Doenças infecciosas Flashcards
Quais são as condicionantes da suscetipibilidade a uma infeção?
- Diferentes repertórios de células T;
- Diferentes MHC;
- Diferente capacidade de apresentação antigénica;
=> Isto implica diferentes capacidades de resposta a uma infeção
Quais as infeções mais comuns, em termos de virulência e suscetibilidade?
As menos virulentas e menos suscetíveis
O que é preciso para estabelecer colónias?
Ultrapassar barreiras
Após entrada e invasão do microorganismo
- O organismo hospedeiro percebe se consegue ou não ultrapassar aquela ação e se consegue sobrepor-se ao agente infeccioso;
- Quando o microorganismo se consegue estabelecer, há todo um processo de resposta => inata e adaptativa
De que depende o desenvolvimento de uma infeção?
Interação entre microorganismo e hospedeiro:
- Entrada do microorganismo;
- Invasão e colonização dos tecidos:
º Fuga ao controlo imunitário do hospedeiro;
º Lesão tecidular ou alteração funcional;
Quais os possíveis locais de entrada da infeção?
=> É nestes locais que se vão estabelecer os mecanismos de defesa! Mucosas: - Via aérea; - Trato GI; - Trato reprodutor; Epitélio externo: - Superfície externa; - Feridas e abrasões; - Mordidas de insetos;
Como responde o organismo à infeção?
a) Inicialmente: mecanismos de imunidade inata (barreiras);
b) A longo prazo: resposta depende da imunidade adquirida
Imunidade inata
Primeira linha de defesa contra microorganismos;
Papel crucial:
- No reconhecimento inicial da infeção:
a) Despoleta resposta inflamatória;
b) Controla ou elimina infeção;
c) Influencia e controla imunidade adaptativa;
- No reconhecimento de células lesadas:
a) Exprimem heat shock proteins, fosfolípidos alterados
=> Vias são partilhadas por citocinas de imunidade inata
NEMO, IKBA, IRAK4
Genes da imunidade inata;
A sua mutação implica alterações nos fatores de crescimento, com output negativo
Imunidade Adaptativa
Vão completar de modo específico o que se inicia na resposta inata;
Elimina microorganismos numa fase tardia da infeção;
Há memória imunológica;
Vão ter diferentes mecanismos conforme o agente que combatem:
- Bactérias extracelulares: Th estimula célula B, com neutralização e opsonização da bactéria e ativação do complemento;
- Bactérias intracelulares: APC apresenta bactéria à Th (HLA II), que leva à ativação macrofágica, com fagocitose e morte da bactéria;
- Vírus: HLA I apresenta o péptido viral à T CD8, o que culmina na morte da célula infetada pelo vírus (por ação das CD8 e NK)
Formas do microorganismo atuar no hospedeiro
EFEITO DIRETO: - Produção de exotoxinas; - Endotoxinas; - Efeito citopático direto; EFEITO INDIRETO: - Imunocomplexos; - Anticorpos anti hospedeiro; - Imunidade celular;
Mimetismo molecular
Há regulação da resposta e bloqueio da saída de autoanticorpos, mas se houver um vírus que estabelece uma molécula muito próxima do self, pode haver ativação com produção de autoanticorpos => DOENÇA AUTOIMUNE => ex: diabetes mellitus tipo I (não está totalmente provado)
Mecanismos de evasão dos microorganismos
Diminuição da antigenicidade;
Expressão de antigénios semelhantes aos do hospedeiro;
Regulação/inibição da RI;
Variabilidade das moléculas expressas à superfície
Resposta imune a infeções virais
Vírus passa maior pare do tempo intracelular => resposta mediada por NK (1º) e células T CD8;
IFN tipo I (alfa e beta):
- Qualquer célula os pode secretar;
- Potenciam ativação das NK;
- Aumentam expressão MHC I;
- Aumentam apresentação antigénica;
- Limitam a replicação viral por via JAK STAT => inibe síntese proteica;
IMUNIDADE INATA:
- Indução da produção de IFN tipo I;
- Ativação das células NK (recebe input de IFN tipo 2 [gamma]);
IMUNIDADE ADAPTATIVA:
- Neutralização por anticorpos;
- Resposta mediada por células: Reconhecimento via MHC I, que estimula a célula a desgranular, o que leva a uma reorientação do citoesqueleto para atuar na célula alvo com perforinas e granzimas
Vacinação anti vírica
O príncipio é criar anticorpos que se liguem à hemaglutinina
Quais as técnicas que utilizam anticorpos para diagnóstico de infeção?
