CIR03 - Hemorragia Digestiva Flashcards

1
Q

Qual a conduta imediata em um caso de hemorragia digestiva?

A
  1. Estabilização inicial (A,B,C…):
    - Via aérea artificial se necessário.
    - Estabilização hemodinâmica (reposição com hipotensão permissiva).
  2. Identificar e tratar causa.
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2
Q

O que significa hipotensão permissiva? Devemos utilizar esse conceito na hemorragia digestiva?

A

Sim, hipotensão permissiva significa manter a pressão arterial mais baixa do que a normalmente verificada. Isso ocorre pois se comprovou que PA mais elevada está associada a retorno do sangramento e dificuldade de parada do mesmo.

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3
Q

O hematócrito é um bom parâmetro para guiar a reposição volêmica no início de um quadro de hemorragia digestiva? Justifique.

A

Não. Ocorre perda de sangue total nesses casos, assim o Ht fica estável nas primeiras 48-72h não sendo um bom parâmetro. Após esse período e otimização da volemia, a porcentagem de hemácias reduz em relação ao volume e o Ht cai.

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4
Q

Como a hemorragia digestiva pode ser classificada? Qual parâmetro é usado nessa classificação?

A
  • Hemorragia digestiva alta (80%): ANTES (proximal, amontante) do ângulo de Treiz.
  • Hemorragia digestiva baixa (20%): APÓS (distal, a jusante) do ângulo de Treiz.

*Ângulo de Treiz = junção duodeno-jejunal.

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5
Q

Como a hemorragia digestiva alta pode se expressar clinicamente?

A
  • Hematêmese (vômitos com sangue): confirma HDA.
  • Melena (sangue digerido nas fezes): aumenta suspeita de HDA, mas não confirma. Pode expressar HDB em raros momentos quando o trânsito intestinal é muito lento.
  • Hematoquezia (sangue vivo pelo reto junto as fezes): 10-20% decorrem de HDA, normalmente com HDA de grande monta (intestino não consegue digerir todo o sangue e acaba eliminando sangue vivo, apesar do sangramento ser “alto”).
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6
Q

Quais exames são utilizados para auxiliar no diagnóstico da hemorragia digestiva alta?

A
  • EDA.
  • Sonda nasogástirca (em desuso).
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7
Q

Quais as principais causas da hemorragia digestiva alta? Qual a causa mais comum?

A
  1. Doença ulcerosa péptica (mais comum).
  2. Varizes de esôfago.
  3. Mallory-Weiss.
  4. Outras…
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8
Q

Como a hemorragia digestiva baixa pode se expressar clinicamente?

A
  • Hematoquezia (sangue vivo pelo reto junto as fezes): não confirma HDB.
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9
Q

Quais exames são utilizados para auxiliar no diagnóstico da hemorragia digestiva baixa? Quais as características gerais de cada exame?

A
  • Colonoscopia: diagnóstica e trata (terapia hemostática local), precisa de estabilidade hemodinâmica e preparo intestinal. Indicado para sangramentos pequenos/moderados.
  • Cintilografia: padrão ouro (alta sensibilidade), detecta sangramentos a partir de 0,1 ml/min. Não identifica local exato do sangramento, nem trata.
  • Arteriografia: boa sensibilidade, detecta sangramentos a partir de 0,5-1 ml/min. Diagnóstica o local de sangramento com precisão. O tratamento pode ser feito de maneira temporária (infusão intra-arterial de vasopressina) ou mais definitiva (embolização). Assim, ela ainda pode servir de “ponte” para realização da colonoscopia após estabilização inicial do paciente.
  • Angio-TC: boa sensibilidade, não trata, mas não é invasiva.
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10
Q

Quais as principais causas da hemorragia digestiva baixa? Qual a causa mais comum?

A
  1. Diverticulose (causa mais comum).
  2. Angiodisplasia.
  3. Outras… (ex.: câncer).

Em CRIANÇAS: intussuscepção e divertículo de Merkel são as causas mais comuns.

