Doença de Chagas Flashcards

1
Q

Conceito

A

É uma antropozoonose causado pelo Trypanosoma cruzi e vetorado por triatomíneos (barbeiro)

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2
Q

Curso clínico (2)

A

bifásico: fase aguda (com ou sem sintomas) → fase crônica (indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva)

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3
Q

Reservatórios, sentinelas e vetores

A
  • Reservatórios são mamíferos silvestres e domésticos - transmitido na natureza e se mantém assim
    • Uma espécie de mamífero pode transmitir em uma região do país mas não em outra por exemplo
  • Sentinelas - animais infectados pelo T. cruzi mas parasitemia é insuficiente para contaminar o vetor
    • Indica ciclo de transmissão em proximidade
  • Vetores são os triatomíneos, que são hematófagos, silvestres ou domiciliados
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4
Q

Epidemiologia no Brasil

A

Há casos em praticamente todos os estados - 95% na região Norte, 83% no Pará

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5
Q

Transmissão no Brasil

A
  • No Brasil, reduziu-se muito a transmissão - praticamente não há transmissão vetorial domiciliar sustentada
    • Ações de controle
    • Mudanças ambientais
    • Maior concentração populacional em áreas urbanas
  • Há ainda transmissão oral (+ em surtos), vetorial domiciliar sem colonização e vetorial extradomiciliar (+ Amazônia)
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6
Q

Modo de transmissão vetorial

A

Vetor se contamina alimentando-se do sangue de mamíferos com parasitemia elevada e infecta outro mamífero quando vai alimentar dele em seguida
Homem susceptível é contaminado com as fezes contaminadas do vetor (eles picam e defecam), de forma que T. cruzi penetra a pele pela ferida da picada, mucosas ou outras lesões

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7
Q

Formas de transmissão (7)

A
  • Vetorial
  • Vertical
  • Oral (Tipicamente causa surtos de doença de Chagas aguda)
  • Transfusional (+ em países não endêmicos)
  • Transplante
  • Acidentes laboratoriais
    – Ingestão acidental do triatomíneo
  • Contato direto com fezes do triatomíneo contaminadas
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8
Q

Forma de transmissão vertical

A
  • Em fase aguda ou crônica por transmissão transplacentária
  • Durante a gestação ou no momento do parto
  • Há também a possibilidade de transmissão via lactação em fase aguda ou se sangramento em mama em fase crônica
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9
Q

Período de incubação

A

Média de 3-20d
- Vetorial 4-15d
- Oral 3-22d
- Transfusional 30-40d
- Acidentes laboratoriais até 20d

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10
Q

Quem pode transmitir Chagas ao triatomídeo

A

Os infectados tem o parasito no sangue, tecidos e/ou órgãos por toda a vida

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11
Q

Quadro clínico - fases

A
  • Fase aguda (DCA)
  • Fase crônica (DCC)
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12
Q

DCA - por que ocorre, resolução, principal sintoma

A

Alta carga parasitária em sangue
Resolve espontaneamente e evolui para forma crônica OU se quadro grave evolui a óbito

Febre constante, inicialmente elevada e que pode ter picos vespertinos - por até 12 semanas

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13
Q

DCA - sintomas inespecíficos

A
  • Prostração
  • Diarreia
  • Vômitos
  • Inapetência
  • Cefaleia
  • Mialgia
  • Linfonodomegalia
  • Exantema cutâneo fugaz - localização variável, com ou sem prurido
  • Irritação (crianças) - choro fácil e copioso
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14
Q

DCA - sintomas específicos (6)

A
  • Miocardite difusa (Gravidade variável).IC
  • Pericardite, derrame pericárdico a tamponamento cardíaco
  • Meningoencefalite
  • Derrame pleural
  • Edema face, MMII e/ou generalizado
  • Hepato e/ou esplenomegalia leve a moderado
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15
Q

Quando pensar em DCA (5)