=> Permitem distinguir carácter agudo vs. crónico
Imunohistoquímica;
ELISA;
EIA;
Como se medem as cargas virais?
PCR
Se as células NK tiverem algum problema, há algum mecanismo de compensação?
SIM:
- ADCC
Mecanismos de evasão dos vírus
Bloqueio da ação de IFN tipo I por inibição de enzimas;
Inibição das TAP no processamento do antigénio;
Diminuição da expressão de MHC I e MHC II nas células infetadas;
Proteínas que se ligam a fatores do complemento, inibindo as vias de ativação;
Mutação dos antigénios da membrana;
Imunosupressão;
Latência;
Bloqueio da ação das IFN tipo I
Mecanismo de evasão vírica;
Há inibição da via JAK STAT => Há inibição da inibição da síntese proteica, logo HÁ SÍNTESE PROTEICA VIRAL
Inibição das TAP
Mecanismo de evasão vírica;
TAP são canais que permitem passagem de péptidos do citosol para retículo;
Vírus como CMV e HSV usam este mecanismo;
Proteínas que se ligam a fatores do complemento
Mecanismo de evasão vírica;
HSV produz proteína que se liga a C3b => Bloqueio da ativação das TRÊS vias
Variação antigénica (antigenic drift)
Mecanismo de evasão vírica;
Vírus têm elevada capacidade de mutação;
Sofrem pequenas mutações, originando novas estirpes;
Assim, é possível prever estirpe dominante dos anos seguintes => mecanismo da vacina da gripe sazonal (por isso não são 100% eficazes);
Salto antigénico (antigenic shift)
Mecanismo de evasão vírica;
Troca de informação genética entre estirpes de espécies diferentes, originando uma nova estirpe mais virulenta,;
Tem maior impacto que uma só mutação;
- Uma só célula infetada origina milhares de partículas virais => elevada taxa de replicação, com maior probabilidade de mutação (HIV é exemplo máximo de hipermutabilidade)
Ex: influenza
Imunosupressão por infeção direta das células imunitárias ou desequílibrio na produção de citocinas
Mecanismo de evasão vírica;
Causa inibição da resposta imune;
Ex: HIV => infeta células T CD4+ => cél. Th são destruídas, com diminuição da resposta imune => Infeção crónica
º HIV tem tropismo seletivo para CD4
NÃO É EXCLUSIVO DE HIV:
[Cél. Treg fazem down regulation da resposta imune através da libertação de IL-10 e TGF beta] => EBV consegue produzir BCRF1 (homóloga da IL-10)
Latência
Mecanismo de evasão vírica;
Ex:
- HSV => fica latente nos nervos sensoriais do gânglio trigeminal que controlam a área afetada, recidivando com stress, imunosupressão ou radiação;
Não se cura orque durante o tempo de latência “esconde-se” em zonas com proteção imune (não conseguimos atacar)
Resposta imune a infeções bacterianas
Depende se forem intra ou extracelular
Resposta imune a infeções bacterianas - Extracelular
Grande parte da resposta é assumida por fagocitose e neutralização de Acs;
Há intervenção de:
a) Células B: produção de anticorpos;
b) Células dendríticas: apresenta antigénios às Th para melhorar resposta inflamatória
Resposta imune a infeções bacterianas - Intracelular
- Resposta + complexa;
- Altamente resistentes => têm capacidade de sobreviver dentro das células fagocíticas, através da formação de GRANULOMAS
- Há apresentação antigénica pelas células dendríticas às células T CD4+, que ativam diferentes vias para induzir inflamação, ativação macrofágica e resposta de anticorpos
Ex: Mycobacteria (em imunocomprometidos dá infeções atípicas)
Patogenia das bactérias extracelulares
Causam resposta inflamatória localizada;
Produzem toxinas:
- Toxinas bacterianas => endo ou exotoxinas;
Ação das toxinas:
- Citotóxica;
- Outras (ex: toxina diftérica inibe síntese proteica)
Igs de resposta rápida às infeções bacterianas
IgA = nas mucosas; IgM = reage com polissacáridos da membrana e ativa complemento e fagocitose;
Presença de cápsula nas bactérias
Limita fagocitose e ativação do complemento
Granulomas
O seu objetivo é conter a infeção;
A ativação de macrófagos e a sustentação do granuloma são feitas por células T CD4+
Patogenia das bactérias intracelulares
Tendem a induzir reações tipo IV (mediadas por células)
Geralmente a sua patogenicidade é devida à resposta inflamatória que se estabelece contra a infeção
=> Perfil Th1
Há produção de citocinas próinflamatórias => IL-1, IL-6 e TNF (febre, vasodilatação e aumento das proteínas de fase aguda)
