Doenças ID e IG - Matéria 2º teste Flashcards
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
- Doença inflamatória crónica que tem, geralmente uma causa imunomediada. Não se sabe a origem, apesar de ser uma doença é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, imunes e ambientais (podem ser contemporâneos ou ter ocorrido no passado) – Induzindo/Facilitando a expressão genética próprios do animal
- É diagnosticada por diagnóstico de exclusão
- Termo coletivo que descreve um grupo de doenças idiopáticas com características semelhantes e caracterizadas por:
A. CRITÉRIOS CLÍNICOS
B. CRITÉRIOS HISTOPATOLÓGICOS
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
CRITÉRIOS CLÍNICOS
- Sinais clínicos persistentes (> 3 semanas) / recorrentes de doença gastrointestinal
- Incapacidade de documentar outras causas de gastroenterocolite através de avaliação diagnóstica
- Incidência desconhecida (muitas vezes sobrediagnosticada, por dificuldade na interpretação das
amostras de biopsia e de eliminar outras causas de inflamação da mucosa intestinal)- Importante fazer endoscopia/gastroscopia para colher amostras de biópsia
- Falhar a resposta a tratamentos sintomáticos
- Responderem clinicamente a tratamentos com agentes anti-inflamatórios e/ou imunossupressores
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
Evidência histológica de infiltrado inflamatório na lâmina própria de causa indeterminada (resposta imune generalizada):
- Linfocítica plasmocitária (ex. enteropatia dos Basenji, enteropatia e nefropatia com perda de proteína, familiar em Soft Coated Wheaten Terriers)
- Eosinofílica
- Granulomatosa (PIF gatos)
- Neutrofílica (rara em cães e pouco frequente em gatos)
- Ou combinação destas
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
cães vs gatos
Cão - Geralmente ID (gastroenterite)
Gato - Geralmente mista ID e IG (enterocolite)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
FISIOPATOLOGIA
- Quando a barreira mucosa é lesada e invadida por um agente patogénico/toxina, a lesão celular conduz à libertação de “sinais de perigo” (mediadores inflamatórios (prostaglandinas, leucotrienos), citocinas proinflamatórias (IL-1, IL-6, TNF-α), e quimiocinas (IL-8))
- Se o perigo persistir segue–se um estado de inflamação crónica
- A inflamação crónica acaba por conduzir a alterações histopatológicas, que são suscetíveis de ser semelhantes (independentemente da causa incitante)
➔ Isto pode conduzir a uma rutura na imunotolerância com resposta imune aberrante a antigénios luminais inofensivos (ex. alergia alimentar) ou a antigénios próprios (autoimune)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
A ALTERAÇÃO DA IMUNORREGULAÇÃO DO TECIDO LINFOIDE ASSOCIADO AO INTESTINO DEVE-SE A CAUSAS:
a. Genéticas
b. Isquémicas (ex. anestesia)
c. Bioquímicas
d. Psicossomáticas
e. Iatrogénicas (reações adversas a fármacos)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
MECANISMOS QUE PODEM ESTAR ENVOLVIDOS:
A. Libertação de mediadores pelas células do infiltrado
B. Má absorção por defeitos na bordadura em escova
C. Hipoproteinemia por perda proteica devido a exsudado inflamatório, obstrução
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA
Nota: Isto são causas que podem levar a este tipo de infiltrado, não são IBD !!
