CIR08 - Trauma e Queimaduras Flashcards

1
Q

Qual o primeiro passo ao iniciar o atendimento de um paciente de trauma?

A

Garantir a sua segurança (intra-hospitalar com uso de EPI e extra-hospitalar com sinalização segurança da cena…).

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2
Q

Qual o primeiro passo do atendimento ao politraumatizado?

A

A: Cervical & Airways.
1. Estabilizar coluna cervical: colar + prancha + coxins.

  1. Via Aérea:
    - Pérvia?
    SIM
    > Fonação preservada (não precisa ser eloquente, sons e grunhidos inclusos).
    > Oferecer O2 10-12L/min.

*Todo paciente politraumatizado merece oxigênio suplementar.

    NÃO > Afastar presença de corpo estranho e queda de base de língua. > Indicar via aérea artificial imediatamente. Indicações clássicas: 
        >> Apneia.
        >> Proteção VA (ex.: vômitos…).
        >> Incapacidade de manter oxigenação (deu O2 e saturação não melhora).
        >> TCE grave (Glasgow ≤ 8).
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3
Q

Quais são os tipos de via aérea que podem ser ofertados? Qual o passo a passo de oferta de cada um desses métodos?

A
  1. Via aérea definitiva: protege a via aérea com um balonete na traqueia.
    - IOT .
    - Critotereoidostomia cirúrgica.
    - Traqueostomia.
  2. Via aérea temporária: não protege via aérea.
    - Máscara laríngea.
    - Combitubo.
    - Critotereoidostomia por punção.
  3. Passo a passo de oferta:
    3.1 - Primeira opção > IOT: primeiro método a ser tentado, tentar 2 vezes se médico experiente ou no máximo 3 vezes se não experiente. A avaliação do tubo se dá pela visualização direta, pelo exame físico, pela capnografia e pela radiografia de tórax.

3.2 - Se não conseguir intubar > Máscara laríngea ou Combitubo.
- Máscara laríngea: temporária e não necessita de laringoscopia. Se arco da mandíbula fraturado, não fazer.
- Combitubo: temporária, como se fosse uma “intubação esofágica”.

3.3 - Se não tem ou não quero ML/CT > Cricotireoidostomia cirúrgica ou por punção:
- Cricotireoidostomia cirúrgica: método definitivo e cirúrgico, se fratura de face ou sangramento volumoso passa a ser o método mais palpável (IOT difícil na necessidade de uma VA definitiva).
- Cricotireoidostomia punção: método temporário, tempo máximo 30-45 minutos pelo risco de carbonacose. Fazer com O2 a 15L/min em 1:4 (oclui 1s e abre por 4s). Indicações: criança < 12 anos (não pode fazer crico cirúrgica); sufoco (não consegui método de VA).

3.4 - Procedimento eletivo, fora do contexto de trauma na emergência > Traqueostomia: uso em casos de fratura de laringe (rouquidão, enfisema, fratura palpável…), pacientes de difícil extubação ou pacientes de difícil intubação (VA temporária possibilita tempo para fazer traqueostomia ou outro método definitivo).

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4
Q

Qual o terceiro passo do atendimento ao politraumatizado? Como podemos avaliar se as medidas adotadas tiveram efeito?

A

C - Circulation: circulação + controle da hemorragia.
Atenção: trauma + hipotensão = choque hipovolêmico.

*Sítios principais de sangramento no trauma: 1) Tórax; 2) Abdômen; 3) Pelve; 4) Osso longo.

  1. Acesso venoso: 2 acessos venosos calibrosos periféricos.
    - SE falha: CVC e dissecção de safena (em adultos) ou intra-ósseo (em crianças).
  2. Cristaloide (RL ou SF 0,9% aquecido a 37-40ºC):
    > Adultos: 1000mL.
    > Crianças: 20ml/kg.

*Hipotensão permissiva: reanimação no controle de danos, instituir PA mínima para garantir perfusão. Quanto maior a PA maior o nível do sangramento, quanto mais cristaloide mais hemodiluição. Contraindicada no TCE para proteção cerebral.

  1. Controle da Hemorragia:
    > Compressão
    > Torniquete
    > Ligadura (se vaso sangrante visível).
  2. Avaliação da perfusão: diurese (>0,5ml/kg/h em adultos ou >1ml/kg/h em crianças).
    - Passar SVD para quantificar.
    > Não sondar SE suspeita de lesão de uretra: solicitaruretrografia retrógrada para confirmar ou afastar. Suspeitar de lesão de uretra se:
    &raquo_space; Sangue em meato uretral.
    &raquo_space; Retenção urinária (bexigoma).
    &raquo_space; Hematoma perineal.
    &raquo_space; Fratura de pelve.
    &raquo_space; Cefalização prostática.
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5
Q

Como podemos estimar a perda volêmica de um paciente no trauma? Quando e como usamos o protocolo de transfusão maciça? Qual a indicação do uso de ácido tranexâmico no trauma?

A
  1. Estimativa de perda polêmica:
    - Classe I:
    > PA: normal.
    > FC: < 100.
    > Perda: < 750 mL.
    > Sangue: não.
  • Classe II:
    > PA: normal.
    > FC: 100-120.
    > Perda: 740-1500mL.
    > Sangue: Talvez.
  • Classe III:
    > PA: hipotensão.
    > FC: 120-140.
    > Perda: 15000-2000 mL.
    > Sangue: sim.
  • Classe IV:
    > PA: hipotensão.
    > FC: >140
    > Perda: >2000 mL.
    > Sangue: maciço.

*Só tem hipotensão nas classes III e IV e só muda a FC a partir da classe II.

  1. Protocolo de transfusão maciça:
    - Indicações: Classe IV OU ABC score ≥ 2 OU classe III/II que não melhora com reposição volêmica inicial.
    - O que é: transfusão de10 UI/24h ou mais de 4 UI/1h.
    - Sempre 1CH: 1P: 1CP do tipo O- até saírem os exames de tipagem e prova cruzada.

*Assessment of Blood Consumption (ABC): cada critério vale 1 ponto, se ≥ 2 faz transfusão maciça. Os critérios são: PAS < 90 mmHg; FC > 120 bpm; FAST (+); Lesão por trauma penetrante.