Há produção de:
- IL-8 => quimioatração;
- IL-12 => ativa NK e induz diferenciação Th1 (crucial para formação granuloma);
- Prostaglandinas, radicais oxigénio, NO;
Há inibição das Treg para não haver supressão da resposta e disseminação do granuloma;
Falha na estrutura do granuloma
Disseminação e novos focos de infeção => pode acontecer por:
- Défice IFN gamma;
- Défice IL-12;
- Défice recetores;
- Falhas na sinalização da via STAT-1;
Mecanismos de evasão das bactérias
Gram negativas - pili (não há adesão molecular);
Produção de proteases para clivar IgA;
Alteração de antigénios de superfície (S. pneumoniae);
Cápsulas para evitar fagocitose;
Secreção de hialorunidase para aumentar a invasão;
Resistência à ação/ligação do complemento (Pseudomonas);
Sobrevivência no interior das células;
Resistência à ação/ligação do complemento
Mecanismo de evasão bacteriano; Através: - Cápsula; - Clivagem; - Expressão de moléculas de superfície que impedem acoplagem do MAC ou C3b; Ex: Pseudomonas
M. tuberculosis
Sobrevive no interior das células => Granuloma;
Após contágio, há 3 opções:
a) Cura espontânea (rara);
b) Doença aguda (imunocompromisso);
c) Latência (granuloma com possibilidade de reativação em contexto de imunosupressão ou coinfeção)
Resposta imune a parasitas
Há 2 tipos de parasitas: helmintas (maiores) e protozoários
Resposta imune a protozoários
Reconhecimento por anticorpos => ADCC associado a células NK e Tc;
- Pode gerar padrões moleculares e captação destes pelas células dendríticas => ajuda ao reconhecimento
Ex: malária => maior dificuldade por não reconhecer todos os elementos do ciclo de vida (só reconhece esporozoito)
Ciclo de vida - malária
P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malariae
- Mosquito liberta esporozoitos na circulação do hospedeiro, que são direcionados ao fígado, onde passam a merozoitos, que depois se acoplam aos eritrócitos e, aí, transformam-se em gametócitos (daí o diagnóstico ser feito em esfregaço de sangue periférico), que se reproduzem
Mecanismos de evasão dos protozoários
a) Várias formas ao longo do ciclo de vida, com variabilidade na expressão de moléculas de superfície;
b) O estadio mais acessível ao sistema imune só circula na corrente sanguínea durante cerca de trinta minutos;
c) Fases intracelulares reduzem grau de ativação imune (proliferação protegida) => “escapam” à apresentação;
d) Mesmo quando o sistema imune produz anticorpos contra o esporozoito, este deixa de produzir a proteína CS que o envolve (tornam-se ineficazes);
Trypanosoma brucei
Doença do sono africana;
Capacidade de shift antigénico = principal mecanismo de evasão;
Resposta imune a infeção por helmintas
- Desigualdade de tamanho ainda maior;
- Contacto inicial com estruturas larvares, que dão origem a formas adultas vísiveis a olho nu;
- Interagem com mediadores fortes, capazes de interações mais complexas;
- Resposta tem shift para Th2, potenciado por agentes do próprio parasita
Mecanismos de evasão de helmintas
- Estrutura de ovo;
- Segmentação => zona inicial agarrada à parede do intestino;
- O próprio shift para Th2 pode ser visto como mecanismo de evasão (não está totalmente provado);
- Cobertura do parasita por Ags do hospedeiro como Ag do sistema AB0 e do complexo MHC [camuflagem];
- Variação antigénica (Trypanosoma, Plasmodium);
- Resistência ao complemento e à ação das células Tc (Schistosoma);
- Inibição da resposta imune do hospedeiro (Filaria, Trypanosoma)
Resposta imune a fungos
- Não são tipicamente agentes de infeção => algumas estirpes causam infeção grave em contexto de imunosupressão;
- Próprio fungo tem partículas que são reconhecidas por TLRs e outros que induzem shift para Th2;
- Th1 e Th17 => CLEARANCE fúngica;
- Th2 e Treg => INIBEM resposta imune;
Mecanismos de evasão dos fungos
- Produção de cápsulas (C. neoformans), evitando o reconhecimento por PPRs [ex: esporulação das hifa da Candida confere-lhes proteção];
- Expulsão dos fungos pelos macrófagos, sem morte celular => Cavalo de Tróia (ex: Cryptococcus, que, se libertado no SNC, origina meningite);
- Camuflagem e evasão ao reconhecimento pelo SI
- Inibição de corecetores;
- Capacidade de modular resposta das células T (shift para Th2)