- ENTERITE LINFOPLASMOCITÁRIA
- GASTROENTEROCOLITE EOSINOFÍLICA
- ENTERITE GRANULOMATOSA
- ENTERITE NEUTROFÍLICA OU SUPURATIVA
- GENÉTICAS
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA: ENTERITE LINFOPLASMOCITÁRIA
Presença de infiltrado com linfócitos e células plasmáticas associado a alterações da arquitetura (pode envolver o estômago, ID, cólon ou todos)
a. Infeções bacterianas (Campylobacter spp; Helicobacter spp; Mycobacterium avium paratuberculosis, em 20% IBD idiopático)
b. Sobrecrescimento bacteriano (por vezes)
c. Leveduras (tratamento com nistatina)
d. Parasitismo (Toxoplasmose, Giardíase e Criptosporidiose)
e. Neoplasia (Linfossarcoma e Adenocarcinoma)
f. Imunomediadas (Hipersensibilidade (alergia) alimentar e estimulação antigénica crónica)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA: GASTROENTEROCOLITE EOSINOFÍLICA
Presença de infiltrado eosinofílico no estômago, ID ou cólon
Cão e Gato
- Qualquer idade (+ jovens)
- Qualquer raça (+ Pastor alemão, Boxer, Doberman)
Pode manifestar-se com erosão/ulceração da mucosa, podendo conduzir a hematémese e melena
a. Parasitas (Trichuris spp.) – Com migrações larvares
b. Doença imunomediada (alergia alimentar / hipersensibilidade a antigénios bacterianos no intestino)
c. Mastocitomas ou Situações clínicas (neurogénicas) que causem desgranulação dos mastócitos
Ex. Síndrome hipereosinofílica; Enterite granulomatosa eosinofílica
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA: ENTERITE GRANULOMATOSA
Forma rara caracterizada pela presença de granulomas e infiltrado de macrófagos / histiócitos na lâmina própria
- frequente no ID distal e no cólon dos Boxers
a. Infeções crónicas não diagnosticadas (Mycobacterium avium paratuberculosis, Salmonella spp., Yersinia, Campylobacter spp., Leishmania spp., Toxoplasma spp.)
b. Inflamação transmural piogranulomatosa (PIF)
c. Granulomas parasitários ou fúngicos (Histoplasma ou Pitiose)
d. Parasitas – Ancilostomídeos
e. Imunomediadas
f. Amido dos alimentos
g. Corpos estranhos
h. AINEs
i. Traumatismo tecidular
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA: ENTERITE NEUTROFÍLICA OU SUPURATIVA
Presença de infiltrado com neutrófilos em qualquer localização
- Ocasional em gatos
- Rara em cães
a. Alteração da barreira intestinal por enterite erosiva / ulcerativa
b. Infeções bacterianas (Salmonella spp., Yersinia spp. e Escherichia coli toxigénica)
c. Imunomediadas
d. Lesão isquémica
e. Traumatismo (ossos, restos indigeríveis, peles)
f. Neoplasias (Massas necrosadas)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
ETIOLOGIA: GENÉTICAS
- Fatores genéticos parecem contribuir para a patogenia do IBD
- Polimorfismos nos genes NOD2 e TLRs em certas raças de cães permitem reação às bactérias comensais
- Suscetibilidade à doença intestinal em diferentes raças de cães
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
EPIDEMIOLOGIA
- Velhos (raro com < 2 anos)
- Raças: Pastor alemão, Sharpei, - Basenji (forma grave), Gatos de raça pura
- Causa de EPP
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
SINAIS CLÍNICOS
- Alteração do apetite (polifagia/anorexia/picacismo – erva)
- Perda de peso, Má condição corporal
- Desidratação
- Depressão
- Diarreia crónica
- ID – Grande volume, Aquosa, Melena
- IG – Muco, Tenesmo, Hematoquezia
- Mista
- Vómito
- Vómito crónico (principal sinal no gato com IBD-ID) (hematémese na GE eosinofílica)
- Dor/Desconforto abdominal
- ↑ Borborigmos e flatulência
- Hipoproteinemia (ascite, edema subcutâneo, hidrotórax)
- Anemia
- Poliartropatias por invasão antigénica (devida a ↑ da permeabilidade intestinal)
- GATO:
- Ansas intestinais espessadas e linfoadenopatias mesentéricas em IBD grave nos gatos
- Triade (IBD, colangite linfocitária e pancreatite crónica)
- Efeitos sistémicos (ascite, coagulopatia, colangiohepatite, pancreatite, doença tromboembólica e nefropatias) nos casos graves
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico por exclusão !!
