CIR02 - Síndrome Disfágica e Dispéptica Flashcards
Qual a definição de síndrome disfágica?
Presença de disfagia (dificuldade de levar o alimento da boca ao estômago).
Qual o grande orgão que deve ser lembrado quando falamos de síndrome disfágica?
Esôfago.
Quais são as funções do esôfago?
- Transporte
1/3 proximal mm. esquelético (controlável).
2/3 distais mm. liso (autônomo). - Regulação (controle do esfíncter esofagiano inferior).
Quais os tipos de disfagia e suas causas? Qual a mais relacionada a síndrome disfágica?
- Disfagia de transferência (“engasgo”): dificuldade de levar o alimento da boca ao esôfago. Associado:
> Doenças neurológicas.
> Doenças musculares. - Disfagia de condução (“entalo”): dificuldade de conduzir o alimento pelo esôfago. Causas:
> Obstrução mecânica.
> Distúrbio motor.
A disfagia de condução é a mais relacionada a síndrome disfágica pois nela a disfagia é o que mais chama atenção, enquanto na disfagia de transferência a disfagia faz parte de uma grande síndrome neurlógica ou muscular (ex.: Parkinson, demência, pós-AVC, ELA…)
Qual a clínica da síndrome disfágica?
- Disfagia de condução.
- Perda de peso.
- Regurgitação/halitose.
Qual o diagnostico diferencial deve estar presente quando falamos em síndrome disfágica?
Câncer de esófago.
Qual o exame deve se utilizado na abordagem inicial de um paciente com síndrome disfágica?
Esofagografia baritada.
Quais as causas da disfagia de condução?
- Obstrução mecânica:
> Tumor.
> Divertículo (Zenker, médio-esofágico e epifrênico).
> Anel de Schtzki.
> Estenose péptica. - Distúrbio motor:
> Acalásia.
> Espasmo esofagiano difuso.
> Esôfago em quebra nozes.
O que é a estenose péptica?
É uma complicação da DRGE, com estreitamento segmentar da junção esofagogástrica de padrão ascendente cursando com disfagia. Abaixo da área de estenose pode estar presente o esôfago de Barret.
Qual a causa do divertículo de Zenker? Ele é um divertículo verdadeiro?
Hipertonia do EES (m. cricofaríngeo) com contrações sucessivas que geram a expulsão de mucosa e submucosa e formação do divertículo. Portanto é um divertículo por pulsão (falso).
Qual o local de formação do divertículo de Zenker? Qual os marcos anatômicos?
Triângulo de Killian (hipofarínge). Entre os músculo tireofaríngeo e cricofaríngeo.
Qual a população mais comumente acometida pelo divertículo de Zenker?
Idosos na sétima década de vida com acometimento mais comum a esquerda.
Qual a clínica do divertículo de Zenker?
- Disfagia.
- Halitose e regurgitação.
- Massa móvel e palpável que alivia a compressão (é retrovertível com liberação do conteúdo em seu interior para o esôfago, sendo esse conteúdo engolido e digerido).
Qual uma complicação potencialmente fatal na passagem de sonda gástrica em paciente com divertículo de Zenker?
Ruptura do divertículo e contaminação do mediastino cursando com mediastinite
Como é feito o diagnóstico do divertículo de Zenker? Qual a marca encontrada no exame que nos faz fechar diagnóstico?
Esofagografia baritada (padrão ouro). Encontramos a imagem em adição.
Como é feito o tratamento do divertículo de Zenker?
<2cm: miotomia (abertura da bolsa do divertículo).
>2cm: miotomia + plexia (até 5cm) OU ectomia.
>3cm: elegíveis para miotomia + divertículotomia via EDA (procedimento de Dohlman).
*PLEXIA: fixação do divertículo na parede posterior do esôfago, menos invasivo (preferível - até 5cm).
**ECTOMIA: retirada do divertículo com sutura do mesmo, mais invasivo e pode cursar com complicações como fístulas.
***Procecimento de Dolhman é minimamente invasivo, mas só pode ser realizado em divertículos >3cm pela passagem da pinça do endoscópio.
Qual os locais onde os divertículos de Zenker, médio-esofágico e epifrênico costumam ocorrer?
- Zenker: região proximal do esôfago (triângulo de Killian).
- Médio-esofágico: região medial do esôfago.
- Epifrênico: região distal do esôfago.
O divertículo médio-esofágico é um divertículo verdadeiro? Quais são suas causas?
Sim. Causado por:
- Tração: linfonodos aumentados ou infecções fibrosantes.
- Pulsão: distúrbio motores (acalásia).
Qual a lateralidade mais comum do divertículo médio-esofágico?
Direita.
Qual a causa do divertículo epifrênico?
Pulsão: distúrbios motores (acalásia).
Quais as características marcantes do divertículo epifrênico que permitem distingui-lo de outros divertículos esofágicos?
- Mais comum a direita.
- Aparece em região de esôfago distal.
- Tem boca larga.
Como é feito o diagnóstico e tratamento do divertículo médio esofágico? E do divertículo epifrênico?
O diagnóstico é feito com esofagografia baritada. O tratamento é realizado somente
em sintomáticos e/ou divertículos maiores de 2cm com miotomia diverticuloplexia ou diverticulectomia
O que é acalásia e qual sua causa?
A acalásia é a distruição do pleno mioentérico (Auerbach) com ocorrência de:
- Hipertonia do EEI (pressão>35mmHg).
- Perda de relaxamento do EEI.
- Peristalse anormal ou aperistalse.
Quais os tipos de acalásia?
- Primária (idioática).
- Segundária (no Brasil, Chagas).
Qual a clínica da acalásia?
- Disfagia.
- Regurgitação.
- Perda de peso.
