Transtornos do humor Flashcards
O que é humor? O que é afeto?
Humor: tônus afetivo do indivíduo, estado emocional basal que colore a percepção que a pessoa tem do mundo. Ex.: ansioso, deprimido, eufórico, etc.
Afeto: qualidade emocional que acompanha uma ideia, expressão externa do estado emocional. Pode ser congruente ou incongruente com o humor.
O que são transtornos de humor?
Grupo de condições clínicas caracterizado pela perda do senso de controle das expressões afetivas e pela experiência subjetiva de grande sofrimento.
A perturbação fundamental é uma alteração do humor, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma exaltação.
Esta alteração é geralmente acompanhada por uma modificação no nível global de atividade e a maioria dos outros sintomas é secundária ou facilmente compreendida no contexto de tais alterações.
Qual a epidemiologia dos transtornos de humor?
Transtorno depressivo: prevalência ♀15%, ♂7,5%; incidência 10% população geral, 15% dos pcts hospitalizados; idade média de início 40
Transtorno bipolar: prevalência 1%, idade média de início 30
Não há diferença de prevalência entre raças ou situação socioeconômica
Quais os fatores causais dos transtornos de humor?
GENÉTICOS
Mais forte no transtorno bipolar que no depressivo; HF, gêmeos monozigóticos, adotivos mesmo quando afastados dos pais biológicos acometidos
BIOLÓGICOS
▬ Neurotransmissores mais envolvidos: noradrenalina, serotonina (mais associada à depressão devido resposta aos ISRS); dopamina, GABA, peptídeos neuroativos (ex. vasopressina e opioides endógenos).
▬ Neurobiológicos: alterações tireoidianas podem provocar sintomas depressivos ou maníacos; GH e adrenais também apresentam certa relação.
▬ Sistema límbico, gânglios da base, hipocampo
PSICOSSOCIAIS
Acontecimentos vitais estressantes precedem mais frequentemente os primeiros episódios do que os subsequentes. Agentes estressores permanentes precipita e influencia o curso dos transtornos de humor. Acontecimento mais associado com depressão: perda de um dos pais antes dos 11 anos. Outros: perdas significativas (pessoa querida, emprego, moradia, etc.)
Quais as manifestações clínicas das síndromes depressivas?
Humor entristecido.
Sintomas afetivos: tristeza, melancolia, choro fácil e/ou frequente, apatia (indiferença afetiva), sentimento de “falta de sentimento”, anedonia, tério e aborrecimento crônico, irritabilidade, angústia ou ansiedade, desespero.
Alt físicas: fadiga, cansaço fácil e constante, distúrbios do sono (insônia terminal ou hipersônia), perda ou aumento do apetite/peso, constipação, indigestão, distúrbios sexuais (↓libido, disf erétil), palidez, alt menstruais, cefaleia.
Distúrbios do pensamento: ideação negativa, pessimismo, ideias de arrependimento e culpa, ideias de abandono e autopunição, ideias de morte, desejo de desaparecer, ideação/plano/tentativa suicida.
Alt autovaloração: baixa autoestima, desvalia, vergonha, autodepreciação, autoacusação.
Alt psicomotricidade e volição: aumento da latência entre as perguntas e as respostas, lentificação psicomotora, diminuição do discurso, redução do tom de voz, fala lentificada, mutismo, negativismo (recusa alimentar, recusa à interação pessoal), ausência de planos e perspectiva.
Alt cognitivas: dificuldade de concentração e esquecimentos, dificuldade para tomar decisões, pseudodemência depressiva.
Sintomas psicóticos: ideias delirantes de conteúdo negativo, delírios de ruína ou miséria, alucinações (geralmente auditivas, com conteúdos depressivos), outros sintomas psicóticos incongruentes com o humor.
*Síndrome de Cotard: paciente acredita estar morto, ou que seus órgãos não estão mais funcionando.
Quais as manifestações clínicas das síndromes maníacas?