A
  • Febre constante por ~12 semanas
  • Sinais inespecíficos
  • Sinais específicos
  • Sinal de porta de entrada vetorial
  • Surtos (se transmissão oral)
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16
Q

Sinais de porta de entrada vetorial (2)

A
  • Sinal de Romanã
    • Edema bipalpebral unilateral, em conjuntiva e adjacências
  • Chagoma de inoculação
    • Lesão furunculoide não supurativa em membros, tronco ou face
    • Descama após 2 a 3 semanas
17
Q

DCA - possíveis achados se transmissão oral (9)

A
  • Exantema
  • Hematêmese, hematoquezia ou melena
  • Icterícia
  • Elevação TGO / TGP
  • IC (mais grave e mais frequente)
  • Enterite
  • Abdome agudo
  • Choque
  • Hepatite focal
18
Q

DCA - achados sorologia

A

IgM detectável → conforme reduz parasitemia, aumenta níveis de IgG (4ª-6ª semana)

19
Q

DCC por que ocorre, formas (4)

A

Parasitemia baixa e intermitente, incialmente assintomática
- Forma indeterminada
- Forma cardíaca
- Forma digestiva
- Forma cardiodigestiva

20
Q

Forma indeterminada

A
  • Infectado porém assintomático
  • Sem sinais de acometimento cardiovascular (clínica, ECG, Rx tórax normais)
  • Sem sinais de acometimento digestivo (clínica, avaliação radiológica de colon e esôfago normais)
  • Pode ficar assim a vida toda ou evoluir para forma cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva
21
Q

Forma cardíaca - %, achados (3)

A
  • 30% dos casos crônicos
  • Evidências de acometimento cardíaco
  • Frequentemente evoluir para miocardiopatia dilatada e ICC
  • Principal causa de óbito na Chagas crônica
22
Q

Forma digestiva - %, achados

A
  • 10% dos crônicos
  • Evidências de acometimento do aparelho digestivo
  • Pode evolui para megacolon ou megaesôfago
23
Q

Diagnóstico na fase aguda (4)

A
  • Exames parasitológicos diretos
    • Identifica parasitos circulantes em sangue periférico
    • Pesquisa a fresco de tripanossomatídeos
      • Ideal em paciente febril em 30d do início dos sintomas
    • Métodos de concentração
      • Strout, micro-hematócrito e/ou creme leucocitário
      • Ideal em sintomáticos há >30d (parasitemia decai com o tempo)
      • Amostra deve ser analisada em até 24h (há lise do parasita após)
    • Lâmina corada de gota espessa ou de esfregaço
      • Menos sensível
      • Mais usado na Amazônia pq também diagnostica malária
  • Sorologias
    • Não é ideal na fase aguda
    • Feito se exame parasitológico for negativo mas houver forte suspeita clínica
    • Devem ser coletados se caso suspeito ou confirmado de DCA para enviar ao Lacen (saúde pública)
  • Anticorpos IgG
    • Confirmação = 2 coletas com intervalo mínimo de 15d
  • Anticorpos IgM
    • Pode dar falso positivo para várias doenças febris
    • Deve ter clínica compatível com DCA + epidemiologia sugestiva
24
Q

Diagnóstico fase crônica

A

Sorologia
CONFIRMAÇÃO = 2 testes distintos reagentes, preferencialmente 1 destes o ELISA

2 sorologias não reagentes = descarta

1 reagente + 1 não reagente -> repetir 2 testes

25
Q

Diagnóstico em RN de mãe sororreagente

A
  • Deve fazer exame parasitológico nos primeiros 10d de vida
    • Se positivo = tratamento
  • Se exame negativo mas clínica compatível = tratamento
    • Retornar aos 9 meses para realizar 2 testes sorológicos (pesquisar IgG)
      • Antes pode sofrer interferência da imunidade passiva
      • Se mantiver negativa → descartar transmissão vertical
      • Se discordante, solicitar 3º teste
26
Q

Notificação (3)

