Transtornos mentais relacionados ao uso de substância psicoativas Flashcards

Álcool, cocaína, cannabis, opioides, anfetaminas, alucinógenos, inalantes, benzodiazepínicos, nicotina

1
Q

Quais critérios são utilizados para o diagnóstico de dependência a determinada substância?

A

Compulsão para o consumo, aumento da tolerância, síndrome de abstinência, alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo, consumo da substância em detrimento de outras áreas de interesse da pessoa (trabalho, p. ex.).

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2
Q

O que é tolerância?

A

Necessidade de crescentes quantidades da substância para atingir o efeito desejado.

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3
Q

Como é podem ser classificados os padrões de consumo de substância?

A

Consumo de baixo risco: em baixas doses, cercado de precauções necessárias à prevenção de acidentes relacionados

Uso nocivo: uso ocasional, porém são incapazes de controlar ou adequar seu modo de consumo, o que pode levar a problemas sociais (brigas, absenteísmo), físicos (acidentes) e psicológicos (heteroagressividade). Presença de abstinência exclui esse diagnóstico.

Dependência: consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência, cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos ou psicológicos.

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4
Q

Qual a quantidade ingerida de álcool pode ser considerada “segura” para indivíduos hígidos?

A

21 unidades por semana para homens e 14 para mulheres.

Unidade = dose de 10-12g de álcool puro

  • 350ml de cerveja
  • 150ml de vinho
  • 40ml de destilado
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5
Q

Quais os efeitos fisiológicos do álcool no organismo?

A

Depressão do SNC e alteração da arquitetura do sono, com diminuição do sono REM.

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6
Q

Qual o quadro clínico do paciente com dependência e abuso de álcool?

A

Necessitam de grande quantidade diária de álcool para o funcionamento adequado. Quando não o fazem, apresentam sintomas de abstinência. Frequentemente, deixam de cumprir obrigações de forma adequada, com atrasos ou faltas ao trabalho e conflitos familiares por conta disso. Também abandonam outras atividades que, no passado, eram prazerosas. A vida passa a girar em torno do hábito de beber, mesmo que esteja havendo prejuízos evidentes.

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7
Q

Como os pacientes dependentes de álcool podem ser identificados?

A

CAGE (Cut down, Annoyed, Guilty, Eye-opener)
2+ = indicativo de dependência alcoólica

AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test)
10 questões com pontuação específica para cada resposta
até 7pts = consumo de baixo risco
8-15pts = uso de risco
16-19pts = uso nocivo
20+ = provável dependência

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8
Q

O que é intoxicação?

A

Uso nocivo de substâncias em quantidades acima do tolerável para o organismo.

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9
Q

Quais os sinais e sintomas de intoxicação alcoólica?

A

Caracterizam-se por níveis crescentes de depressão do SNC.

Inicialmente, há sintomas de euforia leve, evoluindo para tontura, ataxia e incoordenação motora, passando por confusão, desorientação e atingindo graus variáveis de disartria, anestesia, podendo chegar ao estupor, coma, depressão respiratória e morte.

A intensidade da sintomatologia tem relação direta com a alcoolemia.

O desenvolvimento de tolerância, a velocidade da ingestão, o consumo de alimentos e alguns fatores ambientais também são capazes de interferir nessa relação.

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10
Q

Qual o tratamento da intoxicação alcoólica?

A

A maioria dos casos não requer tratamento farmacológico.

De acordo com os sintomas e sinais, devem-se conduzir medidas gerais de suporte à vida.

Broncoaspiração de vômitos e TCE por queda da própria altura também podem decorrer da intoxicação.

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11
Q

O que é intoxicação alcoólica idiossincrática ou patológica?

A

Forma peculiar de intoxicação, que é um pouco rara, porém de importância pela sua gravidade.

há graves alterações de comportamento após a ingestão de pequena quantidade de álcool. Pode haver alterações da consciência, desorientação, amnésia
lacunar, alucinações, delírios e atividade psicomotora aumentada.

O comportamento pode ser impulsivo e agressivo, e o indivíduo pode tomar atitudes agressivas, das quais não se recorda.

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12
Q

O que é síndrome de abstinência?

