Infecções congênitas Flashcards
Infecções congênitas
Definição
Infecção em que a transmissão ocorre durante a vida intrauterina: mãe com agente infeccioso na circulação -> feto por disseminação hematogênica transplacentária.
Infecções congênitas:
Clínica
Varia desde Abortamento / malformações congênitas até pacientes assintomáticos ao nascimento.
É muito comum apresentar hepatomegalia e esplenomegalia como manifestações inespecíficas.
Infecções congênitas
Risco de de transmissão e risco de malformações graves
O risco de de transmissão do agente infeccioso, de forma geral, é muito maior no 3tri do que no 1, e o risco de malformações graves é muito maior se a infecção ocorrer no início da gestação.
Infecções congênitas
Cite 5
Sífilis congênita, rubéola congênita, Toxoplasmose congênita, Citomegalovirose e HIV.
Infecções congênitas
Sífilis congênita: gente e transmissão
- Agente: Treponema pallidum
- Transmissão em qualquer fase da doença, risco é maior na fase primária e secundária.
Infecções congênitas
Sífilis congênita: a clínica pode ser dividida como?
• Sifilis congênita precoce: Manifestações nos primeiros 2 anos de vida: resultado da ação do Treponema no tecido causando lesão, destruição tecidual.
• Sifilis congênita tardia:
Resultado da cicatrização do processo inflamatório destrutivo da sifilis precoce.
Infecções congênitas
Sífilis congênita: clínica da sífilis precoce
• Hepatoesplenomegalia, icterícia, lifadenomegalia:
- A hepatomegalia ocorre em praticamente todos os casos de crianças com sífilis congênita;
- Está associada a icterícia e colestase e a esplenomegalia, que ocorre em aproximadamente 50% dos pacientes com hepatomegalia (não acontece isoladamente).
- Hepatomegalia por reação inflamatória pode acompanhar-se de hiperbilirrubinemia direta e alteração das enzimas hepáticas. A cirrose é rara.
- A esplenomegalia, na grande maioria dos casos, está associada à trombocitopenia devido ao aprisionamento das plaquetas num baço aumentado. A ocorrência de CID é rara, aparecendo somente nos casos mais graves.
• Lesões cutâneas:
- Maculopapulares: é a mais comum, são lesões ovais, inicialmente vermelhas ou rosadas, evoluindo para coloração marrom acobreada, que podem estar associadas à descamação superficial, distribudas em diversos locais. As lesões contêm espiroquetas e são infectantes. Usar precaução de contato até 24 hrs após o início do tratamento. São muito parecido com as lesões sifilis secundária no adulto;
- Pênfigo sifilitico/palmo plantar: lesões mais características, lesões vesiculares repletas de Treponema, precaução de contato até 24 hrs após o início de tratamento;
- Placas mucosas: lesão elevada em superfície mucosa (-> ragades);
- Condiloma plano: igual ao da da sifilis secundária - erupção cutânea grande, elevada, cinza esbranquiçada, que pode se desenvolver em áreas como boca e períneo;
- Rinite sifilítica: treponema gera destruição da cavidade nasal -> obstrução nasal com secreção serosanguinolenta e/ou erosões, placas mucosas. A sequela seria o nariz em sela (resultado da cicatrização de tecido nasal) e rágades (resultado da cicatrização das placas mucosas).
• Lesões ósseas:
- Periostite: inflamação do periósteo, camada de tecido conjuntivo que reveste o osso;
- Osteocondrite: destruição da cartilagem e do osso subcondral, que fica logo abaixo da cartilagem.
- Essas alterações costumam ser bilaterais e simétricas e podem complicar-se com fraturas patológicas. O quadro clínico destas é pobre, geralmente ao fim de 5 ou 6 semanas pode acontecer a perda da movimentação dos membros chamada de Pseudoparalisia de Parrot, raramente presente ao nascimento.
- Pseudoparalisia de Parrot: Ausência de movimentação de um membro causada por dor associada à lesão óssea. Afeta com mais frequência membros superiores que inferiores; geralmente unilateral; (descrição se presente ao nascimento: falta de movimentação ativa e posição semiflexionada dos membros inferiores, dolorosos a mobilização, dx diferencial: tocotraumatismo). Baixa correlação com anormalidades radiográficas.
- Rx: Duplo contorno (processo de inflamação periostial -> espessamento periosteal irregular -> surgimento de duas linhas na diáfise do osso -> pode ter como sequela a tíbia em sabre) e Sinal de Wimberger (rarefareção no bordo medial da região proximal da tíbia, e, principalmente, do fêmur e do úmero).
• Aterações hematológicas: Anemia (pela diminuiçãoda vida média das hemácias. Se houver hemólise haverá hiperbilirrubinemia indireta e o teste de Coombs negativo vai auxiliar o diagnóstico diferencial com a eritroblastose fetal), trombocitopenia (aprisionamento das plaquetas num baço aumentado), leucocitose ou leucopenia.
• Neurosífilis: alterações no liquor, não necessariamente com manifestações neurológicas.
• Coriorretinite (em sal e pimenta - observado pela fundoscopia - assim como na Rubéola).
