Aula 6 - Inovação de Transformação Digital Flashcards
Porque são necessárias abordagens inovadoras de prestação de cuidados de saúde?
Os sistemas de saúde estão sujeitos a inúmeras pressões:
* o envelhecimento da população
* estilos de vida pouco saudáveis que vão levar ao aumento de fatores de risco associados a doenças crónicas e mortalidade evitável (tabagismo, alcoolismo, pouco consumo de alimentos saudáveis como frutas e legumes, poluição)
* aumento dos custos ligados à saúde, com muitas famílias com elevados custos out-of-pocket e gastos catastróficos em saúde
* capacidade e recursos limitados e barreiras ao acesso aos cuidados de saúde, como a baixa disponibilidade de recursos especializados, os elevados tempos de espera, falta de médicos e enfermeiros especialmente em zonas remotas e grandes disparidades socioeconómicas que levam a necessidades médicas não atendidas
O que são Modelos Inovadores de Prestação de Cuidados? Quais existem e o que os caracteriza?
Os modelos inovadores de prestação de cuidados são formas de prestar cuidados que diferem dos habituais no ambiente, no tipo de cuidados, no prestador, na população ou na experiência do paciente. Existem vários modelos:
* Cuidados centrados no paciente: o paciente e os seus cuidadores estão no centro do planeamento, prestação e avaliação dos cuidados prestados (ex.: apoio individualizado à autogestão numa determinada doença).
* Cuidados integrados: os cuidados são prestados ao doente por uma equipa multidisciplinar que atendem às necessidades multidimensionais do paciente (ex.: serviço de fraturas ortogeriátricas)
* Hospital-at-home: cuidados que são normalmente prestados no hospital passam a ser realizados em casa, como uma alta hospitalar mais cedo para que o doente possa continuar a sua recuperação em casa e são os profissionais de saúde que se dirigem a casa do paciente.
* Cuidados em ambulatório e hospitais de diagnóstico: serviços em ambulatório/sem internamento
* Cuidados virtuais: o atendimento ao paciente é feito por telefone ou chamadas por vídeo (ex.: gestão por telessaúde em doentes com insuficiência cardíaca)
* Hospitais especializados e unidades de cuidados especializados numa população (centros de responsabilidade integrada): atendimento seletivo para um grupo de pacientes-alvo; são unidades dedicadas ao tratamento de determinadas patologias.
Como se podem classificar os cuidados virtuais?
Podem-se classificar com base no sincronismo (síncrono e assíncrono), com base no tipo de dados recolhidos (ativos, passivo e metadados), com base no delivery format (computerized, web e mobile) e com base na atividade clínica (teletriagem, telediagnóstico, teleconsulta, telecirurgia, telemergência, telemonitorização, intervenções na Internet, telerreabilitação e teletrainig, teleexpertise e teleassistance)
O que nos diz a evidência do impacto do modelo de cuidados virtuais?
- indicadores clínicos e de mortalidade: foram documentados resultados mistos para pacientes com insuficiência cardíaca crónica, asma e DPOC, mas foram documentados resultados positivos em situações de depressão e ansiedade pós-parto
- qualidade de vida: resultados positivos e mistos de Outcomes em qualidade de vida, utilizando telemedicina e videoconferência
- utilização dos cuidados de saúde: efeitos positivos na gestão de frituras, DRC, enfarte do miocárdio, asma, DPOC, insuficiência cardíaca (educação em saúde e telemonitorização): efeitos negativos incluindo o aumento do numero de contactos e visitas clínicas não emergenciais e aumento de internamentos em doentes com DPOC
- Autogestão e autocuidado: resultados positivos e mistos na autogestão de comportamento em doenças crónicas como asma, DPOC e insuficiência cardíaca
- Conhecimento do paciente: efeitos positivos em pacientes com osteoporose, DRC e depressão pós-parto.
Quais os benefícios do Virtual Care para os pacientes e para os prestadores de cuidados?
Para os pacientes:
* Acesso mais eficiente aos cuidados de saúde (mais rápido e mais oportuno)
* Redução das desigualdades no acesso
* Maior conforto na prestação de cuidados de saúde e menos sobrecarga pois não é necessária a deslocação
* Menos custos associados a deslocações
* Reduz a carga sobre os cuidadores
* Reduz as inconveniências tanto para os doentes como para cuidadores (menos faltas ao trabalho, menos logísticas)
* Menos visitas presenciais a especialistas
* Fornece ferramentas que ajudam as pessoas a lidarem com as suas doenças
* Cuidados mais centrados no paciente, com maior independência e autogestão
Para os prestadores:
* Amplia o acesso ao horário de atendimento
* Amplia o âmbito de trabalho para médicos em zonas rurais/mais desertas, reduzindo o seu isolamento profissional
* Capacita as pessoas a autogerirem a sua condição de saúde
* Fornece locais de trabalho flexíveis
* Melhora a comunicação e colaboração entre os profissionais de saúde
* Desenvolvimento de serviços flexíveis e sustentáveis que promovem a integração entre os diferentes setores de prestação de cuidados
* Maior acesso à educação contínua e formação profissional
* Reduz o tempo gasto em viagens e despesas relacionadas ao transporte dos pacientes
Quais as desvantagens do Virtual Care?