A

Conjunto de sinais e sintomas de desconforto que surgem após cessação ou redução da ingestão crônica de álcool.

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13
Q

Quais os sinais e sintomas da síndrome de abstinência?

A

Leve a moderada: tremores (sinal mais precoce e mais clássico), insônia, agitação e inquietação psicomotora.

Autolimitada, dura em média 7-10d

Crises convulsivas tônico-clônicas (3%), mortalidade (1%)

Sintomas têm certa relação temporal com o momento de cessação do uso. Sintomas leves (ansiedade, irritabilidade, insônia e tremor) costumam aparecer mais precocemente, ~24-36h após a interrupção do uso. Sintomas graves costumas surgir ~3-4d após abstinência.

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14
Q

O que é delirium tremens? Como se caracteriza esse quadro clínico?

A

É um estado confusional breve, mas ocasionalmente com risco de morte, geralmente resultante de uma abstinência absoluta ou relativa de álcool em usuários gravemente dependentes, com longa história de uso.

A clássica tríade de sintomas inclui obnubilação da consciência, confusão, desorientação temporoespacial, alucinações e ilusões vívidas, além de tremores marcantes e sudorese profusa.

Delírios, agitação, insônia, ou inversão do ciclo sono-vigília e hiperatividade autonômica (hipertensão arterial, taquicardia, taquipneia, hipertermia) também estão geralmente presentes.

As alucinações visuais costumam ser de animais, denominadas zoopsias.

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15
Q

O que é alucinose alcoólica?

A

Pode ocorrer na síndrome de abstinência.

Caracteriza-se por alucinações predominantemente auditivas, mas que também podem ser visuais ou táteis, e que podem causar ansiedade, medo ou agitação.

Uma característica peculiar deste tipo de fenômeno é que ele ocorre na ausência de rebaixamento do nível da consciência e sem alterações autonômicas.

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16
Q

Em que se baseia o tratamento da síndrome de abstinência e quais os seus objetivos?

A

O tratamento baseia-se no uso de benzodiazepínicos e reposição de vitaminas para evitar a síndrome de Wernicke.

Visa o alívio dos sintomas existentes, a prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium e a vinculação do paciente ao tratamento, que pode ocorrer de forma ambulatorial ou internação hospitalar, dependendo da gravidade do quadro.

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17
Q

Quais as principais complicações clínicas que o uso excessivo de álcool pode gerar?

A
  • Gastrointestinais: pancreatite, gastrite, úlcera gástrica e duodenal, esteatose e cirrose hepática, tumores hepáticos;
  • Cardiovasculares: hipertrigliceridemia, hipertensão, aumento do LDL, cardiomiopatia;
  • Endócrinas: diminuição da libido, amenorreia, impotência;
  • Miopatia periférica induzida por álcool;
  • Cognitivas: disfunções cognitivas subclínicas, demência;
  • Neurológicas: relacionadas à deficiência de vitaminas, principalmente tiamina - neuropatias periféricas, déficits cognitivos, prejuízo da memória, alterações degenerativas cerebelares.
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18
Q

Em que consiste o transtorno amnéstico persistente induzido pelo álcool?

A

Alterações da memória, principalmente da memória recente, podem ocorrer em usuários de grande quantidade de álcool por muito tempo.

As duas principais entidades clínicas são: a síndrome de Wernicke e a síndrome de Korsakoff.

Ambas são causadas pela deficiência de tiamina, presente nestes casos devido a maus hábitos alimentares ou alterações na absorção gastrointestinal.

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19
Q

O que é a Síndrome de Wernicke? Qual o tratamento?

A

Transtorno neurológico agudo caracterizado por ataxia, confusão mental e alterações da motilidade ocular extrínseca, como nistagmo.

Há possibilidade de reversão do quadro com o tratamento.

O tratamento da SW é tiamina 100 mg, 2-3x/dia, por 1-2 semanas.

A SK

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20
Q

O que é a Síndrome de Korsakoff?

A

É uma síndrome amnéstica crônica que pode seguir-se caso não ocorra reversão da Síndrome de Wernicke (SW).

