CM 2 SEM 6 Flashcards

1
Q

A síndrome diarreica pode ser classificada quanto:

A

A duração (aguda, persistente e crônica)
A topografia (alta/delgado e baixa/cólon)
Os mecanismos etiopatogênicos (inflamatória, osmótica, secretória e gordurosa)

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2
Q

Como se caracteriza a diarréia baixa?

A

De baixo volume, alta frequência, com tenesmo, sem restos alimentares

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3
Q

Qual a diferença da diarreia osmótica da secretória??

A

Na OSMÓTICA os solutos não absorvíveis no lúmen puxam a água. Tem o Gap osmolar fecal alto (>125) e cessa com jejum. Ex: manitol e lactulose.

Já a SECRETÓRIA ocorre quando uma toxina ou medicamento aumenta a secreção de íons e água para o lúmen. Tem Gap osmolar fecal baixo (<50) e não melhora em jejum. Ex: cafeína e doença celíaca

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4
Q

Qual a etiologia mais comum de diarreia aguda?

A

Por infecção viral: NOROVÍRUS (calicivírus). Principal em adultos, 3 dias, autolimitado.
Em crianças, o principal é o ROTAVÍRUS

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5
Q

Quais os sinais de alarme numa diarreia aguda?

A
Desidratação
Fezes francamente sanguinolentas
Febre ≥ 38,5
Não melhora após 48h
Em idosos > 70 anos
Em imunocomprometidos
Uso recente de ATB
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6
Q

Qual o tratamento para a maioria das diarreias?

A

Hidratação
Antidiarreicos apenas se NÃO inflamatória
ATB na evidência de bacteriana (sinais de alarme): ciprofloxacino

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7
Q

Quais as formas patogênicas causadoras de diarreia da bactérias Escherichia coli e suas características?

A
  • ETEC: enterotoxigênica. Causa a diarreia dos viajantes (secretória e autolimitada)
  • EPEC: enteropatogênica. Em crianças de neonatos não amamentados
  • EHEC: enterohemorrágica. A cepa O157:H7 produz toxina shiga-like, causando colite hemorrágica e síndrome hemolítico urêmica (anemia hemolítica microangiopática, insuf. renal e plaquetopenia)
  • EIEC: enteroinvasiva. Causa disenteria
  • Enteroagregativa: diarreia persistente em crianças e pessoas com HIV.
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8
Q

Quais as características da diarreia por salmonella?

A

Transmitido por alimentos malcozidos. Autolimitado. Existem portadores crônicos. 5% apresenta bacteremia. 5-10% infecções à distância (meningite, ósseas, pulmonares). Relacionado à osteomielite na anemia falciforme.
Tto com ciprofloxacino apenas em pacientes com risco de evolução desfavorável

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9
Q

Quais as características da diarreia por shigella?

A

Alta infectividade devido resistência ao suco gástrico. Causa disenteria. Autolimitado, porém pode causar convulsões e SHU.
Tto indicado para TODOS devido alta trasmissibilidade. Com ciprofloxacino.

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10
Q

Quais são as características da diarreia por Campylobacter jejuni?

A

Transmitida por carne cura e água não filtrada. Incubação de até 7 dias, com fase prodrômica influenza-like, seguida de diarreia volumosa e podendo evoluir com sangue. Autolimitada. Pode causar pseudoapendicite (junto com a Yersinia enterocolite). Pode evoluir com Guillain-Barre e convulsões.

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11
Q

Quais são as características da diarreia por staphylo aureus?

A

Coloniza facilmente os alimentos, produzindo toxina termoestável (não destrói pelo calor) e tem período de incubação muito curta (poucas horas após a ingesta)

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12
Q

Quais são as características da diarreia por clostridioides difficile (clínica, fatores de risco, diagnóstico e tratamento)?

