Estômago Flashcards
Produção de ácido no Estômago
- Ácido é produzido pelas células Parietais no Fundo Gástrico através de 3 vias:
- Via da Gastrina: Antro → células G → Gastrina → estimula secreção ácida pelas células parietais (Bomba de H+) no fundo gástrico
- Antro → células D → produz somatostatina que Desestimula e inibe Gastrina → ↓ produção ácida
- Via do Nervo Vago: libera Ach (visão, alimento, olfato, paladar) com ação nos receptores muscarínicos
- Vida da Histamina: céls Enterocromafim (ECL) com ação parácrina.
Mecanismos de Proteção Gástrica contra o ácido
*Barreira mucosa gástrica é comporsta por:
- Muco espesso (produzido pelas céls faveolares e degradado pela pepsina, e diminuido por AINE e N-acetilcisteína)
- HCO3- (pH >7)
- ↑ Renovação celular
- ↑ Fluxo sanguíneo
- PROSTAGLANDINAS: mediador p/ estimulação de todas acima (gerado pelo ác. araquidônico pela ação da COX1)
- Óxido Nítrico: citoprotetor e estimulador
Doença ulcerosa péptica (DUP)
- Lesão na mucosa gástrica ou duodenal ≥0,5 cm (e outros locais atípicos do TGI)
- Ocorre devido ↑ fatores de agressão (em relação aos de proteção)
- 1 Agentes FACILITADORES: Helicobacter pylori e AINEs (e o tabagismo)
- A incidência está diminuindo devido erradicação do H.pylori e novas drogas
Doença ulcerosa péptica (DUP)
- 1ª causa mais comum: H. pylori
- 2ª causa: AINEs
- Ocorre mais em ♂
- UD são mais frequentes que as gástrica
- Mais em jovens entre 20-50 anos
- UD: 95% tem relação com H. pylori
- UD: 5-10% causada por AINE
- UG em mais velhos com 60 anos
- UG: 70-80% se relaciona com H. pylori
- UG: 20-30% por AINE
- Erradicação da H. pylori ↓ evolução e recidiva da DUP
Estômago
- Divisão: cárdia (complexo esfincterino), fundo, corpo, antro e piloro (complexo esfincteriano)
- Mucosa com epitélio coluna com invaginações (fossetas gástricaS)
- Corpo e fundo: secreção muco (céls foveolares) e bicarbonato
- Corpo e Fundo (glândulas oxínticas): células parietais ou oxíntica que secretam HCl e Fator intrínseco
- células principais que secretam pepsinogênio convertida pelo HCL em pepsina
Produção de ácido no Estômago
- pH alcalino intraluminal estimula secreção de gastrina
- Gastrina tem efeito trófico nas céls parietais e ECL (via histamina)
- Ach e histamina contribuem para secreção ácida basal
- Céls parietais tem ritmo circadiano: maior produção a noite e menor nas 1as horas da manhã
- Distensão e alimento no estômago estimula liberação de gastrina e ácido
Mecanismo de ação da H. pylori na DUP
- Infecção do antro (HIPERcloridria): maior ação na cél. D (↓ somatostatina → ↑ gastrina → ↑ ácido)
- Infeccção disseminada por todo estômago e nas células parietais (HIPOcloridria e ↓ barreira)
Helicobacter pylori
- Bactéria gram-negativa helicoidal, móvel e com 4-6 flagelos na extremidade
- Coloniza APENAS mucosa gástrica e tem grande afinidade com céls produtoras de muco (antro)
- Urease é a principal enzima da bactéria que produz meio alcalino a sua volta para neutralizar acidez do lúmen
- Único reservatório e principal fonte de transmissão são os HUMANOS
- Maior risco de contaminação na infância
Infecção pelo H. pylori
- Acomete igualmente homens e mulheres
- FR: > idade, baixo nível socioecômico, más condições d emoradia e baixo grau de instrução
- Transmissão de pessoa a pessoa por via oral-oral, gastro-oral ou fecal-oral
- É a infecção MAIS COMUM do mundo
Infecção pelo H. pylori - Doenças relacionadas
- Gastrite superficial aguda
