Estudos Epidemiológicos e Análise de Dados Flashcards
Qual a classificação dos estudos de acordo com o objetivo do estudo? Explique cada um.
Descritivo: investigam a frequência e distribuição de um agravo segundo características dessa população (relato de caso e série de casos). Analítico: investigam alguma associação entre possíveis FR e um agravo (caso-controle, coorte, …).
Qual a classificação dos estudos de acordo com os tipos de dados a serem analisados?
Individuado: cada variável é observada e registrada para CADA indivíduo. É possível distinguir indivíduos sadios e doentes. Agregado: as variáveis são registradas para um GRUPO de indivíduos. Estudam populações. Não é possível distinguir indivíduos sadios de doentes e expostos e não expostos.
Qual a classificação dos estudos de acordo com a posição do pesquisador?
Observacional: NÃO HÁ manipulação do fator em estudo, eu apenas observo. Intervenção: EXISTE manipulação, exercendo alguma manipulação sobre os participantes.
Qual a classificação dos estudos de acordo com a dimensão temporal?
Transversal: os dados são de um momento específico do tempo. É um RETRATO da situação. Longitudinal: há acompanhamento dos participantes ao longo do tempo. Podem ser prospectivos/concorrentes (parto do agravo antes de apresentarem o desfecho e acompanho até ocorrer o desfecho) ou retrospectivos/históricos/não concorrentes (parto da doença e analiso o histórico do indivíduo).
Imagem tipos de estudos.

O que são estudos observacionais e predominantemente descritivos?
São estudos que descrevem a ocorrência de um evento e suas características. São importantes quando eu não conheco muito sobre a frequência, HN ou determinantes de uma doença.
O que são estudos observacionais e predominantemente analíticos?
Avaliam se a ocorrência de um determinado evento é diferente entre expostos e não expostos a um determinado fator de risco. O objetivo é TESTAR HIPÓTESES DE CAUSALIDADE.
Qual a característica do estudo ecológico?
É um estudo agregado, observacional e transversal em que as medidas usadas são características de uma POPULAÇÃO. Ex: correlação entre mortalidade infantil e nível socioeconômico em várias cidades do Brasil. São rápidos, fáceis e baratos.
Qual a importância dos estudos ecológicos?
Eles ajudam a identificar fatores que merecem uma investigação mais detalhada, ou seja, GERAM UMA SUSPEITA. Ex: relação entre venda de cigarros per capita e mortalidade por doença CV motivou outros estudos a analisar essa possível relação.
Quais as principais limitações do estudo ecológico?
A relação entre o fator de exposição e o evento pode não estar ocorrendo no indivíduo, ou seja, não permite dizer que o indivíduo com a doença é o mais exposto (falácia ecológica).
Comente sobre os relatos e séries de casos.
Baseiam-se em um único paciente ou em um grupo de doentes, sendo usados para chamar a atenção para fatores que devem receber enfoque em outros estudos de maior poder discriminatório.
Qual a característica do estudo de prevalência/inquérico/seccional?
Avalia os indivíduos para a presença do fator de exposição e a doença em determinado momento.
Quais as limitações do estudo de inquérito?
Não permite eu concluir qual veio primeiro, a exposição ou o agravo, pois são avaliadas ao mesmo tempo; ruins para doenças raras; não permite avaliar incidência, mas apenas prevalência.
Quais vieses influenciam os estudos de inquérito?
Vieses de prevalência/incidência: efeito de duração da doença é confundido com um efeito na ocorrência dela. Ex: presença de tal gene em uma população com leucemia, mas na verdade esse gene determina menor mortalidade por leucemia, gerando confusão incialmente.
O que é o estudo de coorte?
É um estudo individuado, observacional e longitudinal em que eu seleciono um grupo de indivíduos expostos a determinado fator e acompanho eles para avaliar a aparição de uma enfermidade (posso ou não comparar com um grupo não exposto).
Quais as aplicações dos estudos de coorte? Quais as vantagens?
