HEPATITES VIRAIS E AUTOIMUNE Flashcards
QUAL O VÍRUS QUE MAIS COMUMENTE CAUSA HEPATITE NAS CRIANÇAS?
VÍRUS A
- Na maioria das vezes é BENIGNA e AUTOLIMITADA
HEPATITES VIRAIS (VÍRUS A, B, C, D e E):
- QUAL O ÚNICO DNA VÍRUS?
- QUAIS VÍRUS NÃO DESENVOLVEM A FORMA CRÔNICA DA DOENÇA? (2)
- PARA QUAIS VÍRUS EXISTE VACINA? (3)
- QUAIS VÍRUS SÃO DE TRANSMISSÃO FECAL-ORAL (2), QUAIS SÃO DE TRANSMISSÃO PARENTERAL /VERTICAL (2) E QUAIS SÃO DE TRANSMISSÃO APENAS PARENTERAL (1)?
- VÍRUS B (HBV)
- VÍRUS A e VÍRUS E
- VÍRUS A, VÍRUS B e VÍRUS E
- TRANSMISSÃO FECAL-ORAL: VÍRUS A e VÍRUS E
TRANSMISSÃO PARENTERAL/VERTICAL: VÍRUS B e VÍRUS C
TRANSMISSÃO APENAS PARENTERAL: VÍRUS D
QUAIS OS VÍRUS QUE MAIS FREQUENTEMENTE CAUSAM SINTOMAS NA FASE AGUDA DA DOENÇA? (2)
VÍRUS A e VÍRUS B
- O espectro clínico é amplo, variando desde formas assintomáticas, anictéricas e ictéricas típicas até a insuficiência hepática aguda grave.
- A maioria das hepatites virais agudas é assintomática, independentemente do vírus causador.
QUAIS AS 3 FASES DE APRESENTAÇÃO DAS HEPATITES VIRAIS AGUDAS, SEMELHANTES EM TODOS OS VÍRUS?
Nos casos sintomáticos de hepatite viral aguda, ela apresenta-se em 3 fases:
FASE PRODRÔMICA: duração de dias.
- Pode simular uma síndrome gripal, além de sintomas gastrointestinais como anorexia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal.
FASE ICTÉRICA: duração de semanas.
- Ocorre icterícia por aumento da bilirrubina direta, podendo haver colúria e acolia.
- HIPERBILIRRUBINEMIA PROGRESSIVA + AUMENTO DAS TRANSAMINASES (100x limite superior, porém não há correlação com a gravidade do quadro). Fosfatase alcalina e gama-GT normais ou pouco aumentadas.
- Os sintomas prodrômicos de síndrome gripal melhoram, mas os sintomas GI permanecem e podem até se agravar.
- Atenção: a maioria dos pacientes com hepatite viral aguda NÃO desenvolve icterícia.
FASE DE CONVALESCENÇA: duração de semanas.
- Melhora clínica e laboratorial progressiva.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ENCONTRADAS NA FASE AGUDA DAS HEPATITES VIRAIS? (4)
SOLICITAR: HEMOGRAMA, AST, ALT, BILIRRUBINA TOTAL E FRAÇÕES, URINA I
- Hemograma com padrão de infecção viral: LEUCOPENIA DISCRETA COM LINFOCITOSE
- Elevação acentuada das aminotransferases (até 100x o limite superior da normalidade), com PREDOMÍNIO DA TGP (ALT).
- Aumento de BILIRRUBINA DIRETA
- Urina I com BILIRRUBINÚRIA
AS HEPATITES VIRAIS SÃO DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA!
PARA QUAIS HEPATITES VIRAIS EXISTE TRATAMENTO ESPECÍFICO?
O TRATAMENTO É DE SUPORTE NA MAIORIA DOS CASOS, SENDO QUE EXISTE TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA O VÍRUS B (APENAS EM ALGUMAS SITUAÇÕES) E PARA O VÍRUS C (SEMPRE!!)
QUAL A DEFINIÇÃO DE HEPATITE VIRAL CRÔNICA?
QUAIS VÍRUS TEM A CAPACIDADE DE CRONIFICAÇÃO DA HEPATITE? (3)
HEPATITE VIRAL CRÔNICA:
REPLICAÇÃO VIRAL PERSISTENTE, POR > 6 MESES!
Apenas os vírus B, C e D têm a capacidade de cronificação!