- Gastrite crônica ativa de antro
- Gastrite ou pangastrite atrófica ou não atrófica
- Adencarcinoma gástrico
- Linfoma gástrico MALT
- Úlceras pépticas gástricas e duodenais
Infecção pelo H. pylori
- Apenas 15% dos infectado desenvolver DUP
- Fatores de virulência: cagA (citotoxinas), vacA (citotoxina vacuolizante), babA (aderência bacteriana) e OipA
- UREASE: converte ureia (frequente no conteúdo gástrico) em bicarbonato e amônia (tóxica p/ céls epiteliais) e neutralizam ambiente ácido do estômago
- Geralmente adquirida na infância
Úlcera Duodenal - Patogênese
- H. pylori infecta cronicamente mucosa antra e inibe céls D produtoras de somatostatina (reponsável por inibir secreção de gastrina)
- Causa HIPERcloridria e o duodeno recebe maior secreção de HCl induzindo metaplasia gástrica (oxíntico) no bulbo duodenal
- Isso permite infecção do bulbo pela H. pylori causando duodenite e úlcera,
- H. pylori também inibe produção de HCO3- pela mucosa duodenal
Úlcera Gástrica - Patogênese e Classificação de Johnson
*Tipo II e III tem gênese = UD
de hipercloridria
*Tipo I e IV gênese na normo ou hipocloridria
- Tipo I: úlcera da pequena curvatura (55-60%) dos casos (no meio) → relacionada à HIPOcloridria ou normocloridria
- Tipo II: úlcera do corpo gástrico associada à úlcera duodenal (meio e bulbo) → relacionada à hipercloridria
- Tipo III: úlcera pré-pilórica → relacionada à hipercloridria
- Tipo IV: úlcera da pequena curvatura, parte alta, próximo à junção gastroesofágica (em cima) → relacionada à HIPOcloridria
Mecanismo de ação dos AINEs na DUP
- UG: 20-30% por AINE
- UD: 5-10% por AINE
- Inibição da COX 1 e 2
- COX 1: estimula produção de prostaglandinas (principal fator da barreira de proteção da mucosa gástrica)
- COX 2: causa inflamação
- Inibidores seletivos de COX 2: por ser expressa no entolétio é essencial p/ saúde vascular
Risco de DUP com uso crônico de AINE
- Idade >60 anos
- Hx prévia de DUP
- Uso concomitante de glicocorticóides
- Uso concomitante de AAS em baixas doses
- Uso de altas doses de AINE
- Presença de comorbidades importantes (IRC, cirrose hepática)
Outras condições associadas à DUP
Fatores de risco facilitadores
- Principal: H. pylori
- 2ª mais comum: AINEs
- Tabagismo: maior risco de evolução, recidiva, prejuízo à resposta terapêutica e maior complicações
- Genética: 3x masi comum em 1º grau
- DPOC, IRC, nefrolitíase, def. a-1-antitripsina e mastocitose sistêmica
- Bifosfonatos, micofenolato, clopidogrel, cloreto de potássio, QT/RT, afetaminas, cocaína, crack
- Sd. Zollinger-Ellison
Manifestação Clínica da DUP
*Sd. dispéptica engloba qualquer sintoma desconfortável referido no epigastro
- DISPEPSIA: AZIA (queimação epigástrica), plenitude, saciedade precoce, desconforto
- EPIGASTRALGIA:
- DUG: com alimentação e pode ter perda de peso e náusea
- DUD: 2-3h após alimentação pode irradiar p/ dorso e eventualmente acordam à noite (pico de secreção ácida por descarga vagal
Conceitos importantes da DUP
- Úlceras duodenais são mais prevalentes que gástricas
- Maioria das úlceras que PERFURAM estão na parede ANTERIOR do bulbo duodenal
- Maioria das úlceras que SANGRAM está situada na parede POSTERIOR do bulbo (próximo à art. gastroduodenal)
- A localização MAIS COMUM das UG é a pequena curvatura do estômago
Úlcera penetrante ou úlcera terebrante
Úlcera que perfura e é contida ou “tamponada” por órgãos adjacentes
Diagnóstico da DUP
