Distúrbios Hipertensivos da Gestação Flashcards

1
Q

Quais são as divisões da Hipertensão na Gravidez?

A

1- Pré-eclâmpsia
2- Eclâmpsia
3- Hipertensão Crônica de qualquer etiologia
4- Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta ou suprajuntada
5- Hipertensão gestacional transitória

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2
Q

Qual a definição de pré-eclâmpsia?

A

Aparecimento de hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação em gestante previamente normotensa

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3
Q

O edema faz parte dos critérios diagnóstico de pré-eclâmpsia?

A

Não

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4
Q

Como se define a proteinúria?

A
  • Proteinúria de 24h: 300 mg ou + de proteína em urina de 24h (exame mais acurado) OU
  • Proteína em fita: +1 ou + 2 em 2 amostras quaisquer colhidas com intervalo mínimo de 4h (só deve ser usada se não tiver disponível a proteinúria de 24h OU
  • Dosagem em amostra isolada: 30 mg/dL em amostra urinária única OU
  • Relação proteinúria/creatinúria > 0,3
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5
Q

Pode-se fazer diagnóstico de pré-eclâmpsia sem proteinúria?

A

Sim

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6
Q

Quais são os achados para definir pré-eclâmpsia sem proteinúria?

A
  • Trombocitopenia < 100.000/mm³
  • Elevação de transaminases 2x o valor normal
  • Piora da função renal (creatinina > 1,1 mg/dL ou duplicação do valor normal na ausência de outras doenças renais)
  • Edema agudo de pulmão
  • Sintomas visuais e cerebrais
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7
Q

Como é feita a aferição da pressão para constatar a hipertensão?

A

Maior ou igual a 140x90 mmHg em 2 medidas espaçadas por no mínimo 4h e no máximo 7 dias

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8
Q

Como o edema na pré-eclâmpsia se desenvolve?

A

Rápido e repentino ganho de peso e edema facial

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9
Q

Como pode ser classificada a pré-eclâmpsia?

A

1- Pré-eclâmpsia leve
2- Pré-eclâmpsia grave
3- Iminência de eclâmpsia
4- Síndrome de HELLP

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10
Q

Quais são os critérios para pré-eclâmpsia leve?

A

1- Pré-eclâmpsia leve:

  • Aumento súbito e exagerado do peso (> 1Kg/sem ou 3Kg/mês)
  • HA e proteinúria
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11
Q

Quais são os critérios para pré-eclâmpsia grave?

A

2- Pré-eclâmpsia grave:

  • PA maior ou igual a 160x110 mmHg
  • Proteinúria maior ou igual a 2g/24h ou 3+
  • Oligúria < 25mL/h ou < 400mL/24h
  • Aumento de creatinina maior ou igual a 1,3mg/dL
  • Complicações respiratórias (edema agudo de pulmão)
  • Síndrome de HELLP
  • Repercussões fetais (CIUR)
  • Complicações neurológicas (AVC)
  • Iminência de eclâmpsia
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12
Q

Quais são os critérios para iminência de eclâmpsia?

A

3- Iminência de eclâmpsia

  • Distúrbios cerebrais (cefaleia, torpor, obnubilação)
  • Distúrbios visuais (turvação da visão, escotomas, diplopia, amaurose)
  • Dor epigástrica (isquemia ou distensão da cápsula hepática)
  • Reflexos tendinosos profundos alterados
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13
Q

Quais são os critérios para Síndrome de HELLP?

A

Hemólise, Aumento de transaminases e trombocitopenia

  • Esfregaço periférico com esquizócitos
  • LDH > 600U/L ou BT maior ou igual a 1,2mg/dL
  • TGO maior ou igual a 70 U/L
  • Plaquetas < 100.000/mm³
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14
Q

Como é a definição de eclâmpsia?

A

Ocorrência de crises convulsivas seguidas ou não de coma em uma paciente com pré-eclâmpsia, descartando-se outras causas

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15
Q

Como são as crises convulsivas?

