Distúrbios Ácido-Base Flashcards
Qual a definição dos distúrbios acidobases metabólicos e respiratórios?
Metabólicos: alteração primárias nos níveis de HCO3- (bic).
Respiratórios: alterações primárias nos níveis de CO2.
Como se dão as respostas compensatórias nos distúrbios metabólicos?
Se dão quase que de imediato (minutos): alterações no pH são detectados por quimioreceptores no arco da aorta , modulando impulsos nervosos aferentes até o centro respiratório bulbar. A redução do pH (acidose metabólica) promove hiperventilação como resposta (respiração de Kussmaul) - eliminação de CO2. O aumento do pH promove hipoventilação - retenção de CO2.
Como se dão as respostas compensatórias nos distúrbios respiratórios?
São feitos de forma mais lenta (3-5 dias), sendo principalmente pela excreção ou retenção renal de HCO3- e H+. Isso ocorre pois o pH das células nos túbulos renais companha o pH plasmático. Ex: acidose respiratória do DPOC avançado (retentor crônico de CO2) -> a gaso dele apresenta com pH baixo, mas não tão baixo, pCO2 muito elevado e bic muito elevado também.
Como os rins fazem essa regulação do pH plasmático?
É feito pela secreção tubular de H+, que depende da reabsorção de sódio e secreção de potássio. Para cada 1 H+ que é secretado nos túbulos, 1 HCO3- é reabsorvido, por isso é chamado de regeneração renal do bicarbonato.
Porém, a secreção de H+ tubular não é suficiente para elimitar todo H+ produzido diariamente, portanto quase todo H+ é excretado ligado à amônia, que é produzida pelos túbulos renais proximais (regulada pelo pH palsmático).
Qual é, então, o principal mecanismo de excreção de H+ pelos rins?
É a produção renal de amônia, sendo que os rins normais apresentam grandes reservas de amônia, porém, na IRC essa reserva fica diminuída, dificultando a excreção do H+.
Como é feita a rebsorção de HCO3- pelos rins?
O H+, para ser secretado nos túbulos renais, precisa ser trocado por um íon Na+. Quando o H+ secretado alcança, então, os túbulos, ele se liga ao bic e forma CO2, que é prontamente reabsorvido para o citoplasma e se converte em H+ e HCO3-. O H+ é, então, secretado novamente e o bic é reabsorvido.
O que é acidose metabólica? Obs.
É um bic < 22 mEq/L e um pH < 7,35.
Obs: apresenta consequências clínicas não tão graves quanto da acidose respiratória aguda, mas se essa acidose metabólica for grave, pode reduzir o pH para até 7,10.
Quando surge a acidose metabólica?
Quando há um excesso de H+ não decorrente do CO2 ou quando há uma perda de bic (urinária ou GI).
O que é ânion-gap?
1°: para que o equilíbrio eletroquímico do plasma, as concentrações de cátions e ânions deve ser a mesma. O principal cátion é o Na+ e os principais ânions são bic e Cl-.
2°: a [Na+ plasma] é maior que as [Cl-] + [bic], sendo que o equilíbrio eletroquímico é mantido por outros ânions plasmáticos, chamados de ânion-gap.
3°: [Na+] = [Cl-] + [bic] + ânion gap -> AG = Na+ - Cl - bic.
Quais são os principais ânions do ânion-gap? Qual seu valor normal?
A albumina é o principal ânion, mas também existe o sulfato, fosfato, lactato e cetoânions.
O valor normal é de 8-12 mEq/L.
Qual a peculiaridade da albumina?
Como ela é o principal ânion do AG, sua queda pode falsear o AG. Ex: pcte cirrótico com queda de 1g da albumina (gera aumento de 2,5 mEq/L no AG) apresenta AG de 12, mas se fosse corrigido ficaria 17.
Quais as causas de acidose metabólica?
São de 2 tipos: com ânion-gap alto (normoclorêmicas) ou hiperclorêmicas.
Explique as causas de acidose metabólica com ânion-gap alto. Obs.
Nesses casos, a acidose se de por um excesso de H+ no plasma pela liberação de algum ácido. Nesse caso, a dissociação do ácido libera um H+ e um ânion, sendo que o H+ se liga ao bic, fazendo com que esse ânion do ácido compense a queda do bic e aumente o ânion-gap, portanto não há necessidade de retenção de cloreto, pois o equilíbrio está sendo feito pelo ânion do ácido dissociado.