a. Anamnese
- Por vezes há um episódio precipitante (stresse, alteração da dieta)
- Acomete animais de meia idade, com sinais clínicos intermitentes em idades mais precoces
b. Exame físico: Sinais clínicos persistentes (> 3 semanas ) / recorrentes de doença GI
c. Hematologia
d. Bioquímica
e. BIÓPSIA ENDOSCÓPICA E HISTOPATOLOGIA
f. ÍNDICES DE ATIVIDADE CLÍNICA – Quantificação da gravidade da atividade inflamatória
g. IMAGIOLOGIA
h. CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO (VIT. B9) E COBALAMINA (VIT. B12)
i. Exame fecal
j. Marcadores da inflamação intestinal (outros meios de diagnóstico (ainda em validação))
k. Resposta ao tratamento
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: Hematologia
(ocasionalmente neutrofilia com/sem desvio à esquerda; trombocitopenia em < 3% dos casos) (- importante)
Forma Linfoplasmocitária:
- Normal
- Por vezes presença de linfócitos reativos atípicos
Forma Eosinofílica:
- Anemia (por perda sanguínea crónica (microcítica, hipocrómica), deficiência em ferro ou inflamação crónica)
- Eosinofilia periférica (não é patognomónico, nem sempre presente)
Linfangiectasia:
- Linfopenia
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: Bioquímica
(para excluir doença dos outros órgãos) – Importante para verificar níveis de proteína
- Hipoalbuminemia e hipoglobulinemia – EPP dos Basenjis
- Hipocolesterolemia, hipocalcemia e hipomagnesemia – Má-absorção
- ↑ Enzimas hepáticas – Hepatopatia reativa nos gatos; Os gatos pela sua semivida mais curta a elevação de enzimas hepáticas é sinal de doença hepática primária ou surge secundariamente ao linfoma alimentar
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: BIÓPSIA ENDOSCÓPICA E HISTOPATOLOGIA
- Diagnóstico definitivo
- Avaliação macroscópica
- Avaliação histopatológica com critérios estandardizados contrastados com índices de atividade clínica (CCECAI; CIBDAI; FIBDAI) – Celularidade (pode ser resposta reativa apenas) e Alterações na arquitetura
- WSAVA GI standartization group → Relacionar Aspeto clínico + Resposta ao tratamento – Permite que os histopatologistas sigam um protocolo de forma analisarem as amostras da mesma maneira
- Avaliar: atrofia das vilosidades parcial/completa; Fusão das vilosidades; Profundidade das criptas; Índice mitótico; Distorção/Abcedação das criptas; Tipo de células presentes
- Muito importante (+ gato) distinguir bem uma inflamação da existência de um linfoma/linfossarcoma → a estimulação crónica de linfócitos em pacientes geneticamente predispostos pode vir a resultar na expansão de um clone maligno de linfócitos T – linfossarcoma na mucosa
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: BIÓPSIA ENDOSCÓPICA E HISTOPATOLOGIA
Limitações da endoscopia/histopatologia
- Amostras de pequena dimensão, superficiais ou fragmentadas
- Apenas podemos colher de regiões proximais ou do íleo distal
- A biopsia de parede completa por laparotomia (permite avaliar envolvimento multiorgânico – fígado e pâncreas no gato) por vezes é necessária, mas pode acarretar problemas anestésicos (repor pressão oncótica) e de deiscência das suturas (Omentalizar as suturas!), especialmente na presença de EPP
- A interpretação da celularidade pode ser falseada por presença de edema (EPP) ou pelo carácter dispersivo da inflamação
- A interpretação do grau de inflamação é subjetiva, interpretamos análises de animais em diferentes fases da doença
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: ÍNDICES DE ATIVIDADE CLÍNICA – Quantificação da gravidade da atividade inflamatória
Estes índices ajudam à emissão do diagnóstico e do prognóstico e a avaliar a resposta ao tratamento por comparação com outros estudos publicados
CIBDAI – Índice canino/felino de atividade do IBD
- Correlaciona 6 sinais clínicos com o nível sérico das proteínas da fase aguda (Atitude/Atividade, Apetite, Vómito, Frequência e consistência fecal, Perda de peso)
- Proteína C reativa e com alterações endoscópicas e histopatológicas
CCECAI – Índice de atividade clínica da enteropatia crónica canina
- Correlaciona melhor com o prognóstico
- Avalia:
- 6 sinais clínicos do CIBDAI
- Concentração sérica de Albumina
- Ascite/Edema periférico
- Prurido