- Jovens e sem sinal de alarme (disfagia, anemia, vômitos, emagrecimento): por presunção (não precisa de EDA)
- > 45 anos ou sinal de alarme: EDA (PADRÂO-OURO)
- Se gástrica: BIÓPSIA sendo que 1-6% são malignas (não precisa na duodenal)
- Seriografia Esôfago-Estômago-Duodeno (SEED): quando não há EDA disponível
Investigação do H. pylori - Testes invasivos (por EDA)
*Sempre investigar H. pylori na dispepsia
- Teste rápido da urease do fragmento biopsiado: método de escolha quando sumetidos à EDA (suspende IBP 1 sem antes) tem melhor sensibilidade e especificidade
- Histopatologia
- Cultura
Investigação do H. pylori - Testes não invasivos
- Sorologia (ELISA): pode dar o diagnóstico mas NUNCA usado no controle da cura (IgG)
- Teste respiratório da urease (TRU): teste de eleição para controle da cura, mas só é feito após 4 sem do término do tratamento e após 2 sem do término do IBP
- Pesquisa do antígeno fecal
Tratamento DUP
- Terapia de antissecreção ácida por 4-8 semanas
- IBP (omeprazol 20mg, esomeprazol 40 mg, pantoprazol 40 mg): Padrão-Ouro
- Início de ação rápido com efeito inibitório máximo em 2-6 horas e retorno após 7-14 dias de suspensão
- Associado a PNM, Fx quadril (má absorção Cálcio, Clostridium difficile/colite pseudomembranosa)
- Bloqueadores H2 por 4-8 sem
- Antiácidos (2ª linha*)
Informaões sobre BH2 e antiácidos
- BH2: 1ª linha da DUP, não deve ser tomado junto com antiácidos (interferem)
- Deve ser ajustado na IRC (via de eliminação)
- São inibidores da desidrogenease alcoólica gástrica deixando sensíveis ao álcool
- Cimetidina 800mg, ranitidina 300 mg, famotidina 40 mg
- Antiácidos: hidróxido de alumínio* (constipante) e de magnésio (laxante), bicarbonato de sódio e carbonato de cálcio
- Devem ser tomados uma hora após as refeições e ao deitar
- Sucralfato (2ª linha): protetor da base da úlcera
Indicações para erradicar o H. pylori
- Úlcera Péptica (↓ recidiva)
- Linfoma MALT (regressão)
- DISPEPSIA não ulcerosa (“funcional”) e Sd. dispéptica sem indicação de EDA
- Lesões pré-neoplásicas (gastrite atrófica e metaplasia intestinal)
- Hx de Ca gástrico em parentes 1º grau
- Após TTO de adenocarcinoma gástrico
- Usuários crônicos de AINE ou AAS
- PTI
- Screening em assintomáticos com paíse com alta incidência de Ca gástrico (Japão, China e Coreia)
Tratamento do H. pylori (CAO)
- Atualmente no BR por 14 dias
- Claritromicina 500 mg 2x/dia por 14 dias
- Amoxicilina 1g 2x/dia por 14 dias (se alergia Furazolidona 200 mg 2x/dia e nos EUA usam Metronidazol 500 mg 12/12h)
- Omeprazol 20 mg 2x/dia por 14 dias + 4-8 semanas se DUP (ou outro IBP com dose equivalente)
Tratamento do H. pylori (CAO)
- Controle da cura: teste respiratório da urease (TRU)
- Se falha em erradicar:
- Tto de regaste: Omeprazol 20 mg 2x/d + levofloxacino 500 1x/dia + amoxicilina 1 g 12/12h (ou furazolidona) por 10 dias
- Tto de regaste adicional (3ª linha): omeprazol 20 mg 12/12h + Sal de bismuto 240 mg 12/12h + amoxicilina 1g 12/12h ou doxiciclina 100 mg 12/12h + furazolidona 200 mg 12/12h por 10-14 dias
- Após erradicação do HP a recidiva de úlcera cai de 60-70% para <10%
- A recorrência pelo HP é INCOMUM
Controle da CURA da DUP
- H. pylori: avaliar presença (TRU) ≥4 semanas após término do tto e não usar sorologia
- Úlcera gástrica: nova EDA
Indicações do tratamento CIRÚRGICO
- Irritabilidade clínica: não cicatrização da úlcera após 8-12 sem
- Presença de complicações: hemorragia refratária, perfuração/pneumoperitônio e obstrução