- É assintomática na maioria dos casos, em geral com manifestações clínicas aparecendo apenas em fases adiantadas de acometimento hepático.
- Muitas vezes, o diagnóstico é feito ao acaso, a partir de alterações esporádicas de exames de avaliação de rotina.
QUAL A HEPATITE VIRAL MAIS ASSOCIADA AO PADRÃO COLESTÁTICO DE APRESENTAÇÃO DA DOENÇA?
HEPATITE A!
Mesmo assim, ocorre em < 5% dos casos
HEPATITE A:
QUAIS SÃO AS 5 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA DOENÇA? QUAL É A MAIS COMUM?
A idade em que ocorre o contato com o vírus influencia na apresentação clínica — crianças em geral têm quadro oligo ou assintomático, enquanto 80% dos adultos infectados apresentam algum tipo de manifestação clínica.
5 formas de apresentação da doença:
- Assintomática: forma mais comum, principalmente em crianças;
- Sintomática clássica: 30% das crianças < 6 anos, sendo mais frequente quanto mais velho for o paciente;
- Colestática: <5% dos casos, mas a hepatite A é a hepatite viral mais associada a esse padrão;
- Recidivante: em até 10% dos casos, sendo mais comum em adultos. Há recuperação clínica e laboratorial, seguida por novo aumento das aminotransferases e, em alguns casos, recidiva dos sintomas, que em geral são mais leves que na fase inicial;
- Fulminante: rara, ocorre em <1% dos casos.
HEPATITE A:
- QUAL O PERÍODO DE MAIOR CONTÁGIO DA DOENÇA?
- COMO E QUANDO DEVE SER REALIZADO O ISOLAMENTO DO PACIENTE INFECTADO?
- DE SEMANAS ANTES ATÉ POUCOS DIAS APÓS O INÍCIO DA FASE ICTÉRICA.
- É RECOMENDADO O ISOLAMENTO DE CONTATO POR 1 A 2 SEMANAS APÓS O APARECIMENTO DA ICTERÍCIA, apesar de o isolamento não afetar muito na disseminação da doença, já que os pacientes eliminam vírus nas fezes semanas antes de apresentarem sintomas!
HEPATITE A:
COMO REALIZAR O DIAGNÓSTICO?
QUAL O TRATAMENTO?
QUAL O PROGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO: QUADRO CLÍNICO
+ ANTI-HAV IgM - pode ser detectado desde o início do quadro e cai em 3-6 MESES
+ ANTI-HAV IgG - também surge na fase aguda, mas permanece positivo por tempo indeterminado, conferindo imunidade permanente ao indivíduo!
TRATAMENTO: SINTOMÁTICOS + SUPORTE CLÍNICO
PROGNÓSTICO: tem prognóstico excelente: imunidade permanente, não cronifica e não deixa sequelas, exceto nos casos em que evoluem para a forma fulminante. Geralmente benigna e autolimitada!
HEPATITE A:
- QUAIS SÃO AS FORMAS DE PREVENÇÃO CONTRA A HEPATITE A? (3 maneiras)
- COMO REALIZAR A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO? (3 opções)
- COMO REALIZAR A PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO? (3 opções)
FORMAS DE PROFILAXIA CONTRA HEPATITE A:
- VACINA
- IMUNOGLOBULINA
- MEDIDAS HIGIÊNICAS (lavagem das mãos e preparo adequado de alimentos)
PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO:
- Vacina: dose única aos 15 meses (PNI)
- Vacina + IG: quando a viagem ocorrer em <2 semanas e o paciente tiver > 40 anos, for imunocomprometido ou tiver doença hepática crônica;
- IG apenas: indicada para < 12 meses, pacientes alérgicos à vacina e pacientes que optem por não receber a vacina.
PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO:
- Vacina: indicada entre 1 e 40 anos;
- Vacina + IG: > 40 anos, imunocomprometidos ou pacientes com doença hepática crônica;
- IG apenas: indicada para < 12 meses ou pacientes com contraindicação para a vacina.
HEPATITE B:
QUAL A PRINCIPAL VIA DE CONTAMINAÇÃO NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA?
PRINCIPAL VIA DE CONTAMINAÇÃO: TRANSMISSÃO VERTICAL - a chance de cronificação é muito maior do que a aquisição horizontal do vírus.
Modo mais comum em adolescentes e adultos: relações sexuais desprotegidas.