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11
Q

Qual a diferença entre hematoquezia e enterorragia?

A

Hematoquezia é a presença de sangue vivo pelo reto junto as fezes. Já enterorragia é saída de sangue vivo pelo ânus (sem fezes associadas).

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12
Q

Qual a utilidade da sonda nasogástrica na hemorragia digestiva alta? Como podemos interpretar os resultados?

A
  • Realização do exame: passa sonda, joga soro e aspira.
  • Utilização: excluir HDA ativa, estimar a gravidade e facilitar a EDA.
  • Interpretação:
    > Sangue vermelho vivo, volumoso: HDA ativa.

> Coágulo ou sangue escuro: HDA não ativa.

> Somete soro: inconclusivo (não sei se chegou até o duodeno).

> Soro com bile: HDA não ativa ou HDB.

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13
Q

Em curso de uma hemorragia digestiva alta em quanto tempo devemos fazer EDA? O exame é obrigatório?

A

Sim, EDA precoce é obrigatória para todo o paciente estável com HDA. Realizada idealmente nas primeiras 24h. Se a HDA for por varizes de esôfago, ela deve ser realizada nas primeiras 12h.

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14
Q

Como é realizada a interpretação da EDA na hemorragia digestiva alta?

A
  • Ausência de sinais e de sangramento: pensar em HDB.
  • Tem sangramento, mas não identificou causa: nova EDA.
  • Tem sangramento e identificou causa: trata.
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15
Q

A EDA pode ser usada em pacientes instáveis em um contesto de hemorragia digestiva alta?

A

Sim, é a chamada EDA de emergência e visa controlar o sangramento.

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16
Q

Em um paciente com hemorragia digestiva alta não controlável por medidas clínicas e por EDA qual conduta deve ser tomada para controle do sangramento?

A

Angioembolização (preferível) OU cirurgia.

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17
Q

Qual o local mais comum de ocorrência da doença ulcerosa péptica? Qual a artéria normalmente causadora do sangramento?

A

Em região posterior do duodeno (artéria gastroduodenal - ramo da artéria hepática).

SE for gástrica é mais comum ser úlcera alta (artéria gástrica esquerda).

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18
Q

Qual o tratamento de uma hemorragia digestiva alta causada por doença ulcerosa péptica?

A
  • IBP: 80mg em bolus + 8mg/h.
  • EDA: tratamento duplo com esclerodermia (epinefrina ou etanolamina) + hemoclipe/eletrocoagulação (opção: cianoacriato - “cimento”).
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19
Q

O que é classificação de Forrest? Para que ela é utilizada?

A

Classificação endoscópica que estima o risco de ressagramento de uma úlcera e guia o tratamento da mesma. ALTO risco de ressangramento indica tratamento endoscópico.

I - Ativa.
IA: pulsátil. Alto risco (90%).
IB: não pulsátil (babando). Alto risco (50-90%).

II - Hemorragia recente.
IIA: vaso visível. Alto risco (50%).
IIB: coágulo. Médio risco (30%).
IIC: hemantina. Baixo risco (10%).

III - Sem sinais (base clara). Baixo risco (5%).

*Hemantina = coágulo mais resistente.

*No Forrest IIB, algumas bibliografias afirmam que se deve retirar o coágulo a fim de se verificar ou não sangramento e, assim, reclassificar a úlcera.

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20
Q

Qual a indicação de tratamento cirúrgico na doença ulcerosa péptica causando hemorragia digestiva alta? Como ele é realizado?

A
  • Indicação: paciente refratário e instável.
  • Técnica: visa interromper sangramento (rafia da úlcera) +/- tratar úlcera (se paciente tiver teto para):
    > Úlcera duodenal: duodenotomia + rafia da úlcera +/- vagotomia.
    > Úlcera gástrica: gastrotomia + rafia da úlcera +/- gastrectomia e/ou vagotomia.
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21
Q

O que é a síndrome de Mallory-Weiss?