A
  • Há produção de toxina A (entero) e B (cito). Cepa mais comum: NAP-1/027.
  • Causa uma diarreia volumosa (≥3 episódios em 24h), duradoura (≥ 2 dias), podendo associar a febre, dor abdominal e leucocitose.
  • Fatores de risco: uso prévio de ATB (clindamicina, ampicilina, quinolona) por 4-9 dias. Idade avançada / comorbidades. Internações prolongadas.
  • Diagnóstico por clínica + pesquisa de toxina nas fezes ou cultura ou colono com imagem clássica (pseudomembranas) ou PCR…
    Leucometria ≥ 1500 e creatinina ≥ 1,5 definem gravidade.
  • Tratamento: suspender o ATB que iniciou a infecção. Se colite: VANCOMICINA 125mg 6/6h VO por 14 dias. Se colite fulminante: VANCOMICINA + METRONIDAZOL 500mg 8/8h IV ou pode fazer colectomia com ileostomia para evitar mortalidade.
    Se ≤ 2 episódios de recorrência: pulso decrescente de vanco. Se ≥3: transplante da microbiota.
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13
Q

Quais são as características da diarreia por vibrio cholerae?

A

Transmissão fecal-oral. Produz toxina colérica, causando diarreia aquosa, indolor, muito volumosa, agua de arroz, seguida de vômitos. Imunidade por 6 meses. Notificação compulsória.

Tto leve a moderado: SRO. To forma grave: SRO + ATB (doxiciclina 300mg para adultos ou eritromicina 500mg para gestantes).

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14
Q

Qual o protótipo de diarreia crônica disabsortiva?

A

Doença celíaca (reação imunomediada ao glúten)

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15
Q

Qual a clínica da doença celíaca?

A

Variável, dependendo da resposta imune:

  • Leve/assintomático: apenas com alterações sorológicas e histológicas compatíveis.
  • Moderado/disabsorção parcial: com problemas específicos de absorção, como deficiência de ferro e cálcio.
  • Grave/disabsorção total: não absorve nada, podendo causar depressão, miopatia e ataxia.

*Ansiedade, depressão, ataxia e epilepsia podem ser os primeiros sintomas da DC.

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16
Q

Diferencie a forma clássica de acometimento da doença celíaca da crise celíaca.

A
  • Forma clássica: criança pré escolar, com diarreia crônica, distensão abdominal, déficit ponderoestatural, irritabilidade, hiporexia, atraso motor, hipotonia, perda da musculatura esquelética (atrofia glútea) e edema.
  • Crise celíaca: desidratação e desnutrição graves, hipopotassemia, hemorragia e tetania.
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17
Q

Quais as condições mais associadas a doença celíaca?

A

Dermatite herpetiforme (especificidade alta!); síndrome de down; risco aumentado de linfoma (por ser uma doença inflamatória); DM1, doença tireoidiana, dermatite atópica.

*Portadores de DC tem maior risco de desenvolverneoplasia intestinal e extraintestinal, com destaque para: ADENOCARCINOMA DE JEJUNO E LINFOMAS NÃO-HODGKIN

18
Q

Qual a alteração genética presente na maioria dos pacientes com doença celíaca?

A

Antígeno leucocitário humano: HLA-DQ2 (DQ2.5) e HLA-DQ8

19
Q

Como se dá o diagnóstico de doença celíaca?

A

Por sorologia: presença do anticorpo antitransglutaminase tecidual IgA (anti-tGT) - mais específico. Ou anrigliadina IgA e IgG ou antiendomísio IgA.

Se um deles positivo, realizar:
EDA com biópsia: padrão-ouro, obtendo 4 fragmentos da porção mais distal do duodeno, com presença de padrão de atrofia de vilosidades + redução do pregueamento mucoso com aspecto serrilhado, fissuras, etc.

20
Q

Qual o principal diagnóstico diferencial para doença celíaca?

A

Parasitoses intestinais (por protozoários e helmintos)

21
Q

Quais os protozoários comumente associados a diarreia crônica? Quais suas características principais?

A

Entamoeba hystolitica e
Giardia lamblia

Ingerimos os cistos (fecal-oral), que tomam a forma parasitária de trofozoíto e são eliminados como cistos resistentes ao ambiente.
Não causam eosinofilia e devem sempre serem tratados. Diagnóstico com 3 amostras de EPF com pesquisa de cistos. Podem ser tratados com anita dose única. Mas a principal forma é Metronidazol ou Tinidazol 2g (giardia)

22
Q

Diferencie amebíase de giardíase.

