Abdome Agudo Flashcards

1
Q

Definição

A

É uma síndrome dolorosa aguda de intensidade variável, que leva o indivíduo a procurar o serviço de urgência e requer tratamento imediato, seja ele clínico ou cirúrgico.

Se não tratado, evolui com piora dos sintomas e progressiva deterioração do estado geral.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Anamnese

A
  • Início
  • Semiologia da dor
  • Febre
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Distensão abdominal
  • Ruídos hidroaéreos intestinais
  • Hematêmese e/ou Melena
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Características da dor visceral

A
  • Mal-localizada
  • Ao longo da linha média
  • Causada por distensão ou estiramento dos órgãos
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Características da dor somática

A
  • Mediada por receptores ligados a nervos somáticos no peritônio parietal e raiz do mesentério
  • Responsável por sinais propedêuticos (contratura involuntária, abdome em tábua…)
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Características da dor referida

A

Sensação dolorosa no ponto de inserção da origem do órgão no segmento medular no corno posterior.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Características da dor no Abdome agudo inflamatório

A
  • Insidiosa
  • Progressiva Intervalo entre o início e a admissão na emergência é geralmente longo
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Anamnese - Febre

A

Manifestação comum nas fases iniciais de afecções inflamatórias e infecciosas (exceto em imunodeprimidos, idosos e pacientes com doenças crônicas)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Anamnese - Manifestações sistêmicas

A

Por vezes, o abdome agudo se apresenta como infecção grave acompanhada de manifestações sistêmicas, como calafrios e toxemia, evoluindo para choque séptico (mais frequente em peritonites graves).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Exame físico

A
  • Regiões do abdome, movimentos, aumentos de volume e alterações na epiderme devem ser observados;
  • A presença de cicatrizes abdominais tem importância e pode sugerir a etiologia da obstrução associada a aderências
  • A percussão auxilia nos casos de perfuração e suboclusão;
  • A palpação é considerada a parte mais importante (por meio dela o médico sente a presença de peritonite localizada
  • apendicite e colecistite, ou difusa
  • úlcera perfurada, que se traduz pela contratilidade da musculatura de forma involuntária).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Exames complementares - Laboratorial

A
  • Hemograma
  • Amilase
  • Lipase
  • Bilirrubinas
  • Transaminases
  • Enzimas canaliculares
  • Eletrólitos
  • Gasometria
  • Urina I
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Exames complementares - Imagem

A
  • Radiografia anteroposterior em pé e em decúbito, e de radiografia de tórax anteroposterior com visualização das cúpulas diafragmáticas.
  • O decúbito lateral esquerdo com raios transversais (posição Laurel) pode ser utilizado na suspeita de perfuração em víscera oca.
  • A US abdominal e a TC podem ser solicitadas de acordo com a suspeita diagnóstica
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Exames complementares para diagnóstico e que servem como medida terapêutica

A
  • Videolaparoscopia
  • Endoscopia digestiva alta
  • Colonoscopia
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Classificação do abdome agudo

A

PIVOH

  1. Perfurativo
  2. Inflamatório
  3. Vascular
  4. Obstrutivo
  5. Hemorrágico
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Abdome agudo inflamatório - Conceitos gerais

A

Compreende casos de peritonite secundária a afecção infecciosa ou inflamatória na cavidade abdominal.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Abdome agudo inflamatório - Causas mais comuns

A
  1. Apendicite aguda
  2. Colecistite aguda
  3. Pancreatite aguda
  4. Diverticulite aguda
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Apendicite aguda - Epidemiologia

A
  • 2% das admissões hospitalares
  • 7% da população dos países desenvolvidos;
  • Risco máximo por volta dos 10 anos, diminuindo progressivamente à medida que aumenta a idade
  • Mais comum em homens;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

Apendicite aguda - Fases

A
  1. Edematosa: secreção persistente após obstrução do lúmen, aumentando a pressão luminal
  2. Fibrinosa: estase, proliferação bacteriana
  3. Flegmonosa: edema, obstrução linfática, ulceração da mucosa
  4. Perfurativa ou gangrenosa: obstrução venosa e arterial, perfuração.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
18
Q