Como é realizado o diagnóstico de acalásia? O que costumamos encontrar nesses exames?
- Esofagografia baritada: sinal do bico de pássaro (também chamado de chama de vela ou rabo de rato).
- Esofagomanometria (padrão ouro): peristalse simultânea, EEI hipertônico, que não relaxa adequadamente.
Qual o principal diagnóstico diferencial de acalásia? Como diferencia-los?
Câncer de esófago. Nesse caso a disfagia é mais acelerada e a perda de peso mais intensa do que em outras condições, como na acalásia. Nela a disfagia é progressiva (demora anos) e a perda de peso gradual e menos intensa, acometendo paciente mais jovens (cerca de 35 anos).
O que é a esofagomanometria de alta resolução? Para que ela é usada e quais os parâmetros avaliados?
É o exame padrão ouro para avaliar distúrbios de condução esofágicos. Utiliza três parâmetros:
- IRP: pressão de relaxamento do EEI.
- Pressurização do corpo esofágico: contração esofágica durante deglutição.
- DCI: avalia a contração esofágica distal.
O que é a classificação de Chicago e para que ela é utilizada?
É utilizada para diagnóstico e classificação da acalásia em 3 subtipos utilizando para isso a esofagomanometria de alta resolução.
- Diagnóstico: IRP>15 + pressão de relaxamento incompleto do EEI.
- Classificação:
> Tipo I (clássica): aperistalse em 100% dos casos, ausência de pressurização e DCI menor que 100.
> Tipo II (compressão efofágica): aperistalse e pressurização panesofágica em maior igual a 20% das deglutições.
> Tipo III (espástica): contrações espásticas e DCI>450 em maior igual a 20% das deglutições.
O que é classificação de Mascarenhas e Rezende? Para que ela é utilizada?
Utilizada para classificar e tratar a acalásia.
- Tipo I: esôfago de até 4cm. Trat.: conservador (clínico), nitrato, antagonista de cálcio, sildenafil, botóx.
- Tipo II: esôfago de 4-7cm. Trat: dilatação endoscópica.
- Tipo III: esôfago de 7-10cm. Trat: cardiomiotomia a Heller + Fundoplicatura (evitar refluxo) ou POEM (cardiomiotomia endoscópica, menos invasiva).
- Tipo IV: esôfago de >10cm. Trat: esofagectomia (esôfago em sigmoide/dolicomegasôfago, condição pré-maligna).
*O colégio americano de gastroenterologia afirma que o tratamento conservador na acalásia é pouco resolutivo, despendioso, pouco duradouro e com muitos efeitos adversos. Assim, NÃO recomenda seu uso (recomenda dilatação endoscópica já na classe I).
O que é o anel de Schatzki?
É um estreitamento laminar do corpo do esôfago.
Qual a clínica do anel de Schatzki?
- Disfagia intermitente para grande pedaços de alimento.
- “Síndrome de Steakhouse” (mesma sensação aguda de se engasgar com um alimento).
Qual o diagnóstico e o tratamento do anel de Schatzki?
Diagnóstico é feito pela esofagografia baritada e o tratamento pela dilatação endoscópica.
O que é o espasmo esofagiano difuso?
Uma contração simultânea e auto-limitada do corpo do esôfago (músculo liso).
Qual a clínica do espasmo esofagiano difuso?
- Disfagia intermitente.
- Cólica esofágica não contínua (precordialgia aguda).
Qual o diagnóstico diferencial principal do espasmo esofagiano difuso na emergência?
Síndrome coronariana aguda, os dois cursam com precordialgia que melhora com nitrato. O diagnóstico diferencial é realizado com exames complementares (enzimas cardíacas e ECG normais).
Como é feito o diagnóstico do espasmo esofagiano difuso? O que esperamos encontrar?
- Esofagografia baritada: sinal do saca-rolhas ou contas em rosário.
- Esofagomanometria: contrações simultâneas, vigorosas (pressão>120mmHg) e duradouras (maior do que 2,5 segundos).
*Esses exames devem ser realizados sob estresse (estímulo que dispare sintomatologia), pois os exames são completamente normais em períodos assintomáticos.
Como é realizado o tratamento do espasmo esofagiano difuso?
Essencialmente clínico: nitratos, antagonistas de cálcio, ansiolíticos, terapia cognitiva comportamental (influência psicológica para disparada dos sintomas)…
O tratamento cirúrgico (miotomia longitudinal) é de exceção e deve ser desincentivado, pois o tratamento clínico costuma resolver.
Qual a definição de síndrome dispéptica?
Dor epigástrica por mais de um mês.
Quando devemos solicitar EDA para um paciente com síndrome dispéptica e porquê?
- Maiores de 40-45 anos.
- Sinais de alarme:
> Disfagia.
> Odinofagia.
> Anemia.
> Perda de peso.
Deve-se solicitar EDA pelo risco aumentado de câncer.
Refluxo é considerado uma das causas de síndrome dispéptica?
Não, mas confunde (dor retroesternal ascendente com regurgitação).
Qual deve ser a abordagem geral da síndrome dispéptica?
TEM >40 anos ou sinal de alarme = EDA.
- EDA POSITIVA: dispepsia orgânica (úlcera péptica, CA…). Tratamento específico.
- EDA NEGATIVA: dispepsia funcional. Seguir mesmo fluxograma de quem não faz EDA.
TEM <40 anos e sem sinal de alarme = tratar empiricamente.
1. Pesquisar e tratar H. pylori (participa da úlcera).
2. IPB por 4-8 semanas (resolve se for úlcera).
NÃO MELHOROU
- Tricíclico.
NÃO MELHOROU
- Procinético
Qual a definição de DRGE?
Clínica ou endoscopia de refluxo.