Azotemias Renais Flashcards
Qual a definição de azotemia pré-renal?
É um tipo de IRA causada por redução do fluxo sanguíneo renal.
Qual a característica clínica da IRA pré-renal?
É caracterizada pela reversibilidade uma vez reestabelecido o fluxo sanguíneo renal.
Quais as principais causas de IRA pré-renal? O que elas tem em comum?
Hipovolemia, estados de choque (redução do fluxo orgânico), ICC (redução do débito cardíaco) e cirrose hepática com ascite (vasodilatação esplâncnica).
O que elas tem em comum é que todas reduzem o volume curcilante efetivo (VCE), que é a quantidade de sangue que irrigam os órgãos. O normal é de 30% de VCE, na ICC e cirrose com ascite, esse valor chega a 10%.
Qual a fisiopatologia da IRA pré-renal?
Existe uma autorregulação do fluxo renal e da TFG, que ocorre por vasodilatação da arteríola aferente (barorrecept na arteríola e liberação de vasodilat intrarrenais) quando a PAM cai. Essa autorregulação passa a não ser efetiva quando PAS < 80 mmHg em indivíduos normais. Em pctes com algum grau de lesão a essas arteríolas (diabéticos de longa data, idosos e HAS), uma PAS maior do que esse valor é capaz de gerar a IRA pré-renal.
Quais as formas hormonais de regulação da TFG?
A angiotensina II promove vasoconstrição da arteríola eferente, aumentando a TFG.
Como e quais medicamentos atuam na gênese da IRA pré-renal?
Medicamentes como AINEs, IECA e antagonistas dos receptores de angiotensina II prejudicam esse mecanismo de compensação renal, fazendo com que a azotemia pré-renal em pctes nesses medicamentos seja precipitada em condições de baixo fluxo renal
Como os hormônios reguladores da TFG atuam na gênese da IRA pré-renal?
A redução do volume circulante efetivo promove liberação de angiotensina II, catecolaminas, ADH e aldosterona. As 3 primeiras promovem vasoconstrição periférica para desviar o fluxo sanguíneo para órgaos “nobres”. No entanto, quando o estímulo é intenso, a vasoconstrição acomete também os vasos renais, contrubuindo para a azotemia pré-renal.
Por que a IRA pré-renal cursa com oligúria?
Pois a queda no volume circulante efetivo promove a liberação de angiotensina II (reabsorção de sódio e água no néfron proximal), de aldosterona (reabsorção de sódio e água no néfron distal) e de ADH (reabsorção de água no néfron distal), promovendo oligúria, urina hiperconcentrada e pobre em sódio.
Quais drogas apresenta efeito vasoconstritor renal?
Noradrenalina, dopamina (dose alfa), ergotamina, ciclosporina e contraste iodado.
Quais as causas de redução do volume circulante efetivo?
Hemorragia interna ou externa, diarreia, vômitos, fístulas digestivas, poliúria, sudorese intensa, perda para o 3° espaço (pancreatite, ascite, íleo paralítico, isquemia intestinal, obstrução intestinal aguda, rabdomiólise).
*Curiosidade: um músculo da coxa traumatizado pode armazenar até 12L de líquido na forma de edema.
O que é a Síndrome Hepatorrenal (SHR)? Qual a diferença entre as outras IRAs pré-renais?
É uma IRA pré-renal que acomete portadores de cirrose hepática avançada. Apesar de ser pré-renal, não pode ser revertida apenas pela restauração do fluxo, mas sim com o reestabelecimento da função hepática.
É UM DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO (só pode ser diagnosticada após exclusão de outras causas).
Qual o mecanismo da IRA na SHR?
Não há uma alteração estrutural no parênquima renal, mas sim uma vasoconstrição intensa nas artérias e arteríolas pré-glomerulares, promovendo isquemia do córtex renal.
Por que ocorre a vasoconstrição intensa na SHR?
A SHR é o evento terminal de um continuum de alterações hemodinâmicas na disfunção hepática: na fase inicial da hepatopatia grave, há uma progressiva VASODILATAÇÃO ESPLÂNCNICA, tendendo a uma hipotensão. Mas esta não ocorre pois há compensação pelo aumento do débito cardíaco, vasoconstrição periférica (MMEE e pele) e retenção de Na e água -> adrenérgico e SRAA.
No entanto, a piora da função hepática aumenta ainda mais a vasodilatação esplâncnica, fazendo com que a hipovolemia relativa não consiga mais ser compensada pelos mecanismos acima citados, tornando-se até deletérios: aumento excessivo de catecolaminas -> vasoconstrição renal direta; excesso de angiotensina II -> vasoconstrição e hiperssecreção de aldosterona; aldosterona -> reabsorção de sódio com avidez extrema (clássico Na urina < 10 mEq/L); aumento de Na -> hipervolemia -> edema periférico (ascite refratária ao tto clínico).
Além disso, há a liberação de ADH não osmotica: aumento da retenção renal de água livree vasoconstrição renal -> hiponatremia -> marcador de péssimo prognóstico na cirrose hepática (pois mostra que está muito avançada).
Resumindo a patogênese da SHR…
Redução no volume circulante efetivo por vasodilatação esplâncnica -> compensação -> vasodilatação exacerba -> compensação não dá conta -> passa a ser deletéria -> queda no fluxo renal (IRA pré-renal) e reabsorção intensa de sódio e água -> hipervolemia e hiponatremia —-» queda na TFG e azotemia (Cr : 1,5 mg/dl).
Quais os tipos de SHR?
Tipo 1: Cr sérica dobra de valor em menos de 2 semanas ( > 1,5 mg/dl). Existe evento deflagrador (ex: peritonite bacteriana espontânea). Prognóstico péssimo (mortalidade > 90%) caso a disf hep não seja corrigida (transplante). IRA oligúrica.
Tipo 2: aumento gradual e lento da Cr sérica (mais de 2s), não tendo, geralmente, fatores agudos deflagradores (evolução da doença de base). Prognóstico um pouco melhor mas mesmo tto. QC de ascite refratária.
O que é azotemia renal intrínseca?
É uma disfunção renal decorrente de lesão direta ao parênquima renal (comprometimento tubular é o principal).
Qual a porcentagem entre as IRAs da azotemia renal intrínseca e em quem é mais comum? Quais os tipos de NTA?
É responsável por 35-40% das IRAs (esse número sobre para cerca de 60% dentre as IRAs no paciente internado). É mais comum em pacientes críticos de UTI
Oligúrica, anúrica ou não oligúrica, sendo que esta é a que apresenta o melhor prognóstico.
Quais as principais causas de azotemia intrínseca? Que forma de NTA essas causas promovem?
NTA: isquêmica (choque, sepse, SIRS, pós-operatório) - oligúrica -, Rabdomiólise - oligúrica -, aminoglicosídeos, anfotericina B - não oligúrica, contraste iodado, ciclosporina, cisplatina.
Alergia (reação de hipersensibilidade).