  1. Ácido tranexâmico: é um anti-fibrinolítico.
    - Doses: 1ª dose (1g) nas primeiras 3h e dose de reforço (1g) em 8h.
    - Indicações: sangramento expressivo e não compressível (ex: se fratura exposta como fonte do choque, não há indicação de realizar).
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6
Q

Qual o segundo passo do atendimento ao politraumatizado?

A

B - Breathing.
- Oferecer O2 (10-12 L/min).
- Exame respiratório (ausculta).
- Oxímetro de pulso.

*Os “perigos do B” (pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax e tamponamento pericárdico) devem ser diagnosticados e resolvidos no B.

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7
Q

Qual o quarto passo do atendimento ao politraumatizado?

A

D - Disability:
- Glasgow.
- Avaliação pupilar.
- Extremidades.

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8
Q

Qual o quinto passo do atendimento ao politraumatizado?

A

E - Exposure.
- Expor todo o paciente.
- Prevenir hipotermia e “tríade letal”.

*Tríade letal: coagulopatia + hipotermia + acidose metabólica.

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9
Q

O que é o X-ABCDE?

A

É extra-hospitalar, sendo descrito no PHTLS 9ª edição. A única mudança do ABCDE clássico é que, se dor exsanguinante, primeiro comprime (é o X do X-ABCDE).

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10
Q

Qual a fisiopatologia, a etiologia e a clínica do pneumotórax hipertensivo? Como podemos fazer o diagnóstico e o tratamento?

A
  1. Fisiopatologia: ar no espaço interpleural, provocando colapso pulmonar e redução de função cardíaca com desvio mediastinal. Principais causas: lesão prévia + VM e trauma.
  2. Clínica:
    - Ventilatório:
    > MV reduzidoou abolido.
    > Hipertimpanismo.
    - Hemodinâmico/ Choque obstrutivo:
    > Desvio de traqueia contralateral.
    > Turgência de jugulares.
    > Hipotensão.
  3. Diagnóstico: clínico.
  4. Tratamento:
    - Conduta imediata: toracocentese de alívio.
    > 5º EIC entre a linha axilar anterior e a linha axilar média (adultos).
    > 2º EIC na linha hemiclavicular (crianças).

*Deve obrigatoriamente ser feita no “B”.

  • Conduta definitiva: toracostomia com drenagem em selo d’água.
    > 5ºEIC entre a linha axilar anterior e a linha axilar média.

*Pode ou não fazer no “B”.

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11
Q

Se após a drenagem de tórax de pneumotórax hipertensivo o paciente não tiver melhorado, quais hipóteses devem ser aventadas e qual conduta deve ser adotada?

A

Drenou e não melhorou pensar em:
- Dreno incorretamente posicionado ou obstruído.
- Lesão de grande via aérea (borbulhamento intenso sem reexpansão): entrada de ar maior do que a possibilidade de saída pelo dreno.
> Diagnóstico: broncoscopia.
> Conduta imediata: IOT seletiva + 2º dreno ou aspiração (vácuo).
> Conduta definitiva: toracotomia.

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12
Q

Qual a causa e o tratamento do pneumotórax aberto?

A
  1. Fisiopatologia: o ar entra pelo orifício e não sai. A lesão precisa ser maior que 2/3 da traqueia.
  2. Tratamento:
    - Conduta imediata: curativo de três pontos.

*Deve obrigatoriamente ser feita no “B”.

  • Conduta definitiva: drenagem em selo de água (em outro sítio que não no orifício) com posterior fechamento da lesão.

*Pode ou não fazer no “B”.

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13
Q

O que é, qual a fisiopatologia e a clínica do hemotórax? Como podemos trata-lo? O que é hemotórax maciço e qual a conduta frente a ele? O que é e como tratamos um hemotórax residual?

A
  1. Hemotórax:
    1.1 - Definição: sangue no espaço pleural, sendo auto-limitado.

1.2 - Fisiopatologia: sangue se acumula no espaço pleural, causando compressão do mediastino.

1.3 - Clínica:
- MV reduzido.
- Macicez e percussão pulmonar.

1.4 - Tratamento: drenagem em selo de água (avaliar volume de sangue).

  1. Hemotórax Maciço:
    - Definição:
    > Mais de1500ml no 1º momento.
    > Mais de 200-300ml em 2-4h.
    > Não responde/necessidade permanente de transfusão.
  • Conduta: toracotomia de urgência + autotransfusão.

*Armadilha do “B”, resolve no “B”.

**Não realizar drenagem de tórax em paciente com hemotórax maciço sem ter acesso, pois o paciente perde muito sangue de uma vez e choca.

  1. Hemotórax Residual: hemotórax que não é absorvido ou não resolve após drenagem (paciente volta com dor, febre, infecção…).
    - Conduta: VATS (Video-Assisted Thoracoscopic Surgery).
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14
Q

Quais são as indicações e os objetivos da toracotomia de emergência na reanimação?

A
  • Indicações: PCR pós trauma de tórax + sinais de vida (PCR precipitada no atendimento).
  • Realizar após manobras do ACLS e drenagem torácica bilateral.
  • Objetivos:
    > Massagem cardíaca direta.
    > Acessar o saco pericárdico.
    > Controle de hemorragia.
    > Campear aorta distal.
    > Embolia gasosa.
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15
Q

O que é, qual a clínica e o tratamento do tórax instável?

A
  • Definição: fraturas em ≥ 2 arcos costais consecutivos em pelo menos 2 pontos em cada arco.
  • Clínica:
    > Dor.
    > Respiração paradoxal (retalho torácico entra a inspiração e sai na expiração).
  • Conduta: suporte.
    > Analgesia.
    > O2.

*O problema não é a respiração paradoxal e sim a dor e a contusão pulmonar que vem normalmente associadas.

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16
Q

O que é e como é feito o diagnóstico e o tratamento da contusão pulmonar?

A

É associada ou não ao tórax instável.
- Diagnóstico: imagem (radiografia de tórax).
> Consolidações que não respeitam as cisuras (parece pneumonia, mas na ocorrência de trauma).

*Costumam demorar 24h para aparecer, se aparecer antes é sinal de gravidade.

  • Conduta: suporte.
    > Analgesia.
    > O2.
    > Oximetria e gasometria.
    > Se hipoxêmico a despeito do tratamento inicial: IOM + VM (geralmente não é necessário).