A

Amebíase é invasiva (cólon), causando colite disentérica aguda. Pode formar granuloma na parede colônica e provocar abscesso hepático (lobo direito, único, achocolatado). Costuma fagocitar hemácias.
Tratar com teclosan se assintomático ou metronidazol+teclosan sintomáticos.

A giardíase é o 2º parasita mais comum, não invasivo (duodeno e jujuno), atapetando o epitélio, causando disabsorção. Pode gerar quadro semelhante a doença ulcerosa péptica.
Tratamento com tinidazol 2h dose única ou albendazol por 5 dias

23
Q

Quais são as amebas comensais, que não precisam ser tratas?

A

Entamoeba coli, Iodamoeba butschlii e Endolimax nana

24
Q

Quais os helmintos que fazer a síndrome de Loeffler através do ciclo de Loss?

A
SANTA
Strongyloides stercoralis
Ancylostoma duodenale
Necator americanus
Toxocara canis
Ascaris lumbricoides

Promovendo tosse seca, infiltrado pulmonar migratório e eosinofilia

25
Q

Qual o principal parasita no Brasil e como tratar?

A

Ascaridíase. Transmitido por ingestão do ovo e pode causar várias obstruções.
Tratamento com albendazol 400mg dose única. Porém, se suboclusão fazer suporte com sonda nasogástrica + hidratação e medicamento para paralisar o verme (piperazina) + óleo mineral. Ou solução salina + óleo ou gastrografina + óleo.
Se oclusao, apenas com cirurgia.
Controle de cura: EPF nos dias 7, 14 e 21 após o tto.

26
Q

Quais as características mais marcantes da toxocaríase? Como diagnosticar e tratar?

A

Causar Síndrome de Loeffler, hepatomegalia, febre e EOSINOFILIA INTENSA.
Diagnóstico apenas por sorologia (ELISA). Tto com corticoide para diminuir inflamação. Também pode dar albendazol

27
Q

Quais os agentes da ancilostomíase? Quais suas características, diagnóstico e tratamento?

A

Ancylostoma duodenale e Necator americanus.
Ficam no duodeno e jejuno. A larva filarioide penetra a pele. Consome sangue cronicamente, havendo anemia ferropriva e eosinofilia. Pode causar dermatite maculopapular pruriginosa onde penetrou. Síndrome de loeffler.
Diagnóstico com EPF com pesquisa de ovos (método de Willis). Tto com albentazol ou pirantel.

28
Q

Quais as características da infecção parasitária por strongyloides stercoralis?

A

Larva filarioide infecta a pele íntegra. Faz ciclo de Loss. Perigo para os pacientes imunodeprimidos pois pode causar autoinfecção e autoinfestação, além de abrir caminho para infecção por gram-negativo entérico, causando sepse grave. Para isso, faz-se profilaxia para estrongiloidíase em imunodeprimidos.

Diagnóstico por EPF técnica de Baermann-moraes para larva rabditoide
Tratamento com ivermectina

29
Q

Como se caracteriza a infecção por enterobius vermicularis?

A

Enterobíase ou oxiuríase. Parasita de cólon, que deposita os ovos no período noturno na margem anal. Pode haver corrimento vaginal na criança.

Diagnóstico com fita gomada (método de graham) para ver os vermes
Tratamento com pirvínio ou pirantel

30
Q

Qual o tratamento da teniase? Existem outras espécies de tênia?

A

Praziquantel 5 a 10mg ou niclosamida ou albendazol.

Existe a hymenolepis nana, uma tênia anã.

31
Q

Como se faz a prevenção de esquistossomose de acordo com a prevalência?

A

<15%: tratar apenas os diagnosticados
15-25%: tratar os positivos e conviventes
> 25%: tratar toda a população local.

32
Q

O que é a febre de katayama?