Achados de sífilis precoce no raio x de ossos longos
- Duplo contorno: processo de inflamação periostial -> Espessamento periosteal irregular -> surgimento de duas linhas na diáfise do osso -> pode ter como sequela a tíbia em sabre;
- Sinal de Wimberger: rarefareção no bordo medial da região proximal da tíbia, por processo de desmineralização e destruição óssea.
A retinopatia pigmentar ou em sal e pimenta: em que consiste e em que doenças pode ser encontrada.
É a lesão ocular mais comumente encontrada relacionada à rubéola congênita e é caracterizada por áreas de hiperpigmentação e áreas de hipopigmentação do epitélio pigmentado da retina.
Pode ser encontrada também na toxoplasmose congênita e sífilis congênita.
Clínica da Sifilis congênita tardia
• Faciais:
- Fronte olímpica: O espessamento dos ossos do crânio pode gerar aspecto grosseiro da fronte.
- Nariz em sela: A destruição do osso nasal e das cartilagens adjacentes é chamada “nariz em sela”.
- Hipodesenvolvimento maxilar
- Palato em ogiva (fica mais alto do que deveria).
• Cutâneas: rágades (fissuras periorais e perinasais) e gomas.
• Esqueléticas:
- Tíbia em sabre: O arqueamento da tíbia, na sua face anterior, com convexidade medial, é chamado de “tíbia em sabre”.
- Articulações de Clutton: aumento da articulação e sinovite indolor, normalmente afetando a articulação dos joelhos (edema indolor e persistente dos joelhos pela osteocondrite crônica).
- Aumento da clavícula adjacente ao esterno (sinal de Higoumenaki);
- Escápula escafoide: concavidade da borda vertebral da escápula.
• Neurológicas: A infecção crônica do sistema nervoso central pode gerar alterações do comportamento, convulsões focais ou retardo mental.
• Oftalmológicas:
- Ceratite intersticial, aparece normal- mente a partir dos 5 anos de idade, e progressivamente vai tornando opaca a superfície da córnea, resultando na perda progressiva da visão.
- Coriorretinite
- Glaucoma secundário
- Cicatriz córnea
- Atrofia óptica
• Auditivas: perda auditiva sensorial -> Surdez provocada pelo comprometimento do VIII (oitavo) par craniano.
• Orofaríngeas: podem estar presente tanto na dentadura decídua quanto na permanente, nesta última sendo mais frequente. Os defeitos da formação do esmalte acarretam cáries sucessivas e a subseqüente destruição dos dentes.
- Dentes de Hutchinson: incisivos centrais superiores com aspecto de barril ou cravelha, que em geral aparecem aos seis anos de idade.
- Molares em amora, molares de Moon, molares de Fournier: Os primeiros molares inferiores podem apresentar cúspides múltiplas e mal formadas chamadas “molares em amora”.
Quais são os achados encontrados nas fotos abaixo e em que condições ele característicamente são encontrados?
- Pênfigo palmo plantar e rinite sifilítica
- Sífilis congênita precoce.
O que deve ser realizada na avaliação inicial da criança exposta à sífilis?
1) Avaliação do histórico materno de Sífilis quanto ao tratamento e seguimento na gestação
2) Teste não treponênimo de sangue periférico da criança comparado com o da mãe
3) Exame físico
Avaliação inicial da criança exposta à sífilis: Avaliação do histórico materno de Sífilis quanto ao tratamento e seguimento na gestação -> o que é avaliado
Para fins clínicos e assistenciais, alguns fatores são considerados para avaliar a resposta terapêutica após o tratamento da sífilis na gestante, sendo eles:
- Tratamento adequado da gestante com sífilis
- Avaliação quanto ao risco de reinfecção
- Resposta imunológica adequada
Tratamento adequado da gestante com sífilis
Para ser considerado adequado, o tratamento da gestante com sífilis tem que seguir corretamente todos os seguintes critérios: tratamento completo para o estágio clínico de sífilis, com benzilpenicilina benzatina, respeitando o intervalo entre as doses, iniciado até 30 dias antes do parto e finalizado antes do parto.
O esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da infecção deve ser realizado da seguinte maneira: Dose única (em 2 injeções, 1 milhão e 200 em cada nádega) se sífilis primária, secundária ou latente recente, e em 3 semanas, com 3 doses (em 2 injeções cada dose, 1 milhão e 200 em cada nádega) (com intervalo de 7 dias) se sífilis terciária ou latente tardia. E, caso de neurosífilis, tratamento com penicilina cristalina, necessitando de internação para medicação venosa.
Avaliação do histórico materno de Sífilis quanto ao tratamento e seguimento na gestação: Avaliação quanto ao risco de reinfecção
Avaliação quanto ao risco de reinfecção: pesquisar sinais ou sintomas clínicos novos, reexposição de risco, violência sexual, comorbidades.
Avaliação do histórico materno de Sífilis quanto ao tratamento e seguimento na gestação: Resposta imunológica adequada
Queda da titulação do teste não treponêmico em pelo menos duas diluições em até três meses, ou de quatro diluições em até seis meses após a conclusão do tratamento.