Hemostasia Flashcards
O que ocorre na hemostasia primária?
Ocorre logo após a lesão do vaso sanguíneo, há imediata constrição deste com a finalidade de diminuir o fluxo local e de permitir maior contato entre as plaquetas circulantes e o ponto onde o endotélio sofreu a solução de continuidade. Esse simples contato é suficiente para a ativação das plaquetas que ficam aderidas (adesão plaquetária) ao local lesado.
Como é chamado o acúmulo de plaquetas?
Ele é chamado de plug ou tampão plaquetário e é o primeiro mecanismo de defesa do organismo contra a perda sanguínea.
As plaquetas ativadas e aderidas ao endotélio liberam uma série de outras substâncias que tem uma série de outras funções, quais são elas?
- substâncias que promovem a agregação das plaquetas aderidas
- substâncias que ativam o mecanismo da coagulação
- substâncias que diminuem a permeabilidade vascular
- substâncias que mantém o tônus da rede vascular
Qual é a fase secundária da hemostasia?
Compreende os fenômenos que se destinam à formação de um coágulo consistente, capaz de obliterar a lesão vascular, que se forma numa etapa posterior, graças à deposição de uma rede de fibrina entre as plaquetas agregadas. A fibrina se forma pela ativação dos fatores de coagulação sanguínea, que se tornam ativados pelas próprias plaquetas e por células do vaso lesado. Esse mecanismo é regulado por uma série de fatores que impedem o crescimento descontrolado do trombo ou coágulo no interior do vaso.
Qual é a última etapa da hemostasia?
A última etapa compreende a fibrinólise, ou seja, a dissolução da fibrina formada, que se dá por ação de enzimas elaboradas pelas células endoteliais. Entre essas enzimas, a plasmina, que promove a dissolução completa do coágulo, também circula em condições normais sob a forma inativa ou plasminogênio. A fibrinólise permite que qualquer coágulo que se forma na circulação seja logo lisado, evitando as complicações tromboembolíticas.
Quais são as substâncias com atividade anticoagulante secretadas pelas células endoteliais?
- heparan sulfato
- trombomodulina
- prostaciclina (PGI2)
- ativadores do plasminogênio
- inibidor do fator tissular (TF)
Quais são as substâncias com atividade procoagulante secretadas pelas células endoteliais?
- fator Von Willebrand (vWF)
- inibidor da ativação do plasminogênio (PAI)
Os vasos possuem uma camada média formada por fibras colágenas, fibroblastos e células musculares lisas. Qual a função do colágeno na coagulação?
O colágeno é uma proteína que inicia a adesão das plaquetas e ativa o fator XII, cuja função é iniciar a via intrínseca da cascata de coagulação, ao mesmo tempo em que ativa o mecanismo da fibrinólise.
O que é e qual a função da prostaciclina?
A prostaciclina é um produto derivado do metabolismo do AA na célula endoteliais. Atua como potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária. Ela provoca vasodilatação e inibição da agregação plaquetária, que, por sua vez, diminui a possibilidade da formação de trombos, especialmente nos vasos capilares.
Qual a relação do LDL e do HDL com a PGI2?
As lipoproteinas de baixa densidade (LDL) inibem a produção de PGI2, enquanto as de alta densidade (HDL) aumentam esta produção. Por isso a tendência à formação de trombos nos indivíduos com alto teor de LDL.
O que são as substâncias ativadoras do plasminogênio?
O plasminogênio constitui uma proenzima circulante que é transformada em plasmina, sendo esta que promove a dissolução dos trombos. As células endoteliais secretam ativadores do plasminogênio tipo t-PA (ativador tissular) e tipo u-PA (uroquinase).
Como se dá a ação anticoagulante da superfície endotelial dos vasos?
Está ligada à presença de moléculas heparina-símile na luz dos vasos. A heparina se liga a uma substância inibidora da trombina, denominada antitrombina III, e esta ligação, heparina-antitrombina III, facilita a reação entre a trombina e a antitrombina, com formação de um complexo que entra na circulação e depois é destruído pelo fígado. A trombina, que se forma sempre que plaquetas se agregam junto ao endotélio lesado, tende a ser inibida, evitando assim a formação do coágulo.
O que é a trombomodulina?