Podem ser usados para avaliar a incidência, fatores de risco, variáveis independentes e prognóstico de doenças, além de avaliar intervenções terapêuticas ou preventivas. São úteis para confirmar as suspeitas feitas nos estudos transversais. DEFINEM RISCOS.
Para quais doenças os estudos de coorte são úteis?
Úteis para doenças potencialmente fatais, pois estudar essas doenças de forma retrospectiva requer dados indiretos e que podem ser difíceis de obter ou potencialmente imprecisos.
Quais os principais problemas dos estudos de coorte?
Ruim para doenças RARAS, caro, necessidade de acompanhar por período suficientemente longo, sujeito a vieses (ex: de confusão) e perdas de seguimento (drop out)
O que é o estudo de caso-controle?
É um estudo individuado, observacional, longitudinal e RETROSPECTIVO em que eu parto do agravo para os fatores de risco retrospectivamente. É NECESSÁRIO TER UM GRUPO DE CASOS (com a doença) E UM GRUPO DE CONTROLES (sem a doença).
Qual atenção deve ser dada para a seleção do grupo controle?
Devem ser comparáveis ao grupo de casos, pertencendo a uma mesma população e com mesmas estruturas.
Quais as aplicações/vantagens dos estudos caso-controle?
Bons para doenças raras, mas apenas estimam riscos (não possuem tanto peso nisso quanto os estudos de coorte).
Quais os principais problemas dos estudos de caso-controle?
Vieses de seleção e na medição das variáveis (aferição), a fonte de pesquisa pode estar incompleta.
Explique o vies de seleção.
Para a conclusão ser válida, os grupos de caso e controle devem ser comparáveis, fazendo com que, se isso não for respeitado, possa haver o vies de seleção que confunda a conclusão. A seleção dos controles é a mais difícil e reveladora da qualidade do estudo.
Comente sobre a intervenção comunitária.
É um estudo experimental em que a intervenção ocorre na população (ex: redução de cárie em uma cidade em relação à outra em que foi adicionado fluor na água).
Comente sobre o ensaio acidental.
Um fator/agente aparece na população acidentalmente e observam-se as características. Ex: acompanhamento após a bomba de Hiroshima.
O que é o ensaio clínico randomizado?
É um estudo individuado, experimental e longitudinal em que é determinada a eficácia de uma determinada intervenção em doentes ou como profilaxia.
Comente sobre os ensaios: aberto, simples-cego, duplo-cego e triplo-cego.
Aberto: todos os participantes sabem quem é de cada grupo. Simples-cego: somente os participantes desconhecem de qual grupo são. Duplo-cego: nem os participantes nem os examinadores sabem quem é de cada grupo. Triplo-cego: além dos participantes e pesquisadores, outros profissionais que façam a análise também não sabem.
Como é feito o ensaio clínico randomizado?
Escolho uma população, separdo em 2 grupos de forma aleatória e metade irá receber a intervenção estudada e a outra metade receberá placebo/intervenção antiga.
Qual a relação do ensaio clínico randomizado com o estudo de coorte?
São extremamente semelhantes, variando pela presença da intervenção. Ou seja, ambos parte de um fator, são prospectivos e analíticos.
Por que os estudos experimentais são melhores que os observacionais?
Pois eles permitem um maior controle das variáveis por parte dos pesquisadores, garantindo maior isolamento de que aquele fator é o que realmente causou o efeito.
Quais efeitos podem alterar os resultados de um ensaio clínico que não ocorreram pela intervenção?
Efeito Hawthorn: alterações de comportamento dos participantes devido UNICAMENTE ao fato de estarem sendo seguidos. Efeito placebo: efeito que ocorre unicamente pela aplicação de uma intervenção semelhante mas que é um placebo.
Quais as desvantagens dos ensaios clínicos?
Problemas sociais, éticos e legais e são complexos, caros e demorados (pouco eficazes para doenças raras).
Como eu posso evitar os vieses de seleção e confusão e o vies de aferição/informação?
Os vieses de seleção e confusão eu posso evitar usando a randomização para seleção dos grupos placebo e intervenção e através da intenção de tratamento. O de aferição pode ser evitado ao mascarar o estudo (duplo-cego/triplo-cego).