- Quando a gestante infectada está na fase replicativa da doença, ou seja, tem HBeAg detectável, o risco de transmissão é de 70 a 100%!! Quando HBeAg não reagente, a transmissão ocorre em 5 a 30% dos casos, se não for realizada a adequada profilaxia.
- O HBsAg pode ser encontrado no leite materno, mas NÃO HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE A HEPATITE B POSSA SER TRANSMITIDA PELA AMAMENTAÇÃO, por isso ela não é contraindicada.
- O período de incubação: 8 a 12 semanas.
- O HBV permanece viável durante longo período fora do corpo humano.
HEPATITE B:
O QUE ACONTECE CASO O PACIENTE NÃO SEJA CAPAZ DE DESENVOLVER O ANTICORPO ANTI-HBS?
O VÍRUS NÃO SERÁ ELIMINADO!
O PACIENTE SE TORNA UM PORTADOR CRÔNICO ASSINTOMÁTICO
OU DESENVOLVE HEPATITE B CRÔNICA
DIAGNÓSTICO DE HEPATITE B AGUDA - O QUE SIGNIFICA:
- HBsAg positivo
- HBsAg negativo
- Anti-HBc total negativo
- Anti-HBc IgM positivo
- Anti-HBc IgG positivo
- Anti-HBs positivo
- Anti-HBs negativo
- HBeAg
- Anti-HBe positivo
- HBsAg POSITIVO: o vírus está presente, podendo ser uma hepatite B aguda, hepatite B crônica ou um portador assintomático do vírus.
- HBsAg negativo: o vírus não está circulando. Em casos raros de antigenemia baixa, os exames podem não detectar o antígeno circulante, ou seja, o é um falso-negativo = infecção oculta pelo vírus B.
- Anti-HBc total negativo: paciente nunca teve contato com o vírus. Como o anti-HBc IgM aparece em média 1-2 semanas após o HBsAg, em raros casos podemos ter HBsAg positivo e anti-HBc negativo.
- Anti-HBc IgM positivo: hepatite B aguda - fica positivo por 4-5 meses no soro.
- Anti-HBc IgG positivo: se a fração IgM for negativa, significa infecção antiga pelo vírus (o paciente teve um contato em algum momento da vida).
- Anti-HBs positivo: o paciente teve hepatite B e CUROU ou recebeu a VACINA e foi imunizado.
- Anti-HBs negativo: o paciente não conseguiu eliminar o vírus. Se HBsAG positivo, é um portador crônico! Se todas as sorologias negativas, incluindo o anti-HBs, o paciente é suscetível ao vírus -> deve ser vacinado!
- HBeAg: indica alta infectividade. Na hepatite B crônica, a agudização do quadro será marcada pelo ressurgimento do HbeAg.
- Anti-HBe: o organismo suprimiu a replicação viral. Se o paciente evoluir para cura (eliminação completa do vírus), o anti-HBe permanece positivo por longo período e indica apenas um passado de replicação viral.
COMO REALIZAR O DIAGNÓSTICO DE HEPATITE B EM PACIENTES < 18 MESES?
Em todo paciente <18 meses com HBsAg positivo deve ser realizada a PESQUISA DIRETA DO DNA VIRAL por técnica de PCR ou técnica de branched-DNA.
A positividade do anti-HBc pode ocorrer por passagem materna transplacentária desse anticorpo, então não auxilia no diagnóstico nesses casos!
Paciente com HbsAg positivo, aminotransferases elevadas e HBeAg indetectável.
QUAL O PROVÁVEL DIAGNÓSTICO?
MUTAÇÃO VIRAL NA REGIÃO PRÉ-CORE
Essa mutação do vírus ocasiona uma FALHA NA EXPRESSÃO DO ANTÍGENO “E”!
Clinicamente, o achado é de um paciente com sinais de “infecção ativa”, ou seja, HbsAg positivo e aminotransferases elevadas, mas com HBeAg indetectável, podendo até mesmo ser encontrado anti-HBe positivo.
Nesses casos, solicitar a pesquisa quantitativa do DNA-HBV, que detecta altos níveis de carga viral.
A HEPATITE B É MAIS COMUM NA FORMA AGUDA OU NA FORMA CRÔNICA, NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA?
FORMA CRÔNICA
90% dos recém-nascidos e 20 a 30% das crianças < 5 anos infectadas evoluem para cronificação!!!