*A contusão pulmonar pode gerar uma insuficiência aguda do ventrículo direito, a conduta é suporte podendo fazer uso de dobutamina se necessário. Manter paciente monitorizado por 24h, pois podem surgir arritmias.

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17
Q

O que é, qual a fisiopatologia e a clínica do tamponamento cardíaco? Como é feito seu diagnóstico e tratamento?

A
  1. Definição: líquido no espaço pericárdico (100-150ml) que reduz mobilidade cardíaca.
  2. Fisiopatologia: o sangue tampona o coração, impedindo seu relaxamento adequado.
  3. Clínica: tríade de Beck.
    - Turgência de jugular.
    - Hipotensão.
    - Hipofonese de bulhas.
    Bulhas abafadas
    Estase de jugular
    Caiu a pressão
    - Outros achados:
    > Pulso paradoxal.
    > Respiração de Kussmaul.

*Diagnóstico diferencial com pneumotórax hipertensivo (pulmão normal, coração alterado).

  1. Diagnóstico: Clínica + Fast (+).
  2. Tratamento:
    - Conduta temporária: pericardiocentese com retirada de 15-20mL (se toracotomia indisponível).
    - Conduta definitiva: toracotomia para reparo da lesão (de escolha, se esquipe capacitada nem precisa fazer toracotomia).
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18
Q
A
  1. Fisiopatologia: lesão de aorta geralmente ao nível do ligamento arterioso (aorta proximal). Ou o paciente morre por sangramento grave, ou fica estável porque o próprio hematoma contém o sangramento. É por definição uma lesão por desaceleração.
  2. Clínica: pobre…
    - Pulso MMSS normal e redução do pulso nosMMII.

*Se história compatível, investigar.

  1. Diagnóstico:
    - AngioTC (prática).
    - Arteriografia (padrão-ouro).
    - RX de tórax (pode ajudar, mas pouco acurado):
    > Alargamento de mediastino (> 8cm).
    > Perda do contorno/ apagamento do botão aórtico.
    > Desvio para direita (hematoma empurra mediastino para a direita): TOT, traqueia…
  2. Tratamento:
    - Tratar 1º outras lesões (se estabilizada, tende a ficar assim por pelo menos 24h).
    - Tratamento inicial:
    > FC menor que 80 bpm (pode fazer betabloqueador).
    > PAM menor que 60-70 mmHg (cuidado com volume).
  • Tratamento definitivo: toracotomia ou reparo endovascular.

*Como é lesão da zona 1, sempre aborda, mesmo sem expandir/alterar.

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19
Q

Quando drenar um pneumotórax simples?

A

Não drenar por geralmente ser um pneumotórax pequeno e assintomático (o corpo absorve sozinho). No entanto, drenar se:
- Transporte aéreo.
- Ventilação mecânica.

*Risco de evolução para pneumotórax hipertensivo.

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20
Q

Quais são as lesões mais prevalente em um trauma penetrante por PAF e por arma branca? E no caso de traumas contusos?

A
  • Penetrante:
    > Arma de Fogo (PAF):
    1) Delgado.
    2) Cólon.
    3) Fígado.

> Arma Branca:
1) Fígado.
2) Delgado.
3) Diafragma.

  • Contuso:
    1) Baço.
    2) Fígado.

*Sinal do Cinto de Segurança: pensar em lesão de delgado e mesentério.

**Air-bag: alto risco de trauma em face.

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21
Q

Quais são as indicações e os usos da TC de abdômen, da USG FAST, da videolaparoscopia e do Lavado Peritoneal Diagnóstico no trauma?

A
  1. Tomografia de Abdome:
    - Exige estabilidade hemodinâmica.
    - Melhor exame para avaliar o trauma contuso (principalmente abdômen).
    - Classifica as lesões e avalia o retroperitônio.
    - Não avalia bem o delgado, vísceras ocas e o diafragma

*TC corpo inteiro (TCI): algumas referências indicam esse exame para avaliar paciente politralmatizados.

  1. USG Fast:
    - Avalia o interior da cavidade abdominal.
    - Trauma contuso, instabilidade hemodinâmica (se estável faz TC) e sem indicação imediata de cirurgia.
    - Ideal é fazer ainda com a bexiga cheia (auxilia a visualização do líquido, se presente).
    - Onde Procurar?
    > Saco pericárdico (subxifoide).
    > Espaço hepatorrenal (Morrison).
    > Espaço esplenorrenal.
    > Hipogástrio/ Fundo de saco.

*Se FAST estendido (E-Fast): adiciota tórax com pesquisa de hemo/pneumotórax.

**O FAST avalia líquido livre na cavidade intraperitoneal. Por isso, ele não avaliar fratura de pelve, que causa sangramento extraperitoneal.

  1. Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD):
    - Não é mais utilizado na prática.
    - Trauma contuso com instabilidade e sem indicação para cirurgia imediata, onde a USG FAST não está disponível
    - Positivo se:
    > Aspirado inicial com mais de 10ml de sangue ou conteúdo do TGI.
    > Pós-lavado com gram negativo, hemácias maiores que 100.000, leucócitos maiores que 500, fibras alimentares ou bile.

*O LPD normalmente é infraumbilical mas pode ser feito supraumbilical se gestante ou trama pélvico.

  1. Videolaparoscopia:
    - Exige estabilidade hemodinâmica.
    - Lesões na transição toracoabdominal.
    - Duvidas diagnósticas.

**Ou seja, utilizado para avaliar a presença de lesões diafragmáticas, já que ela não é bem avaliada na TC. Geralmente o paciente virá com a TC (-) e estará estável hemodinamicamente, com sinal de lesão na transição toracoabdominal.

22
Q

Quais são as indicações de laparotomia no trauma penetrante e contuso?

A
  1. Indicações clássicas: abdômen cirúrgico.
    - Penetrante
    > Choque.
    > Peritonite.
    > Evisceração.
    - Contuso:
    > Peritonite.
    > Retro/pneumoperitônio.

*Lesões ÓBVIAS são abdômen cirúrgicos também, isso inclui: objeto transfixado e toque retal com sangue em dedo de luva.

