2ª aula: Emoção- Conceito e Perspetivas Históricas Flashcards
Porque é que a Teoria de Ekman é considerada categorial?
Considera que as emoções são categorias básicas, naturais e universais. As emoções básicas têm sinais universais distintos entre si que são inatos.
Descreve a Teoria de Ekman.
As emoções básicas estão associadas a perfis fisiológicos específicos, que preparam o corpo para a ação através de modulações específicas do SNA por cada emoção.
Estipula a existência de um mecanismo de avaliação automático, que permitiria que certas impressões sensoriais, devido ao seu significado evolutivo, ativassem automaticamente representações emocionais e respetivos comportamentos, sem a contribuição dos processos cognitivos superiores. Ex, resposta a estímulos subliminares de medo.
Caracterizadas por início súbito, duração curta e ocorrência automática.
Que suporte existe para a Teoria das emoções básicas de Ekman?
Estudos que demonstram a capacidade dos seres humanos em identificar consistentemente as emoções em rostos, sons, movimentos corpo, toque, alguns destes estudos foram feitos em várias culturas distintas.
Estudos de neuroimagem: cada uma das emoções examinadas (medo, raiva, nojo, tristeza e felicidade) foi caracterizada por correlatos neuronais consistentes entre os estudos, tendo-se encontrado correlações entre as ativações cerebrais regionais. Além disso, os padrões de ativação associados a cada emoção foram discretos (e discrimináveis das outras emoções em contrastes de pares).
As emoções básicas discretas têm correlatos neuronais consistentes e discrimináveis.
Quais são as limitações da abordagem categorial?
- As pressupostas ‘categorias emocionais’ podem ser produzidas artificialmente através das escolhas metodológicas dos investigadores. Ex. são os investigadores que escolhem os estímulos e as palavras classificatórias.
- Falta de consenso quando ao nº e tipos de categorias ou emoções básicas.
Quais são as duas dimensões que caracterizam a abordagem dimensional?
Arousal ou ativação (elevado vs. baixa) - grau de excitação ou ativação que uma pessoa pode sentir em relação a um estímulo, variando entre calmo e relaxado até excitado e alerta.
Valência (positiva vs. negativa) - grau de prazer que um estímulo pode gerar, variando de algo que é desagradável e faz a pessoa sentir-se triste ou infeliz a algo que é agradável e fá-la sentir-se feliz.
Como é experienciada uma emoção segundo a abordagem dimensional?
As duas dimensões propostas por Russell descrevem uma experiência afetiva básica ligada ao estado neurofisiológico atual. Alterações no core affect ocorrem ao longo de toda a vida do individuo em função de eventos internos (ex. ritmo circadiano) e externos (ex. imagens assustadoras). Quando as alterações no core affect se tornam aparentes, as atribuições da sua causa a um evento externo ou interno, as respostas autonómicas, e outros aspetos do episódio emocional são mapeados no conhecimento já existente sobre as emoções prototípicas, o que permite ao individuo experienciar a emoção.
Que suporte existe para a abordagem dimensional?
Estudos comportamentais com estímulos emocionais variados como rostos, imagens, palavras, utilizando este tipo de classificação produziram resultados congruentes com a teoria de Russell.
Estudos de neuroimagem:
- 1: dissociação dupla em que sub-regiões diferentes do córtex orbitofrontal processam afeto positivo e negativo, enquanto a amígdala processa preferencialmente a excitação. Os dados suportam a validade fisiológica das descrições de valência como dimensões positivas e negativas independentes, ou como um valor hedônico, mas não sustentam a validade de descrições de valência ao longo de um continuo bipolar.
- 2: A informação excitante (arousal) dependeu de uma rede amigdalar-hipocampal, enquanto que a informação não excitante (valence) dependeu de uma rede envolvendo o córtex pré-frontal - rede hipocampal.
Tarefa de atenção dividida- A memorização da valência esteve dependente do controlo cognitivo, visto que a tarefa competidora, que também requereu controlo cognitivo, reduziu a recordação de palavras negativas não excitantes. A memorização da excitação não esteve dependente do controlo cognitivo, ocorreu automaticamente
Quais são as limitações da abordagem dimensional?
- Principal evidência baseada em dados de auto-relato, da avaliação explicita dos estímulos pelos participantes.
- Desacordo quanto ao número e natureza das dimensões propostas.
- Parece retirar às emoções as suas diferenças qualitativas essenciais.
- Os estudos de neuroimagem não são conclusivos.
Quais são as 4 operações ou avaliações propostas pela Abordagem Avaliativa? E qual a sua ordem?
Relevância: 1) Os eventos que são muito familiares ou esperados não requerem uma resposta emocional tão extensiva como os eventos novos ou inesperados; 2) Avaliação do prazer intrínseco do evento, prazer dita aproximação, desprazer dita afastamento; 3) Avaliação da relação entre o evento e os objetivos do individuo. Eventos próximos dos objetivos do individuo são considerados mais relevantes.
Implicações do evento: A ocorrência deste evento pode provocar que consequências no futuro? Inclui inferências sobre a urgência da ação e sobre o alcançar dos objetivos.
Potencial de coping: Se o evento pode ser controlado de alguma forma, se tem recursos para o controlar, ou se podem ajustar-se a viver com as consequências potenciais do evento.
Significância normativa do evento: O indivíduo relaciona o evento a normas e expectativas pessoais e da sociedade.
Como ocorre a emoção segundo a Abordagem Avaliativa? É categorial ou dimensional?
O individuo vai fazendo as avaliações de forma continua passando automaticamente de uma para a outra, e a emoção vai emergindo incrementalmente até atingir o seu máximo, após a última avaliação. A emoção não é uma entidade discreta, como proposto pela teoria categórica, mas uma experiência gradual que pode ser representada num espaço multidimensional.
Que explicações a Abordagem Avaliativa oferece e outras teorias não explicam?
Ao contrário de outras abordagens, explica o vasto espectro de experiências emocionais, incluindo experiências não-prototípicas para as quais não existe um rótulo específico.
Única abordagem que explicitamente especifica por que razão 2 indivíduos confrontados com o mesmo evento podem sentir diferentemente, ou por que razão 2 eventos aparentemente distintos podem causar a mesma emoção.
Considera a importância de fatores contextuais (e.g., ver um prato de comida apetitosa quando se está com fome vs. saciado).
Quais são as limitações da Abordagem Avaliativa?
- Abordagem implica elevada exigência computacional. Por ex. um dos estudos avaliou 28 palavras com respeito a 144 características emocionais.
- Emoções podem ser experienciadas sem avaliação de um evento emocional. Ex. alteração da posição do corpo pode alterar as emoções sentidas. A avaliação dos eventos não é necessária para se sentir uma emoção, e podem resultar dos pensamentos subsequentes com que o individuo explica o que sentiu.
- Avaliações podem não ser suficientes para a experiência de uma emoção ou para a mudança de um estado emocional. Por ex., se estivermos de bom humor um evento que habitualmente nos provoca raiva pode não provocar.
- Não é intuitivo como diferentes avaliações evoluíram para suportar diferentes emoções (perspetiva evolutiva). 1) Podem ter evoluído independentemente, com as primeiras formas de avaliação a aparecer antes das últimas, que dependem da inserção num grupo normativo; 2) Podem ter evoluído numa forma dependente e específica para cada emoção .