A

É uma laceração da mucosa e submucosa na junção esofagogástrica que ocorrer após vômitos vigorosos (libação alcoólica, grávidas….).

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22
Q

Como deve ser feito o diagnóstico e o tratamento da síndrome de Mallory-Weiss?

A

Através da EDA (presença de lacerações) + história clínica. 90% são auto-limitadas.

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23
Q

Qual o diagnóstico diferencial principal da síndrome de Mallory-Weiss? Como realiza-lo?

A

A síndrome de Boerhaave, é designada como a ruptura espontânea do esôfago após vômitos vigorosas por libação alcoólica. As duas síndromes tem histórias clínicas muito parecidas (HDA após vômitos intensos causados pelo álcool), mas a síndrome de Boerhaave é muito mais grave e cursa com:
- Mediastinite.
- Hematêmese (30% dos casos).

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24
Q

O que a lesão de Dieulafoy?

A

É a presença de uma artéria tortuosa e dilatada (1-3 mm de diâmetro) na submucosa circundada por mucosa normal.

*As artérias de submucosa não são visíveis a olho nu, logo, uma artéria nessa localidade é 1-3 mm é considerada bastante dilatada.

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25
Q

Qual o local de acometimento principal da lesão de Dieulafoy?

A

Pode acometer todo o TGI, mas acomete mais estômago proximal (principalmente pequena curvatura).

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26
Q

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da lesão de Dieulafoy?

A
  • Diagnostico: EDA (ponto sangrante circundado por mucosa normal). Na ausência de sangramento é difícil localizar local somente com EDA, sendo muitas vezes necessária a utilização de USG endoscópico.
  • Tratamento: EDA ou angioembolização (se não for possível encontrar ponto de sangramento na EDA). Nos casos refratários ao manejo clínico pôde-se proceder cirurgia com ressecção em cunha (retirada somente do local que contém a lesão).
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27
Q

O que é hemobilia? Quando devemos desconfiar dessa doença?

A

Hemobilia é o sangramento da via biliar. Devemos desconfiar em um quadro de HDA com trauma ou manipulação recente das vias biliares.

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28
Q

Qual a clínica da hemobilia?

A
  • HDA.
  • Dor em quadrante superior direito.
  • Icterícia.
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29
Q

O que é a tríade de Philip Sandblom ou tríade de Quinke? Que doença ela expressa?

A

A a presença de:
- HDA.
- Dor em quadrante superior direito.
- Icterícia.

Designa hemobilia.

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30
Q

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da hemobilia?

A
  • Diagnóstico:
    > EDA (saída de sangue pela ampola duodenal).
    > Angiografia (padrão ouro - diagnostica e trata).
  • Tratamento: angiografia com angioembolização (EDA não chega até lesão).
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31
Q

O que é a lesão aguda da mucosa gástrica (LAMG)? Quem deve realizar prevenção contra essa lesão? Como é feito o tratamento?

A

A LAMG é uma gastrite relacionada a hemorragias digestiva alta, associada a hipoperfusão gástrica com lesão da mucosa pelo suco gástrico, principalmente em região de antro. O tratamento e a profilaxia é feito com IPB. Como o uso de IPB indiscriminadamente permite a colonização de bactérias no estômago e aumenta a chance de pneumonia, o grupo de pacientes elegíveis para profilaxia são:
- Coagulopatia.
- VM por mais de 48h.
- TCE (Glasgow < 10).
- Queimaduras envolvendo mais de 35% da superfície corporal.
- Politrauma (inclusive raquimedular).
- Falência hepática aguda.
- Falência renal aguda.
- História de úlcera ou de hemorragia gástrica no ano anterior.
- Pré ou pós operatório, especialmente transplantes de rim ou fígado.
- Hepatectomia parcial.

Tratamento:
- Clínico: IBP, antagonista H2, sucralfato. - Se não responsivo a terapia clínica habitual: octreotide, EDA (primeira opção), embolização angiográfica (se sangramento maciço não contido por EDA), cirurgia em refratários (vagotomia, gastrectomia parcial…).