A
  • Imediata de casos suspeitos de DCA! (individual)
    • Em até 24h após a suspeição
    • Permite investigação epidemiológica
      • Identificar forma de transmissão e atuar
      • Monitorar infecção por T. cruzi, morbimortalidade
  • DCC confirmado (individual)
  • Se contaminação oral (notificação de surto)
    • O surto da doença de Chagas se dá quando ocorrem dois ou mais casos confirmados laboratorialmente, expostos à mesma fonte provável de infecção, em um mesmo período e em uma mesma área geográfica.
27
Q

Caso suspeito

A
  • Febre > 7d + ≥1 destes:
    • Edema de face ou membros
    • Exantema
    • Adenomegalia
    • Hepatomegalia
    • Esplenomegalia
    • Cardiopatia aguda - taquicardia, IC
    • Hemorragias
    • Icterícia
    • Sinal de Romaña
    • Chagoma de inoculação
    • Contato direto com triatomíneo ou suas excretas
    • Recebeu sangue ou transplante contaminado por T. cruzi
    • Ingeriu alimento suspeito contaminado por T. cruzi
    • RN filho de mãe infectada
28
Q

Caso confirmado (2)

A
  • Parasitológico direto identificando T. cruzi em sangue periférico
  • Sorológico - Caso suspeito +
    • IgM positivo no método IFI OU
    • IgG positivo no método IFI com alteração na concentração de IgG em pelo menos 2 títulos em intervalo mínimo de 15d
    • Soroconversão em qualquer um dos métodos
29
Q

Exames complementares na DCC

A
  • ECG
    • Forma indeterminada - realizar 1x/ano
  • Ecocardiograma e Holter - se alterações em ECG
  • RX tórax
  • Enema opaco (se suspeita de megacolon)
  • Radiografia contrastada do esôfago (se megaesôfago)
30
Q

Tratamento específico - indicações

A
  • Fase aguda
  • Reativação da doença
  • Fase crônica (individualizado) - Maior benefício nos:
    • Forma indeterminada
    • Crianças, adolescentes e adultos < 50 anos
31
Q

Tratamento - drogas

A
  • Benzidazol por 60-80 dias (max) (1ª linha)
  • Nifurtimox por 60 dias (se intolerância ou má resposta ao Benzidazol)
32
Q

Tratamento - limitações ao uso das drogas

A

Não usar Nifurimox
-Crônica indeterminada ou digestiva em adultos < 50 anos
- Fase cardíaca crônica

Individualizar tratamento
- Fase Crônica indeterminada ou digestiva em adultos > 50 anos
- Fase crônica cardíaca inicial

Não tratar
- Fase crônica cardíaca avançada

33
Q

Cuidados de suporte (3)

A
  • Afastamento de atividades ACM
  • Se acometimento cardiovascular → limitar ingesta hídrica e sódica
  • Monitorar imunossupressões (como HIV)
    • Risco de reativação
34
Q

Tratamento em gestantes

A

Fazer se:
- DCA grave (miocardite, meningoencefalite)
- DCA não grave, 2-3º trimestre (não fazer no 1º)

Não tratar
- DCA não grave no 1º trimestre
- DCC

35
Q

Critérios de cura

A
  • Não há critérios clínicos
  • Repetir sorologia (IgG) anualmente por 5 anos - interromper se > 2 exames seguidos negativos
  • DCC
    • Não há como definir cura
    • Instrui-se o acompanhamento clínico da forma cardíaca e digestiva para evolução da doença
36
Q

Achados comuns na forma cardíaca crônica

A
  • Cardiomiopatia dilatada preferencialmente VD → congestão sistêmica (+ comum)
  • Também pode acometer VE → congestão pulmonar
  • Pode fazer aneurisma apical em dedo de luva e trombos murais
  • Comum bloqueio de ramos → Bloqueio de ramo direito (BRD) + Hemibloqueio anterior esquerdo (HBAE) é típico
  • Dx = clínica + sorologia
  • Tratamento = ICFEr