Apendicite aguda - Quadro clínico

A
  • Dor abdominal inicialmente periumbilical que migra para a fossa ilíaca direita
  • Anorexia
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Sem febre ou subfebril
  • Dor se torna cada vez mais localizada
  • Surge irritação peritoneal local.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
19
Q

Apendicite aguda - Exame físico

A
  • Na ausculta: ausência ou diminuição dos ruídos hidroaéreos
  • A percussão dolorosas é manobra propedêutica importante
  • A palpação revela dor no ponto de McBurney, anatomicamente localizado a 1/3 de uma linha imaginária que vai da espinha ilíaca anterossuperior até o umbigo
  • Sinal de Blumberg (descompressão brusca dolorosa)
  • Sinal de Rovsing (dor na fossa ilíaca direita quando se palpa a fossa ilíaca esquerda)
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
20
Q

Apendicite aguda - Outros sinais presentes

A
  • Sinal de Lennander: dissociação entre temperatura retal e axilar >1ºC
  • Sinal de summer: hiperestesia na fossa ilíaca direita
  • Sinal de lapinski: dor à compressão da fossa ilíaca direita enquanto se solicita ao paciente para elevar o membro inferior direito
  • Sinal punho-percussão: dor em fossa ilíaca direita à punho-percussão do calcâneo
  • Sinal de dunphy: dor desencadeada pela percussão abdominal ou referida quando se solicita que o paciente tussa
  • Sinal do obturador: dor durante a rotação interna passiva da coxa direita flexionada
  • Sinal psoas: dor na flexão ativa da coxa direita contra uma resistência ou dor na extensão passiva desta, com o paciente deitado em decúbito lateral esquerdo
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
21
Q

Apendicite aguda - Apresentações atípicas

A

Comuns em:

  • Variações anatômicas
  • Imunocomprometidos (HIV, DM, LES e esclerodermia)
  • Em uso de imunossupressores (corticoides ou quimioterapia) -
  • Gestantes
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
22
Q

Apendicite aguda - Diagnóstico diferencial - Causas de dor na fossa ilíaca direita

A
  • Infecção do trato urinário
  • Doença inflamatória pélvica
  • Cólica renal
  • Gravidez ectópica
  • Constipação
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
23
Q

Apendicite aguda

Diagnóstico diferencial

Causas de massa palpável na fossa ilíaca direita

A
  • Doença de Crohn
  • Neoplasia maligna do ceco
  • Abscesso no músculo psoas
  • Rim pélvico
  • Cisto de ovário
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
24
Q

Apendicite aguda - Exames complementares

A

Auxiliam na diferenciação diagnóstica em casos duvidosos.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
25
Q

Apendicite aguda

Exames complementares Laboratoriais

A
  • Leucograma: pouco específico e constitui um dado indireto
  • Teste de gravidez para excluir gravidez ectópica
  • Exame de urina para diferenciar infecções no trato urinário e urolitíase;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
26
Q

Apendicite aguda - Exames de imagem - Raio x

A
  • Sinais indiretos como borramento da linha do psoas
  • Posição antálgica com escoliose côncava para o apêndice
  • Presença de alça ileal parética próximo à fossa ilíaca direita
  • Achado de cálculo no quadrante inferior direito do abdome que pode sugerir a presença de fecálito
  • Presença rara de pneumoperitônio;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
27
Q

Apendicite aguda - Exames de imagem - US

A
  • 90 a 98% de acurácia
  • Achado de apêndice não compressível comumente relatado como o dado mais específico
  • Possível localização do bloqueio pélvico ou da coleção líquida na fossa ilíaca direita
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
28
Q

Apendicite aguda

Exames de imagem - TC

A
  • Possível identificação de apêndice distendido ou de coleções e bloqueios locais
  • Possível identificação de espessamento parietal do ceco, fecálito, ar extraluminal, ar intramural dissecando as paredes e flegmão do ceco
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
29
Q

