CIR04 - Síndrome Álgica 1 Dor Abdominal Flashcards

1
Q

Onde o apêndice é localizado?

A

Fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney

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2
Q

Qual a fisiopatologia da apendicite?

A
  1. Ocorre a obstrução da luz intestinal por: um fecalito, hiperplasia linfoide, semente, câncer…
  2. Isso gera uma distenção do apêndice com distensão do peritônio visceral, o que gera uma dor periumbilical (inesécífica).
  3. 12/24h depois ocorre isquemia com sofrimento do peritônio parietal e dor em FID (específica).
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3
Q

Qual a clínica da apendicite?

A
  • Dor periumbilical que migra para FID.
  • Anorexia.
  • Náuseas e vômitos.
  • Febre.
  • Disúria (apêndice pode “tocar” no ureter inflamando-o).

*Alguns autores afirmam que a anorexia é um sintoma essencial para o diagnóstico, mas hoje isso tem entrado em desuso.

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4
Q

O que são os sinais de Blumberg, Rovsing, Dumphy e Lenander? O que eles indicam?

A

Todos indicam apendicite.

  • Blumberg: descompressão súbida dolorosa no ponto de McBurney.
  • Rovsing: pressão em FIE que causa dor em FID (para aumentar sensibilidade pode se fazer manobra da peristalse reversa até colo transverso).
  • Dumphy: dor em FID que piora com tosse.
  • Lenander: Temperatura retal > Temperatura axilar em mais de 1°C.
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5
Q

Como é feito o diagnóstico de apendicite aguda?

A
  • SE alta probabilidade (homem de 10-40 anos com clínica compatível): diagnóstico clínico.
  • SE probabilidade média ou dúvida (criança, idoso, mulher): imagem.
  • SE risco de complicações (massa ou tardio com >48h de duração): imagem.
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6
Q

Qual é exame o imagem de escolha na apendicite aguda? O que esperamos encontrar?

A
  • Criança ou gestante: USG.
    > Edema da parede (espessamento).
    > Apêndice maior ou igual a 7 mm.
    > Aumento da vascularização.
    > Apêndice não compressível ao exame.

*SE USG inconclusiva na gestante usamos RM.
**Mulheres em idade fértil não sendo possível afastar gravidez o exame inicial de escolha é a USG

  • Homem ou mulher não gestante: Tomografia (padrão-ouro).
    > Espessamento.
    > Apêndice maior ou igual a 7 mm.
    > Borramento da gordura perpendicular.
    > Apendicolito.
    > Abcesso.
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7
Q

Qual o tratamento da apendicite aguda?

A
  • Simples e precoce:
    > Apendicectomia + ATB profilático.
  • Chance de ser complicada ou tardia (>48h): fazer imagem.
    > Não complicada: trata igual a simples.
    > Abcesso: drenagem + ATB por 4-7 dias + colonoscopia em 4-6 semanas +/- apendicectomia tardia.
    > Fleimão: ATB + colonoscopia em 4-6 semanas +/- apendicectomia tardia.
    > Peritonite difusa: cirurgia de urgência + ATB por 4-7 semanas.

*A apendicite não costuma complicar, quando complica precisamos solicitar uma colonoscopia para afastar processos neoplásicos.

**ATB de escolha: tem que cobrir gram negativos e anaeróbios (ex.: ampicilina sulbactam, amoxicilina clavulanato…).

***Cerca de 85% de todas apendicites
podem ser adequadamente tratadas apenas com antibioticoterapia, mas a taxa de recorrência mesmo a curto prazo é altíssima o que torna a apendicectomia o padrão ouro.

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8
Q

Qual a via mais preferível para realizarmos a apendicectomia?

A
  • População geral: aberta ou por vídeo (preferível).
  • Mulheres, obesos, peritonite difusa: videolaparoscopia.

*A única contraindicação para fazer cirurgia por vídeo é instabilidade hemodinâmica.

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9
Q

O que devemos fazer perante uma cirurgia de apendicectomia com apêndice normal?

A
  • Apendicectomia incidental (fazer apendicectomia, pois assim em um novo quadro de dor abdominal apendicite aguda não entrará mais nas suspeitas diagnósticas).
  • Procurar diagnósticos diferenciais para dor abdominal: divertículo de Merkel, colecistite….
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10
Q

O que é e para que serve o escore de Alvarado?