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32
Q

O que é a ectasia vascular antral gástrica (GAVE)? Qual o tratamento?

A

Chamada de estômago em melancia, é a dilatação linear de vênulas do antro gástrico. Possui associação com cirrose, doença renal e esclerodermia. A apresentação como HDA grave é rara, normalmente os pacientes costumam apresentar anemia ferropriva por perda crônica. Tratamento: EDA com coagulação em plasma de argônio.

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33
Q

O que é a fístula aortoentérica?Qual o tratamento?

A

É uma fístula entre a aorta e o intestino que normalmente ocorre na segunda ou quarta porções do duodeno. Apresentam-se com HDA grave, geralmente fatal. Pode haver um sangramento sentinela antes da HDA maciça. A fístula pode ocorrer por aterosclerose, aortrite ou por colocação de prótese aórtica.

Tratamento: cirúrgico (clampeamento da aorta proximal, retirada da prótese, derivação extra-anatômica e fechamento primário da fístula).

34
Q

O que são as lesões de Cameron? Qual o tratamento?

A

São erosões incomuns do saco de hérnias hiatais. Normalmente assintomáticas, mas podem ser causa de HDA e anemia. Tratamento: IPB + suplementação de ferro. A cirurgia de correção da hérnia pode ser feita nos refratários.

35
Q

Qual a utilidade de cada exame usado na investigação da hemorragia digestiva baixa?

A
  • Colonoscopia
    > Escolha para sangramento mínimos a moderados (sangramentos grandes dificultam a visualização).
    > Diagnostica e terapêutica.
  • Cintilografia
    > Não define o local e não e terapêutica.
    > Mostra o sangramento por ser o mais sensível (0,1 ml/min).
  • Arteriografia
    > Escolha para sangramentos maciços.
    > Diagnostica e terapêutica.
    > Identifica o local específico do sangramento (0,5-1 ml/min).
  • Angio-TC
    > Disponível e rápido.
    > Boa sensibilidade (0,3-0,5 ml/min).
    > Não é terapêutico.
36
Q

Como é feito a investigação de um paciente que apresenta hematoquezia?

A
  1. Hematoquezia pode ser HDA (10-20%): sangramentos volumosos (sangra tanto que não consegue digerir tudo), geralmente causados por DUP. Assim:
    - Paciente INSTÁVEL / ALTA probabilidade de HDA: fazer EDA.
  2. Hematoquezia pode ser HDB: geralmente a hemorragia baixa não cursa com sangramento muito volumoso. Assim:
    - Paciente ESTÁVEL: colonoscopia.

SE foco não encontrado por essa investigação inicial:
- Sangramento volumoso: angioemolização.
- Sangramento moderado/mínimo: colonoscopia.

*Sempre incluir no exame físico (independente da abordagem) a realização de toque retal/anuscopia/retossigmoidoscopia para investigar doenças mais distais, que também são causas de hematoquezia.

37
Q

O que é a doença diverticular dos cólons? Qual a sintomatologia?

A

Presença de divertículos no cólon. É assintomática, as complicações que geram sintomas.

38
Q

Quais as complicações da doença diverticular dos cólons? Qual o loca mais comum de cada uma dessas complicações?

A
  • Hemorragia: cólon direito.
  • Diverticulite: cólon esquerdo.
39
Q

Qual a clínica e a sintomatologia da hemorragia por doença diverticular dos cólons?

A

A clínica é a presença de sangramento arterial que se expressa por hematoquezia.

40
Q

Qual o tratamento da hemorragia por doença diverticular dos cólons?

A
  1. Colonoscopia: sangramento leve a moderado. Primeira opção.
  2. Arteriografia com angioembolização: SE sangramento volumoso (não da para fazer colonoscopia) ou refratário a colonoscopia.
  3. Cirurgia: se instabilidade hemodinâmica. Realiza-se a colectomia segmentar (subtotal) ou total. É feita a confecção de ileostomia ou anastomose iliorretal, a depender da condição clínica do paciente, a fim de manter trânsito intestinal.
41
Q

O que é angiodisplasia? Qual local do corpo ela costuma acometer?

