JUÍZO DE REALIDADE Flashcards

1
Q

Juízo

A

Articular conceitos ou ideias e formar proposições; implicam julgamentos que são tanto subjetivos e individuais quanto sociais e historicamente produzidos, refletindo determinantes socioculturais.

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2
Q

Tipos de juízo

A

Juízos de realidade ou de existência.

Juízos de valor.

Juízos estéticos.

Juízos coerentes ou incoerentes.

Juízos certos ou opinativos.

Juízos refletidos ou espontâneos.

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3
Q

Racionalidade em psicopatologia

A

foca na realidade compartilhada, aquela tacitamente aceita pelas pessoas, em contraste com a realidade como um construto filosófico.

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4
Q

Juízo de realidade

A

O juízo sobre a realidade é um processo complexo e multifacetado, envolvendo a capacidade de discernir entre o que é verdadeiro e o que é errôneo. Este processo é influenciado por uma série de fatores, incluindo o contexto cultural e experiencial do indivíduo, bem como sua capacidade de processamento e elaboração do pensamento.

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5
Q

Natureza do Juízo de Realidade

A

Relatividade da Realidade:A realidade é percebida dentro de um contexto específico, sendo alterável com a mudança deste contexto. Assim, a realidade é um processo constante de significação, sujeito a revisões com base em novas informações e percepções.

Zona de Penumbra:Mesmo em percepções verdadeiras, existe uma incerteza inerente, uma “zona de penumbra” que contempla a possibilidade de alteração da realidade diante de novos dados.

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6
Q
A
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7
Q

Alterações do Juízo de Realidade

A

Consideradas alterações do pensamento, com particular interesse nos juízos de realidade e suas dimensões relacionadas.

Erro Simples:originado da ignorância, julgamento apressado, uso de premissas falsas, ou falta de lógica. Social ou psicologicamente compreensível e corrigível pela experiência, prova ou lógica.

Delírio:caracterizado pela incompreensibilidade. Não é corrigido facilmente pela experiência ou lógica. Distinguido dos erros simples por sua persistência e resistência à correção.

Preconceito: juízo a priori baseado em premissas falsas, produzido social e culturalmente, frequentemente para justificar superioridade ou discriminação.

Crenças Culturais e Superstições: compartilhadas dentro de grupos culturais, podem incluir crenças em entidades sobrenaturais ou fenômenos místicos. Embora possam parecer bizarros ou absurdos fora do grupo cultural, não são considerados delírios no contexto psicopatológico.

Obs: enquanto crenças culturalmente sancionadas e superstições são aceitas dentro de determinados grupos sociais, os delírios são tipicamente individuais e caracterizados pela falta de aceitação ou compreensão social. A principal distinção entre um erro simples e um delírio na psicopatologia é a base da crença e sua correção ou persistência diante da evidência contrária.

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8
Q

Características do delírio

A

Convicções Inabaláveis:Ideias apresentadas como absolutas, imunes a mudanças por experiência ou argumentação lógica, frequentemente com conteúdo impossível e idiossincrático.

Autismo em Bleuler:Um dos sintomas fundamentais da esquizofrenia, caracterizado pelo desligamento da realidade e um predomínio da vida interior, criando um ambiente propício ao surgimento de delírios.

Evidência a Priori:Delírios surgem independentemente de experiências singulares ou asseguração interpessoal, manifestando-se como verdades inquestionáveis para o indivíduo.

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9
Q

Insight

A

Autoconsciência e Reflexão:A capacidade de introspecção e reflexão sobre os próprios sintomas e condição, reconhecendo-os como indicativos de um transtorno mental.

Impacto no Tratamento:Indivíduos com insight geralmente têm uma melhor capacidade de julgamento e tomada de decisão, contribuindo positivamente para seu tratamento.

Aplicabilidade:O insight não se limita a quadros delirantes, sendo uma qualidade importante de crítica da própria condição psíquica, relevante em diversos transtornos psiquiátricos.

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10
Q

Alterações patológicas do juízo

A

Ideias prevalentes e delírio

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11
Q

Ideias Prevalentes ou Sobrevaloradas

A

Ideias que adquirem predominância devido à importância afetiva para o indivíduo, mantendo-se persistentemente na mente.

Obs: Diferenças com Ideias Obsessivas:egossintônicas e fazem sentido para o indivíduo, diferentemente das obsessivas que são egodistônicas.