A

São geralmente tonicoclônicas generalizadas, autolimitadas, durando cerca de 2-3 minutos, sendo precedida de sinais como cefaleia, alterações visuais, epigastralgia e dor em QSD. Podem aparecer antes, durante e após trabalho de parto, sendo mais raras após 48h de puerpério, embora possam ocorrer até o 10º dia

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16
Q

O que é a eclâmpsia branca?

A

Coma sem apresentar antes a convulsão

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17
Q

O que é a eclâmpsia tardia?

A

Se manifesta 72h após o parto

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18
Q

Como é a classificação da eclâmpsia?

A

1- Não complicada
2- Complicada
3- Descompensada

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19
Q

Quais são as características da eclâmpsia não complicada?

A

Quadro convulsivo não acompanhado de outras intercorrências

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20
Q

Quais são as características da eclâmpsia complicada?

A

Associada a coagulopatia, insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, icterícia, temperatura >/= 38ºC, insuficiência renal aguda ou PAD > 115 mmHg

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21
Q

Quais são as características da eclâmpsia descompensada?

A

Choque, coma, hemorragia cerebral ou necessidade de assistência ventilatória

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22
Q

Qual a definição de Hipertensão Gestacional ou Transitória?

A

Hipertensão geralmente leve que se desenvolve na parte final da gestação sem a presença de proteinúria ou de outros sinais de pré-eclâmpsia

23
Q

Em quanto tempo a PA volta ao normal na Hipertensão Gestacional ou Transitória?

A

Dentro das primeiras 12 semanas de puerpério

24
Q

Qual a definição de hipertensão agravada pela gestação com pré-eclâmpsia sobreposta?

A

HA crônica que se agrava geralemnte após 24 semanas (mas pode ocorrer antes) podendo ser acompanhada de proteinúria (pré-eclâmpsia)

25
Q

Quando inicia a pré-eclâmpsia e quando desaparece?

A

20 semana de gestação e 1-6 semanas de pós-parto

26
Q

Qual a definição de Doença Vascular Hipertensiva Crônica?

A

Estado hipertensivo presente antes do início da gestação ou diagnosticado < 20 semanas e persiste decorridos 12 semanas de pós-parto. Não está associado a edema e proteinúria (salvo se já houver dano renal antes da gravidez)

27
Q

Quais são os fatores de risco para DHEG?

A

Nulípara, extremos de idade, raça negra, história familiar de pré-eclâmpsia, história prévia de pré-eclâmpsia, gravidez gemelar, gestação molar, DM, obesidade, trombofilias, HA crônica, doença renal, hidropsia fetal, troca de parceiro e uso de condon, SAF, doença do colágeno e longo intervalo interpartal

28
Q

Quais são as 4 teorias da DHEG?

A

1- Placentação anormal; 2- Má adaptação; 3- Estresse oxidativo; 4- Suscetibilidade genética

29
Q

No que consiste a teoria da placentação anormal?

A

Na pré-eclâmpsia, a invasão do trofoblasto e o remodelamento subsequente das artérias espiraladas é deficiente, resultando em diâmetros 40% menores que na gravidez normal, ocasionando fluxo de alta resistência e isquemia placentária. Na pré-eclâmpsia a 2ª onda de invasão trofoblástica não ocorre (ocorre entre 16 e 20 semanas).
A hipoperfusão placentária gera injúria endotelial, gerando aumento de TXA2 (vasoconstrictor e pró-coagulante) e diminuição de PGI2 (vasodilatador e anticoagulante), gerando espasmo arteriolar (evento básico da fisiopatologia da DHEG)
A lesão endotelial também favorece a deposição de fibrina nos leitos vasculares, deflagrando eventos de Coagulação Intravascular Disseminada

30
Q

No que consiste a teoria da má adaptação?

A

Resposta imune materna deficiente aos antígenos paternos (regulada pelo sistema HLA)

31
Q

No que consiste a teoria do estresse oxidativo?