A

Indica o risco da dor abdominal ser apendicite. Utiliza:
- Dor que migra para FIS (1 ponto).
- Anorexia (1 ponto).
- Náuseas/vômitos (1 ponto).
- Doa à palpação em FID (2 pontos).
- Descompressão brusca dolorosa em FID (1 ponto).
- Leucocitose (2 pontos).
- Desvio para a esquerda (1 ponto).

*O desvio para a esquerda não entra no escore de Alvarado modificado.

Intepretação:
> 0-3 pontos: improvável, pensar em outros diagnósticos.
> 4-7 pontos: provável. observar por 12h e se manutenção do escore, indica-se cirurgia. Outra possibilidade aqui é a realização de exame de imagem.
> 8 ou mais: muito provável. Indica-se apendicectomia.

*Há muita divergência na literatura, alguns autores indicam cirurgia direta apenas com escore maior ou igual a nove.

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11
Q

O que é a doença diverticular dos cólons? Qual a epidemiologia e a sintomatologia?

A

A presença de divertículos nos cólons, sendo mais comuns no ocidente e na população idosa. É assintomática (um achado do exame físico), as complicações que causam sintomas.

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12
Q

Qual a fisiopatologia da doença diverticular dos cólons?

A

O aumento da pressão intracolônica (dieta pobre em fibras e água) ou fragilidade da parede, como nas doenças do colágeno.

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13
Q

A doença diverticular dos cólons cursa com divertículos verdadeiros?

A

Não, divertículos de mucosa e submucosa na entra das artérias retas.

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14
Q

Como é feito o diagnóstico da doença diverticular dos cólons?

A

Por colonoscopia ou clister opaco (imagem em adição). Como é uma doença assintomática costuma ser um achado do exame e imagem.

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15
Q

Qual o tratamento da doença diverticular dos colóns?

A

É uma doença assintomática, o tratamento é apenas indicar mudanças alimentares com maior ingestão de fibras e água.

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16
Q

Quais as possíveis complicações da doença diverticular dos cólons?

A
  • Hemorragia: cólon direito (15%).
  • Diverticulite: cólon esquerdo (25%).
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17
Q

Qual o local mais comum de ocorrência da doença diverticular dos cólons?

A

Cólon sigmoide.

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18
Q

Qual a fisiopatologia da diverticulite aguda?

A

A presença de microperfurações no divertículo com formação de um abcesso pericólico.

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19
Q

Qual a clínica da diverticulite aguda?

A

“Apendicite do lado direito”.
- Pode ser recorrente.
- Duração de alguns dias (subaguda)
- Acomete mais idosos.

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20
Q

Como é feito o diagnóstico da diverticulite aguda?

A

Tomografia.

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21
Q

Devemos fazer colonoscopia diverticulite aguda? Justifique.

A

Na fase aguda não devemos fazer colonoscopia nem enema, pelo risco de aumentar a pressão intraluminal e os próprios microabcessos.

Após 4-6 semanas é mandatório fazer colonoscopia a fim de afastar câncer colorretal como causa da diverticulite.

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22
Q

O que é a classificação de HINCHEY modificada e para que ela é utilizada?

A

Usada para classificar a diverticulite aguda e guiar tratamento, utilizando para isso a TC.
HINCHEY 0: ausência de complicações (clínica leve de diverticulite sem abcessos visíveis).
HINCHEY I: abcesso pericólico.
Ia: fleimão.
Ib: abcesso.
HINCHEY II: abcesso pélvico.
HINCHEY III: peritonite purulenta.
HINCHEY IV: peritonite fecal.

*A classificação de HINCHEY tradicional não inclui a classe zero nem subdivide a classe I em A e B.

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23
Q

Qual o tratamento da diverticulite aguda?

A

SEMPRE faz antibioticoterapia (há uma discussão no HINTHEY 0).

  • Sem complicações:
    > Sintomatologia mínima: dieta líquida + ATB VO. Tratamento ambulatorial.
    > Sintomatologia exuberante: dieta zero + ATB IV. Tratamento hospitalar.

*Lembrar! Colonoscopia em 4-6 semanas.

  • Com complicações: abcesso maior ou igual a 4cm, peritonite ou obstrução.
    > Abcesso (>4cm): drenagem + ATB + colonoscopia em 4-6 semanas + cirurgia eletiva.
    > Peritonite: ATB + cirurgia de urgência (Hartmann) com lavagem laparoscópica.
    > Obstrução: ATB + cirurgia de urgência (Hartmann).
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24
Q

O que é a cirurgia à Hartmann?