  1. Indicações no trauma penetrante NÃO cirúrgico: não tem choque, nem peritonite e nem evisceração.
    2.1 - Arma de fogo: sempre faz laparotomia.

*Exceção: se flanco/dorso + paciente estável = TC.

2.2 - Arma branca: o abdome é cirúrgico?
- SIM ➡️ Laparotomia.

  • NÃO ➡️ Exploração digital.
    > Negativa (não violou o peritônio): alta.
    > Positiva/ Duvidosa: observar por 24h com exame físico + hemograma 8/8h.
    EVOLUIU COM:
    &raquo_space; Abdome cirúrgico: Laparotomia.
    &raquo_space; Leucocitose ou queda doHb < 3 g/dL: Videolaparoscopia ou TC.
    &raquo_space; Sem alterações: dieta + alta.

*Na arma branca em dorso a exploração digital é sempre duvidosa fazer TC com triplo contraste.

  1. Indicações no trauma contuso NÃO cirúrgico: não peritonite nem retro/pneumoperitônio.

Avaliar estabilidade hemodinâmica.

3.1 - ESTÁVEl: TC para avaliar grau das lesões +/- FAST antes da TC (não é obrigatório).

*O chamado FAST de segurança avalia risco de instabilidade hemodinâmica durante realiziação da TC. Se pouco ou nenhum líquido livre, há pouca chance de instabilizar. Se muito líquido livre, há chance de instabilizar. Atenção: líquido livre se estável NÃO contra-indica TC,

3.2 - INSTÁVEL:
- Não é politrauma: laparotomia (a instabilidade só tem como vim do abdômen).
- Politrauma: faço FAST, que se (+), indica laparotomia (a instabilidade pode vim de outros locais).

23
Q

Quais são as indicações para o tratamento conservador no trauma contuso?

A
  • Tratamento conservador no trauma contuso (todos os critérios abaixo):
    > Abdome não é cirúrgico.
    > Estabilidade hemodinâmica.
    > Condições de observação (CTI).
    > Intervenção imediata: cirurgia/ angioembolização (blush arterial, extravasamento de sangue na fase arterial, indica sangramento).
24
Q

O que é e como é feita a cirurgia de controle de danos?

A

O objetivo é evitar tríade letal de coagulopatia, hipotermia e acidose metabólica.
1. Cirurgia inicial breve:
- Controle da hemorragia e lesões grosseiras.
- Peritoneostomia

*Utilizar packing (compressas) para controlar hemorragia.

  1. Reanimação em UTI (24-72h):
    - Controle da hipotermia, DHE e distúrbios hidroeletrolíticos.
  2. Cirurgia definitiva:
    - Reparo definitivo.
25
Q

Como é definida a síndrome compartimental abdominal? Quais os valores normais da pressão intrabdominal? Quando temos uma hipertensão intrabdominal e quais seus níveis de classificação? Como a síndrome compartimental abdominal pode ser classificada e tratada?

A
  1. Definição:
    - A pressão intrabdominal (PIA) normal é entre 5-7mmHg.
    - A hipertensão intrabdominal (HIA) ocorre quando a PIA > 12.
    - Síndrome compartimental abdominal (SCA) ocorre com PIA > 20 + disfunção orgânica (alguns autores afirmam que qualquer valor de HIA com disfunção é SCA).

*PPA = PAM - PIA (ideal > 60)

  1. Níveis de HIA:
    I: 12-15 mmHg.
    II: 16-20 mmHg.
    III: 21-25 mmHg¹.
    IV: ≥ 25 mmHg¹.

¹Níveis de início do risco de SCA, se esse níveis com disfunção orgânica = SCA.

  1. Classificação da SCA:
    - Primária: condição intra-abdominal.
    > Trauma abdominal.
    > Hemorragia.
    > Ruptura de aneurisma de aorta abdominal.
  • Secundária: ausência de lesão intra-abdominal.
    > Grande queimado.
    > Fraturas múltiplas.
    > Choque séptico.
  1. Tratamento:
    - Medidas Gerais:
    > Posição supina.
    > Drenagens (gástrica, retal, hematoma, ascite).
    > Controle da dor, sedação, ventilação e suporte hemodinâmico.
  • Descompressão:
    > Refratários.
    > PPA menor que 50 mmHg.
    > PIA maior que 25 mmHg.
26
Q

Quais são os tipos e fratura de pelve? Qual está mais associada a instabilidade hemodinâmica? Qual a clínica e a conduta a serem feitas nesses casos? Caso a conduta inicial não tenha sido resolutiva, qual seria o próximo passo?

A
  1. Tipos:
    1.1 - Associadas a lesão visceral:
    - Compressão Lateral (60-70%).
    - Compressão Vertical (5-15%).

1.2 - Associados a instabilidade hemodinâmica (open book):
- Compressão Anteroposterior (15-20%):
> Abrem a pelve (>2,5cm).
> Sangramento venoso e ramos da artéria ilíaca interna.
> Clínica: fratura + hipotensão.
> Conduta: amarrar a pelve (ao nível do trocânter maior do fêmur) OU fixar externamente (preferível se centro especializado).

*Se feita a amarração e não parou de sangrar: o sangue é intraperitoneal?
SIM = Laparotomia.
NÃO = Angioembolização (grandes centros) ou Packing-pré-peritoneal (pensando em sangramento arterial…).

**O FAST negativo não descarta sangramento pela fratura de pelve.

27
Q

Como podemos calcular a escala de coma de Glasgow? E a escala de coma de Glasgow-P?

A
  1. Escala de coma de Glasgow:
    1.1 - Abertura ocular:
    - Abertura ocular espontânea: 4 pts.
    - Abertura ocular ao som: 3 pts.
    - Abertura ocular a estimulaçã dolorosa: 2 pts.
    Ausência persistente de abertura ocular, sem fatores de interferência: 1 pt.
    - Olhos fechados devido a fator local (não testável): NT.

1.2 - Rsposta verbal:
- Resposta adequada e orientada: 5 pts.
- Resposta não orientada, confusa: 4 pts.
- Palavras isoladas inteligíveis: 3 pts.
- Apenas gemidos: 2 pts.
Ausência de resposta audível, sem fatores de interferência: 1 pt.
- Fator que interfere com a comunicação (não testável): NT.