- Alteração dos graus de gravidade
FECAI – Índice de atividade clínica da enteropatia crónica felina
- Avalia:
- Sinais clínicos do CIBDAI
- Lesões observadas na endoscopia
- Gravidade histológica
- Albumina, Fosfatase alcalina, Fósforo séricos
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: IMAGIOLOGIA
Perceber se estamos perante causas anatómicas de doença intestinal e se a doença é difusa ou focal
- Observar a presença de derrames pleurais ou peritoneais
- Perceber se outros órgãos foram afetados
- Escolher o melhor método de biopsia
- ECOGRAFIA: Especialmente útil para detetar doença focal e ++ em gatos
- Permite avaliar a espessura da parede intestinal
- Facilita a identificação de linfoadenopatia (+ linfonodos mesentéricos)
- Citologia ecoguiada (menos sensível e específica)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO (VIT. B9) E COBALAMINA (VIT. B12)
- Inflamação proximal → Afeta o ácido fólico
- Inflamação distal → Afeta a cobalamina
- Inflamação difusa → Ambas
- O grau de hipocobalaminemia está relacionado com grau de lesão histológica e com pior prognóstico e requer tratamento
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DIAGNÓSTICO: Exame fecal
- Parasitas
- Aumento da [ ] α1 da protease fecal → Denuncia perda intestinal de proteína mesmo antes de surgir hipoproteinemia
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
DD
Síndrome Hipereosinofílica dos gatos (infiltrado em muito órgãos;
SC mimetizam IBD e pode envolver outros sistemas;
Responde mal ao tratamento com corticos enquanto a IBD responde bem);
Insuficiência renal ou hepática;
Pancreatite, IPE, hipoadrenocorticismo;
Doença intestinal infeciosa ou inflamatória grave;
Outras causas de má absorção incluindo neoplasia, EPP e NPP;
Enteropatias crónicas infeciosas, parasitárias ou fúngicas;
Hipersensibilidade à dieta;
Neoplasia ou invaginação intestinal
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO
Não há estudos de eficácia e a maior parte das recomendações é baseada na experiência clínica
- Faça uma abordagem progressiva ao tratamento
- Tratamento baseia-se principalmente num tratamento imunosuppressor → Corticosteroides → Caso estes não resultem/causem efeitos secundários → Agentes imunossupressores
i. Casos clínicos estáveis – Podem tentar outras aproximações: Desparasitantes → Dieta de exclusão → Antibióticos
ii. Casos mais graves – Começar logo com Imunossupressores
iii. Sinais clínicos intermitentes → Registo num diário para obter informação objetiva e para relacionar com a eficácia dos tratamentos
- Os índices da atividade clínica permitem comparar com mais objetividade
A. DIETA
B. FLUIDOTERAPIA
C. DESPARASITANTES
D. ANTIBIÓTICOS
E. IMUNOSSUPRESSORES
F. NOVAS TERAPIAS
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: DIETA
Visa → Controlar dos sinais clínicos + Fornecer nutrientes que respondam as necessidades fisiológicas e às perdas gastrointestinais + Regulação e promoção da função digestiva
No entanto, a escolha da dieta ideal para cada animal não é facilitada por nenhum teste de diagnóstico, pela história clínica ou aproximação empírica
As diretrizes de Avaliação da Nutrição da WSAVA fornecem uma ferramenta útil para avaliar as necessidades nutricionais individuais:
- As diretrizes consistem inicialmente num exame físico para registar o Peso Corporal, a Condição Corporal e a Condição Muscular
- Identificar fatores de risco nutricionais (ex. idade)
- As recomendações são projetadas para cada doente tendo em conta as avaliações laboratorial e nutricional
Importante:
a. ESCOLHA DA DIETA
b. ESTRATÉGIAS DE ALIMENTAÇÃO
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA
A seleção da dieta ideal deverá ter em conta – Dietas anteriormente usadas + Região afetada do aparelho digestivo + Compromisso de outros departamentos orgânicos
I. TEOR EM PROTEÍNA
II. TEOR EM GORDURA
III. TEOR EM HIDRATOS DE CARBONO
IV. TEOR EM FIBRA
V. SUPLEMENTAR COM VITAMINAS
VI. SUPLEMENTAR COM PROBIÓTICOS
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA - TEOR EM PROTEÍNA
- Dieta com proteína nova / proteínas hidrolisadas – Baixa imunogenicidade
- Permite minimizar a instalação de hipersensibilidade alimentar (HA) secundariamente à lesão da barreira mucosa intestinal