A

É uma malformação venosa dos vasos submucosos. Pode acometer todo o TGI mas mais comumente o ceco, sigmoide e o reto (nessa ordem).

42
Q

Qual a clínica da angiodisplasia? Como é feito o diagnóstico?

A
  • Assintomático.
  • Sangramento oculto.
  • Sangramento intermitente.
  • HDB.

Diagnóstico: colonoscopia.

43
Q

Como é feito o tratamento da angiodisplasia?

A

Depende da clínica:
- Achado da colonoscopia (assintomático): não trata.

  • Sangramento oculto ou anemia ferropriva: incerto. Depende da quantidade de angiodisplasia e da possibilidade dela ser o foco do sangramento.
  • HDB com sangramento por colonoscopia: trata.
  • HDB com sangramento por angiografia: trata
44
Q

O que é sangramento oculto?

A

Um sangramento investigado por EDA e colonoscopia sem foco aparente. Local provável de localização: delgado.

45
Q

O que é o divertículo de Merkel? Qual sua localização?

A

A anomalia congênita mais comum do TGI, ocorre pelo fechamento incompleto do conduto onfalomesentérico (vitelínico). É um divertículo verdadeiro formado na borda anti-mesentérica. Pode ter mucosa gástrica ou pancreática ectópica.

É localizado 40-60 cm proximal da válvula ileocecal (no íleo).

46
Q

Qual a clínica do divertículo de Merkel?

A
  • Assintomático.
  • Sangramento, advindo do delgado adjacente (produção de ácido gástrico/conteúdo pancreático pela mucosa ectópica, que lesa delgado adjacente).
  • Diverticulite.

*Quanto maior a idade menor a chance de complicações, mas se complica mais inflama (diverticulite) do que sangra.

47
Q

Como é feito o diagnóstico do divertículo de Merkel?

A
  • Cintilografia: contraste identifica mucosa gástrica ectópica.
  • SE sangramento: arteriografia ou cintilografia.
48
Q

Como é feito o tratamento do divertículo de Merkel?

A

APENAS em sintomáticos:
- Ressecção cirúrgica do divertículo.
- Na hemorragia: ressecção do divertículo + delgado adjacente (ele quem sangra).

49
Q

Porque o divertículo de Merkel é conhecido pela “regra do dois”?

A

Pois acomete 2% da população, está há 2 pés da válvula ileocecal, tem 2 polegadas de diâmetro e tem 2 tipos de mucosa ectópica.

50
Q

A diverticulite do divertículo de Merkel faz diagnóstico diferencial com qual patologia?

A

Apendicite. Se tem clínica de apendicite e na cirurgia apêndice estiver normal, procurar divertículo de Merkel.

51
Q

Como é a anatomia do canal anal (estruturas, músculos, glândulas…)?

A

PROXIMAL A LINHA PECTÍNEA
- Mucosa/Epitélio colunar cilíndrico.
- A. retal superior.
- Plexo hemorroidário interno ou superior.
-Sem terminações nervosas (indolor).
- CA típico: adenocarcinoma.

NA LINHA PECTÍNEA
- Glândulas de Chiari (liberam o conteúdo na linha pectínea).

*Lateralmente se localizam na região interesfincteriana.

DISTAL A LINHA PECTÍNEA
- Queratina/Epitélio estratificado escamoso (sangra pouco).
- Aa. retais médias e inferiores.
- Plexo hemorroidário externo ou inferior.
- Com terminações nervosas (doloroso).
- CA típico: epidermoide.

> > Músculos:
- Esfíncter anal interno (+ medial).
- Esfíncter anal externo (intermédio).
- Levantador do ânus (+ lateral).

52
Q

Qual a etiologia da doença hemorroidária?

