DOENÇAS DO ESÔFAGO Flashcards

1
Q

QUAL A DIFERENÇA ENTRE:

REFLUXO GASTROESOFÁGICO

E

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A
  • REFLUXO GASTROESOFÁGICO: PROCESSO FISIOLÓGICO de retorno do conteúdo gástrico para o esôfago através do EEI. Afeta 60% dos lactentes até o 4° mês de vida, com resolução espontânea em 90% dos casos até o final do primeiro ano. Não está associado a alterações clínicas e não afeta o desenvolvimento do paciente!
  • DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO: quando o refluxo causa manifestações clínicas ou complicações.
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2
Q

QUAIS SÃO OS FATORES QUE FAVORECEM UM MAIOR REFLUXO GASTROESOGÁFICO?

(2)

A

O principal mecanismo responsável pelos episódios de refluxo é o relaxamento transitório EEI, o qual, quando em excesso, se torna prejudicial. Os fatores que predispõe a esse refluxo são:

  • Fatores que AUMENTAM A PRESSÃO INTRAGÁSTRICA: obesidade, esforço físico, hérnia de hiato
  • Fatores que RETARDAM O ESVAZIAMENTO DO ESTÔMAGO: gastroparesia, medicamentos, alimentos gordurosos, cigarro, álcool, posição supina
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3
Q

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO:

  • QUAL O QUADRO CLÍNICO EM:

- LACTENTES

- CRIANÇAS MAIORES E ADOLESCENTES

A
  • A ocorrência de manifestações clínicas depende do tempo de exposição esofágica ao conteúdo gástrico e do pH do conteúdo que reflui para o esôfago.*
  • LACTENTES: baixo ganho ponderal, vômitos frequentes, irritabilidade, alterações no sono, recusa alimentar.

​- Tende a se resolver até o final do 1º - 2º ano de vida.

  • CRIANÇAS MAIORES E ADOLESCENTES: dor epigástrica, azia, pirose retro-esternal, plenitude pós-prandial.

​- As complicações são mais frequentes nessa faixa etária.

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4
Q

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS EXTRAESOFAGIANOS RELATADOS EM LACTENTES E EM CRIANÇAS MAIORES/ADOLESCENTES NA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A

LACTENTES:

APNEIA e ESTRIDOR

CRIANÇAS MAIORES E ADOLESCENTES:

TOSSE CRÔNICA, ROUQUIDÃO, NÓDULOS DE CORDAS VOCAIS, LARINGITE DE REPETIÇÃO, EROSÃO DO ESMALTE DENTÁRIO, MAL CONTROLE DA ASMA

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5
Q

POR QUÊ É TÃO COMUM A OCORRÊNCIA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO NOS LACTENTES?

(3)

A
  1. MAIOR RELAXAMENTO DO EEI (IMATURIDADE NEUROLÓGICA)
  2. DIETA PREDOMINANTEMENTE LÍQUIDA
  3. PERMANECEM EM POSIÇÃO DE DECÚBITO DURANTE GRANDE PARTE DO TEMPO
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6
Q

COMO CONFIRMAR O DIAGNÓSTICO DE DOENÇA DO REFLUXO GASTROESFOÁGICO?

A

O DIAGNÓSTICO É CLÍNICO!

Os exames complementares são úteis para afastar outras causas e detectar complicações.

Não existe exame padrão-ouro para o diagnóstico!!

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7
Q

QUAIS SÃO AS 3 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A
  1. ESOFAGITE DE REFLUXO
  2. ESTENOSE ESOFÁGICA
  3. ESÔFAGO DE BARRET
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8
Q

O QUE É A SÍNDROME DE SANDIFER?

A

SÍNDROME DE SANDIFER:

POSTURA ANORMAL DA CABEÇA, COM TORCICOLO

+ ESOFAGITE DE REFLUXO

EM CRIANÇAS COM NEUROLÓGICO NORMAL

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9
Q

A ULTRASSONOGRAFIA DE ABDOME E A RADIOGRAFIA CONTRASTADA COM BÁRIO (EED) ESTÃO INDICADAS NA INVESTIGAÇÃO DE QUAIS PATOLOGIAS DO TRATO GASTROINTESTINAL?

A

Obs: EED = ESTUDO CONTRASTADO DO ESÔFAGO-ESTÔMAGO-DUODENO

O US ABDOME E O EED ESTÃO INDICADOS QUANDO HÁ A SUSPEITA DE UMA ANORMALIDADE ANATÔMICA DO TGI LEVANDO À CLÍNICA DA CRIANÇA.