A

Colectomia do segmento acometido com fechamento do coto retal e colostomia termino-terminal.

*Reconstrução do trânsito em um segundo momento se possível.

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25
Q

Qual a indicação de cirurgia eletiva nos pacientes com diverticulite aguda não complicada?

A
  • Imunossuprimidos.
  • Incapaz de excluir CA.
  • Abcesso/Fístula(ex.: vesical).
  • Persistência do quadro álgico.

*A fístula enterovesical é a fístula mais comum na diverticulie aguda, gerando gás na bexiga ao exame de imagem e tem como principais sintomas a fecalúria (fezes na ruina) e a pneumatúria (ar na urina).

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26
Q

Qual a fístula mais comum causada pela diverticulite aguda? Como ela se apresenta?

A

A fístula enterovesical é a fístula mais comum na diverticulie aguda, gerando gás na bexiga ao exame de imagem e tem como principais sintomas a fecalúria (fezes na ruina) e a pneumatúria (ar na urina) causando ITU contínua.

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27
Q

Quais são os tipos de doença vascular intestinal? Quais as características gerais de cada tipo?

A
  • Isquemia mesentérica aguda e crônica.
    > Grandes vasos.
    > AMS.
    > Acomete delgado.
  • Colite mesentérica.
    > Pequenos vasos.
    > Mucosa.
    > Cólon.
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28
Q

Qual a etiologia da isquemia mesentérica aguda?

A
  • Embolia (50%): cardiopatia emboligênica (FA, IAM recente).
  • Vasoconstricção (20%): isquemia não oclusiva (coque vasoconstrictor, cocaína).
  • Trombose arterial (15%): aterosclerose (acometimento de outros locais com IAM, AVC, DAOP).
  • Trombose venosa (5%): estado de hipercoagubilidade, dificulta saída e vascularização arterial.
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29
Q

Qual a clínica da isquemia mesentérica aguda?

A

“IAM do intestino”
- Dor abdominal súbita e desproporcional ao exame físico.
- Temp. retal < Temp. axilar.
- Metabolismo anaeróbico
> Acidose lática (aumento do lactato).
> Taquipneia compensatória.
- Irritação peritoneal (achado tardio).
- Sopro abdominal.
- Pneumatose intestinal.

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30
Q

Como é feito o diagnóstico da isquemia mesentérica aguda?

A
  • Laboratório inespecífico: leucocitose, acidose, aumento do lactato.
  • Radiografia de abdômen: achados tardio (ex.: pneumatose intestinal).
  • AngioTC (mais utilizado): falha no enchimento do contraste.
  • Angiografia mesentérica seletiva (padrão-ouro).

*Pneumatose intestinal: gás na parede do intestino, aspecto bolhoso na radiografia.

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31
Q

Qual o tratamento da isquemia mesentérica aguda?

A

Depende da causa, para TODOS: hidratação venosa, ATB de amplo espectro e suporte (correção de DHE e acido base….).

  • Embolia ou trombose:
    > Heparinização: evitar progressão da isquemia.
    > Laparotomia: embolectomia/trombectomia + avaliar a alça.
    > Papaverina no pós operatório: evitar vasoespasmo.
  • Vasoconstricção:
    > Papaverina intra-arterial: reestabelecer vascularização.
    > Cirurgia: SE refratário ou irritação peritonial.
  • Trombose venosa:
    > Heparinização (tentativa).
    > Cirurgia: SE refratário ou irritação peritonial.

*Papaverina é um vasodilatador mesentérico.

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32
Q

Qual a causa da isquemia mesentérica crônica?

A

Aterosclerose.

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33
Q

Qual a clínica da isquemia mesentérica crônica?

A

“DAC do intestino”.
- Angina mesentérica (“comeu doeu”).
- Emagrecimento.
- Doença aterosclerótica em outros sítios.

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34
Q

Qual o principal diagnóstico diferencial da isquemia mesentérica crônica? Quais dados ajudam no diagnóstico diferencial?

A

Pancreatite crônica, as duas doenças podem cursar com dor abdominal após alimentação. Se o paciente tem história de etilismo fala a favor de pancreatite crônica, se tem história de aterosclerose fala a favor de isquemia mesentérica crônica.

