Crise convulsiva e Epilepsia Flashcards
O que é a crise convulsiva?
É uma alteração aguda e transitória da função cortical cerebral por descargas neuronais anômalas, excessivas e sincronizadas.
O que é epilepsia?
É o fenótipo das crises convulsivas recorrentes e ESPONTÂNEAS (NÃO podem ter fator provocador). A definição é 2 ou mais crises não provocadas com intervalo > 24h OU 1 crise não provocada porém com alto risco de recorrer (eg, lesão estrutural no SNC) OU síndrome epiléptica.
Comente sobre as causas de epilepsia.
Na maioria dos casos pode-se identificar uma etiologia (pós-TCE, pós-AVC). Porém podem ocorrer de forma idiopática e por síndromes epilépticas (geralmente se manifestam na infância e possuem etiologia genética).
Qual a frequência da crise epiléptica e da epilepsia?
Crise: 5-10% da população, porém a maioria com um fator precipitante.
Epilepsia: 0,5%.
Como deve ser feita a investigação da epilepsia?
Através da anamnese, neuroIMG (preferência para RNM) e EEG.
Qual a classificação das crises convulsivas?
Focal (início em apenas um hemifério em um foco epiléptico) ou generalizada (início em ambos os hemisférios cerebrais). As crises focais podem evoluir para tônico-clônica bilateral (generalização secundária).
Qual a relação da crise focal com a alteração na consciência?
A crise focal pode ocorrer com ou sem a perda da consciência, a depender do acometimento ou não do SARA (sistema ativador reticular ascendente).
Como é chamada a crise focal de acordo com a consciência?
Perda da consciência: disperceptiva (parcial complexa ou com discognição).
Sem perda da consciência: perceptiva (parcial simples).
Como está o EEG no período intercrise das crises focais?
Normal ou com ondas epileptiformes basais.
Quais as manifestações da crise focal perceptiva?
Depende do local do córtex que está sendo afetada, podendo ser motora (clônus) ou não (somatosensoriais).
O que é o clônus?
Movimentos repetitivos de flexão/extensão.
O que é a marcha jacksoniana?
É a progressão da crise focal para uma área adjacente do córtex, como por exemplo o paciente que começa com clônus da mão contralateral. Como o córtex motor piramidal que inerva a face está próximo, pode progredir para clônus da hemiface ipsilateral.
Como a crise focal cessa?
Geralmente cessa espontaneamente por hiperativação reflexa de interneurônios inibitórios próximos ao local do foco epiléptico.
Qual a consequência da hiperativação de neurônios inibitórios para cessar a crise focal perceptiva?
Pela grande inibição desses neurônios, pode sobrevir a clássica paralisia de Todd no membro afetado durante o pós-ictal, podendo durar minutos até horas.
Como se chamam as crises convulsivas focas não motoras?
Geralmente são chamadas de auras, podendo ser auditivas, olfatórias, visuais, psíquicas, autonômicas, parestesias, etc.
Como são as crises focais discognitivas?
Também dependem do local acometido, porém há perda da consciência por acometimento do SARA. Geralmente há uma aura precedendo (estereotipada para cada paciente), seguindo uma parada comportamental e automatismos. Cessada a crise, o paicente costuma “voltar” confuso, levando alguns minutos para se recuperar. É comum amnésia anterógrada e pode haver afasia se o hemisfério acometido for o dominante.
Como são as crises focais que generalizam?
Inicia como uma crise focal (motora ou aura) que se transforma em uma generalizada, habitualmente tônico-clônica bilateral. É importante (porém difícil) distinguir da generalizada primária.
Quais os tipos de crises generalizadas?
Não motora (ausência - pequeno mal) ou motora (tônico-clônica, tônica, clônica, atônica, mioclônica).
Quais os tipos de crise de ausência?
Típica, atípica e mioclônica.
O que caracteriza a ausência típica?
Episódios súbitos e breves (segundos) de perda da consciência sem perda do tônus postural. A consciência retorna de maneira igualemente súbita, sem pós-ictal. Podem haver automatismos sutis durante o evento (piscar, mastigar, clônus discreto).
Qual a associação das crises de ausência típica?
Geralmente estão associadas com as síndromes epilépticas. É o principal tipo de crise epiléptica na criança (3-12a é a idade mais acometida).
