Doenças granulomatosas e fúngicas Flashcards

1
Q

Qual é o quadro clínico da tuberculose pulmonar?

A
  • Tosse produtiva com secreção muco-purulenta, persistente por mais de 3 semanas
  • Sudorese noturna
  • Emagrecimento
  • Febre vespertina
  • Dor torácica, pela extensão do processo inflamatório para a pleura parietal
  • Sangramentos: escarro hemoptoico ou aneurisma de Rasmussen, pela erosão da artéria pulmonar por uma cavidade progressiva
  • Ocupação das cavernas por fungos do gênero Aspergillus (superinfecção da cavidade)
  • Rouquidão e disfagia = envolvimento da laringe
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2
Q

Quais são as principais características do bacilo Mycobacterium tuberculosis?

A
  • Crescimento lento, o que explica a cronicidade da doença
  • BAAR aeróbio estrito, de localização preferencial no ápice pulmonar
  • Exclusiva do ser humano
  • M.tuberculosis causa a doença e a M.bovis é usada para produzir a vacina BCG
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3
Q

Quais exames podem ser utilizados para diagnosticar uma TB?

A
  • Teste rápido molecular: detecção do DNA
  • Baciloscopia: só detecta BAAR, mas pode ser uma micobactéria não tuberculosa (MNT) - mais útil no acompanhamento
  • Cultura para micobactérias: permite a identificação da espécie + antibiograma, mas é um exame demorado
  • Teste de PPD: positivo em pessoas com infecção ativa ou latente
  • IGRA: vem sendo usado em substituição ao teste de PPD, é baseado na liberação de intérferon

Além da história clínica, exame físico e laboratoriais

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4
Q

Como se dá a hierarquia diagnóstica para tuberculose?

A

Casos sugestivos: alterações teciduais típicas (granulomas com necrose central caseosa) + teste PBAAR positivo

Casos definitivos: teste rápido molecular positivo em qualquer material biológico ou cultura positiva em qualquer material biológico

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5
Q

Pessoas vacinadas mantêm o teste PPD/tuberculínico positivo?

A

Crianças vacinadas mantêm o teste positivo até os 10 anos de idade, e antes disso é recomendado não utilizá-lo pois pode causar interpretação errada; porém, se é uma criança com suspeita de meningoTB com PPD fortemente positivo, podemos inferir que seja por conta da infecção ativa.

Via de regra, só estará positivo em adultos com infecção ativa ou latente da doença

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6
Q

Como ocorre a transmissão da TB?

A

A bactéria tem capacidade de se aerossolizar - portanto, a transmissão se dá por inalação de partículas infectantes aerossolizadas por tosse, espirro ou fala. Elas permanecem em suspensão por longos períodos de tempo e alcançam passagens aéreas terminais

É importante usar máscara N95

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7
Q

Como se dá a fisiopatologia da infecção por TB?

A
  • Partículas chegam a um pulmão susceptível -> resposta inflamatória inata (macrófagos agem sobre a bactéria invasora)
  • Infecção pulmonar: disseminação local e para outros órgãos -> nódulo e complexo (+ linfonodos regionais) de Ghon
  • As lesões em geral não progridem e calcificam, não evoluindo para a doença propriamente dita
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8
Q

Quais são as possibilidades após a infecção pulmonar por TB?

A
  1. Eliminação imediata da micobactéria
  2. Doença primária, com evolução para a TB primária ou latência
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9
Q

Quais são as características da doença primária por tuberculose?

A
  • Foco pulmonar inicial é geralmente subpleural, na região média do pulmão (isso é favorecido pelo maior fluxo de ar)
  • O foco inicial pode progredir para pneumonia, formando cavitações e provocando disseminação via endobrônquica
  • Essa infecção também pode involuir, deixando como única evidência o teste de PPD positivo e o complexo de Ranke (foco pulmonar inicial calcificado + gânglios regionais visiveis ao RX)
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10
Q

Quais são as características da infecção latente por TB?