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35
Q

Como é realizado o diagnóstico da isquemia mesentérica crônica?

A

Angiografia mesentérica.

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36
Q

Como é feito o tratamento da isquemia mesentérica crônica?

A
  • Jovens: cirurgia de revascularização.
  • Idosos ou com comorbidades: stent.
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37
Q

Qual a epidemiologia da colite isquêmica?

A

É a isquemia intestinal mais comum, acometendo idosos com hipoperfusão (ex.: troca de AHOS, após cirurgia de aneurisma de aorta abdominal…).

38
Q

Qual a clínica da colite isquêmica?

A

Colite.
- Dor.
- Diarreia mucossanguinolenta.
- Febre.
- Distensão.

39
Q

Qual o principal diagnóstico diferencial da colite isquêmica?

A

Retocolite ulcerativa.

40
Q

Como é feito o diagnóstico da colite isquêmica? O que esperamos encontrar de alterado nesses exames?

A
  • Clister opaco: sinal das impressões digitais (thumbprinting).
  • Retossigmoidoscopia: mucosa inflamada.
41
Q

Qual o tratamento da colite isquêmica?

A

Suporte clínica, a cirurgia é rara sendo mais utilizada para colite fulminante.

42
Q

Quais são as causas principais de pancreatite aguda? Qual a mais comum? E a menos?

A
  • Biliar (30-60%): mais comum.
  • Alcoólica (15-30%).
  • Drogas.
  • Pós-CPRM.
  • Idiopático.
  • Veneno de escorpião: menos comum.
43
Q

Como é feito o diagnóstico da pancreatite aguda?

A

Critérios de Atlanta (2/3):
- Clínica: dor abdominal em barra, náuseas, vômitos…
- Laboratório: amilase e/ou lipase maior que 3x o valor de referência.
- Imagem: tomografia compatível + USG com colelitíase.

44
Q

A realização de exames de imagem é obrigatória no diagnóstico de pancreatite aguda?

A

Não, clínica + laboratório compatíveis já fazem diagnóstico.

45
Q

Quando devemos solicitar tomografia na pancreatite aguda?

A

Idealmente após 72-96h, pois nesse período já é possível visualizar a ocorrência ou não de necrose. SE dúvida diagnóstica ou quadro grave/complicações podemos faze antes mas com o risco de subestimar gravidade.

46
Q

A USG é um bom exame para diagnóstico da pancreatite aguda?

A

Não, ela não vê bem o pâncreas por ser um orgão retroperitoneal, mas pode visualizar a principal causa da doença: cálculos na via biliar.

47
Q

Qual marcador é mais específico para pancreatite aguda: amilase ou lipase? Alguma delas traz valor prognóstico?

A

Lipase é mais específica, mas nenhuma traz valor prognóstico apenas diagnóstico.

48
Q

Como podemos classificar a pancreatite aguda? Quais as características de cada classificação?

A
  • Critérios de Ranson:
    > Avaliado na enfermaria.
    > Não é imediato (necessita de duas avaliações espaçadas em 48h).
    > NÃO considera: amilase, lipase, bilirrubinas, TGP.
    > Pancreatite grave é aquela com Ranson maior ou igual a 3 e leve menor que 3.
  • APACHE II:
    > Usado na UTI.
    > Pancreatite grave tem APACHE maior ou igual a 8.
  • PCR:
    > PCR maior que 150 mg/dL sustentada por mais de 48h é critério de gravidade.
  • Classificação de Atlanta;
    > Leva em conta falência orgânica para classificação.
    > Mais atual.
49
Q

O que são e para que servem os critérios de Atlanta?

A

Classificar a pancreatite aguda em leve, moderadamente grave e grave.
- Leve: sem falênciaorgânica ou complicações.
- Grave: falência orgânica persistente por mais de 48h.
- Moderadamente grave: falência orgânica transitória (>48h) ou complicação local.

*Classificação de Atlanta modificada por Petrove adiciona o tipo crítico para as pancreatites agudas graves complicadas com necrose infectada.

50
Q

Qual o tratamento da pancreatite aguda?