A

Presente na infecção pelo schistosoma mansoni, caracterizada por febre alta, calafrios, sudorese noturna, anorexia, dor abdominal, diarreia e vômitos.

33
Q

Como é feito o diagnóstico e tratamento de esquistossomose?

A

Diagnóstico por:
•EPF com pesquisa de ovos ou biópsia da mucosa retal
•Técnica de sedimentação quantitativa: Kato-Katz (ovos/grama de fezes)
• Técnica de sedimentação qualitativa: Hoffman (de Lutz)

Tratamento com praziquantel

34
Q

Quais são as principais características da doença de Crohn?

A

Tabagismo confere pior prognóstico
Transmural
Da boca ao ânus (costuma poupar o reto e acomete mais o ileo)
Fistuliza e fissuras
Ulcerações aftoides e cicatrização com estenose
Lesão em pedra de calçamento
Diarreia com sangue, muco e/ou pus
Biópsias com granuloma não-caseoso
*Marcador de atividade: artrite periférica e eritema nodoso

35
Q

Quais são as principais características da retocolite ulcerativa?

A

Tabagismo “protege”
Acomete apenas a mucosa
Progressão ascendente e contínua (retossigmoidite e colite esquerda)
Diarreia com sangue, muco e/ou pus
Erosões lineares e circunferenciais
Perda das haustrações (lesão em cano de chumbo)
Pseudopólipos
Criptite e microabscessos na biópsia
Pioderma grangrenoso e colangite esclerosante
Resposta imune (febre, leucocitose)

36
Q

Quais os marcadores sorológicos e laboratoriais para RCU e DC?

A

DC: ASCA+ e pANCA-
RCU: ASCA- e pANCA+

Os marcadores fecais são lactoferrina (sensível e especifico) e calprotectina

37
Q

Como é caracterizada a colonoscopia e biópsia em RCU e DC?

A

Colonoscopia:
DC: pedra de calçamento ou úlcera aftoide.
RCU: mucosa eritematosa, friável, edemaciada e presença de pseudopólipos.

Biópsia:
DC: granuloma não caseoso
RCU: criptite

38
Q

Quais as 4 classes medicamentosas para tratamento da doença inflamatória intestinal?

A

1) Derivados 5-ASA: antiinflamatórios tópicos = Sulfassalazina e Pentasa
2) Corticoide retal, VO ou IV: Hidrocortisona IV (induz remissão)
3) Imunomoduladores (desmame de corticoide): Azatioprina, Mercaptopurina e Metotrexato
4) Imunobiológicos: inibidores da TNF-alfa e anti-integrina = Infliximabe, Adalimumab e Natalizumabe

39
Q

Qual o tratamento cirúrgico para retocolite ulcerativa?

A

Indicado para refratários; presença de displasia/câncer ou complicações (megacólon tóxico, sangramento maciço)

  • Eletiva: protocolectomia com IPAA (bolsa ileal anastomosada no ânus). Curativa
  • Urgência: colectomia à Hartmann (retira pate do cólon, fecha o coto e faz ostomia. Reconstrói o trânsito quando o processo esfriar
40
Q

Qual o tratamento cirúrgico para doença de crohn?

A

Não cura, indicado apenas nas complicações.

  • Ressecção segmentar do segmento doente. Pode evoluir para síndrome do intestino curto
  • Estenosoplastia / Estricturoplastia / Estenoplastia: incisão ao longo da obstrução com sutura perpendicular à incisão.
41
Q

Quais os critérios de Roma IV para síndrome do intestino irritável?

A

1 maior + ≥2 menores

Maior: dor abdominal recorrente 1x na semana há 3 meses

Menor: relação com a defecação; Mudança na frequência; Mudança na consistência

42
Q

O que é a doença de Whipple? Qual o achado patognomônico?

A

Doença infecciosa causada pelo bacilo gram positivo Tropheryma whipplei.
Causa diarreia/esteatorreia + doença multissistêmica.

Patognomônico: mioarritmia oculomastigatória e mioarritmia oculofacial esquelética

Trata por 1 ano com ATB