Exame físico do RN na maternidade e testes de triagem Flashcards
AVALIAÇÃO DO RN
● Avaliação sucinta na sala de parto com apgar, peso, comprimento e perímetro cefálico
● Exame físico detalhado e completo deve ser feito antes das primeiras 24 horas de vida
●Realizar o exame na presença dos pais para reforçar a relação entre médico e
familiares e sanar eventuais dúvidas
● O ambiente deve conter boa iluminação, tranquilidade e temperatura adequada
Pontos importantes:
● Ambiente deve ser aquecido (desligar ar condicionado)
● Lavar as mãos para manusear o bebê
● Higienizar todo o material que será usado no exame físico
● Retirar toda a roupa / acessórios do bebê
O que deve conter no exame físico?
● Data e hora
● Aspecto geral do bebê (aparência, posição, corpo, movimento, cor e sinais de esforço
respiratório, hidratação, fácies)
● Antropometria, ou seja, medidas como peso, comprimento e perímetro cefálico
● Sinais vitais
● Sistematizado, do geral ao específico e no sentido craniocaudal ou céfalo-podálico
EXAME FÍSICO GERAL
ATITUDE
● Avaliar a posição do RN
Achado fisiológico: Semiflexão dos membros com lateralização da cabeça
ESTADO DE HIDRATAÇÃO
● Avaliar pela umidade da mucosa, temperatura e diurese
PRESENÇA DE SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO
Achados patológicos: Retração de fúrcula esternal, batimento de asas nasais, tiragem
intercosta
FÁCIES
Achado fisiológico: Atípicas
Achado patológico: Típicas (síndrome de Down, Cornélia de Lange, entre outras)
Cor:
Achados fisiológicos: milium sebáceo, lanugem, vérnix caseoso, manchas ectásicas, manchas
ectásicas, mancha arroxeada/acastanhada, eritema tóxico, eritrodermia fisiológica (rosácea),
cianose periférica que melhora com aquecimento e icterícia
Achados patológicos: palidez, bebê arlequim (benigno), cianose periférica que não melhora
com aquecimento, cianose central e hemangiomas
GÂNGLIOS
● Palpar todas as cadeias ganglionares, sobretudo cervicais, axilares e inguinais
EXAME FÍSICO ESPECÍFICO
CABEÇA E PESCOÇO
Crânio:
● Avaliar presença de assimetrias
Suturas:
● Avaliar presença de cavalgamentos
Fontanelas:
Achados fisiológicos: fontanelas normotensas, sem abaulamentos ou depressões, pulsação
presente
Achados patológicos: abaulamento sugere aumento da pressão intracraniana e depressão
sugere desidratação
Avaliar o perímetro cefálico
Achado fisiológico: PC entre 33 e 37 cm
Achados patológicos: microcefalia e macrocefalia
Olhos:
● Avaliar pálpebras, simetria das pupilas, reatividade pupilar e teste do olhinho
Achado fisiológico: pálpebras edemaciadas pela aplicação do colírio
*Estrabismo e nistagmo horizontal podem ser encontrados em bebês pré-termo
Achados patológicos: pupila não reativa, microftalmia e teste do olhinho positivo
Ouvidos:
● Avaliar forma, consistência, altura de implantação, presença de fístulas e apêndices
pré-auriculares), teste da orelhinha e reflexo cócleo-palpebral
Nariz:
● Verificar anatomia, sinais de esforços respiratórios e obstrução nasal.