Apendicite aguda - Videolaparoscopia

A
  • Recurso diagnóstico e terapêutico
  • Indicados em pacientes obesos, gestantes e em caso de dúvida diagnóstica
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
30
Q

Apendicite aguda - Em gestantes

A
  • Apresentação mais comum é a dor na fossa ilíaca direita
  • Pode haver dor no hipocôndrio direito pela elevação do ceco pelo útero
  • Febre é menos comum e leucocitose é típica
  • A peritonite difusa ocorre com mais frequência, porque o omento maior não alcança a região pélvica para o bloqueio inflamatório
  • Preferir a laparoscopia do que a videolaparoscopia
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
31
Q

Apendicite aguda - Conduta

A
  • No caso de diagnóstico duvidoso, um período de observação clínica pode ser útil. Nesse período procede-se a hidratação intravenosa e analgesia (analgésicos não mascaram o sinal de peritonite);
  • Confirmado o diagnóstico, o tratamento é a apendicectomia;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
32
Q

Apendicite aguda - Complicações - Perfuração

A
  • Motivos: atraso no diagnóstico ou adiamento da cirurgia. É acompanhada por dor severa e febre alta.
  • O risco é de 50% em <10 anos, 10% entre 10 e 50 e 30% >50 anos.
  • As consequências variam de peritonite generalizada a formação de abscesso pélvico.
  • Aumenta o risco de infertilidade tubária em 25% das mulheres jovens.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
33
Q

Apendicite aguda - Complicações - Peritonite

A
  • Resulta da perfuração microscópica de um apêndice gangrenado.
  • A peritonite generalizada normalmente decorre de necrose extensa do órgão e contaminação de toda a cavidade.
  • Os sinais de peritonite generalizada são: distensão abdominal, rigidez involuntária e dor extrema com íleo adinâmico. Febre alta e toxicidade severa demonstram progressão do processo infeccioso.
  • A conduta é a apendicectomia de urgência. Se houver comprometimento do íleo terminal e do ceco, deve-se considerar a hemicolectomia direita.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
34
Q

Apendicite aguda - Complicações - Pileflebite

A
  • Tromboflebite supurativa do sistema porta.
  • Calafrios, febre alta, icterícia de grau leve e, mais tarde, abscesso hepático.
  • A presença de calafrios intensos implica a introdução de antibióticos de amplo espectro.
  • TC é o melhor exame para detectar trombose e gás no sistema portal.
  • Em adição ao uso dos antibióticos, a cirurgia é obrigatória para retirada do apêndice e avaliação de outras causas associadas à infecção (abscesso túbulo-ovariano, diverticulite aguda e necrose intestinal segmentar).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
35
Q

Apendicite aguda - Complicações - Bloqueio pélvico

A
  • Evolução de muitos dias de dor abdominal, realizado, geralmente, pelo omento ou por vísceras adjacentes.
  • Pacientes febris, com os achados de massa palpável na fossa ilíaca direita e leucocitose.
  • Exames de imagem auxiliam o diagnóstico da massa palpável no quadrante inferior direito (US ou TC).
  • Há cirurgiões que utilizam aspiração percutânea guiada por US para a drenagem do abscesso, atb por 6 semanas e cirurgia eletiva após o esfriamento do processo.
  • Outros cirurgiões recomendam apendicectomia imediata por laparotomia (pode trazer complicações).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
36
Q

Apendicite aguda - Prognóstico

A
  • A taxa de mortalidade por perfuração diminuíram em torno de 5%.
  • O risco de complicações no pós-operatório de fase gangrenosa ou perfurada chega a 30%.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
37
Q

Colecistite aguda - Epidemiologia

A
  • 3ª causa de internação na emergência
  • 95% está associada a cálculos;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
38
Q

Colecistite aguda - Causa

A
  • Obstrução do ducto cístico por cálculo impactado no infundíbulo, tornando a vesícula inflamada e distendida.
  • A colecistite aguda alitiásica ocorre principalmente em pacientes críticos em terapia intensiva, diabéticos e aqueles que recebem nutrição parenteral.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
39
Q