1.3 - Resposta motora:
- Cumprimento de ordens com duas ações: 6 pts.
- Elevação da mão acima do nível da clavícula ao estímulo doloroso na cabeça ou pescoço (resposta localizadora): 5 pts.
- Flexão rápida do membro superior ao nível do cotovelo, padrão predominante não anormal (flexão normal): 4 pts.
- Flexão do membro superior ao nível do cotovelo, padrão claramente anormal (flexão anormal): 3 pts.
- Extensão do membro superior ao nível do cotovelo (extensão): 2 pts.
- Ausência de movimentos dos membros superiores/inferiores sem fatores de interferência: 1 pt.
- Fator que limita resposta motora (não testável): NT.

1.4 - Graduação do TCE:
- Leve: 13-15
- Moderado: 9-12
- Grave: ≤ 8

  1. Escala de coma de Glasgow-P:
    - Ambas pupilas reagem = 0.
    - Uma pupila reage = -1 do valor da ECG.
    - Nenhuma reação = -2 do valor da ECG.

**ECG-P varia de 1-15, para calculá-la: Glasgow - Resposta Pupilar.

28
Q

O que é a pressão de perfusão cerebral? Qual o valor normal da pressão intracerebral (PIC)? Qual a clínica no caso de aumento da PIC?

A
  1. Pressão de perfusão cerebral:
    PPC = PAM - PIC.
    - PIC normal: 5-15 (10).
  2. Hipertensão Intracraniana (HIC): redução importante da pressão de perfusão cerebral.
  3. Clínica:
    - Cefaleia, vômitos.
    - Edema de papila (sinal mais característico).
    - Convulsão e RNC.
    - Tríade de Cushing:
    > Hipertensão.
    > Bradicardia.
    > Irregularidade respiratória.
    - Herniação de úncus:
    > Compressão do 3º par (oculomotor): midríase ipslateral.
    > Compressão do trato corticoespinhal (1º neurônio motor): déficit motor contralateral.
29
Q

Qual a conduta frente a um TCE leve, moderado e grave?

A
  1. TCE leve: ECG 13-15.
    - 80% dos casos.
    - Conduta: observação neurológica por 6-12h.
    - Indicações de TC de crânio:
    > ECG menor que15 por mais de 2h após o trauma.
    > Maiores de 65 anos.
    > Presença de vômitoS.
    > Fratura de base de crânio.
    > Fratura com afundamento.
    > Exposição de tecido cerebral.
    > Perda de consciência por muito tempo.
  2. TCE moderado: ECG 9-12.
    - Sempre deve ser avaliado por neurocirurgia e colocado em observação no CTI po 12-24h.
    - Nova TC em 24h se piora ou alteração na TC inicial.
  3. TCE grave: ECG ≤ 8.
    - Prevenir lesões secundárias (isquemia/ hipóxia), pois a lesão primária já ocorreu (trauma).
    - Via aérea artificial, com sedação adequada.
    - Manter PPC > 60 (70) mmHg (PPC = PAM - PIC).
    - Cabeceira elevada (30-45º).
    - PAS > 100 mmHg (50-69 anos) ou > 110 mmHg (15-49 ou > 70 anos). Ou seja, contraindico hipotensão permissiva.
    - Cateter para mensurar PIC +/- drenagem liquórica (para manter PPC adequada).
    - Osmoterapia com manitol ou salina hipertônica (preferível).
    - Hiperventilação APENAS em casos refratários e, ainda assim leve e transitória (risco de vasoconstricção e isquemia cerebral, mesmo reduzindo PIC).

*Corticoide não melhora prognóstico no TCE.

**Hipotermia mão melhora o prognóstico no TCE. Apesar de reduzir PIC, sendo uma tática de neuroproteção, tem altas chances de complicações.

30
Q

Qual é a clínica da fratura de base de crânio? Quais são os tipos, o mecanismo de lesão, a clínica e a conduta nas lesões cerebrais difusas?

A
  1. Fratura de base de crânio:
    - Clínica:
    > Rinorreia.
    > Hemotímpano.
    > Sinal de Battle.
    > Sinal do Guaxinim.
  2. Lesões cerebrais difusas:
    - Concussão cerebral: nocaute, “curto circuito”…
    > Mecanismo: desaceleração súbita.
    > Clínica: perda súbita da consciência por até 6h.
    > Conduta: observação + suporte.

*É associada a TCE leve (ver se tem indicação de TC).

  • Lesão Axonal Difusa (LAD): “cortou o cabo”…
    > Mecanismo: lesão por cisalhamento, desaceleração e rotação do cérebro.
    > Clínica: perda súbita da consciência por MAIS de 6h.
    > TC inocente + ECG 3.
    > Conduta: suporte + observação.
31
Q

Como diferenciar as lesões cerebrais focais (hematomas)?

A
  1. Anatomia:
    Calota Craniana

Espaço Epidural ➡️ Artéria Meníngea

Dura Máter

Espaço Subdural ➡️ Veias ponte

Aracnoide

Espaço Subaracnoideo

  1. Diferenças:
    - Hematoma subdural:
    > Local: espaço subdural.
    > Vaso: veias ponte.
    > Frequência: mais comum.
    > Fator de risco: atrofia cortical (ex.: idosos, etilista crônicos…).
    > Clínica: progressiva.
  • Hematoma subdural:
    > Local: espaço epidural.
    > Vaso: artéria meníngea.
    > Frequência: raro.
    > Fator de risco: “pancada” (concussão) no osso temporal (por onde passa a a. meníngea).
    > Clínica: Intervalo lúcido. Concussão → sintomas (perda da consciência, tontura…) → período assintomático (intervalo lúcido) → rebaixamento do nível de consciência.
  1. Neuroimagem (TC):
    - Hematoma subdural: em lua crescente.
    - Hematoma epidural: biconvexa.
    - Hematoma intraparenquimatoso: dentro do parenquima cerebral.
32
Q

Quais são as zonas cervicais e qual a conduta frente a um trauma cervical?

A
  1. Zonas cervicais:
    1.1 - Zona 1
    - Base do pescoço e desfiladeiro torácico.
    - Fúrcula esternal a cricoide.
    - Acesso cirúrgico de maior mortalidade.

1.2 - Zona 2:
- Vai da cricoide ao ângulo da mandíbula
- Acesso cirúrgico mais fácil.
- Envolve carótidas, vertebrais, jugulares e trato aerodigestivo.