Os aspectos fundamentais desta síndrome são déficits mnêmicos, principalmente da memória anterógrada ou recente.

Pode haver confabulação (inserção de dados na lacuna da memória, os quais não correspondem à realidade). Estes pacientes perdem a capacidade de fixação de qualquer nova informação.

O tratamento se inicia da mesma forma que a SW (tiamina 100 mg, 2-3x/dia), mas a fase de manutenção com reposição da tiamina pode durar de três meses até um ano.

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21
Q

O que síndrome alcoólica fetal?

A

É o resultado da exposição do feto ao álcool in utero.

Retardo mental, hipotonia, microcefalia, malformações craniofaciais e defeitos nos membros e coração são comuns nos bebês afetados.

Por este motivo, recomenda-se que mulheres grávidas não devam ingerir derivados etílicos.

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22
Q

O que deve ser considerado para o tratamento da dependência alcoólica?

A

ESTÁGIOS PARA MOTIVAÇÃO

  • Pré-contemplação: paciente ainda não dimensiona as consequências negativas de beber e não planeja mudar seu comportamento
  • Contemplação: paciente começa a comparar as vantagens e desvantagens de beber e a possibilidade de realizar alguma mudança já é mais real;
  • Ação: quando mudanças objetivas no comportamento são realizadas
  • Manutenção: quando alterações mais profundas no estilo de vida são concretizadas a fim de possibilitar a abstinência

RECAÍDAS
São muito frequentes e apenas significam que estratégias de prevenção devem ser empregadas.

DESINTOXICAÇÃO
Os dois principais objetivos são a melhora das condições gerais do paciente e emprego de medicações que possam aliviar os sintomas de abstinência.

INTERVENÇÃO BREVE
Geralmente realizada em uma a três sessões, inclui avaliar a gravidade do alcoolismo e oferecer feedback motivacional e aconselhamento.

GRUPOS DE AUTOAJUDA
Geralmente funcionam em esquema de reuniões diárias, nos quais são compartilhadas as experiências de cada um no processo de dependência e recuperação.

MEDICAMENTOS
Indicado para pacientes com consumo moderado a severo, que estão motivados a reduzirem a ingestão de álcool e que não tem contraindicação ao uso individual do medicamento

  • Naltrexona: antagonista opioide que tem a função de diminuir o prazer ao beber, por meio da liberação das endorfinas e consequente bloqueio da liberação de dopamina. A dose usual é de 50 mg/dia, mas pode chegar a 100 mg/dia. Não deve ser utilizado junto com opioides, e é contraindicado para indivíduos portadores de hepatite ou insuficiência hepática.
  • Acamprosato: ao contrário da naltrexona, reduz o desejo compulsivo que aparece na abstinência, por meio da redução da atividade glutamatérgica e aumento da gabaérgica. Seu principal cuidado são os pacientes com insuficiência renal. Também é considerado uma droga de primeira linha.
  • Dissulfiram (Antabuse): age inibindo a enzima acetaldeído desidrogenase, o que faz com que o acetaldeído (metabólito tóxico) se acumule no organismo, provocando vários efeitos colaterais, como rubor facial, cefaleia, tonturas, náuseas, vômitos, fraqueza, sonolência, sudorese, visão turva, taquicardia e sensação de morte iminente. Não deve ser utilizado em portadores de miocardiopatia grave, assim como em portadores de doença coronariana. Atualmente é considerado de segunda linha para o tratamento.
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23
Q

Qual o mecanismo de ação e de dependência da cocaína?

A

principalmente pela inibição da recaptação de dopamina, mas há também bloqueio da recaptação da noradrenalina e da serotonina.

A euforia desencadeada reforça e motiva, na maioria dos indivíduos, o desejo por um novo episódio de consumo.

Quanto mais rápido o início da ação, quanto maior a sua intensidade e quanto menor a duração, maior a chance de o indivíduo evoluir para situações de uso nocivo e dependência. Desse modo, a via de administração é um importante fator de risco para este comportamento prejudicial; as vias endovenosas e pulmonar (crack) parecem ser as vias de maior risco.

Metabólitos podem ser detectados na urina em até dez dias após o consumo.