Como é o EEG da crise de ausência típica?
Complexos ponta-onda (ou espícula-onda) de até 3 Hz bilaterais e simétricos.
O que pode desencadear a crise de ausência típica?
Hiperventilação ou por privação do sono.
Qual o px da ausência típica?
Se for isolada (sem sd spiléptica), tende a se resolver com o tempo (raro após os 20 anos), porém pode haver o desenvolvimento de outras formas de crise convulsiva.
Qual o tto da ausência típica?
Etossuximida, valproato ou lamotrigina.
*NÃO POSSO USAR NA CRISE DE AUSÊNCIA (POIS PIORA ELA): carbamazepina, gabapentina ou vigabatrina.
Comente sobre a ausência atípica.
Os lapsos são mais duradouros e o início e fim não são tão súbitos. Ocorre no contexto de uma alteração estrutural difusa no cérebro, sendo comum retardo mental franco.
Qual a crise convulsiva mais frequente nas induzidas?
A tônico-clônica generalizada.
Como é a crise tônico-clônica?
Começa com uma fase tônica, podendo haver o urro epiléptico (grito ictal - contração dos mm. da laringe com expiração forçada), mordedura, cianose e hiperatividade simpática. Apresenta curta duração (10-20s), seguindo-se a fase clônica, com movimentos inicialmente com baixa amplitude e alta frequência, seguido por alta amplitude e baixa frequência. A fase tônica representa a ativação simultânea dos neurônios e a clônica a hiperativação reflexa dos interneurônios inibitórios. Conforme estes vão preponderando, o clônus torna-se mais amplo, de menor frequência e vai cessando, dando lugar ao pós-ictal (inconsciente, com paralisia flácida generalizada, sendo comum relaxamento esfincteriano e incontinência).
Como é a recuperação da consciência na tônico-clônica?
Gradual em minutos a horas, sendo comum uma confusão mental, cefaleia, mialgia e fadiga.
Como é a crise atônica?
Perda súbita e breve (1-2s) do tônus postural, geralmente acompanhada de perda da consciência. Na maioria das vezes nota-se apenas o head drop.
Como são as crises mioclônicas?
Mioclonia é uma contração muscular involuntária súbita e breve, podendo envolver apenas uma parte do corpo ou ele inteiro. Pode ser fisiológica (quando estamos pegando no sono) ou representar uma crise convulsiva.
Qual a classificação dos espasmos epilépticos?
Não classificáveis (nem focal nem generalizada).
Como se manifestam os espasmos epilépticos? Por que ocorre?
São movimentos súbitos de flexão ou extensão de grupamentos musculares proximais. É uma forma de crise convulsiva de crianças muito pequenas (< 1a), provavelmente por imaturidade do SNC
Qual o EEG dos espasmos epilépticos?
Hipsiarritmia (traçado de base caótico e ondas lentas gigantes durante o espasmo).
Sobre o tratamento das crises convulsivas focais e generalizadas: quando iniciar? Quando interromper? Como iniciar?
Quando iniciar: a partir da 2a crise ou da 1a se houver alto risco de recorrência (entrar na definição de epilepsia).
Como iniciar: geralmente em monoterapia, elevando a dose até a máxima para, então, acrescentar uma nova droga.
Quando interromper: posso pensar em interromper o tto após 2 anos sem crise em vigência do tratamento.
Qual droga usar na epilepsia (seja focal ou generalizada)?
1) Focal: lamotrigina, valproato ou carbamazepina.
2) Generalizada: lamotrigina ou valproato.
3) Gestante: lamotrigina ou carbamazepina.
* Paciente tagabista e com epilepsia que deseja cessar o tabagismo, não devo usar bupropiona por diminui o limiar de convulsão dele.
Quais os efeitos colaterais da carbamazepina, fenitoína, valproato e fenobarbital?
Carbamazepina: hiponatremia, diplopia e fadiga.
Fenitoína: fadiga, hirsutismo, hipertrofia gengival.
Valproato: hepatotoxicidade, alopecia, ganho de peso, parkisonismo em idosos. É teratogênico!!!
Fenobarbital: sedação (agitação em crianças).
Quais as principais sd epilépticas?
Sd de West, sd de Lennox-Gastaut, epilepsia do lobo temporal mesial e epilepsia com descargas centrotemporais (“benigna da infância” - nome abandonado).