A
  • Constipação.
  • Muito tempo em pé sem se mover.
  • Muito tempo sentado no vaso sanitário.
53
Q

Qual as tipos clínicos da doença hemorroidária? E os sinais e sintomas de cada um deles?

A
  • Interna (plexo hemorroidário superior, mais comum): sangramento INDOLOR +/- prolapso. “Mucosa vem de dentro do ânus”
  • Externa (plexo hemorroidário inferior): nódulo arrocheado + dor (trombose). “Pele invade o ânus”
54
Q

Como é feito o diagnóstico da doença hemorroidária?

A

Clínica + anuscopia.

55
Q

Como é feito o tratamento geral a toda doença hemorroidária (interna e externa) e as fissuras anais?

A
  1. Medidas dietéticas e comportamentais.
    - Não ficar muito tempo sentado no vaso sanitário, nem muito tempo em pé sem se mover.
    - Dieta rica em fibras (20-30g) e líquidos (1,5-2L).
  2. Sintomáticos.
    - Analgésicos.
    - Venoativos.
    - Banhos de assento (grande melhora).
56
Q

Como é feito o tratamento da doença hemorroidária externa?

A

MEDIDAS GERAIS (FlashCard 55) +

  • Menos de 72h: excisão cirúrgica em caso de trombose (anestesia e faz um pick com o bisturi. A ferida é deixada aberta, cicatrização por segunda intenção).
  • Mais de 72h: conservador.
57
Q

Quem precisa realizar colonoscopia antes de fazer o tratamento da doença hemorroidária? Justifique.

A
  • Rastreio tradicional (>45-50 anos).
  • Anemia ferropriva.
  • Alteração no padrão intestinal (alternância entre diarreia obstipação).
  • Teste imunoquímico fecal positivo (sangue nas fezes).
  • Familiar com DII.

A hemorroida pode cursar com sangramento digestivo baixo e a cirurgia, muitas vezes usada no tratamento, inviabiliza por algum tempo a realização de colonoscopia. Assim, é preciso fazer a colonoscopia antes da cirurgia para afastar CA colorretal.

58
Q

Como é feita a classificação da doença hemorroidária interna? E o tratamento?

A

MEDIDAS GERAIS (FlashCard 55) +

1° Grau: sem prolapso > dieta +/- ligadura (para sintomáticos).

2° Grau: redução espontânea (prolapsa a valsalva) > ligadura (similar a realizada nas varizes de esôfago).

3° Grau: redução manual > ligadura ou cirurgia.

4° Grau: irredutível > cirurgia.

  • Tipos de cirurgia:
    > Milligan-Morgan (aberta): não faz sutura, fecha por segunda intenção. Menor risco de contaminação, maior demora para cicatrizar. Mais realizada em todo o mundo.
    > Ferguson (fechada): faz sutura. Maior risco de contaminação, menor demora para cicatrizar. Mais realizada nos EUA.

*Não existe cirurgia melhor que a outra, depende do paciente e do cirurgião.

**Todas os tipos de cirurgia retiram os três mamilos hemorroidários para evitar recorrência.

59
Q

Qual a fisiopatologia por trás a formação da fissura anal primária?

A

Lesão (dor)

Hipertrofia do esfíncter anal

Isquemia

Lesão (dor)

60
Q

Qual o local habitual de formação da fissura anal?

A
  • Primária: medial e posterior (90%).
  • Segundária: outros locais ou múltiplas. Causas possíveis: doença de Crohn, HIV, sífilis, tuberculose, leucemia…
61
Q

Quais são os tipos de fissura anal? E quais são características clínicas/tratamento de cada um desses tipos?

