CIR04 - Síndrome Álgica 1 Dor Abdominal Flashcards
Onde o apêndice é localizado?
Fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney
Qual a fisiopatologia da apendicite?
- Ocorre a obstrução da luz intestinal por: um fecalito, hiperplasia linfoide, semente, câncer…
- Isso gera uma distenção do apêndice com distensão do peritônio visceral, o que gera uma dor periumbilical (inesécífica).
- 12/24h depois ocorre isquemia com sofrimento do peritônio parietal e dor em FID (específica).
Qual a clínica da apendicite?
- Dor periumbilical que migra para FID.
- Anorexia.
- Náuseas e vômitos.
- Febre.
- Disúria (apêndice pode “tocar” no ureter inflamando-o).
*Alguns autores afirmam que a anorexia é um sintoma essencial para o diagnóstico, mas hoje isso tem entrado em desuso.
O que são os sinais de Blumberg, Rovsing, Dumphy e Lenander? O que eles indicam?
Todos indicam apendicite.
- Blumberg: descompressão súbida dolorosa no ponto de McBurney.
- Rovsing: pressão em FIE que causa dor em FID (para aumentar sensibilidade pode se fazer manobra da peristalse reversa até colo transverso).
- Dumphy: dor em FID que piora com tosse.
- Lenander: Temperatura retal > Temperatura axilar em mais de 1°C.
Como é feito o diagnóstico de apendicite aguda?
- SE alta probabilidade (homem de 10-40 anos com clínica compatível): diagnóstico clínico.
- SE probabilidade média ou dúvida (criança, idoso, mulher): imagem.
- SE risco de complicações (massa ou tardio com >48h de duração): imagem.
Qual é exame o imagem de escolha na apendicite aguda? O que esperamos encontrar?
- Criança ou gestante: USG.
> Edema da parede (espessamento).
> Apêndice maior ou igual a 7 mm.
> Aumento da vascularização.
> Apêndice não compressível ao exame.
*SE USG inconclusiva na gestante usamos RM.
**Mulheres em idade fértil não sendo possível afastar gravidez o exame inicial de escolha é a USG
- Homem ou mulher não gestante: Tomografia (padrão-ouro).
> Espessamento.
> Apêndice maior ou igual a 7 mm.
> Borramento da gordura perpendicular.
> Apendicolito.
> Abcesso.
Qual o tratamento da apendicite aguda?
- Simples e precoce:
> Apendicectomia + ATB profilático. - Chance de ser complicada ou tardia (>48h): fazer imagem.
> Não complicada: trata igual a simples.
> Abcesso: drenagem + ATB por 4-7 dias + colonoscopia em 4-6 semanas +/- apendicectomia tardia.
> Fleimão: ATB + colonoscopia em 4-6 semanas +/- apendicectomia tardia.
> Peritonite difusa: cirurgia de urgência + ATB por 4-7 semanas.
*A apendicite não costuma complicar, quando complica precisamos solicitar uma colonoscopia para afastar processos neoplásicos.
**ATB de escolha: tem que cobrir gram negativos e anaeróbios (ex.: ampicilina sulbactam, amoxicilina clavulanato…).
***Cerca de 85% de todas apendicites
podem ser adequadamente tratadas apenas com antibioticoterapia, mas a taxa de recorrência mesmo a curto prazo é altíssima o que torna a apendicectomia o padrão ouro.
Qual a via mais preferível para realizarmos a apendicectomia?
- População geral: aberta ou por vídeo (preferível).
- Mulheres, obesos, peritonite difusa: videolaparoscopia.
*A única contraindicação para fazer cirurgia por vídeo é instabilidade hemodinâmica.
O que devemos fazer perante uma cirurgia de apendicectomia com apêndice normal?
- Apendicectomia incidental (fazer apendicectomia, pois assim em um novo quadro de dor abdominal apendicite aguda não entrará mais nas suspeitas diagnósticas).
- Procurar diagnósticos diferenciais para dor abdominal: divertículo de Merkel, colecistite….
O que é e para que serve o escore de Alvarado?
Indica o risco da dor abdominal ser apendicite. Utiliza:
- Dor que migra para FIS (1 ponto).
- Anorexia (1 ponto).