- Dieta hipoalergénica
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA -TEOR EM GORDURA
- Dieta de baixo / moderado em gordura (gato 15-20% e cão 6-15% MS - + importante no cão)
- Reduzir sinais clínicos associados à má absorção de gorduras (se o animal está magro não é necessário)
- Diminuir atraso do esvaziamento gástrico
- Relação correta de ácidos gordos polinsaturados Ω3:Ω6
- Modula a resposta inflamatória
- Benefícios no tratamento e na manutenção da remissão
- Privilegiar-se a suplementação com Ω3 anti-inflamatórios ao diminuírem a produção de prostaglandinas, sendo também importantes por atuarem como agonistas competitivos do complexo do recetor bacteriano Toll-like 4
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA - TEOR EM HIDRATOS DE CARBONO
- Nutriente menos importante na gestão do IBD HC de elevada digestibilidade, baixa imunogenicidade, sem glúten (ex. arroz branco)
- Elevado teor em HC acarreta efeitos indesejáveis (os infiltrados inflamatórios dificultam a sua absorção no gato)
- Dietas devem ser isentas de lactose, aditivos e aromatizantes artificais
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA - TEOR EM FIBRA
- Deve ser reduzido o teor destas fibras que são mais indigeríveis
- Conferem menor densidade energética pelo que em animais com pouco apetite ou em anorexia não se devem usar
-
Prebióticos (FOS, MOS, polpa de beterraba)
- Úteis sobretudo na Colite, pois ao alimentarem as espécies benéficas de microrganismos, reduzem a proliferação das indesejáveis, promovem a formação de AGV, responsáveis pela nutrição dos colonócitos e têm propriedades anti-inflamatórias
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA - SUPLEMENTAR COM VITAMINAS
- Suplementar com Cobalamina quando existe deficiência da mesma
- Não há evidência de benefícios na suplementação com Ácido fólico
- Alguns animais sobretudo os gatos beneficiam do uso de estimulantes do apetite como Ciproheptadina e Mirtazapina (Uso a curto prazo)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESCOLHA DA DIETA - SUPLEMENTAR COM PROBIÓTICOS
- Microorganismos vivos (bactérias e leveduras)
- Permitem a recuperação da disbiose
- ↓ dos scores clínicos e histológicos e ↓ do infiltrado com células T
- Influenciam a produção de citocinas
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ESTRATÉGIAS DE ALIMENTAÇÃO
- Eliminar o acesso alimentos que possam ↑ o estímulo antigénico (Ex. guloseimas)
-
Quantidade → Deve ser calculada com base nas necessidades individuais → Pequena quantidade + Maior número de refeições
- Facilita a digestão e reduz o risco de refluxo, distensão gástrica, secreção ácida e náusea
-
Procinéticos e protetores gástricos → Incrementa a tolerância inicial à dieta
- Todas as porções não consumidas devem ser afastadas da vista e do olfato do animal para não estimularem a inapetência e a aversão pelo alimento
- Alimentação parenteral → Nos casos muito graves e debilitantes
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: FLUIDOTERAPIA
Coloides / Transfusão de plasma (Importante ↑ pressão oncótico em animais com hipoproteinemia)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: ANTIBIÓTICOS
(para tratar SIBO secundária e pela importância que as bactérias têm na etiologia; pode haver sobrecrescimento bacteriano, disbiose)
- Enterite neutrofílica sugere componente bacteriana e deve tratar-se com AB
- Metronidazol (+); Tilosina; Oxitetraciclinas – Todos estes AB têm efeitos imunomodulares
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: IMUNOSSUPRESSORES
A supressão imunológica é o último recurso no tratamento das enteropatias crónicas idiopáticas
Quando a lesão inflamatória na mucosa é grave
-
CORTICOSTEROIDES (ex. Prednisolona) – Administração durante 3-6 semanas (reduzir gradualmente)
- Efeitos secundários associados à dosagem e ao tempo de tratamento – Cãos menos tolerantes que os gatos
- Se a lesão é grave administrar por via parenteral pois a absorção oral pode ser má ➔ Atenção à instalação de hiperadrenocorticismo iatrogénico !!!! A dose pode ser reduzida para dose baixa a cada 48 horas !
- Não usar em animais com enterite neutrofílica !