Colecistite aguda - Quadro clínico

A
  • Dor persistente no hipocôndrio direito
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Febre não é comum na fase inicial
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
40
Q

Colecistite aguda - Exame físico

A
  • Defesa à palpação no hipocôndrio direito (HD)
  • Sinal de Murphy (compressão do HD e solicitação para a respiração profunda, com parada desta devido à dor);
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
41
Q

Colecistite aguda - Avaliação laboratorial

A
  • Bilirrubinas
  • Enzimas canaliculares
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
42
Q

Colecistite aguda - Exame de imagem

A
  • US é o método de eleição para o diagnóstico (espessamento da parede da vesícula, líquido e/ou ar perivesicular, presença e localização dos cálculos)
  • Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica;
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
43
Q

Colecistite aguda - Tratamento

A
  • Tratamento cirúrgico
  • Colecistectomia videolaparoscópica é considerada padrão-ouro
  • A antibioticoterapia é de curta duração, exceto quando há infecção associada
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
44
Q

Pancreatite aguda - Definição

A

Processo inflamatório do pâncreas, geralmente de natureza química, provocado por enzimas produzidas por ele próprio, e que tem como resultado final a autodigestão.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
45
Q

Pancreatite aguda - Etiologia

A
  • Litíase biliar (70%), seguida de etilismo e hipertrigliceridemia.
  • 5 a 10% são idiopáticas.
46
Q

Pancreatite aguda - Quadro clínico

A
  • Dor abdominal associada a vômitos
  • Dor em faixa, no abdome superior e no dorso (50% dos casos)
  • Sinais de toxemia (febre e alterações circulatórias) denotam quadros avançados;
47
Q

Pancreatite aguda - Sinal de Cullen e Grey Turner

A

Manchas equimóticas periumbilicais (sinal de Cullen) ou nos flancos (sinal de Grey Turner), são secundários a hemorragia peritoneal ou retroperitoneal.

48
Q

Pancreatite aguda - Exames laboratoriais

A
  • Amilase e lipase sérica.
  • Não avaliam a gravidade do quadro.
49
Q

Pancreatite aguda - Avaliação da gravidade

A
  • É feita pelos parâmetros de Ranson na admissão e após 48 horas.
  • Presença de 3 ou mais indica pancreatite aguda grave:
  • Admissão: Idade >55, Leucócitos >16.000, Glicemia >200, DHL >350 e TGO >250
  • Após 48 horas:
    • Queda do hematócrito >10%,
    • Aumento do nitrogênio ureico sanguíneo (BUN) >5 mg/dL
    • Cálcio sérico <8 mg/dL
    • PaO2 <60 mmHg
    • Sequestro líquido >6.000 mL
50
Q

Pancreatite aguda - Exames de imagem

A
  • US pode confirmar a etiologia biliar
  • TC reserva-se aos quadros complicados para avaliação de complicações (coleções e necrose)
  • Avaliação de gravidade pela TC através da escala de Balthazar!
51
Q

Pancreatite aguda - Tratamento das formas leves

A
  • Jejum
  • hidratação vigorosa
  • controle da dor.
52
Q

Pancreatite aguda - Tratamento quando etiologia biliar

A

Colecistectomia videolaparoscópica na mesma internação, após a resolução do quadro de pancreatite (normalização da amilase e melhora da dor abdominal).

53
Q

Pancreatite aguda - Tratamento dos quadros graves

A
  • Internação na terapia intensiva.
  • Além das medidas iniciais, devem-se avaliar a necessidade de sonda nasogástrica e correção hidroeletrolítica.
  • ATB são indicados nas complicações infecciosas, geralmente quando se observa ar no retroperitônio pela TC.
  • Indicação cirúrgica constitui uma conduta de exceção.
  • Necrosectomias devem ser utilizadas em necroses extensas que não responderam a medidas clínicas.
54
Q

Diverticulite aguda - Causa

A

Perfuração de um divertículo, resultado da ação erosiva de fecálito ou do aumento excessivo da pressão intraluminal, levando ao quadro de peritonite.

