (p. ex., doula, membro da família) observou que as parturientes que tinham um indivíduo de apoio usaram menos analgesia farmacológica, tiveram um trabalho de parto mais curto, e houve menor incidência de cesárea. Em uma pesquisa retrospectiva de 2006, métodos não farmacológicos de imersão em uma banheira e massagem foram classificados como mais ou igualmente eficazes no alívio da dor em comparação ao uso de opioides no trabalho de parto. (560)
- Quais são algumas limitações dos medicamentos sistêmicos para o trabalho de parto?
- Medicamentos sistêmicos para a dor do trabalho de parto têm a dose limitada secundária aos efeitos potenciais da sedação da parturiente, do comprometimento respiratório, da perda da proteção das vias aéreas e do efeito sobre o feto. Sedativos, ansiolíticos e drogas dissociativas são raramente usados para a dor do parto. O uso sistêmico de opioides é comum, particularmente nos estágios iniciais do trabalho de parto, mas deve ser administrado de forma prudente. (560)
- Quais são alguns efeitos de opioides sobre a mãe e o feto que limitam o uso da analgesia no parto?
- Os efeitos dos opioides sobre a mãe que limitam seu uso na analgesia do trabalho de parto incluem náusea, vômito, prurido, diminuição do esvaziamento do estômago e sedação. Todos os opioides cruzam prontamente a barreira da placenta e podem causar uma diminuição da variabilidade da frequência cardíaca fetal (FCF) e a depressão respiratória relacionada à dose. (561)
- Liste os diferentes medicamentos opioides usados para a analgesia no trabalho de parto, seus metabólitos ativos e o que limita a utilidade deles. Que opioide é usado com mais frequência?
- O fentanil é comumente usado para a analgesia da dor do trabalho de parto. Tem curta duração e não tem metabólitos ativos. Se administrado em pequenas doses IV de 50 a 100 μg por hora, não há diferenças significativas no escore Apgar do neonato e no esforço respiratório em comparação a parturientes que não receberam o fentanil. A morfina era usada com mais frequência no passado, mas seu uso hoje é raro. Seu metabólito ativo (morfina-6-glucuronídeo) tem uma duração prolongada de analgesia, a meia-vida é mais duradoura em neonatos em comparação a adultos e proporciona uma sedação maior para a parturiente. A meperidina ainda é um dos opioides mais frequentemente usados no mundo. A meia-vida da meperidina da parturiente é de 2 a 3 horas, com meia-vida no feto e no recém-nascido significativamente maior (13 a 23 horas) e mais variável. Além disso, a meperidina é metabolizada em um metabólito ativo (normeperidina) que pode significativamente se acumular após repetidas doses. Com o aumento da dose e a diminuição do tempo entre as doses, há um risco maior de obter um escore Apgar menor, uma saturação inferior de oxigênio e tempo prolongado de respiração constante. (561)
- O que é “sono de morfina”?
- No trabalho de parto latente, o obstetra pode usar morfina intramuscular (MI) combinada com fenergan para analgesia, sedação e descanso chamado de sono de morfina*. Isso gera uma analgesia de aproximadamente 2,5 a 6 horas com o início de 10 a 20 minutos. (561)
- Como o remifentanil é usado como analgésico para o trabalho de parto, e quais são as indicações para seu uso?
- A analgesia controlada pelo paciente (PCA) com remifentanil tem sido considerada para mulheres que têm contraindicações para o bloqueio neuroaxial. Embora a dor do trabalho de parto tenha diminuído com o remifentanil, um estudo controlado randomizado comparando a analgesia epidural com a PCA com remifentanil tinha escores gerais de dor que diminuíram no grupo epidural. Um estudo de equivalência mais recente realizado entre a PCA com remifentanil e a analgesia epidural observou que o remifentanil era inferior à analgesia epidural para a satisfação do alívio da dor e dos escores de alívio da dor. Mais sedação e dessaturação da hemoglobina foram observadas durante a analgesia com remifentanil, mas não houve diferença entre os grupos nas medidas no resultado fetal e neonatal. (561)
- O óxido nitroso pode ser administrado com segurança para a analgesia no trabalho de parto e no parto?
- Um anestésico inalado de 50% de óxido nitroso misturado com oxigênio de 50% pode ser usado para a analgesia do trabalho de parto. A inalação do óxido nitroso para a analgesia durante o trabalho de parto e o parto deve ser autoadministrada após a instrução apropriada da paciente. Os opioides não devem ser coadministrados para proporcionar um método analgésico seguro não associado à hipóxia ou à perda de consciência. Os resultados eficientes da administração do óxido nitroso durante o trabalho de parto são obtidos ao fazer com que a parturiente inale o óxido nitroso entre as contrações, de modo que uma concentração eficaz de óxido nitroso seja alcançada para a contração uterina. Cerca de 45 segundos de respiração contínua de óxido nitroso são necessários para a analgesia mais eficiente do trabalho de parto com contrações. Os efeitos colaterais são leves, sendo náusea, vertigem e sonolência mais comuns. (561)
- Quando a cetamina é usada no trabalho de parto e no parto, e que objetivos adicionais ela proporciona para o controle de dor?