Presente no endotélio vascular, tem uma afinidade elevada pela trombina, formando com esta o complexo trombomodulina-trombina e dessa forma a trombina perde virtualmente seu poder proteolitica. A trombomodulina, portanto, tem papel anticoagulante.
O que é hemostasia?
Processo pelo qual o organismo procura controlar a perda sanguínea através de um vaso lesado, evitando que ela se prolongue.
O que é proteína C?
A proteína C é um fator vitamina K-dependente com propriedade anticoagulante e seu papel na coagulação se manifesta após a formação do complexo trombina-trombomodulina. A ativação da proteína C causa a inativação dos fatores V e VII da coagulação. A atividade anticoagulante da proteína C é aumentada na presença da proteína S, também vitamina K dependente.
A proteína C ativada ainda tem a propriedade de estimular a fibrinólise.
Deficiência de proteína C pode causar tromboses disseminadas e a ausência dela é incompatível com a vida.
O que é o fator de von Willebrand (vWF)?
Uma proteína que circula no plasma unida ao fator VIII de atividade coagulante, fator anti-hemofílico ou fator VIII:C. Os dois formam um completo vWF-fator VIII:C, em que o vWF constitui a maior parte, sendo considerado por isso uma proteína transportadora de fator VIII. O vWF é sintetizado pelas células endoteliais da rede vascular comum e dos sinusóides hepáticos.
As plaquetas também produzem vWF que fica armazenado nas estruturas do citoplasma plaquetária denominadas alfa-grânulos.
O que é a fibronectina?
É uma glicoproteina presente no plasma e na membrana basal da parede vascular. É sintetizada pelas células endoteliais, por fibroblastos e vários outros tipos de células. É encontrada em grande quantidade nos alfa-grânulos das plaquetas e atua facilitando a adesão de plaquetas ao endotélio lesado, colaborando na formação do coágulo. É importante na restauração das soluções de continuidade da parede vascular.
O que é o fator tissular(TF) ?
Também denominado fator III da coagulação ou tromboplastina. É sintetizado em vários órgãos (cérebro, placenta, pulmão) e pelas células presentes nas camadas mais profundas da parede vascular. As células endoteliais produzem esse fator em pequena quantidade. O aumento de sua produção parece estar ligado a estímulo após lesão endotelial.
O fator tissular ou tromboplastina tissular é considerado agora como o principal iniciador da coagulação. A sua liberação acontece a partir da lesão dos tecidos adjacentes ao vaso que libera TF, o qual se liga o fator VII, formando o complexo TF + FVIIa (a=ativado).
O que acontece com o complexo TF+ FVIIa na presença dos íons Ca?
Na presença dos íons cálcio, promove a ativação dos fatores IX (IXa) e X(Xa) da coagulação.
Como se dá a síntese de outros fatores coagulantes?
São sintetizadas pelas células do endotélio vascular, tais como trombina, fator ativador de plaquetas (PAF), fator V e inibidores da ativação do plasminogênio (PAI).
Quais são as principais glicoproteinas da membrana plaquetária e quais as suas funções?
GPIa: reage com o colágeno na fase inicial da adesão das plaquetas ao endotélio
GPIb: receptor para o vWF. Atua na fixação da plaquetas ao endotélio vascular
GPIIb-IIIa: atua na agregação plaquetária. Liga-se ao fibrinogênio, fibronectina e vWF.
GPIV: repertório para tromboplastina. Atua nas interações da superfície de contato.
Onde se localiza e do que é formada a membrana plaquetária?
Ela se localiza mais internamente à zona periférica. É formada de proteínas, de lipídeos e em menor proporção de carboidratos. Essa membrana está organizada como as membranas de outras células, com a bicamada fosfolipídeos, mais colesterol e glicolípides. Em quase sua totalidade, as proteínas de membrana são glicoproteínas, estão colocadas de permeio à bicamada lipídica.
Quais são as funções dos microtúbulos das plaquetas?
Eles se conectam com microfilamentos, formando o esqueleto da plaqueta, que serve para orientar os movimentos da célula para a eliminação de produtos secretadas e para a retração do coágulo. Eles são compostos de tubulina, que se apresenta sob a forma de subunidades polimerizadas e despolimerizadas.
A contração dessas proteínas exige energia e requer cálcio.
O que são os corpos densos nas plaquetas?