Quais as características dos estudos de metanálise?
É analisado um conjunto de estudos/trabalhos e são apresentadas medidas que combinam os resultados. Apresenta um sumário com os pontos em comuns e as divergências entre os estudos.
Como é o gráfico da metanálise?
É o forest plot (gráfico em floresta). Quando as linhas horizontais cruzam a linha vertical, não há significância estatística. Quanto maior o quadrado, maior é a importância do estudo.

Quais as vantagens da metanálise?
Capacidade de sintetizar informações (diversos estudos em uma metanálise). São fáceis, rápidos e baratos.
Quais as desvantagens da metanálise?
Vieses de publicação (tendência para publicar resultados positivos e não publicar resultados negativos - não existência do efeito), limitação dos próprios estudos analisados
Comente sobre revisão sistemática.
É chamada qualitativa quando a informação obtida a partir dos estudos não é submetida à análise estatística e quantitativa ou METANÁLISE quando os trabalhos são submetidos a uma análise estatística.
Comente sobre as medidas de ocorrência.
Tem como objetivo medir a frequência de um determinado agravo, podendo ser a prevalência (estudos transversais) ou a incidência (coorte, ensaio clínico). Para caso-controle, essa medida não faz sentido e não é usada.
Qual o objetivo das medidas de associação?
Avaliar se existe uma relação entre o fator e o desfecho
Defina risco.
Probabilidade que pessoas sem a doença, mas expostas a certos fatores, tem de adquiri-la.
O que é o risco relativo/razão de risco (RR)?
É a razão entre os riscos ou incidências cumulativas dos indivíduos expostos e a dos não expostos. Quantas vezes mais provável são os indivíduos expostos virem a desenvolver a doença em relação aos não expostos?
Quais as interpretações do RR?
= 1 sem associação entre o fator e efeito; > 1 possibilidade de o fator ser de risco, pois a exposição aumentou a ocorrência da doença; < 1 possibilidade de o fator ser de proteção, pois a exposição diminuiu a ocorrência.
Por que na questão anterior foi escrito “possibilidade” ao invés de confirmar que é fator de risco ou de proteção?
Pois para confirmar dependerá do intervalo de confiança.
O que é o intervalo de confiança (IC)?
Ele nos dá a ideia de que se eu reproduzir o experimento cem vezes, em 95% o valor verdadeiro estará em um determinado intervalo, o IC.
Dê 2 exeplos das possíveis interpretações do IC.
RR de 4 com IC 95% (2,3-5,6). Como os valores do IC foram todos maiores que 1, posso inferir que é de fato um fator de risco. Porém com um RR de 4 com IC 95% (0,6-8,3), eu nao posso usar isso em meu cotidiano, pois o fator se comportou como protetor, como risco e sem alteração, fazendo com que esse estudo não possa ser levado em consideração.
Qual a relação da magnitude do IC e a precisão do estudo?
Quanto mais estreito for o IC, mais confiança/precisão tem a pesquisa, pois provavelmente esse estudo foi feito com uma amostra grande.
Comente brevemente sobre o Odds Ratio (OR).
Mesma interpretação do RR e usado principalmente em caso-controle. É a razão dos produtos cruzados, sendo uma estimativa do risco relativo.
Comente sobre o risco atribuível ao fator (RAf ou RA).
Corresponde à diferença de riscos entre os indivíduos expostos e os não expostos. Responde à questão: qual é o risco (incidência cumulativa) adicional de vir a desenvolver a doença pela exposição ao fator? RA = IE - INE (%). Posso interpretar da seguinte forma um RA = 12% e IE de 14%: dos 14 casos do agravo que ocorrerão em cada 100 expostos, 12 se dão pelo fator.
Comente sobre o risco atribuível na população (RAP%).