Uma particularidade preocupante sobre esse vírus é a possibilidade de evolução para hepatocarcinoma independentemente da ocorrência de cirrose.
QUAIS SÃO AS 4 FASES EVOLUTIVAS DA FORMA CRÔNICA DA HEPATITE B?
FORMA CRÔNICA = HBsAg DETECTÁVEL POR > 6 MESES! 4 FASES EVOLUTIVAS:
FASE IMUNOTOLERANTE:
- HBsAg e o HBeAg são positivos, a carga viral é alta, mas ainda não há lesão hepática = as aminotransferases são normais.
- O tratamento nesta fase não é recomendado
- É indicado o acompanhamento semestral com TGO, TGP, falc, gamaGT e marcadores virais de hepatite e anual com dosagem de alfafetoproteína, carga viral e USG de abdome total).
- Esta fase pode durar DÉCADAS em crianças, principalmente as que adquiriram o vírus por transmissão vertical;
FASE IMUNORREATIVA:
- Há replicação viral, mas o sistema imune começa a reagir, sendo a reação do organismo a responsável pela lesão dos hepatócitos e consequente aumento das aminotransferases.
- Realizar seguimento a cada 2-6 meses
- Tratamento pode ser indicado, dependendo do grau de lesão hepática, atividade inflamatória e níveis de AST/ALT;
FASE DE BAIXA REPLICAÇÃO/fase de portador inativo:
- Quando há SOROCONVERSÃO PARA ANTI-HbE
- TGO e TGP normais, carga viral baixa e ausência de inflamação no tecido hepático.
- Nessa fase, pode haver hepatocarcinoma, embora seja muito raro que isso ocorra na infância.
- Seguimento - semelhante à fase imunotolerante;
FASE DE REATIVAÇÃO: pode ocorrer por imunodepressão ou mutações virais que “escapam” do sistema imune.
- Carga viral elevada + Biópsia hepática com atividade inflamatória moderada ou grave e graus variados de fibrose.
- O seguimento deve ser a cada 3-6 meses.
HEPATITE B CRÔNICA:
QUAIS EXAMES DEVEM SER SOLICITADOS A CADA 6-12 MESES (9)? QUAIS EXAMES DEVEM SER SOLICITADOS ANUALMENTE (1)?
A CADA 6-12 MESES:
- Hemograma
- Coagulograma
- Eletrólitos: Sódio/potássio
- Função renal: Ureia e creatinina
- TGO (AST) e TGP (ALT)
- Bilirrubina total e frações
- Proteína total e albumina.
- US abdome
- Alfa-fetoproteína
*Os 2 últimos para acompanhar o aparecimento de carcinoma hepatocelular!*
A CADA 12 MESES:
- Urina 1
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS DOS PACIENTES COM HEPATITE B CRÔNICA?
As manifestações extra-hepáticas podem ocorrer pela ação dos complexos imunes circulantes (HBsAg + Anti-HBs):
- Poliarterite nodosa
- Glomerulonefrite membranosa
- Polimialgia reumática
- Vasculite leucocitoclástica
- Síndrome de Guillain-Barré
- Doença de Gianotti-Crosti - erupção maculopapular eritematosa, não pruriginosa e simétrica sobre a face, membros e nádegas, sem acometimento das mucosas, com duração média de 15 a 20 dias. Mais comum em < 4 anos. Em geral, os sinais de lesão hepatocelular iniciam quando a dermatite começa a melhorar.O prognóstico é bom, com remissão espontânea na grande maioria dos casos sem nenhum tipo de intervenção terapêutica.
HEPATITE B CRÔNICA:
QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DE TRATAMENTO NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA?
(3)
1ª INDICAÇÃO: associação dos seguintes fatores:
- HBsAg positivo
- Carga viral > 2.000 UI/ml
- TGO e TGP 1,5x acima da normalidade em 2 dosagens com diferença de 6 meses
- Biópsia hepática compatível com hepatite crônica (atividade inflamatória moderada/grave, com ou sem fibrose);
2ª INDICAÇÃO:
- CIRROSE COMPENSADA CLINICAMENTE + biópsia hepática compatível com CIRROSE COM ATIVIDADE INFLAMATÓRIA;
3ª INDICAÇÃO:
- CIRROSE DESCOMPENSADA CLINICAMENTE - não há a necessidade de biópsia hepática