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24
Q

Quais as manifestações agudas da cocaína?

A

Geralmente ocorre euforia, aumento do estado de vigília, aumento da autoestima, melhor desempenho em atividades físicas e psíquicas.

Pode haver delírios persecutórios e alucinações, os quais melhoram depois de cessado o efeito da droga.

Os efeitos físicos estão ligados à hiperatividade autonômica: taquicardia, hipertensão arterial, taquipneia, hipertermia, sudorese, tremor leve de extremidades, tiques, midríase, espasmos musculares (língua e mandíbula), vasoconstricção.

Há também efeito anestésico.

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25
Q

Quais os efeitos da intoxicação aguda por cocaína?

A

Doses maiores estão associadas a irritabilidade, sintomas maníacos, agitação, comportamento sexual compulsivo. Estas doses também estão associadas a complicações clínicas, ligadas à ação simpaticomimética.

26
Q

O que é overdose?

A

A overdose pode ser definida como a falência de um ou mais órgãos decorrentes do uso agudo da substância e é uma emergência clínica que requer atenção imediata. Os principais sistemas afetados costumam ser o cardiovascular e o SNC.

27
Q

Quais as características da abstinência ao uso de cocaína?

A

Após a cessação do uso de cocaína ou após a intoxicação aguda, a depressão pós-intoxicação (“aterrisagem”) caracteriza-se por disforia, anedonia, ansiedade, irritabilidade, fadiga, hipersonolência e, ocasionalmente, agitação. Pode haver também ideação suicida.

Com o uso de cocaína leve a moderado, esses sintomas de abstinência costumam melhorar em até 24h; porém, com o uso pesado, podem durar até uma semana.

No estado de abstinência, a avidez por cocaína pode ser poderosa e intensa, pois o indivíduo sabe que o consumo de cocaína pode aliviar estes sintomas.

28
Q

Quais as complicações do uso de cocaína ao sistema cardiovascular?

A

Angina pectoris, IAM (geralmente em coronariopatas e tabagistas), arritmias induzidas pela cocaína.

29
Q

Quais as complicações do uso de cocaína ao SNC?

A

Têm como substrato principalmente a vasoconstricção, que causa principalmente eventos vasculares cerebrais isquêmicos (AITs, infartos cerebrais isquêmicos). Pode haver também infartos hemorrágicos cerebrais e medulares.

Há relatos de convulsões tônico-clônicas em 3 a 8% dos atendimentos relacionados à cocaína nas salas de emergência.

30
Q

Por que o uso de cocaína se constitui como fator de mortalidade?

A

Porque altas doses de cocaína estão associadas a convulsões, depressão respiratória, doenças cerebrovasculares e infarto do miocárdio.

31
Q

Quais possíveis complicações do uso de cocaína durante a gravidez?

A

Baixo peso ao nascer, abortos espontâneos e déficits cognitivos ao recém-nascido.

32
Q

Quais as possíveis complicações psiquiátricas agudas do uso de cocaína?

A

Obs.: esses sintomas podem decorrer de condições clínicas, como hipoglicemia e distúrbios metabólicos.

Transtornos de humor: sintomas maníacos frequentemente ocorrem na intoxicação, enquanto que sintomas depressivos estão mais associados à abstinência.

Sintomas psicóticos: ocasionalmente ocorrem na intoxicação por cocaína, tais como delírios persecutórios; alucinações podem desaparecer espontaneamente após algumas horas, ao final da ação da cocaína. Agitações extremas, decorrentes destes sintomas, podem necessitar de abordagem farmacológica, com benzodiazepínicos ou antipsicóticos. Obs.: deve-se evitar o uso de antipsicóticos de baixa potência, como clorpromazina, pelo fato desta medicação provocar redução no limiar convulsivo.

33
Q

Qual o tratamento da dependência e abuso de cocaína?

A

Reforçadores negativos (ex. problemas no trabalho e na família) se colocam como importantes na motivação do paciente pelo tratamento.

Intervenções psicológicas em grupo, familiares ou individuais e grupos de apoio podem ajudar.

Nenhum medicamento mostrou-se eficaz para proporcionar alívio dos sintomas de abstinência.