A

A. Aguda (<6 semanas):
- Clínica: dor ao evacuar + sangue “no papel”.
- Fissura avermelhada.
- Tratamento:
> “Medidas gerais” (FlashCard 55 -dieta, mudança comportamental e uso de sintomáticos).
> Tratamento tópico (pomadas): nitrato (reduz hipertonia), diltiazem (reduz hipertonia), corticoide (reduz vasoconstricção isquemia e dor)…

B. Crônica (>6-8 semanas):
- Clínica: plicoma e papilite.
- Fissura esbranquiçada.
- Tratamento:
> Igual o da fissura crônica +/-
> Botox.
> SE refratário ou manometria positiva (aumento da contração do esfíncter anal): esfincterectomia lateral interna (unilateral).

62
Q

Qual a principal causa de fissura anal primária?

A

Lesão no ânus pelo uso crônico de papel higiênico.

63
Q

O que é abcesso anorretal? Onde ele pode estar presente (classificação)?

A

Os abcessos anorretais são formados a partir de uma infcção das glândulas de Chiari, por isso se localizam primariamente entre os esfíncteres anais interno e esterno. A compressão desses esfíncteres sobre o abcesso pode direciona-los para outros locais.

Classificação:
- Interesfincteriano (origem).
- Perianal (mais comum).
- Supraelevador (pelve).
- Isquiorretal (nádega).

64
Q

Qual a clínica do abcesso anorretal?

A
  • Dor perineal.
  • Abaulamento.
65
Q

Como é feito o diagnóstico do abcesso anorretal?

A

Clínico. Se dúvida diagnóstica ou abcesso profundo, a TC/RM podem ajudar.

66
Q

Como é feito o tratamento do abcesso anorretal?

A

Drenagem IMEDIATA +/- antibioticoterapia.

67
Q

Quais as indicações de utilizar antibiótico no abcesso anorretal?

A
  • Sepse.
  • DM.
  • Celulite.
  • Imunossuprimidos (não há consenso mas há uma tendência a se fazer.).
68
Q

O atraso no tratamento adequado do abcesso anorretal pode gerar que complicação grave?

A

O atraso na drenagem pode gerar gangrena de Fournier.

69
Q

O que é a fístula anorretal?

A

É a cronificação o de um abcesso (abcesso drenado ou não pode cronificar como fístula).

70
Q

Qual a clínica da fístula anorretal?

A
  • Dor.
  • Orifício com saída e secreção purulenta.
71
Q

O que é classificação de Parks e para que ela é usada?

A

É a classificação das fístulas anorretais.

Tipo 1: Interesfincteriana (45%).
Tipo 2: Transesfincteriana (30%).
Tipo 3: Supra-esfincteriana (20%).
Tipo 2: Extra-esfincteriana (5%).

  • Fístulas simples: tipo 1 e 2.
  • Fístulas complexas: 3 e 4.

*Nem toda fístula do tipo 2 é simples, se ela ocupar mais de 30% do esfíncter ela é considerada complexa.

72
Q

Como é feito o diagnóstico da fístula anorretal?

A

Clínico +/- TC/RM (verificar trajeto e classificar).

73
Q

O que é regra de GoodSall-Salmon? Para que ela é usada?

A

É uma regra que versa sobre o trajeto das fístulas anorretais de acordo com seu local de inserção inicial. Nem sempre está correta, mas afirma que:
- Fístulas anteriores e até 3cm do ânus: trajeto retilíneo.
- Demais fístulas (posteriores e anteriores com mais de 3cm do ânus): trajeto curvilíneo.

74
Q

Como é feito o tratamento da fístula anorretal?

A
  • Simples: fistulotomia/fistulectomia.
  • Complexas: colocação de sedenho/seton (tem relação íntima com esfíncter anal, não pode fazer fistulectomia pelo risco de incontinência fecal).
75
Q

Qual um importante diagnóstico diferencial na presença de um abcesso perianal?

A

A hemorróida externa. Os dois são “massas” na região perianal. A hemorróida externa é um nódulo arrocheado, enquanto o abcesso um abaulamento avermelhado.

76
Q

Com base na clínica como realizar o diagnóstico diferencial entre hemorroida interna, hemorroida externa, fissural anal, abcesso anorretal e fístula anorretal?