Características Clínicas:sustentadas por motivações afetivas pessoais, podem ser consideradas “ideias errôneas por superestimação afetiva”.

Insight e Criticidade:Localizam-se em um continuum entre ideias obsessivas (alto insight) e delirantes (baixo insight).

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12
Q

Delírio (ideia delirante)

A

Definição (Karl Jaspers):juízos falsos, originados em adoecimento mental.

Características Identificadoras:
Convicção extraordinária.

Imutabilidade frente a experiência objetiva ou argumentação lógica.

Conteúdo frequentemente impossível, embora possa haver delírios com conteúdos verídicos.

Aspectos Adicionais:
Vivenciado como evidente pelo paciente.

Requer capacidade cognitiva suficiente para avaliação.

Produção associal e idiossincrática, não compartilhada ou sancionada por grupos culturais.

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13
Q

Dimensões do delírio

A

Grau de Convicção:Intensidade da crença na realidade das ideias delirantes.

Extensão:Abrangência das ideias delirantes na vida do paciente.

Bizarrice:Distância das convicções culturais compartilhadas, implausibilidade.

Desorganização:Consistência interna e sistematização das ideias delirantes.

Pressão ou Preocupação:Nível de preocupação e envolvimento com o delírio.

Resposta Afetiva:Impacto emocional do delírio sobre o paciente.

Comportamento em Função do Delírio:Influência do delírio nas ações do paciente.

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14
Q

Etiologia dos delírios

A

Delírio Primário: fenômeno primário, psicologicamente incompreensível, sem raízes na experiência psíquica do ser humano sadio.
- Impenetrável e inacessível à relação intersubjetiva.
- Representa uma quebra radical na biografia do sujeito, transformando qualitativamente sua existência e personalidade.

Delírio Secundário e Delírios Compartilhados: surge de alterações em outras áreas da atividade mental (ex.: afetividade), produzindo juízos falsos de forma indireta.

  • Compreensão Psicológica:Resultado de condições psicologicamente rastreáveis e compreensíveis.
    Ex: delírio de ruína em depressão grave, delírio de grandeza em estado maníaco, delírios paranoides em indivíduos com personalidade paranoide.
  • Delírios Compartilhados:Ocorrem quando um indivíduo psicótico influencia outros, resultando em delírios compartilhados (folie à deux, etc.).
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15
Q

Estrutura dos delírios

A

Simples (Monotemáticos):Centrados em um único tema.
Complexos (Pluritemáticos):Englobam vários temas simultaneamente.

Não Sistematizados:Sem consistência interna, variáveis no tempo, comuns em indivíduos de baixo nível intelectual ou com quadros confusionais.
Sistematizados:Bem organizados, com histórias consistentes e detalhadas, frequentes em indivíduos com maior desenvolvimento intelectual.

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16
Q

Humor delirante

A

Período de intensa aflição e ansiedade antecedendo o delírio, marcado por perplexidade e sensação de estranheza.

17
Q

Fases de Desenvolvimento (segundo Klaus Konrad)

A
  1. Trema:tensão e expectativa antes do surgimento do delírio.
  2. Apofania:revelação do delírio, onde o indivíduo percebe uma manifestação do que estava oculto.
  3. Fase Apocalíptica:desorganização subsequente à revelação inicial, com vivências ameaçadoras.
  4. Consolidação:estabilização e cristalização do delírio.
  5. Fase de Resíduo:perda de impulso e afetividade, tendência ao isolamento.
18
Q

Curso dos delírios

A

Agudos:surgem rapidamente e podem desaparecer em pouco tempo, associados frequentemente a transtornos da consciência.

Crônicos:persistentes e contínuos, durando vários anos, com pouca modificação ao longo do tempo.

19
Q

Mecanismos constitutivos do delírio

A

A formação do delírio é um processo complexo influenciado por uma interação multifatorial que envolve aspectos cerebrais, psicológicos, afetivos, personalidade pré-mórbida e fatores socioculturais. O delírio é visto como uma tentativa de reorganização do funcionamento mental frente à desorganização provocada pela doença de fundo.

20
Q

Mecanismos formadores do delírio

A

Interpretação (Delírio Interpretativo): a atividade interpretativa é fundamental na constituição de todos os delírios. Alguns delírios surgem quase exclusivamente de distorções na interpretação de fatos e vivências, seguindo uma lógica que produz histórias verossímeis, porém delirantes.