A
  • A imunorreatividade do paciente à micobactéria é mensurável, na ausência de manifestações clínicas
  • Podemos detectar por PPD e IGRA - importante quando vamos tomar alguma atitude como prescrição de imunobiológicos
  • A maior parte dos casos corresponde a reativação da doença
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11
Q

Quais são os fatores que favorecem a progressão da TB latente?

A
  • Baixa idade e idosos
  • Etilismo
  • Desnutrição
  • Nefropatia crônica
  • Terapia com imunossupressores e imunobiológicos
  • Doenças do sistema hematopoético
  • Neoplasias
  • HIV +
  • Transplantados
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12
Q

O que acontece na co-infecção TB-HIV?

A
  • O risco de TB ativa aumenta 2x na infecção recente por HIV, e mantém-se elevado mesmo nos pacientes em TARV
  • A resposta pró-inflamatória à TB pode exacerbar a progressão do HIV pelo aumento da propagação do vírus por aumento da transcrição e aumento da transmissão célula-célula
  • O início da TARV provoca a SIRI: síndrome inflamatória da reconstituição imune, em que há uma exacerbação da resposta imune ao bacilo de Koch
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13
Q

Quais são as características da tuberculose vertebral?

A
  • Foco inicial no ângulo anterossuperior ou inferior do corpo vertebral
  • Complicações: lombalgia, abscesso paraespinal, fístulas, fraqueza ou paralisia de MMII por compressão medular e cifose
  • Nos exames de imagem: lesões ósseas líticas - destruição de disco vertebral, fusão de corpos vertebrais, achatamento de vértebras

A doença também pode ser denominada mal de Pott

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14
Q

Como é o tratamento para TB?

A

RIPE: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol por 2 meses - fase intensiva
RH: Rifampicina e Isoniazida por 4 meses - fase de manutenção

Para crianças, retirar etambutol, pois podem sofrer neurite óptica e não sabem referir os sintomas

TB meningoencefálica ou osteoarticular: tratar por 12 meses, com 10 meses na fase de manutenção

O tratamento pode levar à hepatotoxicidade, mas é transitória e é importante apenas em hepatopatas de base

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15
Q

Quais são as formas de prevenção da TB?

A
  • Vacina BCG
  • Busca ativa de casos
  • Tratamento de infecção latente após avaliação clínica
  • Afastamento da possibilidade de doença ativa
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16
Q

Quais são características comuns a fungos causadores de micoses sistêmicas?

A
  • Distribuição geográfica definida
  • Agentes encontrados no solo e em dejetos
  • Vias aéreas superiores como principal porta de entrada
17
Q

Quais são as principais características sobre o fungo Paracoccidioidis?

A
  • A paracoccidioidomicose não é uma doença de notificação compulsória no Brasil = falta de informações sobre incidência e prevalência
  • É um fungo assexuado termodimórfico: a 37˚C se encontra como levedura, e a 25˚C, como um bolor filamentoso
  • P.lutzii ocorre mais frequentemente na região centro-oeste e produz uma proteína diferente
  • Sem kit sorológico único
18
Q

Como se dá a transmissão da PCM?

A

Se dá pela inalação de conídeos da forma miceliana, presente no ambiente (zonas de atividades agrícolas)
* Beta-estradióis podem inibir a conversão do micélio em levedura, a forma patogênica - por isso, MULHERES podem ter MENOS PCM que homens

Etapa de transformação do micélio em levedura = etapa crítica

19
Q

Quais são as características da PCM aguda ou juvenil?