- Durante o trabalho de parto, a cetamina pode ser administrada para oferecer analgesia rápida em situações urgentes agudas associadas à dor grave em doses IV divididas (10 a 20 mg) totalizando menos de 1 mg/kg. Tem início rápido (30 segundos) e duração mínima de ação (<5 minutos). Ela tem sido associada a efeitos colaterais psicomiméticos indesejáveis (pesadelos), que podem ser diminuídos pela coadministração de benzodiazepínicos. (561-562)
- Quais são os diferentes tipos de técnicas neuroaxiais usadas para a analgesia no trabalho de parto?
- As anestesias subaracnoide-epidural combinada, subaracnoide e epidural são técnicas neuroaxiais tipicamente usadas para a analgesia do trabalho de parto. A analgesia neuroaxial envolve a administração de anestésicos locais, em geral com a coadministração de um opioide ou outros agentes secundários. (562)
- Quais são alguns anestésicos locais usados para a analgesia neuroaxial do trabalho de parto e suas complicações em potencial?
- Os anestésicos locais mais comumente usados para a analgesia do trabalho de parto neuroaxial são a bupivacaína e a ropivacaína. Esses dois anestésicos são ligados à amida e são degradados pelas enzimas P-450 no fígado. Quando administrados apropriadamente, são seguros, mas uma injeção intravascular acidental pode resultar em uma morbidade materna significativa (convulsões, perda de consciência, arritmias graves e colapso cardiovascular), morte da parturiente e o potencial para o acúmulo fetal (aprisionamento de íons). (562)
- Quais são algumas vantagens e desvantagens da coadministração de um opioide para a analgesia neuroaxial do trabalho de parto?
- A coadministração de um opioide aumenta a analgesia do trabalho de parto neuroaxial proporcionada por anestésicos locais ao melhorar a qualidade e a duração da analgesia com efeitos sedativos provocados pela anestesia local. Os opioides neuroaxiais sozinhos podem ser administrados, mas não são eficazes. As desvantagens de opioides neuroaxiais incluem os efeitos colaterais de prurido, sedação e náusea na mãe. Além disso, a administração dos opioides intratecais pode resultar na bradicardia fetal independente de hipotensão. (562)
- Quais são algumas vantagens e desvantagens da coadministração da clonidina e da adrenalina para a analgesia neuroaxial do trabalho de parto?
- A clonidina é um adjuvante epidural para os anestésicos usado no bloqueio neuroaxial para a analgesia. A clonidina inibe a liberação da substância P no corno dorsal da medula espinhal e proporciona analgesia. Também aumenta o nível de acetilcolina no líquido cefalorraquidiano. A clonidina neuroaxial pode aumentar a analgesia, mas a sedação e a hipotensão estão associadas ao seu uso. A Food and Drug Administration (FDA) emitiu um aviso nas embalagens com relação à significativa hipotensão com a clonidina neuroaxial em obstetrícia, e deve-se ter cuidado. Tem-se mostrado que a adrenalina epidural diminui a dose de anestésico local necessária para a analgesia do trabalho de parto. (562)
- Quais são os benefícios das técnicas neuroaxiais para a analgesia do trabalho de parto?
- Os benefícios das técnicas neuroaxiais para a analgesia do trabalho de parto incluem analgesia de trabalho de parto mais eficiente, maiores taxas de satisfação materna, efeitos colaterais mínimos dos sedativos, concentrações reduzidas de catecolamina da parturiente, facilitação da participação materna ativa durante o trabalho de parto e evita a hiperventilação. (562)
- Durante que estágio do trabalho de parto a analgesia neuroaxial pode ser administrada?
- Sempre que a parturiente em trabalho de parto não apresentar contraindicações para a analgesia neuroaxial, independentemente do estágio do trabalho de parto, pode-se usar um bloqueio axial. O tempo da analgesia neuroaxial não depende de uma dilatação arbitrária do colo do útero. Um analgésico subaracnoide de aplicação única tem um tempo finito de analgesia dependendo do anestésico local e deve ser levado em consideração quando se utiliza essa técnica (p. ex., é ideal se o obstetra realizar um parto normal com auxílio de instrumentos em uma mulher sem bloqueio neuroaxial anterior). As técnicas de analgesia no parto com cateter epidural podem ser estendidas através da duração do trabalho de parto. (562)
- A analgesia neuroaxial afeta o progresso do trabalho do parto ou a taxa de cesáreas?
- A analgesia neuroaxial está associada ao segundo estágio prolongado de trabalho de parto com uma duração aumentada aproximada de 20 minutos ou mais. Essa duração prolongada não é nociva ao feto, desde que o estado do feto seja tranquilizador. Em uma revisão retrospectiva, as mulheres com analgesia neuroaxial não tiveram um aumento da taxa de parto normal com auxílio de instrumentos em comparação a outras mulheres que receberam a analgesia do trabalho de parto com o uso de opioides sistêmicos. Ensaios clínicos controlados randomizados que compararam mulheres recebendo opioides sistêmicos ou analgesia neuroaxial no início do trabalho de parto não demonstraram diferença nas taxas de cesárea. (562)
- Que preparações devem ser feitas antes da administração da analgesia neuroaxial do trabalho de parto?