55
Q

Diverticulite aguda - Classificação de Hinchey

A
  • Abscesso pericólico
  • Peritonite localizada
  • Peritonite purulenta generalizada
  • Peritonite fecal
56
Q

Diverticulite aguda - Quadro clínico

A
  • Dor na fossa ilíaca esquerda
  • Febre persistente
57
Q

Diverticulite aguda - Exame físico

A
  • Defesa e peritonite no quadrante inferior esquerdo.
  • Podem ocorrer fístulas, sendo a retovesical a mais comum.
  • Nesses casos, observam-se pneumatúria e infecção urinária que não responde ao tratamento clínico.
58
Q

Diverticulite aguda - Exames complementares

A
  • TC de abdome e pelve (padrão-ouro);
59
Q

Diverticulite aguda - Tratamento

A
  • Orientado conforme a apresentação da doença pela classificação de Hinchey
60
Q

Diverticulite aguda - Tratamento Hinchey I

A

Internação hospitalar para jejum, hidratação, antiespasmódicos, antibióticos (cobertura para Gram negativos e anaeróbicos) e observação por 48 a 72 horas.

61
Q

Diverticulite aguda - Tratamento Hinchey II

A

Falha no tratamento clínico de abscesso pequeno ou presença de grande coleção pélvica que demandam drenagem, feita preferencialmente por meio de radiologia intervencionista ou abordagem cirúrgica.

62
Q

Diverticulite aguda - Tratamento Hinchey III

A
  • Ressecção cirúrgica e, dependendo do caso, anastomose primária;
  • possível realização de ressecção videolaparoscópica.
63
Q

Diverticulite aguda - Tratamento Hinchey IV

A
  • Cirurgia de Hartmann por laparotomia
64
Q

Diverticulite aguda - Outros critérios de indicação cirúrgica

A
  • 2 ou mais crises bem documentadas em pacientes >50 anos
  • presença de complicações (fístulas, estenose segmentar, perfuração e hemorragia)
  • pacientes imunodeprimidos e impossibilidade de excluir câncer.
65
Q

Peritonite difusa

Definição

A
  • Resultado de uma ruptura na barreira mucosa, resultando no derramamento de organismos do TGI para a cavidade peritoneal.
  • Ocorre em infecções intra-abdominais (por exemplo, apendicite, diverticulite) ou cirurgia (abdominal, ginecológica, ou obstétrica).
66
Q

Peritonite difusa

Etiologia na comunidade

A
  1. Infecção pela flora comensal da membrana mucosa dentro da cavidade abdominal (maioria dos casos)
  2. A peritonite complica uma infecção exógena visceral adquirida (por exemplo S. aureus, MTB).

Microorganismos mais comuns:

  1. E. coli
  2. B. fragilis
  3. Enterococos
67
Q

Peritonite difusa

Etiologia no ambiente hospitalar

A
  1. Candida
  2. Enterococos
  3. Enterobacter
  4. Flora vaginal, e. GBS, pode estar presente após cirurgia vaginal ou parto.
68
Q

Peritonite difusa

Patogênese

A
  • Muitas infecções anaeróbicas são sinérgicas
  • A bile ou o ácido -> peritonite química -> danos -> facilitando a o estabelecimento de infecção bacteriana.
  • Resposta inflamatória ->produção de fluidos + Sistema imune
  • O exsudato contém fibrinogênio que forma placas ao redor inflamado superfícies que visam localizar a infecção e, posteriormente, levar a aderências.
  • Pode haver formação de abscessos locais.
  • Pode evoluir para peritonite difusa
69
Q

Peritonites

Classificação

A
  1. Primária
  2. Secundária
  3. Química
  4. Tuberculosa
  5. Granulomatosa
  6. Bacteriana espontânea
  7. Relacionada a próteses e catéteres
70
Q

Peritonite primária

Definição

A

Contaminação do peritônio se faz a partir de foco extraperitoneal ou de foco ignorado.

71
Q

Peritonite primária

Epidemiologia

A
  • Crianças (pico em neonatal e entre 4 a 5 anos)
  • Mulheres
  • Cirróticos com ascite, sendo um tipo de peritonite rara
72
Q

Peritonite primária

Quadro clínico

A
  • Dor abdominal aguda
  • Febre
  • Leucocitose
73
Q

V ou F?