A
  • É moderada/grave e ocorre mais frequentemente MAS NÃO exclusivamente em crianças e adultos até a terceira década
  • Forma em que há disseminação do fungo; maior fungemia = progressão mais rápida
  • Ocorre acometimento do sistema retículo-endotelial: baço, fígado, gânglio, pele e ossos; eventualmente medula e gânglios intra-abdominais
  • Febre, emagrecimento, adenomegalia generalizada e acometimento intestinal
  • Principal DD é a TB ganglionar
  • Altos títulos de anticorpos e eosinofilia

A doença é denominada aguda por estar mais próxima à infecção, mas ainda assim são sintomas mais arrastados - NÃO é DD de mono-like

20
Q

Quais são as características da PCM crônica ou do adulto?

A
  • O paciente adquire a doença e décadas depois reativa
  • Pode ser leve, moderada ou grave
  • Acomete pulmão e mucosas, podendo ser uni ou multifocal
  • Estomatite moriforme: não é sinal patognomônico, mas é muito frequente
  • Mais prevalente em homens após a quarta década
  • Pode estar associada à reativação da TB (o mesmo fator causa a reativação de ambas)
  • Pode haver acometimento renal e de SNC (parece neurotoxo em termos de imagem - efeito de massa)
  • Acometimento da suprarrenal - aspecto de massa de vidraceiro
  • Títulos de anticorpos mais baixos
  • Sequelas: fibrose, cicatrizes, microstomia e estenose laríngea
Estomatite moriforme
21
Q

Qual é a imagem clássica de PCM no RX pulmonar?

A

É o RX em asa de borboleta, acometendo mais campos médios e poupando bases e ápices. É clássico apesar de não ser patognomônico nem o mais frequente.

22
Q

Como diagnosticar e tratar a PCM?

A
  • Diagnóstico: isolar o agente etiológico com pesquisa direta em material biológico e cultura
  • Casos leves a moderados: tratar com itraconazol ou sulfametoxatol-trimetoprim
  • Casos graves: sulfametoxatol-trimetoprim IV ou anfotericina B
23
Q

Quais são os marcadores de cura da PCM?

A
  • O melhor deles é a queda do título sorológico
  • Melhora clínica importante
  • Estabilização ou melhora radiológica (quanto mais prolongada a doença, mais fibrose causou, e as vezes não haverá melhora e apenas estabilização) - duas imagens em 3 meses
24
Q

Como se dá a transmissão da aspergilose? Qual é a sua importância?

A

A aspergilose é transmitida pela inalação/exposição das vias aéreas aos conídeos. É um dos principais fungos oportunistas que acometem pacientes neutropênicos.

25
Q

Como diagnosticar a aspergilose?

A
  • História (epidemiologia) + quadro clínico + critérios
  • Biomarcadores: Beta-1,3-glucana e Galactomanana (presentes na parede celular do Aspergillus) - podem ser dosados em sangue e lavado broncopulmonar
26
Q

Quais são as apresentações clínicas da Aspergilose?

A

Forma broncopulmonar alérgica: pacientes com hipersensibilidade IgE específica - se manifesta como uma asma - tratar com corticoides inalatórios e broncodilatadores

Aspergilose crônica: colonização de cavidades prévias no pulmão e proliferação do fungo formando aspergilomas/bolas fúngicas (massa oscilante e saprofítica que deve ser cirurgicamente removida)
* Na forma pulmonar crônica cavitária, há disseminação para o parênquima e formação de várias cavernas

Forma invasiva: há invasão com trombose e necrose = alta mortalidade e progressão lenta (insuficiência respiratória e hemoptise); acomete mais pacientes neutropênicos

27
Q

Quais são as formas clínicas da Histoplasmose?

A

Pulmonar: pode ser aguda moderada a leve, aguda grave ou crônica (cavitária); a última atinge mais homens tabagistas e mais frequentemente no ápice pulmonar = DD de TB!

Disseminada progressiva: em algumas áreas (CE). mais mortal que a TB - maior prevalência de lesão cutânea no Brasil

Outras:
* Linfadenite
* Síndromes inflamatórias

28
Q

Em PCM e histoplasmose, há transmissão pessoa-pessoa?

A

Não, pois a forma leveduriforme, que está em humanos, não tem capacidade de transmissão