A
  • Leve:
    > Internação em enfermaria.
    > Dieta zero.
    > Analgesia escalonada.
    > Hidratação venosa (passo mais importante).
    > Correção de DHE/distúrbios ácido-base (passo mais importante).
    > NÃO faz ATB.
  • Moderadamente grave ou grave:
    > UTI.
    > Hidratação venosa: reanimação volêmica (meta de diurese de 0,5 ml/kg/h).
    > Analgesia escalonada.
    > Suporte nutricional: enteral ou NPT.
    > NÃO faz ATB.
51
Q

Quando está indicada a CPRE na pancreatite aguda? O que devemos fazer nesse procedimento?

A

Na presença de colangite ou de icterícia PROGRESSIVA. Devemos fazer uma papilotomia para facilitar saída da bile.

52
Q

Quais as principais complicações da pancreatite aguda? E quais as características gerais desses complicações?

A
  • Não necróticas:
    > Coleção fluida líquida (30-50%).
    > Pseudocistopancreático (15%): coleção fluida cronificada com duração maior do que 4-6 semanas. É um cisto falso, não epitelizado. Pode crescer a ponto de gerar uma massa palpável.
  • Necróticas:
    > Necrose pancreática.
    > Walled off necrosis (WON): necrose crônica, emparedada, com mais de 4 semanas.
53
Q

Em pancreatite aguda com aumento sustentado da amilase qual deve ser nossa hipótese diagnóstica principal?

A

A amilase é alta no início da pancreatite aguda, mas tente a cair. Caso isso não ocorra devemos pensar em complicações, principalmente no pseudocistopancreático.

54
Q

Qual a conduta frente a uma pancreatite aguda complicada por coleção fluida líquida?

A

Expectante, SE infectato: punção + ATB.

55
Q

Qual a conduta frente a uma pancreatite aguda complicada por um pseudocistopancreático?

A

Expectante, SE sintomático ou complicado (comprime estruturas adjacentes): EDA com drenagem endoscópica pelo estômago.

*SE cisto infectado, não realiza drenagem pelo estômago via EDA e sim drenagem percutânea.

56
Q

Qual a conduta frente a uma pancreatite aguda complicada por necrose?

A
  • Estéril: expectante.
  • Infectada: punção + necrosectomia + ATB (imipenem).

*A necrosectomia deve ser adiada o quanto for possível a fim de facilitar a diferenciação entre parênquima sadio e necrosado. A via fechada (por vídeo) é a de escolha.

57
Q

Qual sinal na tomografia é o indicativo de pancreatite aguda complicada por necrose infectada?

A

Gás sem nível (áreas hipodensas).

*Necrose infectada indica muita gravidade.

58
Q

Qual a conduta frente a uma pancreatite aguda complicada por WON?

A

Expectante, intervenção SE:
- Infectada.
- Dor persistente.
- Falha nutricional.

59
Q

Qual é a conduta obrigatória a ser realizada antes da alta em TODOS os paciente com pancreatite aguda?

A

Colescistectomia videolaparoscópica.
- Pancreatite leve: mesma internação.
- Pancreatite grave: agendar para após 6 semanas.

60
Q

Qual o tumor endócrino mais comum? Como trata-lo?

A

Insulinoma. Benigno em 90% dos casos, tratado com cirurgia de enucleação.

61
Q

Qual a conduta frente a uma fístula pancreática?

A
  • Dieta zero por 14-21 dias (reduz secreção pancreática) + NPT.
  • Octreotide.
62
Q

Qual a fisiopatologia da ocorrência de icterícia leve na pancreatite aguda?

A

A inflamação do pâncreas pode acometer também estruturas adjacentes como o colédoco e gerar uma subobstrução do trato biliar com icterícia leve.

63
Q

O que são os sinais semiológicos de Cullen, Grey-Turner e Fax e o que eles indicam?

A

Todos indicam hemorragia retroperitonial, que tem como um dos principais diagnósticos uma pancreatite aguda de maior gravidade.

  • Cullen: hematoma periumbilical. - Grey-Turner: hematoma em flanco.
  • Fax: hematoma em base do pênis.
64
Q

Qual o uso da USG endoscópica na pancreatite aguda de repetição sem causa definida?

A

Investigar a presença de microcálculos (lama biliar), que nem a TC é capaz de demonstrar muitas vezes.

65
Q

Qual a diferença entre pancreatite aguda edematosa e necrosante na TC?

A
  • Edematosa:
    > Captação homogênea do contraste.
    > Mais comum (80%).
  • Necrosante:
    > Captação heterogênea do contraste (áreas mais claras e mais escuras).
66
Q

Como é em quem momento devemos reiniciar a dieta na pancreatite aguda? Qual a via de escolha?