-> PODEM SER SOLICITADOS NA INVESTIGAÇÃO DE DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA DOENÇA DO REFLUXO EM CASOS DE VÔMITOS PERSISTENTES, POR EXEMPLO! NÃO SÃO EXAMES OBRIGATÓRIOS NA INVESTIGAÇÃO INICIAL DE DRGE!

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10
Q

QUANDO ESTÁ INDICADA A SOLICITAÇÃO DE MANOMETRIA ESOFÁGICA?

A

Pode ser usada na suspeita de DISTÚRBIOS DE MOTILIDADE, na investigação de diagnósticos diferenciais da DRGE, dependendo da clínica do paciente!

Também não é recomendada para o diagnóstico específico de DRGE!

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11
Q

O QUE O EXAME DE CINTILOGRAFIA DO TGI AVALIA?

A

CINTILOGRAFIA:

Avalia o ESVAZIAMENTO GÁSTRICO e detecta sinais de ASPIRAÇÃO PULMONAR.

O esvaziamento gástrico lentificado propicia o retorno do conteúdo para o esôfago, porém a sua ocorrência não significa necessariamente que o processo seja patológico, por isso também não é ideal para diagnosticar DRGE!

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12
Q

PHMETRIA ESOFÁGICA:

O QUE ESSE EXAME IDENTIFICA?

QUANDO ESTÁ INDICADO?

A

Função: Documenta os episódios de refluxo ácido e faz a correlação deles com sintomatologia, porém apresenta limitação na detecção de refluxos básicos.

É considerado anormal quando o índice de refluxo, ou seja, o tempo de exposição ao pH ácido (< 4), for > 5 a 10% do tempo total de monitorização.

Indicações:

  1. Avaliar a eficácia da supressão ácida durante o tratamento em pacientes com esôfago de Barret ou DRGE de difícil controle
  2. Pesquisar DRGE oculto
  3. Avaliar apresentações atípicas da DRGE
  4. Avaliação pré e pós-operatória para corrigir hérnia de hiato, por exemplo.

NÃO EXISTE EXAME PADRÃO OURO PARA DIAGNOSTICAR A DOENÇA DO RGE!!!

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13
Q

QUAL O EXAME MAIS INDICADO/ QUE FORNECE MAIS INFORMAÇÕES NA AVALIAÇÃO DA DRGE?

A

IMPEDANCIOPHMETRIA ESOFÁGICA

Dentre os exames disponíveis, é o mais promissor, porém ainda não existe definição dos padrões de normalidade para as diferentes faixas etárias pediátricas, sendo de maior utilidade para crianças mais velhas e adolescentes.

É semelhante à pHmetria, inclusive nas indicações, porém identifica refluxos alcalinos além dos ácidos.

NÃO EXISTE EXAME PADRÃO OURO!

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14
Q

ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA COM BIÓPSIA:

QUANDO ESTÁ INDICADA NA INVESTIGAÇÃO DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A

INDICAÇÕES DA EDA NA DRGE:

  • AVALIAR POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES (esofagite, estenose péptica, esôfago de Barret e adenocarcinoma)
  • REALIZAR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DRGE COM OUTRAS DOENÇAS COM SINTOMATOLOGIA SEMELHANTE (esofagite eosinofílica, malformações e doenças não pépticas)

EDA normal não exclui o diagnóstico de DRGE!

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15
Q

TESTE TERAPÊUTICO COM IBP:

QUANDO ESTÁ INDICADO E POR QUANTO TEMPO?

A

INDICAÇÃO: crianças mais velhas e adolescentes com sintomas TÍPICOS (azia, dor epigástrica em queimação, dispepsia, regurgitações) e SEM SINAIS DE ALERTA!

A MELHORA COM A MEDICAÇÃO CORROBORA PARA O DIAGNÓSTICO!

Não é recomendado em lactentes ou pacientes com sintomas extraesofágicos.

DURAÇÃO: IBP por 4-8 semanas.

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16
Q

O QUE DEVE SER ORIENTADO AOS PAIS DE PACIENTES COM REFLUXO GASTROESOFÁFICO FISIOLÓGICO?

A

ESCLARECER QUANTO À BENIGNIDADE DO QUADRO!

Algumas orientações (medidas não medicamentosas) podem ser dadas para redução dos episódios de regurgitação, mas não é mandatório, já que não há doença!