São estruturas densas graças ao seu conteúdo em cálcio. Contém 65% do total de ADP e ATP das plaquetas. Contém também serotonina, pirofosfato e provavelmente antiplasmina. Quando esses corpos estão diminuídos, há alteração da propriedade de agregação plaquetária.
Quais substâncias os grânulos alfa contém?
Fatores de crescimento (PDGF= fator de crescimento derivado de plaquetas; fator plaquetário 4, TGF-beta)
Fatores da coagulação (fator V, fibrinogênio, fator VIII R:Ag = fator VIII, proteína S)
Proteínas de adesão (fibronectina, trombospondina, vWF, vitronectina).
Quais sistemas o Sistema de Membranas Internas compreende e como cada um deles funciona?
Compreende o sistema tubular denso (STD) e o sistema de canalículos abertos (SCA). Os dois sistemas interagem amplamente quando a plaqueta é ativada.
O STD é o local de síntese de prostaglandina e tromboxano.
O SCA são verdadeiras invaginacoes da membrana celular e por eles o endoplasma se comunica com o meio externo. Admite-se que as substâncias secretadas passem para o meio externo através desse sistema e que os estímulos para a ativação celular sejam também transmitidos por essa via, em sentido inverso.
Quais glicofosfolipídeos são sintetizados pelas plaquetas?
São importantes no metabolismo plaquetário os glicofosfolipídeos: a fosfatidilcolina, a fosfatidilserina, o fosfatidilinositol e a fosfatidiletanolamina.
Qual fato pode demonstrar a importância do colesterol da dieta sobre a função plaquetária?
Excesso de colesterol no plasma resulta no aumento desta substância na membrana plaquetária, com seu enrijecimento e hiperatividade plaquetária. Nesse caso, há aumento de produção do tromboxano A2 em resposta à trombina (in vitro). Em indivíduos com hipercolesterolemia, há tendência à aterosclerose, que poderia ser explicada pelo desequilíbrio entre a produção do tromboxano (substância proagregante plaquetária e, portanto, prótrombótica) e a produção de prostaciclina (antiagregante e antitrombótica).
Quais doenças plaquetária podem aparecer com a deficiência de algumas glicoproteinas e quais são elas?
São as glicoproteínas Ib e as do complexo IIbIIIa, as doenças mais estudadas são a síndrome de Bernard-Soulier e a tromboastenia de Glanzmann. Pode ter consequente quadro hemorrágico.
O que é a síndrome de Bernard-Soulier?
Se caracteriza pela diminuição das plaquetas (plaquetopenia), sendo que estas células são de grande tamanho. Em consequência da deficiência ou disfunção do complexo GPIb-IX da membrana, não ocorre a adesão das plaquetas ao endotélio lesado, advindo daí o quadro de hemorragia. Outra glicoproteína, a GPIs tem função na integração entre a plaqueta e a trombina, assim como na adesão das plaquetas entre si e ao subendotélio vascular. Ela também está diminuída na síndrome de Bernard-Soulier.
O que é a tromboastenia de Glanzmann?
Na tromboastenia de Glanzmann o número de plaquetas énnormal, entretanto a agregação está anormal. Apesar da agregação defeituosa, as plaquetas tem capacidade de adesão normal ao subendotélio vascular lesado.
O que são integrinas?
São moléculas formadas por duas subunidades denominadas alfa e beta. Elas formam um grupo grande de moléculas, dentre as quais a alfaIIbeta3 (GPIIb/IIIa) e a alfaIIbeta1 (GPIa/IIb) que são importantes em vários fenômenos biológicos, como a hemostasia, a gregário plaquetária e a modulação de resposta imune.
Qual é o fator de crescimento das plaquetas e onde ele é produzido?
A trombopoetina (TPO) é responsável pela diferenciação final dos megacariócitos, pela expressão das proteínas específicas das plaquetas e pela formação destas. Ele é regulador da plaquetogênese, atuando por meio do receptor presente em células CD34+, em megacariócitos e plaquetas. Ele é produzido no fígado, rins, medula óssea e baço, especialmente nos 2 primeiros.
Qual é o tempo de vida média das plaquetas?
Vida média de 8-10 dias.
Qual o mecanismo de ativação plaquetária?