A

A isquemia placentária gera radicais livres derivados do O2, que ganham a circulação levando a danos endoteliais

32
Q

No que consiste a teoria da suscetibilidade genética?

A

Vários genes parecem estar relacionados com a DHEG

33
Q

Quais são as repercussões cardiovasculares da DHEG?

A
  • Estado hiperdinâmico do miocárdio
  • Hemoconcentração (hematócrito aumentado)
  • Hiperreatividade vascular representada por vasoespasmo
  • Não há aumento do volume sanguíneo (como na gravidez normal), mas não há hipovolemia por causa do vasoespasmo (não deve corrigir a volemia pois pode agravar a HA e gerar edema agudo de pulmão)
34
Q

Quais são as repercussões hematológicas da DHEG?

A
  • Trombocitopenia devido a formação de microtrombos
  • Atividade de antitrombina III e dosagem de fibronectina alterados
  • Hemólise microangiopática
35
Q

Quais são as repercussões renais da DHEG?

A
  • Endoteliose capilar glomerular difusa (acomete todos os glomérulos)
  • Proteinúria não seletiva
  • Diminuição do fluxo plasmático
  • Diminuição da taxa de filtração glomerular
  • Aumento de ácido úrico, aumento de creatinina e hipocalciúria
  • Quando ocorre DPP pode causar isquemia renal, necrose tubular aguda e necrose cortical bilateral
36
Q

Quais são as repercussões endócrinas metabólicas da DHEG?

A
  • Diminuição da secreção de renina (retenção primária de sódio e HA)
  • Angiotensina II e aldosterona reduzem os valores para níveis pré-gravídicos (na gestação, os valores geralmente estão aumentados)
  • Os níveis menores de Angiotensina II e aldosterona, entretanto, estão associados com uma maior resposta pressora do múculo liso vascular devido ao aumento de concentração de TXA2
37
Q

Quais são as repercussões cerebrais da DHEG?

A
  • Depósito de fibrina e formação de trombos plaquetários, levando a isquemia cerebral (devido a disfunção endotelial)
  • Convulsões são causadas devido ao vasoespasmo + trombos
  • Hemorragia cerebral (aumento da permeabilidade vascular e rotura da parede do vaso)
38
Q

Quais são as repercussões hepáticas da DHEG?

A
  • Hemorragia periportal, lesões isquêmicas e depósitos de gordura (devido ao vasoespasmo e depósito de fibrina)
  • Se manifesta com dor em QSD, dor epigástrica e elevação de transaminases
  • Em casos severos há hemorragia subcapsular e rotura hepática
39
Q

Quais são as repercussões uteroplacentárias da DHEG?

A
  • O vasoespasmo e ausência da segunda onda geram aumento da resistência vascular no leito placentário e diminuição da circulação uteroplacentária
  • Pode ocorrer infartos placentários, crescimento restrito da placenta e seu descolamento prematuro
  • A isquemia placentária leva a diminuição do estrogênio e diminuição do Hormônio Lactogênio Placentário (hPL)
  • A atividade uterina está aumentada, aumentando a incidência de parto prematuro
  • O útero é mais sensível a ocitocina e durante o trabalho de parto pode ocorrer habitualmente hipersistolia
40
Q

Quais as alterações identificadas na dopplerfluxometria?

A
  • Diástole zero ou diástole reversa (aumento de resistência dos vasos placentários)
  • Centralização (devido a hipoxemia, há maior perfusão de órgãos nobre como cérebro) - gera inversão da relação umbilico-cerebral que geralmente é < 1
41
Q

Qual a cura da DHEG?

A

Parto

42
Q

Qual a conduta em Pré-eclâmpsia leve/Hipertensão gestacional?

A
  • Acompanhamento maternofetal rigoroso
  • Corticoide em gestantes com <34 semanas
  • Conduta conservadora até 37 semanas, quando interrompe-se a gravidez. Se houver deteriorização antes de 37 semanas com HA persistente com PAD >/= 100, ou sinais de sofrimento fetal, interrompe a gestação antes de 37 semanas]
  • O uso de sulfato de magnésio na pré-eclâmpsia leve não é indicado rotineiramente (a OMS recomenda que se use)
43
Q

Com que frequência deve-se realizar a cardiotocografia na pré-eclâmpsia? e a dopplervelocimetria?