34
Q

Quais os efeitos observados na intoxicação por cannabis?

A

Os efeitos euforizantes se desenvolvem após ~30min após adm e duram ~2-4h.

Os efeitos psicológicos e comportamentais incluem euforia, risos imotivados, comprometimento da coordenação (interferindo na condução de veículos), sensação de lentificação do tempo, prejuízo na memória de curto prazo e retraimento social.

Os efeitos físicos mais comuns são: hiperemia conjuntival, boca seca, taquicardia e apetite aumentado, podendo ocorrer também tontura, retardo psicomotor, hipotensão ortostática.

Não parece haver risco de depressão respiratória, nem complicações cardiovasculares.

Também pode haver depressão, aumento da percepção de cores, sons, textura e paladar, despersonalização, desrealização e até mesmo sintomas psicóticos, como delírios persecutórios e alucinações.

35
Q

Quais as complicações agudas e crônicas do consumo de cannabis?

A
  • Agudas: quadros temporários de ansiedade (ex. reações de pânico ou sintomas psicóticos). O surgimento dos efeitos psíquicos pode estar relacionado à potência da droga, à via de administração, à técnica de fumar, à dose, ao contexto, à experiência passada do usuário e à vulnerabilidade biológica aos efeitos.
  • Crônicas: a síndrome amotivacional tem sido associada ao uso pesado em longo prazo e tem sido caracterizada pela relutância de a pessoa persistir em uma tarefa, seja na escola, no emprego ou em qualquer contexto que exija atenção prolongada ou tenacidade. O indivíduo é descrito como apático e sem energia. Há risco respiratório semelhante ao causado pela nicotina.
36
Q

Qual tratamento para o uso abusivo de cannabis?

A

Abstinência e apoio.

Ansiolíticos em caso de ansiedade durante abstinência.

Informar riscos do uso: acidentes, danos respiratórios, dependência (usuários diários), déficits cognitivos (usuários crônicos).

Antidepressivos para síndrome amotivacional.

37
Q

Quais os efeitos dos opiáceos?

A

Euforia, sensação de calor, constipação, alterações na frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura corporal.

Constituem drogas de 1ª escolha quando se deseja a analgesia em quadros dolorosos de grande intensidade (uso deve ser controlado e bem indicado).

38
Q

Quais os efeitos observados na intoxicação aguda por opiáceos?

A

Graus progressivos de miose, sedação/inconsciência, depressão respiratória, bradicardia acentuada, convulsões, coma.

A tríade clássica de intoxicação inclui: coma, pupilas em ponta de alfinete e depressão respiratória.

Constitui quadro de emergência médica, devendo ser abordada em sala de emergência clínica, com manobras básicas de suporte à vida e naloxone, um antagonista opioide.

39
Q

Como se caracteriza a síndrome de dependência ao uso de opiáceos?

A

Sintomas físicos e psíquicos marcantes tais como ansiedade, fissura, sudorese, midríase, lacrimejamento, rinorreia, náuseas e vômitos, tremor, piloereção, diarreia, espasmo e dor muscular, taquicardia, hipertensão arterial, febre e calafrios, insônia.

40
Q

Quais as principais complicações do uso de opiáceos?

A

Marcas de picadas de agulhas, abscessos e úlceras, tromboflebites, endocardite, microinfartos pulmonares, meningite bacteriana, crises convulsivas, hepatites, HIV.

Tolerância se desenvolve rapidamente, mas os sintomas de abstinência só ocorrem com o uso crônico ou quando cessação é abrupta.

41
Q

Em que se baseia o tratamento da dependência por opioides?

A

Abstinência; se não for possível, redução de danos (ex. agulhas descartáveis p/ evitar HIV, conscientização sobre riscos).

Metadona deve ser utilizada na fase inicial para evitar sintomas de abstinência.

Outras formas de suporte devem ser utilizadas.

42
Q

Quais os efeitos que podem ser observados com o uso de anfetaminas?

A

Melhora do desempenho, diminuição do sono, atuação como anorexígenos e indução de sensação de euforia, por serem estimulantes do SNC. Por esse motivo, há também aumento da atividade autonômica, com hipertensão, hipertermia, taquicardia e midríase.