- falta de literacia em saúde
- relutância por parte dos profissionais de saúde/utilizadores
- baixa prontidão digital em alguns contextos
- falta de interoperabilidade dos sistemas
- problemas tecnológicos associados ao log-in, downloads, velocidades das conexões, etc
- questões relacionadas com a privacidade e confidencialidade associada a sistemas digitais
- menos controlo do que em ambiente hospitalar
- dificuldade na avaliação de sinais não-verbais e realização de um exame físico clássico
escassez de legislação e diretrizes para a orientação da prática
Impulsionadores do virtual care
- aceitação do virtual care em todo o mundo
- cultura de compromisso com a inovação e disposição para partilhar aprendizagens
- governança consistente, forte e clara
- forte liderança local
- aumento da confiança do médico e da sua capacidade de adaptar a sua prática
- criação de cargos focados na área para apoiar a implementação e avaliação dos cuidados virtuais, como gerente de telessaúde
- gestão de mudanças para garantir que os modelos são adequados à finalidade
- investimento e desenvolvimento de infra-estrutura
- tecnologia fácil de usar, acessível, adequada à finalidade, confiável, segura e económica
- coordenação da monitorização e avaliação dos cuidados virtuais
Barreiras do virtual care
- Acesso do paciente a dispositivos e planos de internet apropriados e acessíveis, e processos para pacientes que precisam de apoio adicional
- Não existe um repositório central de novas iniciativas e projetos-piloto (duplicação)
- Sustentabilidade a longo prazo
- Problemas de financiamento
- Lacunas no desenvolvimento curricular
- Necessidade de sistemas interativos para apoiar os fluxos de trabalho clínicos
- Necessidade de uma variedade de ferramentas técnicas flexíveis
O que são Big Data? O que os caracteriza e quais as fontes?
Big data é uma combinação de dados estruturados, semi-estruturados e não-estruturados recolhidos por organizações que podem ser extraídos de informações e ser utilizados em projetosde machine Learning, por exemplo. O que os caracteriza é a velocidade, a variedade, o volume, a veracidade e o valor. Algumas fontes de Big data são os media, cloud, a web, bases de dados, perfis de redes sociais, documentos legais, etc…
O que é Machine Learning e que tipos existem?
Machine Learning é um subconjunto de técnicas de AI que utilizam métodos estatístico para permitir que máquinas melhorem com a experiência. Baseia-se no reconhecimento de padrões e na teoria de que os computadores podem aprender relações úteis entre os dados sem serem especificamente programados para isso.
- supervised learning: inicialmente fornecemos os inputs e os outputs e o programa “aprende” a função que os liga. Quando tive novos dados, vai conseguir fazer essa ligação
- unsupervised learning: apenas fornecemos os inputs e o sistema agrupa por alguma noção de semelhança compartilhada (normalmente utiliza-se quando nós próprios não conseguimos classificar os dados)
- reinforcement learning: o sistema aprende a tomar decisões interagindo com o ambiente, vai recebendo feedback. Ele vai aprender as melhores ações a serem tomadas em diferentes situações para maximizar a recompensa cumulativa (através de scores). Pode ser utilizado para a otimização do tratamento, recebendo feedback.
Potenciais Riscos da Utilização de AI na Saúde
- Excesso de confiança nos sistemas de AI: quando o profissional confia cegamente na AI e deixa de ter sentido crítico, pode levar a erros
- Possíveis erros e danos aos pacientes: os sistemas de AI podem cometer erros que têm um grande impacto na área da saúde
- Risco de Bias e aumento das desigualdades: os sistemas de AI podem inadvertidamente perpetuar ou exacerbar os preconceitos existentes
- Falta de transparência e confiança: os processos de tomada de decisão podem ser “opacos”
- Violações da privacidade dos dados: são alvos de hackers e possuem informação confidencial sobre os doentes
- Autonomia do paciente e consentimento informado
Princípios éticos da IA em saúde
- Responsabilidade e Confiabilidade
- Privacidade dos Dados
- Autonomia
- Minimização do risco e segurança
- Validade
- Não- discriminação e justiça
- Otimização e qualidade dos dados
- Acessibilidade e equidade
- Colaboração
- Confiança
Desafios técnicos na implementação de IA em saude
- Falta de interoperabilidade dos sistemas: a inconsistência dos formatos de dados e protocolos dificulta a capacidade de comparar e trocar dados entre diferentes prestadores de saúde
- Qualidade dos dados: pode haver consequências graves de treinar um modelo de AI com base em dados inconsistente e incompletos
- Skill gaps: treinar profissionais e doentes para operar modelos de IA é um desafio
- Conformidade Regulamentar: refere-se à adesão a leis, regulamentos, diretrizes e especificações relevantes para a aplicação de IA em práticas de saúde