A
  • Cardiotocografia: Semanalmente a partir da 30-32 semanas.

- Dopplervelocimetria: solicitar no diagnóstico e repetir 1x por mês se for normal

44
Q

Qual a conduta em pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia?

A
  • Na eclâmpsia, interrompe a gestação (evitar hemorragia cerebral materna ou sério dano a outros órgãos vitais)
  • Na pré-eclâpsia grave se houver risco de vida imediato ou se não houver risco de vida imediato, mas a IG for < 34 semanas, faz profilaxia das crises convulsivas e interrompe a gravidez
  • Na pré-eclâmpsia grave se não houver risco de vida imediato e a IG for >/= 34 semanas, faz estabilização materna, corticoide, profilaxia das crises convulsivas e interrompe a gestação
45
Q

Como é feito a prevenção ou controle das crises convulsivas?

A

Sulfato de magnésio (deve ser administrado no início do trabalho de parto ou indução, durante uso de corticoides e anteriormente à cesariana e deve ser mantido 24-48h após o parto).
Existem vários esquemas de administração

46
Q

Quais parâmetros devem ser avaliados nas gestantes em uso de sulfato de magnésio?

A

A cada 4h deve-se avaliar:

  • Magnésio: deve estar entre 4-7 mEq/L (sua avaliação não é necessária se as condições clínicas maternas puderem ser efetivamente acompanhadas
  • Reflexos tendinosos profundos (patelar): devem estar presentes embora possam estar hipoativos
  • Diurese: < 25mL/h ou < 100ml a cada 4h indica reajuste na dose do sulfato de magnésio (reduzir pela metade)
  • Respiração: FR< 12 ipm é sugestiva de intoxicação
47
Q

O que fazer em casos de intoxicação por sulfato de magnésio?

A

Interromper a medicação imediatamente e administrar gluconato de cálcio 1g IV, infundido lentamente em 3-5 min

48
Q

Quando utiliza-se drogas anti-hipertensivas?

A

PAS >/= 160 ou PAD >/= 110

49
Q

Como é o tratamento agudo com as drogas anti-hipertensivas?

A

Hidralazina 5 mg IV e repete a dose em 15-20 min até estabilizar a PA. Se atingir uma dose de 20mg e não estabilizar a PA, deve-se utilizar outras drogas

50
Q

Como é feito o tratamento crônico com as drogas anti-hipertensivas?

A

Deve ser instituído em prematuridade extrema em que a manutensão da gestação é uma opção ou em pacientes com HA prévia

Usa a metildopa 250 mg VO 2x/dia até dose máxima de 4g/dia

51
Q

Quando fazer cesárea em pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia?

A

IG < 30 semanas com colo desfavorável, feto com parâmetros desfavoráveis na CTG e na dopplervelocimetria, paciente com cesárea anterior e colo desfavorável, fetos < 1.500g

52
Q

Qual a conduta na Síndrome de HELLP?

A
  • Se IG >/= 34 semanas: estabilização materna e interrupção da gestação
  • Se IG < 34 semanas: estabilizar com sulfato de magnésio e anti-HA, glicocorticoides e internação em centro terciário. Após cerca de 24h de corticoide, a conduta geralmente é o parto
53
Q

Qual realizar cesariana em Síndrome de HELLP?

A

IG < 30 semanas com colo desfavorável, presença de CIUR e oligodrâmnia em < 32 semanas, diagnóstico ou suspeita de hematoma hepático

54
Q

Como pode-se fazer a prevenção da pré-eclâmpsia?

A

Baixas doses de aspirina 60-150mg/dia para diminuir os distúrbios hipertensivos na gestação em pacientes com alto risco. Deve ser iniciado até 16 semanas e mantido até o parto