Atualmente, existem indicações para o tratamento de deficit de atenção e hiperatividade, narcolepsia e da obesidade, com restrições.

43
Q

Quais as complicações agudos ao uso de anfetaminas?

A

Sintomas de inquietação, irritabilidade, tremor, ansiedade, cefaleia, calafrios, vômitos, sudorese.

O uso de MDMA (3,4-metilenodioxi-metanfetamina / ecstasy) pode causar crises hipertensivas, precordialgias, arritmias cardíacas, hepatites tóxicas, hipertermia, convulsões, rabdomiólise e morte. Sintomas ansiosos e psicóticos agudos e crônicos podem aparecer.

44
Q

Como se dá a síndrome de abstinência ao uso de anfetaminas? Qual o tratamento indicado?

A

Pode atingir 87% dos usuários.

Sintomas depressivos e exaustão podem suceder períodos de uso ou abuso. Pode haver fissura intensa, ansiedade, agitação, pesadelos, redução da energia, lentificação e humor depressivo.

O tratamento medicamentoso dos sintomas de abstinência não tem se mostrado promissor, devendo ser guiado pela clínica individual. Podem ser utilizados benzodiazepínicos de ação curta.

45
Q

Quais as possíveis complicações crônicas ao uso de anfetaminas?

A

Sintomas psicóticos em usuários crônicos, podendo ser indistinguível da fase aguda da esquizofrenia.

A tentativa de abandonar ou diminuir o uso resulta em depressão, havendo o risco de suicídio nestes momentos.

Além disso, pode haver IAM, vasoespasmos sistêmicos, edema agudo do pulmão.

46
Q

Quais os efeitos dos alucinógenos?

A

Causam, além de alucinações, perda de contato e uma expansão da realidade. Os principais efeitos neurofarmacológicos ocorrem
no sistema serotoninérgico.

Os clássicos alucinógenos naturais são a psilocibina (cogumelos) e a mescalina (cacto), e o alucinógeno sintético mais comum é o LSD.

A tolerância se desenvolve rapidamente, mas não existe dependência física, nem síndrome de abstinência; pode haver dependência psicológica.

47
Q

Como é a intoxicação por alucinógenos? Quais as possíveis complicações?

A

É definida por alterações comportamentais e perceptuais mal adaptativas e por certos sinais fisiológicos: ansiedade ou depressão acentuada, medo de perder o juízo, ideação paranoide, comprometimento no julgamento, intensificação subjetiva das percepções, despersonalização, desrealização, ilusões, alucinações auditivas e, principalmente, visuais, sinestesias, midríase, taquicardia, sudorese, palpitações, visão turva, tremores, incoordenação motora.

Pode ocorrer um flashback, ou seja, alucinações muito depois da ingestão.

Comportamento suicida, transtorno depressivo e transtornos do pânico são complicações potenciais. Este último é frequentemente descrito como bad trip, ou “viagem ruim”.

Transtornos psicóticos mais prolongados podem ser desencadeados em pessoas predispostas.

48
Q

Qual o diagnóstico diferencial dos transtornos relacionados a alucinógenos?

A

Abstinência alcoólica e intoxicação por anticolinérgicos.

49
Q

Qual o tratamento da intoxicação por alucinógenos?

A

Tranquilização do usuário de que os sintomas irão cessar com o tempo.

Condições psiquiátricas devem ser tratadas adequadamente.

50
Q

Qual o mecanismo de ação dos inalantes?

A

O mecanismo de ação é pouco entendido, mas clinicamente funcionam como depressores centrais.

Há controvérsias quanto à indução de tolerância e à síndrome de abstinência

Em geral, os solventes, substâncias comumente utilizadas como inalantes, não possuem qualquer finalidade clínica. Estão presentes em vários produtos, tais como aerossóis, vernizes, tintas, colas, esmaltes e removedores.

51
Q

Qual os possíveis efeitos dos inalantes no organismo?

A

Doses iniciais trazem ao usuário uma sensação de euforia e desinibição, associada a tinidos e zumbidos, ataxia, risos imotivados e fala pastosa.