A
  • Hemorroida interna: SANGUE + INDOLOR.
  • Fissural anal: SANGUE + DOR.
  • Hemorroida externa: DOR + NÓDULO.
  • Abcesso anorretal: DOR + ABAULAMENTO.
  • Fístula anorretal: ORIFÍCIO + PUS.
77
Q

O que são enterólitos? Qual a sintomatologia e o diagnóstico? E o tratamento?

A

São cálculos primários formados no interior de um divertículo. Embora este
evento seja raro, ele é mais frequente no divertículo de Meckel. Os sintomas da enterolitíase diverticular estão associados às suas complicações como obstrução, inflamação, perfuração e sangramento. Seu diagnóstico
envolve exames de imagem como raio-x, estudos baritados, ultrassonografia, tomografia computadorizada e cápsula endoscópica. É possível visualizar imagens radiopacas fixas em topografia de íleo terminal, associadas ou não às suas complicações.

Tratamento: só para casos sintomáticos/complicações. Requer abordagem cirúrgica, via laparotomia ou laparoscopia. Deve-se realizar a fragmentação dos mesmos e ordenha até o cólon proximal, ou remoção através de enterotomia. Idealmente o divertículo também deve ser retirado.

78
Q

O que é o cisto pilonidal? Quais as apresentações clínicas e o tratamento?

A

Lesão que ocorre na região sacrococcígea na linha interglútea, mas pode ser observada em outras regiões. Há a presença da cavidade pilonidal com poros abertos na pele. Há três formas de apresentação clínica.
- Assintomática: um ou mais poros ou orifícios na região intergútea. Indolor e sem fistulização. Sem indicação de tratamento.
- Aguda: semelhante a um abcesso perineal. Dor, celulite, massa dolorosa, com possível flutuação. Trata igual abcesso.
- Crônica: semelhante a uma fístula perianal. Um ou mais poros ou orifícios que apresentam drenagem de conteúdo mucoso/purulento. Trata igual fístula.

79
Q

Qual parâmetro deve ser utilizado para guiar a reposição volêmica na hemorragia digestiva? Qual as metas de reposição?

A

O débito urinário, sempre respeitando o conceito de hipotensão permissiva. Metas:
- PAS em torno de 100 mmHg.
- FC < 100 bpm.

80
Q

O que são os sinais de: Mannkopf, Cullen, Carnett e Cruveilhier-
Baumgarten?

A
  • Sinal de Mannkopf: é útil para afastar dor simulada da dor verdadeira.
    Consiste na aceleração do pulso radial durante a palpação de um ponto álgico, sugerindo dor verdadeira.
  • Sinal de Cullen: consiste em equimose periumbilical. Indica hemorragia retroperitonial.
  • Sinal de Carnett: é útil para diferenciar dor abdominal de origem visceral da dor da parede abdominal. Enquanto o examinador pressiona o ponto álgico com os dedos, o paciente flexiona o tronco e as pernas. Se houver manutenção ou piora da dor durante a manobra, considera-se o sinal de
    Carnett positivo, sugerindo processo inflamatório da parede abdominal.
  • Sopro de Cruveilhier-
    Baumgarten: consiste numa espécie de zumbido venoso que pode ser auscultado em pacientes com hipertensão portal, resultado de conexões colaterais entre o sistema porta e o remanescente da veia umbilical.
81
Q

O que é gastropatia portal hipertensiva? Qual o tratamento?

A

É uma complicação gástrica da hipertensão portal, a mucosa gástrica fica friável e suscetível a sangramentos. Pode ser assintomática ou causar sangramento intestinal crônico, com presença de anemia ferropriva e sangue oculto nas fezes, ou agudo com hematêmese, melena ou hematoquezia (se sangramento maciço).

A profilaxia primária é feita com beta bloqueador, assim como o tratamento do sangramento crônico e a profilaxia segundaria. O tratamento do sangramento agudo é feito com vasoconstrictor esplâncnico e se refratário TIPS ou shunt cirúrgico.