1.3 - Zona 3:
- Vai do ângulo da mandíbula até base do crânio.
- Acesso cirúrgico também é difícil.

  1. Conduta:
    2.1 - Lesão óbvia? Cirurgia.
    - Instabilidade.
    - Sangramento ativo.
    - Hematoma em expansão.
    - Lesão aerodigestiva (bolha de ar saindo da região com esôfago ou traqueia envolvidos).

2.2 - Se estável e sem indicação imediata de cirurgia? Investigar.
- AngioTC; arteriografia; doppler.
- Laringoscopia; broncofibroscopia; EDA; Esofagorafia.

*SE não violou platisma, é trauma superficial. Sutura e alta.

33
Q

Como classificar as fraturas no trauma facial? Quando operar essas lesões? Qual o grande exame para avaliar o quadro?

A

Tomografia de face / seios da face é o grande exame para avaliação desse tipo de trauma.

  1. Classificação de Le Fort:
    - Tipo 1(“Guérin/ Disjunção dentoalveolar”): a linha do trauma é transversa.
    - Tipo 2: separa maxilar e nasal do frontal (“V” invertido com ápice no osso nasal).
    - Tipo 3: parece o tipo 2, mas acomete órbita ocular (“W” com o meio no osso nasal).
  2. Conduta: só opera de imediato se perda de função ou prejuízo estético grave.
34
Q

Como é caracterizado um trauma diafragmático penetrante? E o contuso? Como diagnosticar essas lesões?

A
  1. Classificação:
    1.1 - Trauma penetrante:
    - Lesões coincidem com o tamanho do objeto.
    - Menos sintomáticas e tendem a ser menos graves.

1.2 - Trauma contuso:
- Altapressão com ruptura.
- Lesões maiores e mais graves (5-10 cm).
- Posterolateral esquerda

  1. Diagnóstico:
    - RX: herniação do conteúdo.
    - Videolaparoscopia (mais usada) ou videotoracoscopia: a depender da lesão já pode tratar após o diagnóstico.
35
Q

O que é, qual a etiologia e a clínica da embolia gordurosa? Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

A
  1. Definição e etiologia: ocorre pela embolização de gordura com obstrução de vasos sanguíneos, que ocorrem por:
    - Fratura de ossos longos, principalmente fêmur e pelve.
    - Procedimentos ortopédicos.
    - Lipoaspiração, queimaduras
    - Pancreatite
  2. Clínica: 24-72h após lesão.
    - Hipoxemia.
    - Alterações neurológicas (geralmente após a manifestação respiratória, podendo ser confusão mental até convulsões e déficits focais).
    - Petéquias.
  3. Diagnóstico: clínica + fator de risco
  4. Tratamento: suporte, não há tratamento específico.
    - Correção precoce da fratura diminui risco mas não acelera cura.
    - Não há indicação rotineira de anticoagulação com heparina.
36
Q

Quais são as zonas do retroperitônio, quais estruturas encontramos em cada zona e quando as abordamos cirurgicamente no trauma vascular? Quais são as três manobras mais utilizadas no tratamento cirúrgico no trauma vascular abdominal? Para que elas servem?

A
  1. Zonas do retroperitônio:
    1.1 - Zona 1: linha média.
    - Estruturas: aorta, tronco celíaco, AMS, AMI, cava.
    - Abordagem cirúrgica: sempre aborda.

1.2 - Zona 2: lateral, ao redor de loja renal.
- Estruturas: parênquima e vasos renais, adrenais.
- Abordagem cirúrgica:
> Penetrante? Sempre abordo.
> Contuso? Se explorando ou sangramento ativo, exploro.

1.3 - Zona 3: pelve.
- Estruturas: vasos ilíacos e ossos da pelve.
- Abordagem cirúrgica:
> Penetrante? Sempre abordo.
> Contuso? Se explorando ou sangramento ativo, exploro.

  1. Tratamento Cirúrgico
    2.1 - Manobra de Mattox: rotação visceral medial esquerda.
    - Liberação do cólon esquerdo, baço, rim esquerdos, corpo e cauda do pâncreas e fundo gástrico.
    - Exposição de toda a aorta, desde hiato até ilíacas

2.2 - Manobra de Kocher: exposição duodenal, rotação visceral direita medial.
- Liberação do cólon direito e duodeno + reflexão para linha média.
- Exposição segmento infra-hepático, VCI, VP e origem da AMS.

2.3 - Manobra de Cattell: extensão medial de Kocher.
- Liberação do meso até ligamento duodenojejunal.
- Delgado e cólon direito em direção ao tórax.
- Maior visualização do retroperitônio.

37
Q

Qual a conduta frente a um trauma esofágico e gástrico?

A
  1. Trauma esofágico:
    - Superior / médio: toracotomia posterolateral a direita.
    - Inferior: toracotomia esquerda.
    - Junção esofagogástrica: laparotomia.

Cirurgia realizada: reparo primário + drenagem. SE tardio, pensar em esofagostomia.

  1. Trauma gástrico:
    - Cirurgia: reparo primário.
38
Q

Qual a clínica, as alterações radiográficas e a conduta frente a um trauma penetrante / contuso de duodeno?

A

O melhor exame é a TC.

  1. Laceração:
    - Clínica:
    > Retropneumoperitônio.
    > Escoliose antálgica.
    > Dor lombar que irradia até escroto.
    > Crepitação ao toque retal (ar).
    - Radiografia: ar delineando rins.
    - Conduta: reparo primário.
  2. Contuso
    - Clínica:
    > Hematoma de parede duodenal.
    > Cursa com obstrução gástrica. (náuseas, vômitos…).
    - Radiografia: mola em espiral/ empilhamento de moedas.
    - Conduta: aguardar reabsorção (leva de 5-7 dias). SE não melhora em 14 dias = cirurgia. Fazer nutrição parenteral total.
39
Q

Qual a conduta frente a uma lesão de delgado, de intestino grosso e de reto (por laceração e por empalamento)?