Com o prosseguimento, surgem manifestações de depressão do SNC: confusão mental, desorientação e possíveis alucinações visuais e auditivas.

A terceira etapa acentua a depressão central, com redução do estado de alerta, incoordenação motora, inconsciência, convulsões, coma e morte.

52
Q

Quais as possíveis complicação ao uso de inalantes? Qual o tratamento?

A

Os solventes são depressores cardíacos e respiratórios, podendo haver arritmias cardíacas.

Possíveis complicações crônicas incluem atrofia cortical e cerebelar, com empobrecimento cognitivo, ataxia e sintomas relacionados aos nervos cranianos.

Pode haver ainda insuficiência renal crônica, hepatites tóxicas, náuseas e vômitos, dores abdominais difusas, diarreia, pneumonites químicas, tosse e broncoespasmos.

O tratamento baseia-se na abstinência.

53
Q

Quais as propriedades farmacológicas dos benzodiazepínicos?

A

Sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes.

54
Q

Quais os principais efeitos colaterais ao uso de BZDs?

A

Sonolência excessiva, piora da coordenação motora fina, piora da memória, tonteira, zumbidos, quedas e fraturas, risco de dependência.

55
Q

Quais os sintomas da síndrome de abstinência ao uso de BZDs?

A

Os sintomas da síndrome de abstinência começam progressivamente dentro de 2-10d após a parada de BZDs.

Pode haver tremores, sudorese, palpitações, náuseas, vômitos, cefaleias, dores musculares, insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, pesadelos, prejuízos de memória, delirium, alucinações e convulsões.

56
Q

Como é realizada a descontinuação de uso dos BZDs?

A

Deve-se tentar sua suspensão reduzindo gradualmente a dose.

Suporte psicológico deve ser oferecido e mantido tanto durante quanto após a suspensão desta medicação.

57
Q

Qual o mecanismo de ação da nicotina?

A

Tem seus efeitos no SNC, agindo como um agonista nicotínico de receptores de acetilcolina.

58
Q

Quais os sintomas de abstinência ao uso de nicotina?

A

CID-10:

  • Perturbações psicológicas:
    • Humor disfórico ou deprimido, insônia;
    • Irritabilidade, frustração ou raiva, ansiedade;
    • Inquietação, dificuldade para concentrar-se.
  • Perturbações físicas:
    • Frequência cardíaca diminuída;
    • Aumento do apetite ou ganho de peso
59
Q

Como é realizada a avaliação do grau de dependência à nicotina?

A
Teste de Fagerström (indica o risco de síndrome de abstinência ao deixar de fumar)
0-2 = muito baixo
3-4 = baixo
5 = médio
6-7 = elevado
8-10 = muito elevado
  • Quanto tempo depois de acordar fuma o 1º cigarro?
  • Acha difícil não fumar em lugares proibidos?
  • Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação?
  • Quantos cigarros fuma por dia?
  • Fuma mais frequentemente pela manhã?
  • Fuma mesmo doente, quando precisa ficar acamado a maior parte do tempo?’
60
Q

Qual o tratamento da dependência ao uso de nicotina?

A

TCC é fundamental em toda a etapa do tratamento.

Primeira linha: reposição de nicotina, terapia comportamental breve em grupo.

Fissura: + bupropiona (indicado para usuários de 15+ cigarros/dia)

Medicamento está indicado para os pcts motivados a parar de fumar, >18 anos, consumo >10 cigarros/dia, >5pts no teste de Fageström, quando terapia comportamental é insuficiente

Opções terapêuticas medicamentosas: nicotina (adesivo, goma, pastilha), bupropiona, vareniclina, clonidina (2ª linha) e nortriptilina (2ª linha)

Nicotina: evitar enquanto o pct ainda estiver fumando, risco de superdosagem de nicotina. Não indicada para: grávidas, <18 anos, portadores de DCV instáveis (IAM recente (15d), angina instável, arritmias).

Bupropiona: contraindicada em antecedentes de convulsão, epilepsia, convulsão febril na infância, anormalidades no EEG, alcoolismo, IMAO

Vareniclina: contraindicada em pcts com IR terminal, grávidas e lactentes.