O desconhecimento da fonte infecciosa na peritonite primária leva a presumir que a via de infecção seja hematogênica, linfogênica e transmural pela translocação bacteriana da luz do intestino, com parede intacta ou canalicular no aparelho genital feminino através das tubas uterinas.

A

Verdadeiro

74
Q

Peritonite primária

Diagnóstico

A
  • Nem sempre é fácil
  • Muitas vezes é feito somente por meio de processo invasivo, como punção, laparoscopia ou após laparotomia

OBS: Os germes responsáveis por infecção respiratória podem estar presentes e devem ser levados em consideração.

75
Q

Peritonite primária

Pacientes portadores de síndrome nefrótica e LES

A
  • São particularmente suscetíveis à inflamação primária do peritônio
  • Germes mais comuns são gram-positivos:
  1. Estreptococos
  2. Pneumococo
  3. Mycobacterium tuberculosis
  4. Neisseria gonorrhoeae
  5. Chlamydia trachomatis
76
Q

Peritonite primária

Em cirróticos

A
  • Há uma diminuição do clareamento de bactérias da circulação êntero hepática e linfática, por onde as bactérias ganhariam a cavidade peritoneal, contaminando o líquido ascítico.
77
Q

Peritonite primária

Peritonite por afecções ginecológicas

A
  • germes gram-positivos–> pré-puberes
  • A passagem das bactérias pela via tubária pode ser o mecanismo provável de contaminação peritoneal.
  • A via hematogênica não pode ser descartada para essas afecções.
78
Q

Peritonite secundária

Tem origem a partir de…

A
  • Processos infecciosos intracavitários
  • Contaminação maciça do peritônio por germes provenientes da luz intestinal ou do trato geniturinário após a perda da integridade da barreira mucosa
79
Q

V ou F?

A presença no peritônio de materiais estranhos, como suco gástrico, líquido entérico, fezes, sangue, vermes, protozoários, vírus ou de tecidos desvitalizados, podem facilitar a instalação da peritonite ou agravá-la por potencializar a virulência dos agentes bacterianos, facilitando seu crescimento e eventual disseminação.

A

Verdadeiro

80
Q

Peritonite secundária

Sinergismo bacteriano

A
  • A combinação de microrganismos aeróbios e anaeróbios produz abscessos intraperitoneais com maior facilidade
  • A peritonite bacteriana geralmente é polimicrobiana
  • A agressão bacteriana desencadeia resposta inflamatória com afluxo de polimorfonucleares e ativação do sistema complemento, produzindo um acúmulo de neutrófilos no líquido peritoneal com a presença de bactérias viáveis e não viáveis, formando abscessos que poderão estar junto ao foco primário ou romper-se para a cavidade peritoneal
81
Q

Peritonite secundária

Contaminação por microorganismos exógenos

A

Ocasionalmente, a peritonite pode resultar da contaminação por germes exógenos como:

  1. S. aureus
  2. N. gonorrhoeae
  3. M. tuberculosis
  • A contaminação a partir de flora endógena constitui o mecanismo mais frequente
82
Q

Peritonite química

Definição

A
  • Agressão química do peritônio por líquidos geralmente estéreis ou com baixa população bacteriana.
  • Em geral, escape de secreções digestivas ou urinárias para a cavidade peritoneal.
83
Q

Peritonite química

Intensidade

A
  • Depende do agente agressor!
  • Quando o agente agressor é um ácido forte (HCl, na úlcera péptica perfurada), as manifestações inflamatórias são mais intensas do que a determinada pela presença de bile (coleperitônio) ou de urina cujo pH é mais próximo do pH peritoneal.
84
Q

Peritonite química

Mecanismo

A
  • Prevalece a reação inflamatória, –>passagem de líquido –> pode haver–> hipovolemia e estado de choque.
  • A contaminação bacteriana ocorre apenas tardiamente, a menos que haja prévia contaminação.
  • Pode ainda ter caráter iatrogênico
85
Q