- Nota: Metilprednisolona em gatos pode ser mais eficaz; Dexametasona causa lesão nas enzimas da bordadura em escova e deve ser evitada
a. J - Budesónida (eleição no gato)
- Efeitos sistémicos reduzidos
- Sem necessidade de desmame
- Metabolizado a 90% no fígado na primeira passagem, restando 10%, dos quais 90% se ligam às albuminas, acuando o restante localizadamente no íleo e cólon
- IMUNOSUPRESSORES (citotóxicos ) – Utilizar quando o animal não responde aos corticosteroides / há efeitos colaterais
A. Azatioprina (necessita 3 semanas para iniciar a sua ação; tem potecial mielossupressor)
- Não recomendada em gatos – Por ausência de TPMT (Tiopurina S-metiltransferase) (enzima que a degrada)
B. Clorambucilo – + Gato (possível mielosupressão e toxicidade GI; pode ser usada com prednisolona; clorambucilo + prednisolona – linfoma alimentar no gato)
C. Metotrexato (inibe metabolismo do ácido fólico; diarreia no cão)
D. Micofenolato
E. Ciclosporina (caro)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
TRATAMENTO: NOVAS TERAPIAS
- Anticorpos monoclonais anti TNF – α (necessitamos espécie específicos) - Infliximab e Adalimubab no homem
- Citocinas (Medicamentos cujo alvo é o TNF – α) ex. Talidomida e Oxpentifilina
- Fatores de transcrição
- Sulfato de Ferro (anemia microcítica)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
Fatores de prognóstico (Mau Prognóstico)
A. Hipoalbuminemia – Pode ser prenúncio de maior gravidade e anunciar morte por doença tromboembólica
B. Hipocobalaminemia
C. Elevados índices de atividade clínica (CIBDAI; CCEAI) e elevados scores endoscópicos
D. [ ] sérica elevada da Proteína C reativa
E. Doença pancreática concomitante
F. Forma mais grave (histologicamente e clinicamente)
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
Prever a resposta ao tratamento (biomarcadores)
a) Expressão reduzida de P-glicoproteína dos linfócitos da mucosa antes do tratamento prevê boa resposta ao tratamento
b) Expressão elevada de P-glicoproteína dos linfócitos da mucosa observada em doentes que falham resposta aos corticosteroides
c) Expressão elevada de pANCA na mucosa antes do tratamento está relacionada com boa resposta à dieta
d) Expressão elevada de pANCA na mucosa depois do tratamento com córticos
e) Expressão diferencial de TLR-2 e TLR-4
IBD – ENTERITE IDIOPÁTICA
PROGNÓSTICO:
- Maioria melhora
- Metade dos casos é refratária ao tratamento e continua com sinais clínicos intermitentes e em 10-20 % dos casos ocorre eutanásia
- A melhoria clínica nem sempre é acompanhada de evidência de melhoria histológica
- Os Pastores Alemães são mais difíceis de controlar e geralmente tem concomitantemente outras alterações do TGI
- Por vezes gatos com EPP desenvolvem linfossarcoma intestinal
- Gatos respondem bem ao tratamento com longos períodos de remissão; Respondem bem ao Metronidazol como terapia única nos casos moderados e são mais resistentes aos efeitos metabólicos do uso crónico de corticosteroides
- Enterites genéticas/congénitas – Reservado-Mau
- A incapacidade de manter a remissão pode significar :
- Desenvolvimento de resistência aos esteroides pela expressão de glicoproteína P
- Diagnóstico inicial equivocado de linfoma alimentar
- Transformação de uma inflamação crónica em linfoma
COLITE CRÓNICA
- Grupo de doenças caracterizado pela existência de um infiltrado inflamatório idiopático da mucosa do IG (lâmina própria)
- A ulceração não é tão frequente como no ID
- Forma + comum (nos carnívoros domésticos) → Colite linfoplasmocitária
- Forma eosinofílica (+ na forma de gastroenterite) e histiocítica-ulcerativa (-); Forma granulomatosa e supurativa (–)
COLITE CRÓNICA
EPIDEMIOLOGIA
- Meia idade
- Não há predisposição sexual
- Raças:
- Basenji e raças puras de gatos → Colite linfoplasmocitária
- Boxers e Buldog francês → Colite ulcerativa histiocítica
COLITE CRÓNICA
ETIOLOGIA
A inflamação da mucosa pode desencadear-se como resposta inespecífica devido a vários fatores sistémicos e locais e a eventos intraluminais, como:
1) Parasitas (ex. toxoplasmose no gato pode causar colite eosinofílica)
2) Aderência / Sobrecrescimento bacteriano
3) Hipersensibilidade alimentar
- Estudos recentes comprovaram alterações imunológicas em cães com colite
COLITE CRÓNICA
FISIOPATOLOGIA
Os infiltrados na lâmina própria rompem as associações intercelulares interferindo com a motilidade e a função do cólon (absorção) (submucosa e a muscular podem ser envolvidas nos casos graves) → A hiperplasia das células caliciformes conduz ao excesso de muco → A mucosa torna-se friável e frágil com consequente hematoquézia → Se ocorrer envolvimento distal pode surgir obstipação e disquesia
- Os infiltrados celulares podem ocorrer só no IG ou envolver o estômago e o ID
- O grau e o tipo de infiltrado celular não estão correlacionados com a gravidade dos sinais clínicos
COLITE CRÓNICA
SINAIS CLÍNICOS
Na maior parte dos casos com bom estado geral (má condição corporal e letargia nos casos graves, na gastroenterocolite e na colite histiocítica ulcerativa do Boxer)
- Letargia, Anorexia, Desidratação, Perda de peso, Dor abdominal, Vómito e desidratação não são frequentes – Podem estar presentes apenas em animais gravemente afetados, em episódios de agudização ou se há compromisso gástrico/ID
- Sinais típicos de Diarreia Crónica do IG
- Pequeno volume; Fezes moles/líquidas; Com muco; Sangue fresco (hematoquezia)
- Urgência em defecar e Tenesmo sempre presente
- Sinais sistémicos podem ser evidentes nos Boxers com colite histiocítica
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO
a. ANAMNESE
b. EXAME FÍSICO
c. HEMOGRAMA
d. BIOQUÍMICA
e. Testes de flutuação fecal
f. Exame citológico retal
g. Teste de FIV e FeLV (gatos)
h. Resposta ao tratamento
i. Dietas restritivas
j. Imagiologia
k. COLONOSCOPIA
l. BIÓPSIA
m. Histologia
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: EXAME FÍSICO
Exame rectal – Pode revelar sangue, muco, fezes diarreicas e alterações da parede rectal; Ocasionalmente, o IG pode estar espessado / com sensibilidade álgica aumentada à palpação
- Permite descartar hérnias perineais ou outra patologia ano-retal
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: HEMOGRAMA
Geralmente Normal. Pode ocorrer:
- Anemia hipocrómica microcítica
- Leucocitose com neutrofilia com desvio à esquerda (quando envolve o ID), hipoproteinemia e ↑ enzimas hepáticas
- Eosinofilia (tricuríase; infiltrado eosinofílico intestinal; síndrome hipereosinofílica em gato)
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: BIOQUÍMICA
Geralmente Normal
- ↑ ALT (gato)
- Hipoalbuminemia + Hiperglobulinemia + Gamopatia monoclonal – Frequente na Enterocolite eosinofílica e linfoplasmocitária
- ↑ Proteína C-reactiva
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: Exame citológico retal
Células inflamatórias; Histoplasma, Prototeca, Cryptosporidium; Bactérias (Clostridium)
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: Resposta ao tratamento
- Desparasitar empiricamente para Tricuris spp.
- Tratar empiricamente para enterotoxicose por clostrídeos
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: Dietas restritivas
(4-6 semanas)
➔ Uma abordagem diagnóstica mais agressiva deve empreender-se nos animais que falharam a resposta aos tratamentos empíricos
- Dieta de elevada qualidade e de fácil digestão
- Dieta rica em fibra
- Dieta de eliminação
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: Imagiologia
radiologia e ecografia → Para descartar lesões focais (ex. neoplasias, granulomas e lesões dos linfonodos)
COLITE CRÓNICA
DIAGNÓSTICO: COLONOSCOPIA
(visualização reto, cólon ascendente e descendente, ceco e junção ileocólica)
- Mucosa friável, enrugada com pequenas ulcerações (estenoses pouco frequentes)
- Realizar jejum de 24 horas, administrar uma solução de lavagem e enema com água tépida na manhã da colonoscopia
- Colocar o animal em decúbito lateral esquerdo
- Colher biopsias mesmo que a aparência macro seja normal