- Úlcera refratária: erradicação do HP confirmada e uso de AINE afastado (e malignidade nas gástricas), e solicitação de gastrina sérica em jejum ou teste de estimulação da secretina (Sd. Zollinger-Ellison/gastrinoma)
- No TTO cirúrgico das complicações atualmente visa limitar o procedimento à resolução de complicações evitando o TTO definitivo da úlcera
Classificação de Johnson
- HIPERCLORIDRIA
- duodenal (sempre hipercloridria);
- Gástrica II (corpo e associada ao duodeno)
- Gástrica III (pré-pilórica)
- HIPOCLORIDRIA:
- Gástrica I (pequena curvatura baixa próximo ao piloro)
- Gástrica IV (pequena curvatura alta próximo à cárdia)
Cirurgias para DIMINUIR acidez
- Vagotomia : interrupção da estimulação das céls parietais pela Ach
- Antrectomia: interrupção da estimulação das céls parietais pela gastrina
Formas da Vagotomia
- Troncular: secção dos troncos vagais anterior (ramo hepático-biliar) e posterior (ramo celíaco) + Piloroplastia ou Antrectomia
- Superseletiva: preserva inervação vagal do antro e piloro cortando só as do fundo e corpo gástrico (nervos de Latarjet)
- Seletiva: remove toda invervação gástrica e poupa os demais órgãos abdominais, não traz benefícios em relação a troncular e é mais trabalhosa (não é mais usada)
Vagotomia Troncular + Piroloplastia de Heinecke-Mikulicz
Piloroplastia: evita o esvaziamento rápido de líquidos e retardo de sólidos/ estase gástrica
- Deve ser feita pois o piloro é inervado/controlado pelo vago perdendo sua função esfinceteriana
- Pode causar uma Gastrite alcalina ou biliar (refluxo bile e suco pancreático p/ estômago)
- Síndrome de dumping: esvaziamento acelerado de sólidos (conteúdo hiperosmolar do estômago atinja diretamento intestino proximal)
- Depende da força da gravidade para esvaziar estômago então é mais rápido na posição ereta do que na supina
Vagotomia Troncular com Antrectomia (reconstrução do trânsito)
- Cirurgia com MENOR taxa de recidiva da úlcera (1%)
- Opção à piloroplastia com retirada de todo antro e do piloro
- É necessário RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO (BILLROTH)
Vagotomia Troncular com Antrectomia (reconstrução do trânsito) - Billroth I e II
- Billroth I (BI): Gastroduodenostomia → mais lógico
- Anastomose do estômago remanescente ao duodeno
- Feita geralemnte quando tem úlcera duodenal apenas
- Billroth II (BII): Gastrojejunostomia + alça aferente
- Gastrectomia mais alta em que o duodeno não alcança o estômago sendo então fechado sozinho e o estômago é ligado ao jejuno
- 25% pode ter Sd. Sumping
Vagotomia Superseletiva (Vagotomia gástrica poximal ou de céls parietais) e Comentários
- Desconexão dos nervos de Latarjet da pequena curvatura do estômago
- Nervo criminal de Grassi: próximo da junção esofagogástrica (posteriomente) cuja preservação predispões a recorrência
- É mais segura e livre de efeitos colaterais e o que mias preserva anatomia/ fisiologia gástrica
Tratamento Cx da Úlcera Duodenal
- Sem deformidade no bulbo: Vagotomia Superseletiva (preserva mais e a mais indicada)
- Bulbo deformado: Vagotomia troncular + Antrectomia
- Emergência: Vagotomia Troncular + Piroloplastia (mais rápida)
Tratamento Cx da UD e UG
- Hipercloridria: Vagotomia +/- Antrectomia
- Se gástrica: retirar a úlcera (câncer?) com margem de segurança (fazer alguma gastrectomia)
- *Se hipotensão e úlcera perfurada = laparotomia direto (não faz EDA pois a insuflação de gás pode piorar a perfuração)