Peritonite química

Quadro clínico

A
  • Variável!
  • Na peritonite decorrente da perfuração de úlcera gastroduodenal, a síndrome dolorosa e as manifestações de irritação peritoneal são exuberantes.
  • Na peritonite biliar ou na urinosa as manifestações costumam ser mais insidiosas.
86
Q

Peritonite química

Exames complementares

A
  • RX-> PNEUMOPERITÔNIO
  • Punção abdominal
87
Q

Peritonite química

Tratamento

A
  1. Corrigir as alterações homeostáticas
  2. Promover a limpeza mecânica da cavidade
  3. Interrupção do escape de produtos agressores
88
Q

Peritonite tuberculosa

Formas de comprometimento do peritônio

A

O bacilo pode comprometer o peritônio de três maneiras:

  1. Transmural, a partir de doença intestinal
  2. Por meio de doença genital
  3. Pela corrente sanguínea
89
Q

Peritonite tuberculosa

Manifestações clínicas

A

São de dois tipos:

  1. Forma úmida ou serosa: ascite ou coleções
  2. Forma seca, fibrosa ou plástica: Ocorre aderências firmes entre as vísceras, podendo haver manifestações obstrutivas.
90
Q

Peritonite tuberculosa

Diagnóstico e tratamento

A
  • Diagnóstico: por bacterioscopia e cultura
  • Tratamento: preferencialmente é clínico; apenas as complicações podem suscitar tratamento cirúrgico.
91
Q

Peritonite granulomatosa

Definição

A

Material estranho introduzido na cavidade peritoneal –> REAÇÃO INFLAMTÓRIA + NÓDULOS ( SEMELHANTES ATUBERCULOSE

92
Q

Peritonite granulomatosa​

Sinais clínicos

A
  • Costumam aparecer até 4 semanas após a cirurgia
  • Consistem de:
  1. Dor abdominal difusa
  2. Febre baixa
  3. Distensão abdominal
  4. Ascite
93
Q

Peritonite granulomatosa

Diagnóstico e tratamento

A
  • A leucocitose não é frequente, havendo, entretanto, presença de eosinofilia.
  • Na peritonite causada pelo amido, o diagnóstico pode ser feito pelo encontro de corpúsculos birrefringentes (cruz de malta)
  • A cultura é estéril
  • Tratamento é conservador à base de anti-inflamatórios e eventual paracentese.
94
Q

Peritonite bacteriana espontânea

Relação com adultos cirróticos

A
  • Acometem aproximadamente 10% dos adultos cirróticos com manifestação de hipertensão portal e ascite
95
Q

Peritonite bacteriana espontânea

Microorganismos causadores

A
  • E. coli (50 a 60%)
  • Pneumococo
  • Estreptococo
  • Clostridium sp
  • Bacteroides sp
96
Q

Peritonite bacteriana espontânea

Quadro clínico

A
  • Dor súbita
  • Febre
  • Outros sintomas não típicos de peritonite podem ocorrer
97
Q

Peritonite bacteriana espontânea

Diagnóstico

A
  • Cultura do líquido ascítico
  • Está habitualmente turvo, > 500 leucócitos ou > 250 polimorfonucleares por mm³
98
Q

Peritonite bacteriana espontânea

Tratamento

A
  • Instituído sempre que houver forte suspeita
  • Antibioticoterapia via parenteral
99
Q

Peritonite relacionada a próteses e cateteres

Agentes etiológicos

A
  1. Staphylococcus aureus
  2. Outros organismos gram-positivos
  3. Há possibilidade de gram-negativos ou fungos
100
Q

Peritonite relacionada a próteses e cateteres

Em caso de gram-negativo ou fungos….