Achados fisiológicos: espirros frequentes e obstrução nasal por excesso de líquidos da vida
intrauterina
Achado patológico: batimento de asas nasais
Boca:
● Inspeção das mucosas, úvula, palato, dentes, língua e lábios
Achados fisiológicos: pérolas de Epstein
Achados patológicos: palato em ogiva (sugestivo de algumas síndromes), fenda palatina,
fenda labial
TÓRAX
Aparelho respiratório:
Avaliar FR (variações de FR e FC são comuns)
● Ausculta com presença de MV, podendo ter estertores finos, crepitantes e roncos
Achados patológicos: gemido + retrações intercostais + FR >60 irpm (desconforto
respiratório), apneia (parada maior que 20s ou parada associada a cianose e bradicardia) e FR
<40 irpm
Aparelho cardiovascular:
● Ausculta com possível presença de sopros e arritmias até 48h de vida
● FC entre 120 e 160 bpm (variação dentro da normalidade: menor no sono e maior no
choro)
● Palpar pulsos periféricos (braquiais, femorais e radiais)
Achado patológico: pulsos femorais débeis ou ausentes sugerem coarctação da aorta e sopros
que persistem por mais de 48- 72h
ABDOME
Inspeção:
● Semigloboso e discretamente flácido
Achados patológicos: quando distendido ou globoso sugere obstrução e escavado sugere
hérnia diafragmática
Coto umbilical:
● Avaliar consistência e aspecto:
○ Primeiras 48h: gelatinoso, secando progressivamente
○ 3º a 4º dia: mumificação
○ 6º e 15º dia: queda
● Avaliar presença de 1 veia e 2 artérias
● Higiene com álcool 70% uma vez ao dia até a queda e cicatrização
Achados patológicos: onfalocele e gastrosquise
Palpação:
● Rins, baço e massas não palpáveis
● Fígado palpável de 1 a 2 cm do rebordo costal direito
Ausculta:
● Ruídos hidroaéreos presentes
Achados patológicos: RHA aumentados sugerem obstrução e diminuídos sugerem doença grave
Fezes:
● Eliminação de mecônio de até 24-36h de vida, seguida de eliminação de fezes
esverdeadas e liquefeitas chamadas de “fezes de transição”
GENITÁLIA
Sexo masculino:
● Pênis com 2 a 3 cm, glande não exposta e observar rafe peniana
● Bolsa escrotal rugosa no RN a termo, palpar a bolsa escrotal para verificar a presença
dos testículos, sensibilidade, consistência firme e parenquimatosa, tamanho testicular
de 1 cm
Achados patológicos: fimose (maioria dos RNs),genitália ambígua, torção testicular e assimetrias testiculares.
Testículos >1cm sugere hidrocele
Sexo feminino:
Observar hímen
● Observar orifício da uretra e da vagina
● Analisar tamanho do clitóris e dos grandes lábios
Achado fisiológico: saída de corrimento vaginal decorrente do estrógeno materno e
sangramento vaginal no 2º ou 3º dia de vida
Achados patológicos: hipertrofia do clitóris, genitália ambígua e fusão posterior dos grandes lábios
REGIÃO ANAL
DORSO
● Avaliar a linha média, buscar malformações da coluna vertebral e alterações do
fechamento do tubo neural
Achados patológicos: escoliose, fossetas, cisto pilonidal e espinha bífida (mielocele ou
mielomeningocele)
Ossos:
Pesquisa de displasia coxo-femural:
Manobra de Barlow e Ortolani
Achados patológicos: fratura da clavícula (crepitação local), displasia coxo-femural (click às
manobras de Barlow e Ortolani)
SISTEMA NERVOSO
● Avaliação somente após 12 horas de vida
Reflexos primitivos:
● Reflexão da sucção
○ Bebê começa a sugar com o toque no céu da boca
○ Desaparece por volta dos 3 meses
● Reflexo da preensão palmar e plantar
○ Os dedos se flexionam ao pressionar a palma da mão ou planta do pé do bebê
●Reflexo da marcha
○ Teste:
■ Segurar o bebê pelo tronco
■ Permitir que o bebê toque os pés em uma superfície plana
■ Inclinar o tronco do bebê para frente
○ Desaparece entre as 4ª e 8ª semanas de vida (1 a 2 meses)
● Reflexo da voracidade ou de busca
○ Ocorre quando o canto da boca do RN é tocado ou acariciado e o bebê vira a
cabeça em direção ao estímulo e abre a boca para seguir na direção do toque
○ Isso ajuda o bebê a encontrar o peito ou a mamadeira para começar a mamar
○ Desaparece por volta dos 4 meses
Reflexo da fuga à asfixia:
○ Quando colocado na posição prona eleva a cabeça mas ainda não a sustenta de
forma ativa e eficaz para função
○ Desaparece quando o bebê alcança a habilidade de sustentação da cabeça
Reflexo da propulsão ou reptação
○ Consiste no deslocamento para frente, quando o bebê é colocado de bruços e
tem apoio no dorso dos pés, ou seja, o RN tem o reflexo de rastejar quando
estimulado
○ O examinador pressiona a planta do pé do bebê com o polegar, fazendo com
que o bebê se estenda e rasteje
○ Desaparece em 3 meses
● Reflexo cutâneo-plantar ou Babinski
○ A resposta extensora à estimulação cutâneo-plantar
○ Positivo em RN porque o trato corticoespinhal ainda não está totalmente
mielinizado, assim, o córtex cerebral não inibe o reflexo.