A

Reiniciaremos com dieta hipolipídica (menos de 30% do valor calórico total em lipídios). A ideia é estimular o trânsito intestinal e reduzir a translocação bacteriana.
- VO: primeira via de escolha
- SNE: se não tolerar VO.
- NPT: se não tolerar anteriores.

*Pancreatite leve, sem dor, retoma dentro de 24-48h com tentativa de VO.

**Pancreatite grave, retoma dentro de 3-7 dias com tentativa de SNE.

67
Q

Quais as indicações e os métodos de realização da necrosectomia?

A
  • Indicações:
    > Necrose sintomática refratária: febre, anorexia, SIRS, dor…
    > Necrose infectada (gás na TC ou cultura positiva da punção).

*Lembrar de iniciar imipenem na necrose infectada.

  • Técnicas:
    > Endoscópico: melhor para necrose encapsulada. Drenagem via estômago ou duodeno.
    > Percutânea via TC: ponte para cirurgia ou terapêutica única.
    > Cirúrgico: se métodos anteriores não resolveram. Fazer 3-4 semanas após início do quadro (se possível), melhor identificação de pâncreas sadio e necrosado.
68
Q

O que é pancreatite crônica?

A

É uma lesão irreversível do pâncreas causada por inflamação crônica com fibrose e destruição do pâncreas exócrino e endócrino.

69
Q

Quais são as principais causas da pancreatite crônica?

A
  • Álcool (70-80%).
  • Idiopático.
  • Genético.
  • Auto-imune.
  • Metabólico.
70
Q

Quais as manifestações clínicas da pancreatite crônica? Quais as causas de cada sintoma?

A

Só aparecem na doença mais avançada.
- Dor abdominal (compressão neural de um pâncreas fribrosado e calcificado).
- Esteatorreia (déficit do pâncreas exôcrino).
- DM (déficit do pâncreas endócrino).
- Icterícia e colangite (fibrose do colédoco).
- Emagrecimento.

*A dor abdominal não e de forte intensidade e em faixa como na pancreatite aguda, é uma dor mais insidiosa e inespecífica.

71
Q

Como é feito o diagnóstico da pancreatite crônica?

A
  • Biópsia com histopatológico (padrão ouro).
  • Estruturais:
    > TC: dilatação, calcificação e atrofia.
    > USG endoscópica: alterações mais precoces.
    > CPRE: invasivo, só usado para diagnóstico se tiver alguma outra indicação clínica formal do exame. Achado: colar de contas ou cadeia de lagos.
  • Funcionais:
    > Dosagem de secretina.
    > Elastase fecal menor que 200 (falência do pâncreas exócrino).

*CPRE sempre deve ser solicitada antes de cirurgia (se indicação cirúrgica).

72
Q

Como podemos classificar a pancreatite crônica?

A
  • Doença de grande ducto: ducto pancreático principal maior que 7mm.
  • Doença de pequeno ducto: ducto pancreático principal menor ou igual a 7mm.
73
Q

Qual o tratamento da pancreatite crônica?

A

Paliativo focado nos sintomas.
- Todos:
> Suspender álcool.
> Suspender tabagismo.

  • SE esteatorreia:
    > Reposição de enzimas pancreáticas + IBP (enzimas pancreáticas são ativadas em pH mais básico).
    > Dieta fracionada e pobre em gordura.
  • SE DM:
    > Hipoglicemiantes orais ou insulinoterapia.
  • SE dor:
    > Analgesia escalonada.
    > Cirurgia se refratário.
74
Q

Quais são as indicações cirúrgicas na pancreatite crônica? Quais procedimentos podem ser realizados.

A

A cirurgia é reservada para caso de dor refratária a tratamento clínico.

  • Dor por dilatação segundaria a cálculos ou estenoses:
    > CPRE: primeira medida.
    > Descompressão cirúrgica: se refratário a CPRE e dilatação maior que 7 mm (doença de grande ducto). Realiza-se a cirurgia de Partington-Rochelle (Pustow modificada).
    > Pancreatectomia segmentar: se cálculo ou dilatação única e doença de pequenos ductos (<7mm de dilatação).
    a) Em cabeça: duodenopancreatectomia (Whipple modificada).
    b) Em corpo/cauda: pancreatectomia subtotal distal (Child).