- Antes da administração da analgesia neuroaxial no trabalho de parto, deve-se verificar o histórico e realizar o exame físico das pacientes gestantes, avaliar as vias aéreas, obter o consentimento informado e estabelecer a confirmação dadisponibilidade dos equipamentos de ressuscitação. A mãe e o feto devem ser monitorados de perto com os sinais vitais da mãe e a FCF durante o bloqueio neuroaxial. (562)
- As mulheres em trabalho de parto devem permanecer em jejum após a aplicação de uma epidural ou combinação de epidural e espinhal?
- As parturientes normalmente saudáveis devem ingerir quantidades modestas de líquidos claros durante o trabalho de parto. No entanto, em trabalhos de parto complicados (p. ex., obesidade mórbida, vias aéreas difíceis, estado fetal preocupante), a decisão de restringir a ingestão oral deve ser individualizada. (562)
- O que é uma epidural que permite a deambulação e quais são os riscos associados?
- A introdução de opioides isolados no espaço epidural ou intratecal (se realizada uma anestesia subaracnoide-epidural combinada) é considerada uma epidural com deambulação (o termo também pode incluir qualquer técnica analgésica epidural que permite a deambulação segura e pode ocasionalmente conter concentrações muito diluídas dos anestésicos locais). A solução com opioide, enquanto proporciona analgesia, tem efeitos mínimos sobre os nervos motores ou simpáticos. Isso permite que a mulher deambule após os testes de bloqueio motor indicarem que ela não corre o risco de cair. Mesmo assim, a mulher deve ser monitorada de perto e idealmente deve apenas andar quando estiver acompanhada, porque a propriocepção e o equilíbrio podem estar prejudicados. (562)
- Cite as camadas de tecido e os ligamentos encontrados na aplicação da peridural e em que ordem o anestesiologista encontra cada um?
- A agulha Tuohy (agulha epidural especializada) atravessa a pele e os tecidos subcutâneos, os ligamentos supraespinhoso e interespinhoso e o ligamento amarelo antes de avançar no espaço epidural, como confirmado pela técnica de “perda de resistência”. (562)
- As recomendações da American Society of Anesthesiologists (ASA) em relação à técnica de assepsia para o bloqueio neuroaxial incluem quais precauções específicas?
- A técnica asséptica deve ser usada durante os procedimentos neuroaxiais, incluindo (1) a remoção de joias (p. ex., anéis, acessórios), a lavagem das mãos e o uso de toucas, máscaras e luvas esterilizadas; (2) o uso de clorexidina embalada individualmente (preferencial) ou de iodeto de povidona (preferencialmente com álcool) para a preparação da pele, permitindo um tempo de secagem; (3) campos cirúrgicos esterilizados e (4) uso de curativos oclusivos esterilizados no local de inserção do cateter. (562)
- Quais são os interespaços em que o bloqueio neuroaxial para a analgesia do trabalho de parto é usado? Quais são os riscos de usar bloqueio neuroaxial acima ou abaixo dessa faixa de interespaços?
- A agulha é normalmente inserida entre os interespaços L2 e L4. Se a agulha for colocada muito alta, há o risco de perfurar o cone medular se ela perfurar inadvertidamente a dura-máter. Além disso, a cobertura das raízes sacrais necessárias durante o segundo estágio pode ser inadequada. Se o cateter for colocado abaixo de L4, o bloqueio neuroaxial pode não cobrir adequadamente os nervos que inervam o útero e o colo do útero e pode não proporcionar a analgesia necessária no trabalho de parto de contrações uterinas e dilatação do colo do útero. (563)
- O que é “dose de teste”, e o que ela avalia?
- Antes da infusão de anestésicos locais por meio de um cateter epidural, uma dose de teste tipicamente composta de 3 ml de 1,5% de lidocaína contendo 1:200.000 de adrenalina é injetada. O anestesiologista espera 3 minutos para confirmar que não há aumento na frequência cardíaca ou na pressão arterial e que nenhum sintoma sistêmico de injeção de lidocaína como zumbido ou formigamento perioral surgiu. Além disso, a paciente é solicitada a movimentar suas extremidades inferiores para confirmar que o bólus não foi injetado no espaço intratecal, que deveria resultar no bloqueio motor. (563)
- Qual é a técnica combinada espinhal-epidural, e quais são alguns benefícios dessa técnica?
- Na técnica espinha-epidural combinada, uma agulha espinhal é colocada através da agulha epidural, e a dose intratecal de anestésico local ou de opioide é administrada. Uma agulha espinhal com a ponta de um lápis de calibre 24-27 é comumente selecionada para reduzir o risco de cefaleia pós- punção dural (CPPD). Os benefícios dessa técnica são a analgesia de início mais rápido e nenhum bloqueio motor se os opioides (p. ex., 10 a 20 μg de fentanil) são usados sozinhos no espaço intratecal. Uma desvantagem da técnica espinhal- epidural combinada é a postergação da verificação de um cateter epidural em funcionamento. (563)