Quando um vaso é lesado, o subendotélio, com o colágeno subjacente é exposto e as plaquetas se ativam, iniciando-se uma série de fenômenos que tem por finalidade evitar a hemorragia.
As plaquetas ativadas se ligam ao colágeno diretamente ou por meio do fator von Willebrand.
Como consequência a plaqueta ativada modifica sua forma, que passa de discorde a irregular, graças à emissão de projeções ou pseudopodos a partir da membrana. Essa modificação traduz o rearranjo do citoesqueleto.
É importante a ligação das plaquetas aos receptores das glicoproteínas Ib/IX/V que permite a imobilização do vWF no local do vaso lesado. A união do vWF à GPIb forma um canal na membrana plaquetária, permitindo o fluxo de íons Ca+2 do exterior para o interior da célula. Esse aumento de Ca+2 ativa a GPIIb/IIIa, promovendo sua ligação com o vWF e isto leva a agregação plaquetária.
A ativação plaquetária ativa as moléculas de integrinas plaquetárias, como a alfaIIbbeta3 (ou GPIIB/IIIa). Com isto, há estabilização da adesão das plaquetas no vaso lesado por aumento da afinidade das integrinas pelos seus ligantes (colágeno e fibronectina).
Na fase posterior da ativação as plaquetas se agregam umas às outras. É a agregação plaquetária que envolve o fibrinogênio e os íons Ca+2.
O fibrinogênio se liga aos receptores específicos da membrana plaquetária (GPIIb/IIIa), permitindo que as plaquetas permaneçam ligadas entre si. Essa ligação é facilitada principalmente pelo cálcio no plasma, mas o cálcio intraplaquetário também atua.
A terceira etapa da ativação plaquetária é a de secreção. Ela se inicia assim que um fator agonista, como a trombina ou o colágeno, liga-se à membrana celular, ao mesmo tempo em que a agregação plaquetária é estimulada.
Na fase de secreção, ocorre liberação das substâncias contidas nos grânulos densos, como o ADP, o cálcio e a serotonina.
Durante a fase de secreção ocorre também que o chamado fator plaquetário 3, um fosfolipíde da membrana, fica livre e vai promover a ativação de fatores plasmáticos da coagulação do sangue, interferindo na função de seus vários fatores (fator X, fator V, cálcio e protrombina). É a função procoagulante plaquetária.
No que o aumento de Ca+2 no interior das plaquetas parece intervir?
- na mudança de forma dessas
- na emissão dos pseudópodos pela membrana
- na movimentação dos grânulos para o interior (centralização) do citoplasma
- na secreção desses grânulos
- no aumento da aderência das plaquetas entre si, por modificação física da própria membrana externa
Qual a função das prostaglandinas na regulação da atividade plaquetária?
Após o estímulo da plaqueta por ação de um agonista, forma-se o ácido aracdonico, que se converte em dois endoperóxidos lábeis — PGG2 e PGH2— por ação da enzima COX. Em seguida, atua a tromboxano sintase que converte aqueles endoperóxidos no produto mais estável, o tromboxano A2. Esse é um potente agente agregante.
Por outro lado a PGI2 (prostaciclina, formada pela célula endotelial, atua como inibidora da agregação plaquetária.
Em que pontos da atividade plaquetária ocorre a atuação do cálcio?
- facilita a ligação do fibrinogênio à superfície plaquetária
- estimula a modificação de forma das plaquetas (formação de pseudópodos)
- promove a centralização dos grânulos plaquetários durante a formação dos pseudopodos e a secreção de substâncias que tornam as plaquetas grudentas. Isto facilita a agregação de uma célula na outra
Qual o papel dos nucleotídeos cíclicos na regulação da ativação plaquetária?
O c-AMP exerce papel inibidor das funções plaquetárias, tais como a mudança de forma, a centralização dos grânulos após o estímulo, a agregação, a secreção e a ligação do fibrinogênio à membrana.
O efeito inibidor está na dependência da diminuição dos íons Ca+2, pois este nucleotídeos promove a eliminação do Ca+2 de reserva contido nos grânulos densos e no STD, local de síntese do tromboxano A2. Por sua vez, o tromboxano A2 exerce papel importante no fluxo do cálcio no STD.
O nível de AMP-c também depende da regulação exercida pela adenilciclase, que por sua vez é regulada pela proteína G da membrana plaquetária.