A
  1. Delgado:
    - Clínica:
    > Sinal do cinto de segurança (aumenta risco de lesão de delgado e de mesentério).
    - Conduta:
    > Rafia primária: se menos de 50% da circunferência.
    > Ressecção + anastomose: se mais de 50% da circunferência.
  2. Grosso:
    - O local mais comum é cólon transverso.
    - Conduta:
    > Rafia primária: se menos de 50% da circunferência, casos leves.
    > Ressecção + anastomose: se mais de 50% da circunferência, casos graves.
    > Colostomia / controle de danos: se mais de 50% da circunferência, em casos graves com instabilidade hemodinâmica. Geralmente é feito mais de 4-6 CH.

*Se colostomia feita tardiamente após o trauma (4-6h), há risco contaminação com peritonite.

  1. Reto:
    3.1 - Laceração:
    - Condutas:
    > Colostomia de proteção + drenagem pré-sacra (distal, face posterior ou lateral): se atinge mais de 25% da circunferência.

3.2 - Empalamento de corpo estranho:
a) Inicial:
- Sedação.
- Tentativa de retirada.

b) Não Resolveu:
- Anestesia e tentativa de retirada.

c) Não resolveu OU falta pedaço:
- Cirurgia.

*Se desenvolveu abdome cirúrgico em qualquer momento, laparotomia.

40
Q

Qual o tratamento do trauma de pâncreas?

A

Pelo Sabiston, é sempre cirúrgico com drenagem externa.

  1. Sem lesão de ducto: reparo primário da lesão.
  2. Com lesão de ducto:
    - Corpo e cauda: à esquerda da VMS.
    > Conduta: pancreatectomia distal + drenagem.
  • Cabeça: à direita da VMS.
    > Conduta na lesão simples: reparo + drenagem.
    > Conduta na lesão grave/ associada a lesão de duodeno: Whipple + drenagem.
41
Q

Qual a conduta frente a um trauma esplênico? E no caso de trauma hepático?

A
  1. Trauma esplênico:
    - Lesão mais comum no trauma contuso.
    - Suspeitar se fraturas de arcos costais a esquerda ou sinal de Kerh (dor aguda no ombro devido a presença de irritantes na cavidade peritoneal homolateral).
    - Conduta:
    > Lesões grau I, II e III: tratamento conservador.
    > Lesão grau IV (desvascularização maior do que 25%): tratamento cirúrgico, SE estável e com blush arterial tentar angioembolização (está sangrando mas não a ponto de instabilizar).
    > Lesão grau V (baço pulverizado): tratamento cirúrgico.

*Ao retirar o baço, vacinar para pneumococo, meningococo e haemophilus (germes encapsulados).

  1. Trauma hepático:
    - Lesão mais comum no trauma penetrante por arma branca.
    - Conduta:
    > Lesão grau I, II, III e IV: se estável tentar tratamento conservador.
    > Lesão grau V: tratamento cirúrgico, se estável tentar angioembolização.
    > Lesão grau VI (avulsão): tratamento cirúrgico.
42
Q

O que é a manobra de Pringle e para que ela é utilizada? Caso ela não funcione o que podemos fazer pelo paciente?

A

A manobra de Pringle é o clampeamento do ligamento hepatoduodenal (ducto colédoco, artéria hepática e veia porta). Ele é muito utilizado para reduzir o sangramento no trauma hepático.

Caso, após a manobra, o sangramento persista, ele provavelmente advém da veia cava inferior (retrohepática) ou das veias hepáticas, ambas de difícil acesso, o que traz um péssimo prognóstico para esses pacientes. Nesse casos, as condutas a serem tentadas são:
- Empacotamento (compressas).
- Shunt atriocaval.

43
Q

Qual o mecanismo da lesão de um trauma de uretra? Quando suspeitar? Qual o exame de investigação e a conduta nesses casos?

A
  1. Trauma de uretra:
    1.1 - Anatomia: dividida pelo diafragma urogenital.
    - Uretra posterior:
    > Prostática.
    > Membranosa.
    - Uretra anterior:
    > Bulbar.
    > Peniana.
    > Glândular.

1.2 - Mecanismos de lesão:
- Uretra posterior: fratura e luxação da pelve.
- Uretra anterior:
> Bulbar: queda a cavaleiro.
> Peniana / glândular: trauma penetrante, mordedura ou fratura de corpos cavernosos.

1.3 - Investigação:
- Suspeita: sangue em meato uretral, equimose perineal…
- Confirmação: uretrografia retrógrada.

1.4 - Conduta:
- Não passar cateter vesical.
- Cistostomia aberta.

44
Q

Qual o mecanismo da lesão, o exame de investigação e a conduta frente a um trauma de bexiga?

A
  1. Trauma de bexiga:
    1.1 - Mecanismos de lesão:
    - Intraperitoneal: aumento súbito da PIA (ex.: batida de carro com a bexiga cheia).
    - Extraperitoneal: lesão pélvica.

1.2 - Investigação: cistografia retrógrada.
- Intraperitoneal: não vejo cúpula.
- Extraperitoneal: cúpula íntegra.

1.3 - Conduta:
- Intraperitoneal: laparotomia.
- Extraperitoneal: cateterismo vesical por 14 dias.

45
Q

Qual a clínica e a conduta frente a um trauma renal?

A
  1. Clínica:
    - Hematúria (é a manifestação mais frequente, mas não é obrigatória).
    - Trauma em flanco e/ou lombar.
  2. Conduta: se estável fazer TC 3 fases para classificar a lesão.
    - Lesões menores (grau I, II e III):
    > Não atingem sistema coletor.
    > 85% dos casos.
    > Tratamento conservador.
  • Lesões maiores (graus IV e V):
    > Se grau IV (atinge sistema coletor ou artéria renal): se estável tentar tratamento conservador. Angioembolização se blush arterial.
    > Se grau V (avulsão renal): nefrectomia
46
Q

Quais são e para que servem os dermátomos?

A

Os dermátomos avaliam o nível sensitivo.
- C5: ombros / deltoide.
- T2: axilas.
- T4: mamilos.
- T8: xifoide.
- T10: umbigo.
- T12: sínfise púbica.
- L (“low”): MMII (L1-L5)
> L3: joelho.
- S (“subindo”)
>S4 e S5: “Sfincter”.

47
Q

O que é a síndrome do bebê sacudido? Quando suspeitar? Qual a clínica e as alterações nos exames de imagem?