*SE acometimento fibrótico da cabeça do pâncreas associado a doença de grandes ductos pode-se fazer a cirurgia de Berger (retirada de toda a cabeça) ou a cirurgia de Frey (retirada de parte da cabeça) com confecção seguinte de mesmo procedimento de Partington-Rochelle (Pustow modificada).

  • Dor por doença parenquimatosa, SEM dilatação:
    > Pancreatectomia total.
75
Q

O que é a cirurgia de Partington-Rochelle (Pustow modificada)?

A

É uma pancreatojejunostomia latero-lateral em Y de Roux. Se faz uma anastomose do jejuno com o ducto pancreático principal, se preservando parênquima pancreático.

76
Q

Como estão a amilase e a lipase na pancreatite crônica?

A

A amilase e a lipase encontram-se normais ou levemente aumentadas.

77
Q

Qual a principal complicação da pancreatite crônica? Como tratar essa complicação?

A

Trombose de veia esplênica. A calcificação pancreática gera uma compressão e calcificação da veia esplênica com ocorrência de esplenomegalia e varizes de fundo gástrico isoladas. Tratamento: esplenomegalia.

78
Q

A pancreatite aguda pode cursar com perda súbita da visão?

A

Sim, é uma complicação incomum chamada de retinopatia de Purtscher.

79
Q

Quais são os grandes grupo de abdômen agudo e suas principais causas?

A
  • Inflamatório: apendicite, colecistite, diverticulite, pancreatite…
  • Obstrutivo: brigas e aderências, neoplasias, volvo, hérnias, ílio biliar…
  • Perfurativo : úlcera péptica, divertículos de cólon, DII…
  • Vascular: isquemia mesentérica, colite isquêmica…
  • Hemorrágico: gravidez ectopics rota, ruptura de aneurismas, cistos hepáticos…
80
Q

O que é porfiria intermitente aguda e quais suas manifestações clínicas? Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

A

A porfiria é uma doença hereditária ou adquirida causada por acúmulo de porfirinas ou seus precursores em diversos compartimentos, quando faltam algumas enzimas necessárias para a síntese do heme. Assim, apresenta-se em várias formas e classificações a depender de qual etapa enzimática encontra-se deficiente.

A porfiria intermitente aguda, por exemplo, ocorre por deficiência da HMB-sintase e é marcada por:
- Dor abdominal contínua em cólica, pouco localizada.
- Náusea e vômitos.
- Constipação e diarreia.
- Íleo paralítico, distensão abdominal e alterações de peristalse.
- Hiperatividade simpática: hipertensão, taquicardia e tremores com sudoreses profusas.
- Neuropatia periférica que acomete principalmente neurônios motores.
- Sintomas neuropsiquiátricos: ansiedade, insônia, depressão, desorientação, paranóias, crises convulsivas…

Diagnóstico: Porfobilinogênio urinário.

Tratamento: administração de carboidratos (é capaz de inibir a enzima ALA-sintase e reduzir a produção de substâncias que se acumulam e
causam a síndrome), podendo ser oferecidos por via intravenosa na dose de 300 g/dia. Alternativa é fornecer o heme “pronto” ao paciente, mas a
administração de glicose é mais prática.

81
Q

A trombose de veia porta pode gerar dor abdominal? Qual a conduta nesses casos?

A

Sim. A clínica dependerá da extensão da obstrução e a velocidade do seu desenvolvimento. Ela pode ser silenciosa, sendo diagnosticada como um achado em exame de imagem. Entretanto, pode causar também dor abdominal inespecífica, dispepsia, distensão abdominal. A presença de picos de febre, calafrios e dor à palpação hepática sugerem trombflebite séptica de veia porta (pileflebite). Caso haja oclusão da veia mesentérica superior, os pacientes podem se apresentar também com dor em cólica e diarreia. O diagnóstico definitivo será com tomografia computadorizada de abdome e pelve com contraste.

Conduta: anticoagulação para prevenir a extensão do coágulo, podendo levar de 3-6 meses ou ser para a vida toda (se trombofilia associada).

*Tombofilias são a maior causa de trombose da veia porta.

82
Q

Qual distúrbio hidroeletrolítico denota pior prognóstico na pancreatite aguda?

A

Hipocalcemia. O consumo de cálcio demonstra um indício de falência orgânica, além disso, entra nos critérios de Ranson dentro das primeiras 48h.