○ A resposta extensora desaparece e dá lugar à resposta flexora por volta dos 12
a 18 meses de vida (1 ano a 1 ano e meio)
Reflexo de Moro
○ Desencadeado por um estímulo brusco, como bater palmas ou soltar os braços
semiestendidos do RN.
○ Ocorre extensão e abdução dos membros superiores, com a abertura das mãos
e, em seguida, flexão e adução dos braços, voltando à posição original.
○ Desaparece por volta dos 3 meses
Reflexo de Magnus-de-Klejin ou do Esgrimista ou Tônico-cervical assimétrico
○ Desencadeado por meio da rotação da cabeça do bebê:
■ O bebê está deitado de costas
■ A cabeça é virada para um lado
■ O braço do mesmo lado se estende para longe do corpo
■ O braço oposto se dobra no cotovelo
■ A mão do braço estendido fica aberta
■ A mão do braço dobrado fica fechada
○ Desaparece por volta de 3 a 4 meses
Reflexo cócleo-palpebral
○ Desencadeado por estímulo sonoro emitido a aproximadamente 30 cm da
criança ela deve piscar os olhos, em resposta
○ O estímulo deve ser realizado em ambas as orelhas, devendo ser obtido, no
máximo, em 2 a 3 tentativas
VALORES DE REFERÊNCIA
● FC: 120 a 160 bpm
● FR: 40 a 60 irpm
● Tax: 36,5 a 37,5ºC
● Perímetro cefálico: 33 a 35 cm
● Perímetro torácico: 30 a 33 cm
● Perímetro abdominal: 28 a 30 cm
TESTES DE TRIAGEM NEONATAL
Tais testes não são diagnósticos. Funcionam como ferramenta de rastreio.
pezinho
olhinho
linguinha
coracaozinho
orelhinha
TESTE DO PEZINHO
Coleta de sangue realizada no calcanhar dos recém-nascidos (entre o 3° e 5º dia, 48h após a
primeira amamentação) para identificação de doenças como fenilcetonúria, doença
falciforme, hipotireoidismo congênito, hiperplasia adrenal congênita e fibrose cística
TESTE DO CORAÇÃOZINHO
O teste de oximetria de pulso deve ser feito entre as 24h e 48h de vida do RN, é capaz de detectar precocemente a hipoxemia que caracteriza as cardiopatias críticas
Nesse teste é avaliada com um oxímetro a saturação do oxigênio que deve ser medida no
membro superior direito e em um dos membros inferiores do bebê. A saturação
periférica normal é igual ou maior a 95% em ambas as medidas (MS direito e MI) e a
diferença entre as duas medições deve ser igual ou menor que 4%.
**
Alterado → repete em 1h → mantém alterado → ecocardiografia
TESTE DA ORELHINHA
A triagem auditiva, feita no 1° mês de vida (preferencialmente antes da alta da
maternidade),sonda introduzida na orelhinha do bebê (emissões otoacústicasOEA). Qualquer perda na capacidade auditiva influencia no desenvolvimento da fala.
Avalia somente a surdez do tipo de condução.
**
Alteração → repete em 15 dias, pois pode ser devido ao excesso de secreção no conduto auditivo
TESTE DO OLHINHO
Teste do reflexo vermelho é feito ainda com o RN na maternidade. Ele consiste na projeção
de uma luz de um oftalmoscópio a 30 cm do olho do bebê, a qual deve ultrapassar as
estruturas transparentes atingindo a retina, causando a reflexão da luz e, assim, o reflexo
vermelho. Caso esteja algo impedindo a luz refletir, tem-se reflexo ausente, sendo
necessária a avaliação de um oftalmologista. Esse teste tem como objetivo rastrear
doenças como retinoblastoma, catarata congênita, glaucoma congênito, entre outras.
TESTE DA LINGUINHA
Avaliação do frênulo da língua em bebês, preferencialmente entre as 24h e 48h de vida do
RN.
Tem como objetivo identificar anquiloglossia
Essa alteração compromete a amamentação e fala.
Esse teste pode indicar a
frenectomia (corte no frênulo) ou não.