Intuição (Delírio Intuitivo): o delírio intuitivo emerge subitamente, com o indivíduo percebendo um novo sentido nas coisas de forma imediata e irredutível, sem a necessidade de fundamentação em provas plausíveis.

Imaginação (Delírio Imaginativo): a imaginação, acompanhando a atividade interpretativa, permite que o indivíduo construa delírios a partir da imaginação de episódios ou acontecimentos.

Afetividade (Delírios Catatímicos): em estados afetivos intensos, como depressões graves ou mania, surgem os delírios catatímicos, que são congruentes com o estado afetivo do indivíduo, influenciando a construção de delírios de conteúdo depressivo ou de grandeza.

Memória (Delírio Mnêmico): utiliza recordações (verdadeiras ou falsas) para construir delírios, misturando elementos da memória com falsificações ou alucinações mnêmicas.

Alteração da Consciência (Delírio Onírico): associados a estados de turvação da consciência, ricos em vivências oníricas e alucinações cênicas, desenvolvem-se devido à crítica insuficiente às vivências oníricas.

Alterações Sensoperceptivas (Delírio Alucinatório): construídos a partir de experiências alucinatórias intensas, como alucinações auditivas de conteúdo persecutório ou alucinações visuais vívidas.

Percepção Delirante: um aspecto importante do delírio é a percepção delirante, onde uma percepção normal recebe imediatamente um significado delirante, sendo vivenciada como uma revelação abrupta.

Obs: Relações entre Delírio e Alucinação: As relações entre delírio e alucinação são bidirecionais e complexas, onde alucinações podem preceder e influenciar a formação de delírios e vice-versa. Alucinações podem fornecer “provas de realidade” para o delírio, enquanto o delírio pode conferir sentido às alucinações, criando um círculo de confirmação mútua.

21
Q

Mecanismos de Manutenção do Delírio

A

A persistência dos delírios em muitos pacientes pode ser explicada por diversos fatores, conforme destacado por Sims (1995), incluindo:

Inércia Cognitiva:dificuldade em mudar as próprias ideias e a busca por consistência nas produções ideativas formadas ao longo do tempo.

Isolamento Social:pobreza na comunicação interpessoal, falta de contatos pessoais satisfatórios, e o isolamento social contribuem para a manutenção do delírio.

Comportamento Agressivo:resultante de delírios persecutórios, pode levar a mais rejeição social, reforçando um ciclo de sentimentos paranoides e hostilidade.

Autoestima: pode ser uma tentativa de manter a autoestima frente à perda de respeito e consideração por parte de outros, levando a novas interpretações delirantes.

22
Q

Tipos de delírio

A

Segundo conceitos/ temáticas delirantes

23
Q

Perseguição

A

Convicção de ser alvo de complôs, ameaças, ou atos prejudiciais por parte de outros.

Obs: Mecanismos Psicológicos e Projeção nos Delírios de Perseguição
- Projeção:mecanismo importante na formação de delírios de perseguição, onde o indivíduo projeta para fora conflitos, desejos, ou temores internos.
- Função de Proteção:o delírio de perseguição pode servir como uma defesa contra o rebaixamento da autoestima, transformando o indivíduo em vítima ao invés de fracassado.

24
Q

Delírio de Referência

A

Interpretação de eventos cotidianos como diretamente relacionados a si mesmo de maneira depreciativa ou caluniosa.

25
Q

Delírios de Relação

A

Construção de conexões significativas delirantes entre fatos percebidos, geralmente com um colorido persecutório.

26
Q

Delírio de Influência ou Controle

A

Vivência de estar sendo controlado ou influenciado por forças ou entidades externas.

27
Q

Delírio de Grandeza

A

Crença em possuir poderes especiais, missão ou origem superior.

28
Q

Delírio Religioso ou Místico

A

Convicção de ter uma missão religiosa especial, estar em contato com entidades divinas ou demoníacas.

29
Q

Delírio de Ciúmes (síndrome de Otelo ou Serotomania)

A

Percepção infundada de infidelidade por parte do parceiro, podendo levar a comportamentos agressivos.

30
Q

Delírio Erótico (Erotomania ou Claribo)

A

Crença de que uma pessoa, frequentemente de maior status social, está apaixonada pelo paciente.

31
Q

Delírios de falsa identificação

A

Síndrome de Capgras (copiogander):o indivíduo acredita que pessoas próximas foram substituídas por sósias ou impostores.