É uma medida de impacto e de estimativa da “quantidade da doença” em uma população que é unicamente atribuível à exposição ao fator. Pode ser interpretado como quanto da doença poderia ser evitado caso eliminado o fator. RAP% (p/ coorte) = (IN - INE)/IN, em que IN é a incidência global. Um RAP% de 77% pode ser interpretado como: se os expostos deixarem de se exporem, haverá uma redução de 77% do desfecho na população.
Comente sobre a razão de prevalência.
Estima quantas vezes mais doentes estão expostos quando comparados aos não expostos. RP = Pe/Pne.
Como usar as medidas de associação nos estudos?
Devo montar SEMPRE uma tabela da seguinte forma:

Quais as medidas de associação usadas nos estudos de coorte?
RR = IE/INE. RA = IE - INE (%). RAP% = (IN - INE)/IN.
Quais as medidas de associação usadas nos estudos de caso-controle?
OR = ad/bc.
Quais as medidas de associação usadas nos estudos transversais?
Razão de prevalência (RP = PE/PNE). Prevalência nos expostos (PE) e prevalência nos não expostos (PNE).
Quais as medidas de associação usadas nos ensaios clínicos?
RR = IE/IC. RRR (redução do RR) = 1 - RR. Redução do risco absoluto (RRA ou RAR) = IC - IE (%). NNT (n° necessário para tratar) = 1/RAR. Pode haver também: Aumento do RR, Aumento do RA e n° necessário ao dano, quando a intervenção aumenta o risco do desfecho.
Qual a interpretração do RRR?
Um RRR de 25% significa que o novo tto reduziu o risco de morrer em 25% com relação ao que ocorre no grupo controle. Quanto maior o RRR, maior a eficácia no tto.
Qual a interpretação do NNT?
Indica se o benefício oferecido pela intervenção compensa o esforço e custo dela. É o n° de pacientes que precisam ser tratados pela intervenção para que 1 se beneficie.
Qual o objetivo das medidas de significância estatística?
Responder qual é a chance de que a associação entre uma exposição e um desfecho se deva ao acaso.
Quais condições devem ser afastadas para garantirmos que uma associação seja válida?
Erro aleatório (acaso), erro sistemático (vieses) e confundimento.
O que é o acaso e qual a importância dele em um estudo?
Ele ocorre por uma variação aleatória, sendo necessário ser mensurado para eu verificar se o que eu encontrei como resultado foi pelo acaso ou por uma associação verdadeira.
O erro aleatório está relacionado ao tamanho da amostra, quanto menor, maior o erro aleatório.
Como calcular o acaso? Como interpretar os valores?
Através do p valor e os IC. Caso o acaso contribua com mais de 5% dos eventos (ou seja, p valor > 0,05 e IC < 95%), eu não posso confiar nesse estudo, pois o acaso que promoveu essa diferença de resultado entre o grupo exposto e o não exposto.
Por que ocorrem os vieses?
Por erros no desenho ou na condução dos estudos.
Defina os tipos de vieses à seguir: seleção, autosseleção e do trabalhador saudável.
Seleção: a amosta da pop escolhida não é representativa da população exposta ao risco. Autosseleção: ocorre quadno os indivíduos com maior probabilidade de apresentar a doença são os que mais se oferecem para participar do estudo. Do trabalhador saudável: ocorre quando apenas trabalhadores empregados são elegíveis para um estudo.
Defina os tipos de vieses à seguir: de Berkson, perda seletiva de seguimento e de sobrevida seletiva.
De Berkson: maior probabilidade de hospitalização entre pacientes com mais de uma condição clínica (eg, exposição e doença) quando comparados aos pacientes com apenas alguma das condições (os pacientes com os dois são mais selecionados para os estudos). Perda seletiva de seguimento: drop out de indivíduos com probabilidades diferentes de adoecerem. Sobrevida seletiva: exclusão dos casos que já morreram antes de o estudo ser realizado (transversais).
Defina os tipos de vieses à seguir: de detecção, de temporalidade, de informação e de memória.
Detecção: os indivíduos expostos são mais investigados. Temporalidade: a doença modifica a exposição em estudo. Informação: erros na mensuração ou aferição da exposição ou do desfecho. Memória: estudos retrospectivos.