17
Q

QUAIS SÃO AS MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS INDICADAS PARA OS PACIENTES COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A
  • Evitar exposição ao tabagismo passivo;
  • Lactentes: fracionar o volume das dietas e orientar sobre o posicionamento adequado durante as mamadas;
  • Lactentes: manter em posição vertical por 20 a 30 minutos após as mamadas;
  • Lactentes em uso de fórmula: espessamento da dieta através do uso de fórmulas que substituem uma porcentagem da lactose por amido (arroz, milho, goma jataí)
  • Lactentes: Manter em decúbito dorsal nos períodos de sono - o risco de morte súbita associada às posições lateral e prona é maior que o benefício dessas no combate ao refluxo;
  • Evitar uso de roupas apertadas;
  • Em crianças maiores: evitar refeições volumosas, gordurosas e muito calóricas - retardam o esvaziamento gástrico.
  • Evitar refrigerante, chocolate, chá e café, pois podem piorar os sintomas;
  • Evitar alimentação próximo ao horário de dormir;
  • Elevar a cabeceira da cama das crianças maiores;
  • Orientar redução de peso em pacientes obesos.
18
Q

TRATAMENTO DA DRGE EM LACTENTES:

QUAIS SÃO OS 2 PRIMEIROS PASSOS?

O QUE FAZER CASO OS SINTOMAS PERSISTAM?

A

1ºs PASSOS:

  1. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS
  2. EXCLUSÃO DA PROTEÍNA DO LEITE DE VACA da dieta (com fórmulas de hidrolisado proteico ou aminoácidos nos pacientes não amamentados ao seio, ou dieta de exclusão pela mãe) por 2 A 4 SEMANAS - a DRGE e a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) podem se apresentar de maneira muito semelhante nos lactentes!

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: indicado para pacientes com sintomas mais graves e que não melhoraram após as medidas não farmacológicas + exclusão da proteína do leite de vaca da dieta!

- Realizar IBP por 4 a 8 semanas e desmame após esse período, caso os sintomas melhorem!

19
Q

TRATAMENTO DA DRGE EM CRIANÇAS MAIORES E ADOLESCENTES:

A

TRATAMENTO:

  1. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS
  2. INIBIDOR DE BOMBA DE PRÓTON - INDICADO PARA TODOS OS PACIENTES COM SINTOMAS TÍPICOS OU QUE NÃO MELHORAM APÓS MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA

  • Primeira linha de tratamento: IBP (Omeprazol 1-4 mg/kg/dia) por 4 a 8 semanas.
  • Em casos de uso prolongado, deve-se diminuir gradativamente a dose antes da suspensão!
  • O uso prolongado não é recomendado, podendo levar a maior risco de infecção pelo Clostridium difficile, diarreia crônica, deficit de vitamina B12 e alterações na absorção intestinal de ferro.
  • Excluir outras causas em pacientes que não respondem à terapia ideal em quatro a oito semanas de tratamento!
20
Q

TRATAMENTO CIRÚRGICO PARA PACIENTES COM DRGE:

  • QUANDO ESTÁ INDICADO? (3)
  • QUAL A PRINCIPAL TÉCNICA CIRÚRGICA REALIZADA?
A

INDICAÇÕES:

  • Casos graves e refratários ao tratamento clínico;
  • Na presença de complicações;
  • Grandes hérnias hiatais;

Todos os pacientes com possível indicação cirúrgica devem ser avaliados pelo gastroenterologista pediátrico e ter excluídas outras causas para os sintomas!

PRINCIPAL TÉCNICA CX:

FUNDOPLICATURA DE NISSEN - taxa de sucesso de 60 a 90%.

Em crianças neurologicamente comprometidas, a desconexão esofagogástrica total associada à gastrostomia pode ser necessária se houver falha da fundoplicatura.

21
Q

QUAIS SÃO AS 3 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DRGE E SUAS RESPECTIVAS SINTOMATOLOGIAS?

A
  • ESOFAGITE DE REFLUXO - irritabilidade, aversão alimentar, dor torácica, hematêmese ou síndrome de Sandifer
  • ESTENOSE ESOFÁGICA - consequência de casos graves e prolongados de esofagite. Clínica: disfagia (principal sintoma), muitas vezes com necessidade de dilatação endoscópica.
  • ESÔFAGO DE BARRET - Transformação metaplásica do epitélio escamoso normal em epitélio colunar intestinal, por esofagite de longa duração, sendo o precursor do adenocarcinoma esofágico! É raro na faixa etária pediátrica (< 1% dos casos), mas quando presente indica farmacoterapia agressiva e biópsias de vigilância periódicas.