Delírio de Frégoli:o paciente crê que pessoas diferentes são, na verdade, uma única pessoa que muda de aparência para persegui-lo.

Identificação:incluem a crença em sósias do próprio indivíduo ou em múltiplas duplicações de si mesmo, como clones.

Síndrome das intermetamorfose: o doente acredita que alguém se transformou noutra pessoa adquirindo as suas características físicas e psíquicas.
Ex: acredita que uma pessoa estranha (perseguidor) adquiriu as características de um familiar.

Síndrome dos duplos subjetivos: o doente acredita que outra pessoa se transformou fisicamente nele próprio.

32
Q

Delírios de conteúdo depressivo

A

Delírio de Ruína (niilista):crença de estar condenado à miséria e desgraça.

Delírio de Culpa e Autoacusação:sentimento infundado de culpa por eventos negativos no mundo.

Delírio de Negação de Órgãos:convicção de que partes do corpo estão destruídas ou mortas.
Obs: muitas vezes o delírio de negação da pessoa no seu todo é conhecido por delírio de Cotard, embora as ideias delirantes de não existência da pessoa no seu todo ou de partes dela sejam apenas um dos constituintes da síndrome de Cotard original.

Delírio Hipocondríaco:crença infundada em doenças graves e incuráveis.

Delírio Cenestopático:sensações estranhas e penosas nos órgãos internos, baseadas na interpretação delirante de sensações corporais.

33
Q

Outros tipos de delírios

A

Delírio de Reivindicação:o indivíduo se percebe como vítima de injustiças e se envolve em disputas legais.

Delírio de Invenção:crença em ter feito descobertas ou invenções revolucionárias.

Delírio de Reforma:convicção em uma missão para salvar, reformar ou revolucionar o mundo.

Delírio de Infestação (Síndrome de Ekbom):crença de que o corpo está infestado por pequenos organismos.

Delírio Fantástico:histórias fantásticas e mirabolantes vivenciadas com convicção plena.

34
Q

Delírios, Internet e Mundo Tecnológico Contemporâneo

A

Delírios Relacionados à Internet:ideias delirantes de controle, espionagem e exposição através da internet.

Delírio Tipo Truman:crença de que a vida é uma encenação, parte de um reality show, com vigilância constante.

35
Q

Diagnósticos diferenciais dos delírios

A

Ideias Prevalentes versus Ideias Delirantes:
- Critérios para Delírio:convicção inabalável, imutabilidade pela experiência, falsidade ou impossibilidade do conteúdo, e caráter associal.
- Dificuldades:Distinguir delírios de ideias prevalentes pode ser desafiador, especialmente em casos de ideias hipocondríacas e de ciúmes.

Ideias Obsessivas versus Ideias Delirantes
- Ideias Obsessivas:Pensamentos intrusivos reconhecidos pelo sujeito como absurdos, mas incontroláveis.
- Diferenciação:Falta de crítica ao caráter absurdo no delírio, enquanto nas obsessões, o sujeito mantém a crítica.

Delírio versus Alucinação
- Alucinação:Experiência predominantemente sensorial sem base em estímulos externos reais.
- Delírio:Caráter mais ideativo ou interpretativo, com uma convicção inabalável na realidade do conteúdo.

Mitomania versus Ideias Delirantes
- Mitomania (pseudologia fantástica):Tendência patológica ao exagero ou fabricação de histórias, com algum grau de consciência sobre a falsidade.
- Subtipos:Mitomania maligna (prejudicar outros) e vaidosa (impressionar).
- Diferenciação:Delírios são marcados por uma convicção quase absoluta e imutável, enquanto a pseudologia envolve autoengano e busca por reconhecimento.

36
Q

Ideia delirante X ideia deliróide

A

Existem diferentes visões sobre o que constitui uma ideia delirante (ou delírio primário) e uma ideia deliroide (ou delírio secundário), refletindo a falta de uniformidade nos conceitos e termos.

37
Q

Dinamismo do delírio

A

relativamente ao envolvimento afetivo que o doente estabelece com o delírio, designa-se dinamismo do delírio (quanto maior o dinamismo, maior o compromisso afetivo).

38
Q

Delírio encapsulado

A

Um delírio é encapsulado quando este se refere a um assunto ou crença particular, mas que não se estende para os outros campos da vida e funcionamento do indivíduo.