83
Q

Quais os achados são possíveis de serem encontrados em uma radiografia de abdômen em um paciente com clínica de apendicite?

A

Exame com baixa acurácia mas eh possível encontrar:
- Alça sentinela.
- Concentração de alças intestinais.
- Apagamento da impressão do psoas.
- Escoliose antálgica.
- Presença do apendicolito.

84
Q

O que é adenite mesentérica e qual a sintomatologia?

A

Esta patologia normalmente está relacionada à linfonodomegalia reacional pericecal/periapendicular decorrente de um quadro viral ocorrido nas semanas anteriores à apresentação com dor. É um dos principais diagnósticos diferenciais da apendicite e a causa mais frequente de erro diagnóstico dessa doença, por apresentar um quadro clínico bastante semelhante com:
- Dor em fossa ilíaca direita.
- Febre.
- Defesa abdominal.

85
Q

O que é a classificação de Balthazar e para que ela eh utilizada?

A

Usada para classificar a pancreatite aguda pela TC. Classificação de Balthazar:
A) Pâncreas de aspecto normal.
B) Aumento focal ou difuso do pâncreas.
C) B + inflamação peripancreática.
D) Presença de coleção pancreática única.
E) Presença de duas ou mais coleções ou presença de gás na coleção.

Leva ainda em conta o grau de necrose com: nenhuma, um terço, metade ou mais da metade do pâncreas (0,2,4 e 6 pontos respectivamente).

86
Q

O que é apendagite epiplóica aguda?

A

É uma condição clínica incomum, benigna e AUTOLIMITADA. Resulta da torção ou trombose venosa espontânea das veias que drenam os apêndices epiplóicos. Manifesta-se por dor abdominal aguda e transitória, faz diagnóstico diferencial com apendicite.

87
Q

Em relação a gravidade/complicações, qual a diferença entre o primeiro e os demais episódios de diverticulite aguda?

A

Alguns autores afirmavam que a gravidade da diverticulite vai aumentando com o passar dos episódios, atualmente isso está em grande debate com artigos mostrando inclusive que o primeiro episódio pode a ser o pior, mas NÃO há consenso. Sobre as complicações, o primeiro episódio associa-se a um maior risco de perfuração que as posteriores. Este fenômeno ocorre pois a mucosa intestinal fisiologicamente não encontra-se tão espessada como após um episódio inflamatório prévio.

88
Q

Como podemos classificar a apendicite pela laparoscopia?

A

Grau 0: Normal.
Grau 1: Hiperemia e edema.
Grau 2: Exsudato fibrinoso.
Grau 3: Necrose segmentar.
Grau 4A: Abscesso.
Grau 4B: Peritonite regional.
Grau 4C: Necrose da base do apêndice.
Grau 5: Peritonite difusa.

89
Q

Qual incisão deve ser realizada na apendicectomia?

A

A incisão mediana, até pode ser realizada, mas, geralmente, ela fica reservada para aqueles casos complicados. Em casos não complicados, podemos realizar uma incisão mais localizada como a de McBurney ou de Davis ou até mesmo uma abordagem laparoscópica.

90
Q

O que é colite neutropênica? Qual o quadro clínico e como é feito o diagnóstico e o tratamento?

A

É uma inflamação transmural do ceco, inicialmente descrita em crianças sob regime quimioterápico, mas também pode ocorrer em adultos com doenças mieloproliferativas ou imunossupressos pós-transplante.

A suspeita diagnóstica aparece quando um paciente de algum dos grupos de risco citados desenvolve mucosite acompanhada de sinais e
sintomas sugestivos de apendicite aguda - dor em quadrante inferior direito, febre, vômitos e diarreia. Dentro desse contexto clínico, o diagnóstico é confirmado pela tomografia de abdome, que, aliás, é o exame de escolha.

A conduta terapêutica geralmente é
conservadora e inclui rápida instituição de antibioticoterapia de amplo espectro, repouso intestinal, sondagem nasogástrica e fatores de
crescimento para a medula óssea (filgrastim). Cirurgia fica reservada para pacientes irresponsivos ao tratamento clínico ou com complicações.

91
Q

O que significa o sinal radiológico de Rigler?

A

O sinal de Rigler é a presença de gás dentro da alça intestinal e fora da luz, delineando a parede da alça. Significa pneumoperitônio.