A
  • Tratamento sem demora
  • Atb de amplo espectro (como cefalosporinas) poderão ser adicionados ao fluido de diálise, caso seja esta causa.
  • As infecções fúngicas têm tratamento mais dificultoso, mesmo com a administração dos agentes antifúngicos. Nesse caso, a substituição dos cateteres é sempre recomendada
101
Q

Características clínicas gerais

Sinais

A
  1. Blumberg
  2. Paciente deitado imóvel
  3. Alerta
  4. Inquieto a princípio, depois ficando apático
  5. Febre
  6. Hipotermia (sinal grave)
  7. Taquicardia
  8. Hipotensão
  9. Taquipneia
  10. Dor abdominal
  11. Sensibilidade (máximo sobre o órgão afetado principalmente)
  12. Sons intestinais presentes, inicialmente, e desaparecem, posteriormente
102
Q

Características clínicas gerais

Sintomas

A
  1. Sintomas da doença inicial (apendicite, etc)
  2. Dor abdominal moderada, agravada pelo movimento
  3. Dor abdominal torna-se mais grave e difusa, à medida que a infecção se espalha no abdome
  4. A dor pode diminuir de intensidade e se tornar mais focalizada se estratégias de localização são eficazes
  5. Náuseas
  6. Vômito
  7. Febre
  8. Distensão
  9. Anorexia
  10. Incapacidade de passar flatulência
  11. Sede
103
Q

Consequências

Visão geral

A
  1. Íleo paralítico
  2. Distensão abdominal
  3. Ascite
  4. Hipovolemia
104
Q

Exames de imagem

Radiografia de abdome e tórax

A
  • Podem ser úteis no diagnóstico de algumas coleções abdominais
  • Perdem em acuidade diagnóstica para outros métodos de imagem
105
Q

Exames de imagem

Ultrassonografia

A
  • Eficiência diagnóstica de 90 a 96% na detecção de abscessos intra-abdominais em setores determinados do abdome, como o quadrante superior direito e a pelve
  • Eficiência de 72 a 80% quando consideramos o abdome como um todo
106
Q

Exames de imagem

Ressonância magnética e tomografia

A
  • Excelente para estudar setores, como o retroperitônio
  • Tomografia computadorizada tem alta eficiência diagnóstica
107
Q

Tratamento Clínico da peritonite

A
  • Tratamento inicial clínico:
  1. Peritonite primária
  2. Tuberculosa
  3. Granulomatosa
  4. Pelviperitonite por anexite
108
Q

Tratamento cirúrgico da peritonite

A
  • Tratamento cirúrgico:
  • Correção das alterações, antes da cirurgia:
    • Hemodinâmicas
    • Distúrbios metabólicos
    • Distúrbios hidroeletrolíticos
  • A limpeza cirúrgica ampla é o principal recurso terapêutico nas infecções intraperitoneais. Esta abordagem objetiva a remoção de:
    • Exsudatos
    • Produtos necróticos
    • Tecidos desvitalizados
  • Remoção da fonte de infecção (podendo utilizar a ablação de estruturas ou órgãos intraperitoneais, exclusão de segmentos do tubo digestivo ou reparação cirúrgica de tecidos
  • Lavagem da cavidade com SF
  • Drenagem –> coleções localizadas
  • Antimicrobianos: Pré, Intra e Pós-operatório, e visa à obtenção de níveis teciduais efetivos
  • A seleção do esquema antibiótico inicial–> caráter polimicrobiano, incluindo germes aeróbios e anaeróbios
109
Q

Quais os determinantes para complicações pós-operatórias?

A
  1. Fatores de resistência locais e sistêmicos
  2. Impacto do trauma operatório sobre as barreiras “físicas” e imunológicas do paciente
  3. O trauma cirúrgico induz à imunossupressão
110
Q

V ou F?

A membrana peritoneal, quando extensamente comprometida, contribui com o acúmulo regional de cerca de 4 a 6 litros de líquido em 24 horas

A

Verdadeiro

111
Q

V ou F?

No início da inflamação, há uma hipermotilidade do TGI que, após curto intervalo, torna-se progressivamente deprimida e, logo, abolida

A

Verdadeiro

112
Q

Repercussões sistêmicas das infecções abdominais

A
  1. Sepse;
  2. Sepse grave;
  3. Choque séptico;
  4. Insuficiência de múltiplos órgãos;
  5. Óbito;