- Náuseas/vômitos (1 ponto).
- Doa à palpação em FID (2 pontos).
- Descompressão brusca dolorosa em FID (1 ponto).
- Leucocitose (2 pontos).
- Desvio para a esquerda (1 ponto).
*O desvio para a esquerda não entra no escore de Alvarado modificado.
Intepretação:
> 0-3 pontos: improvável, pensar em outros diagnósticos.
> 4-7 pontos: provável. observar por 12h e se manutenção do escore, indica-se cirurgia. Outra possibilidade aqui é a realização de exame de imagem.
> 8 ou mais: muito provável. Indica-se apendicectomia.
*Há muita divergência na literatura, alguns autores indicam cirurgia direta apenas com escore maior ou igual a nove.
O que é a doença diverticular dos cólons? Qual a epidemiologia e a sintomatologia?
A presença de divertículos nos cólons, sendo mais comuns no ocidente e na população idosa. É assintomática (um achado do exame físico), as complicações que causam sintomas.
Qual a fisiopatologia da doença diverticular dos cólons?
O aumento da pressão intracolônica (dieta pobre em fibras e água) ou fragilidade da parede, como nas doenças do colágeno.
A doença diverticular dos cólons cursa com divertículos verdadeiros?
Não, divertículos de mucosa e submucosa na entra das artérias retas.
Como é feito o diagnóstico da doença diverticular dos cólons?
Por colonoscopia ou clister opaco (imagem em adição). Como é uma doença assintomática costuma ser um achado do exame e imagem.
Qual o tratamento da doença diverticular dos colóns?
É uma doença assintomática, o tratamento é apenas indicar mudanças alimentares com maior ingestão de fibras e água.
Quais as possíveis complicações da doença diverticular dos cólons?
- Hemorragia: cólon direito (15%).
- Diverticulite: cólon esquerdo (25%).
Qual o local mais comum de ocorrência da doença diverticular dos cólons?
Cólon sigmoide.
Qual a fisiopatologia da diverticulite aguda?
A presença de microperfurações no divertículo com formação de um abcesso pericólico.
Qual a clínica da diverticulite aguda?
“Apendicite do lado direito”.
- Pode ser recorrente.
- Duração de alguns dias (subaguda)
- Acomete mais idosos.
Como é feito o diagnóstico da diverticulite aguda?
Tomografia.
Devemos fazer colonoscopia diverticulite aguda? Justifique.
Na fase aguda não devemos fazer colonoscopia nem enema, pelo risco de aumentar a pressão intraluminal e os próprios microabcessos.
Após 4-6 semanas é mandatório fazer colonoscopia a fim de afastar câncer colorretal como causa da diverticulite.
O que é a classificação de HINCHEY modificada e para que ela é utilizada?
Usada para classificar a diverticulite aguda e guiar tratamento, utilizando para isso a TC.
HINCHEY 0: ausência de complicações (clínica leve de diverticulite sem abcessos visíveis).
HINCHEY I: abcesso pericólico.
Ia: fleimão.
Ib: abcesso.
HINCHEY II: abcesso pélvico.
HINCHEY III: peritonite purulenta.
HINCHEY IV: peritonite fecal.
*A classificação de HINCHEY tradicional não inclui a classe zero nem subdivide a classe I em A e B.
Qual o tratamento da diverticulite aguda?
SEMPRE faz antibioticoterapia (há uma discussão no HINTHEY 0).
- Sem complicações:
> Sintomatologia mínima: dieta líquida + ATB VO. Tratamento ambulatorial.
> Sintomatologia exuberante: dieta zero + ATB IV. Tratamento hospitalar.
*Lembrar! Colonoscopia em 4-6 semanas.
- Com complicações: abcesso maior ou igual a 4cm, peritonite ou obstrução.
> Abcesso (>4cm): drenagem + ATB + colonoscopia em 4-6 semanas + cirurgia eletiva.
> Peritonite: ATB + cirurgia de urgência (Hartmann) com lavagem laparoscópica.
> Obstrução: ATB + cirurgia de urgência (Hartmann).
O que é a cirurgia à Hartmann?
Colectomia do segmento acometido com fechamento do coto retal e colostomia termino-terminal.
*Reconstrução do trânsito em um segundo momento se possível.