A
  1. Definição: menores de 2 anos de idade que são chacoalhados porque não paravam de chorar, causando lesões por desaceleração. É infelizmente um tipo comum de maus tratos que devemos suspeitar quando:
    - Lesões múltiplas em vários estágios evolutivos.
    - Lesões incompatíveis com a história.
    - Lesões incompatíveis com estágio de desenvolvimento.
    - Lesões suspeitas.
  2. Clínica:
    - Rebaixamento do nível de consciência.
    - Convulsão.
  3. Imagem:
    - Hemorragias intracranianas (TC).
    - Hemorragias retinianas (fundo de olho).
48
Q

Como calculamos a superfície corpórea queimada? Como classificamos as queimaduras?

A
  1. Cálculo da superfície corpórea queimada: a regra dos 9 (adultos).
    - Cabeça (anterior): 4,5%.
    - Tronco (anterior): 18%
    - Todo o membro superior (anterior): 4,5%.
    - Genitália (anterior): 1%.
    - Todo o membro inferior (anterior): 9%.

*A região posterior tem o mesmo valor que a anterior, menos a genitália que só é contabilizada no anterior.

  • Locais especiais para lembrar:
    > Tórax anterior: 9%.
    > Palma da mão aberta: 1%.
    > Face anterior da coxa: 4,5%.
  1. Classificação:
    2.1 - 1º Grau: não entra no cálculo de SCQ.
    - Restrita a epiderme.
    - Queimadura solar.
    - Clínica:
    > Eritema.
    > Ardência.
    > Ardor.

2.2 - 2º Grau (espessura parcial):
- Epiderme e alguns segmentos da derme.
- Superficial: derme papilar superficial.
> Eritema.
> Dor.
> Bolhas.
- Profunda: derme reticular profunda.
> Maior palidez.
> Muito dolorosa.
> Bolhas (+/-).

2.3 - 3º Grau (espessura total):
- Pega toda a derme, expõe subcutâneo.
- Indolor.
- Aspecto em couro (escara).

2.4 - 4º Grau:
- Profunda.
- Expõe ossos, tendões e músculos.

49
Q

Como fazer reposição volêmica nas queimaduras? Qual parâmetro usamos para monitorizar a resposta?

A

SEMPRE fazer reposição volêmica se mais que 20% da SCQ. Utiliza-se Ringer Lactato.

  1. Fórmula de Parkland:
    VOL = 4 x Peso x SCQ
    - Estima volume nas primeiras 24h, sendo que 50% deve ser feito nas primeiras 8h e os demais 50% nas outras 16h.
    - Considerar o tempo zero no momento da queimadura e volume prévio feito por ventura até então.
    - Não fazer coloide nas primeiras 24h.
    - Avaliar resposta pela diurese: alvo de 0,5ml/kg/h.
  • O ATLS 10ª edição modificou a fórmula para: VOL = 2 x Peso x SCQ (ver qual referência a questão utiliza).

**Se menor de 14 anos a fórmula é VOL = 3 x Peso x SCQ.

***Atenção para a pegadiha: se a queimadura foi há 5h, por exemplo, e o paciente só chegou ao hospital agora, 50% do volume deve ser feito em 3h (8-5=3). O tempo zero é o da ocorrência da queimadura, não o da entrada no serviço de saúde.

50
Q

Quais cuidados devemos ter frente a uma queimadura de segundo e de terceiro grau? Quando indicamos escarotomia e fasciotomia e como realizar esses procedimentos? Quais os dois antibióticos mais usados no cuidado das queimaduras?

A
  1. Cuidados gerais:
    - Limpeza e desbridamento.
    - Curativo.
    - ATB tópico (se necessário).
  2. Cuidados específicos:
    - 2º grau tipo superficial: curativo com ATB tópico, biológicos ou sintéticos.
  • 2º grau do tipo profundo / 3º grau: excisão precoce + enxerto. Formas:
    > Tangencial (até derme saudável).
    > Espessura total (até subcutâneo).
    > Fáscia (até a fáscia).
  1. Situações especiais:
    - Escarotomia:
    > Indicação: se queimadura de espessura total e circunferencial.
    > Como fazer: incisão até o subcutâneo (escara é de pele).
  • Fasciotomia:
    > Indicação: se síndrome compartimental.
    > Como fazer: incisão até a fáscia.

*A profilaxia antitetânica não é feita no atendimento inicial.

  1. Tipos de ATB:
    4.1 - Sulfadiazina de Prata:
    - Amplo espectro.
    - Não causa dor p/ aplicar.
    - Não penetra escara.
    - Atrapalha discretamente epitelização.
    - Pode haver leucopenia (5-15%).

4.2 - Acetato de Mafenida:
- Amplo espectro.
- Penetra em escara.
- Dói p/ aplicar.
- Risco de acidose metabólica (inibe anidrase carbônica).

51
Q

Qual a clínica e conduta frente a uma queimadura elétrica?

A
  1. Clínica: dano maior que lesão visível.
    - Intensa lesão muscular.
    - Síndrome compartimental.
    - Rabdomiólise.
    - Hipercalemia.
    - Mioglobinúria.
    - Risco de necrose tubular aguda e de lesão renal.
    - Risco de catarata (30%) após 1-2 anos.
  2. Conduta:
    - Reposição: VOL = 4 x Peso x SCQ, buscando diurese de 1-1,5ml/Kg/h.
    - Manitol (após diurese adequada).
    - Bicarbonato:alcalinizar urina.
    - Monitorar ECG (risco de hiperK).
    - Se > 1000 volts, monitorizar por no mínimo12h.
52
Q

Qual a clínica e conduta frente a uma queimadura química? Qual a clínica específica de queimadura química por ácido fórmico e por ácido fluorídrico?

A
  1. Clínica: lesão progressiva até neutralização da substância.
    - Ácido: lesão por hidrólise proteica/ coagulação.
    - Álcali: necrose por liquefação.

*Se ácido fórmico (couro): risco de acidose metabólica e IRA

**Se ácido fluorídrico (doméstico): risco de hipocalcemia (o floreto quela o cálcio).

  1. Conduta:
    - Lavar até pH fisiológico (15-20L).
    - Se pó químico, retirar primeiro antes da lavagem.
    - Não realizar neutralização com outra substância sob nenhuma hipótese.