Obs: o valor do ânion-gap é proporcional à gravidade do distúrbio.
Quais as causas específicas de acidose metabólica com AG alto?
Aumento do ácido lático (choque, sepse, PCR, hipoxemia grave, insuf hep, isquemia mesentérica, HIV, Cianeto, CO, Neop malig, biguanidas, crise convulsiva), Cetoacidose (diabética, alcóolica, jejum prolongado), Uremia (insuf ren), intoxicações (salicilato, metanol, etilenoglicol).
Explique as causas de acidose metabólica hiperclorêmicas.
Aqui há a retenção direta de H+ (sem liberação por um ácido) ou perda direta de bic. Aqui, para que o equilíbrio eletroquímico seja mantido, a redução do bic deve ser compensado por aumento do cloreto plasmático, já que nenhum outro ânion foi retido -> acidose hiperclorêmica.
Obs: diarreia -> os fluidos produzidos após o piloro (bile, suco pancrático e suco entérico) são ricos em bic, fazendo com que a acidose se instale pela perda fecal de bic).
Quais as causas específicas de acidose metabólica hiperclorêmica?
Diarreia, fístulas biliares, entéricas ou pancreáticas, diuréticos poupadores de potássio, nutrição parenteral total, IRC, hipoaldesteronismo, …
Qual a diferença entre o AG plasmático e o urinário?
1°: assim como no plasma, os íons na urina estão em equilíbrio eletroquímico, porém com 2 diferenças:
2°: o principal ânion urinário é o CLORETO e não o bic e o valor normal do AG urinário é NEGATIVO.
3°: o AG urinário é negativo pois existe um maior número de cátions não medidos na urina (amônio é o principal) que não entra na fórmula do AG (AG urinário= Na+u + K+u - Cl-u), fazendo com que o Cloreto urinário seja maior que o sódio e potássio urinários.
4°: a excreção de cloro (e, portanto, a concentração do cloreto urinário) depende diretamente da capacidade de excreção do H+ e NH3, pois o cloro é eliminado após sua ligação com o amônio (NH4Cl)
Qual o valor normal do AG urinário?
O contrário do normal plasmático -> -8 e -12 mEq/L.
Como é feito o DD das acidoses metabólicas hiperclorêmicas?
O AG urinário será mais negativo quanto maior for a excreção de NH4Cl (pois mais Cl- na urina torna o AG mais negativo) -> em dificuldade de excretar o H+, pouco Cl- será excretado e o AG se tornará positivo (ocorre nas acidoses tubulares renais -> menor produção de NH3 e menor liberação de H+ com consequente menor Cl- urinário -> AG positivo).
Por outro lado -> causa for perda intestinal de bic, o rim aumenta a liberação de H+ e, consequentemente, de Cl-, fazendo o AG urinário se tornar exageradamente negativo.
Comente sobre a intoxicação por salicilato.
Altas doses de AAS (> 3g para crianças e > 10-30g para adultos) podem levar a um quadro grave de intoxicação. Além da produção direta de salicilato, interferem no metabolismo celular, aumentando a produção de ácido lático e cetoácidos. -> aumento do ânion-gap. O paciente faz uma hiperventilação, fazendo com que a gaso seja de alcalose respiratória + acidose metabólica (distúrbio misto).
Qual dado deve ser buscado quando há suspeita de intoxicação?
Deve-se analisar o gap osmolar: normalmente há uma proximidade entre a osmolaridade calculada laboratorialmente e a calculada pela fórmula (2Na + Gli/18 + Ureia/6). Quando essa diferença ultrapassa 10 mOsm/kg tem-se o gap osmolar, que evidencia o acúmulo de substâncias osmoticamente ativas não contempladas na fórmula acima (ex: manitol, metanol, etanol, etilenoglicol).
O que deve ser feito antes de realizar o tratamento da acidose metabólica?
Identificar a etiologia dessa acidose, investigando se é uma acidose lática, cedoacidose, insuf renal grave, perdas digestivas, ureterossigmoideostomia, acidose tubular renal, …