Aumento da autoestima, elação (sentimento de expansão e engrandecimento do eu), sintomas vegetativos (↑libido, perda de peso, anorexia, insônia associada à sensação de ↓necessidade de sono), logorreia (produção verbal rápida, fluente e persistente), pressão por fala, distraibilidade (hipotenacidade + hipervigilância), irritabilidade e arrogância, agitação psicomotora, heteroagressividade, desinibição social e sexual, hipersensualidade e promiscuidade, descontrole dos impulsos, delírios de grandeza ou de poder, alucinações auditivas
Labilidade emocional, taquipsiquismo, fuga de ideias (extremo da aceleração da fala, em que a fala e o pensamento são controlados menos pelo significado e mais por associações por assonância, dificultando a compreensão do discurso).
Hipomania: forma clínica atenuada do episódio maníaco.
Quais os critérios diagnósticos do DSM-V para o episódio depressivo maior?
A. 5 (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma aleração a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) ou (2):
(1) humor deprimido
(2) perda do interesse ou prazer
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex. mais de 5% do peso corporal em um mês), ou diminuição ou aumento do apetite.
(4) insônia ou hipersonia.
(5) agitação ou retardo psicomotor.
(6) fadiga ou perda de energia.
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada.
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão.
(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex. droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex. hipotireoidismo).
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por: transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado, ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado.
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco.
Quais os estágios do luto?
NEGAÇÃO E ISOLAMENTO
Mecanismos de defesa temporários do ego contra a dor psíquica diante da morte
RAIVA (REVOLTA)
Relacionamentos se tornam problemáticos; inveja, ressentimento
BARGANHA
Tentativa de adiamento. Implora, geralmente a Deus, para que aceite sua oferta em troca da vida / ausência de dor. Sereno, reflexivo, dócil.
DEPRESSÃO
Aparece quando toma consciência de sua debilidade física. Sofrimento e dor psíquica, desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc.
ACEITAÇÃO
Já não experimenta desespero e nem nega sua realidade
Não há uma ordem ou cronologia para a ocorrência dessas manifestações, podendo apresentar fases concomitantemente ou não vivenciar algumas delas.
Quais os critérios diagnósticos do DSM-V para o episódio maníaco?
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, durando pelo menos uma semana (ou qualquer duração, se a hospitalização é necessária).
B. Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes sintomas persistirem (quatro, se o humor é apenas irritável) e estão presentes em um grau significativo:
(1) autoestima inflada ou grandiosidade;
(2) necessidade de sono diminuída;
(3) mais falante do que o habitual ou pressão por falar;
(4) fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo;
(5) distratibilidade;
(6) aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora;
(7) envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências dolorosas (por ex.: envolvimento em surtos incontidos de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros tolos).
C. A perturbação do humor é suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos costumeiros com outros, ou para exigir a hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e a outros, ou existem aspectos psicóticos.
D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (ex. droga de abuso, medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral (ex. hipertireoidismo).
Como os transtornos depressivos podem ser classificados?
Episódio depressivo (a.k.a. transtorno depressivo maior): Evidentes sintomas depressivos devem estar presentes por pelo menos 2 semanas. Os episódios, em geral, duram 3-12 meses.
- CID-10: episódio depressivo é classificado em leve, moderado ou grave de acordo com o número, intensidade e importância clínica dos sintomas.
- quando apresenta, ao longo de sua vida, vários episódios depressivos que nunca são intercalados por episódios maníacos, faz-se diagnóstico de transtorno depressivo recorrente.
Depressão endógena ou melancólica: mais independente de fatores psicogênicos desencadeantes. Os sintomas típicos são: anedonia, culpa excessiva, piora pela manhã, insônia terminal e lentificação psicomotora.
Depressão atípica: caracterizada por ganho de peso, hiperfagia, aumento do apetite, hipersonia e sensação de corpo muito pesado. Apresenta melhor resposta terapêutica ao uso de antidepressivos IMAO em comparação aos tricíclicos.
Depressão sazonal: depressão que ocorre durante o menor período de luz diurna, no inverno e outono, e desaparece durante a primavera e verão.
Depressão pós-parto: início dentro de 4 semanas após o parto. Sintomas variam de insônia acentuada, instabilidade e fadiga ao suicídio. Crenças delirantes e homicidas podem ocorrer com relação ao bebê. Com maior frequência, ocorre em mulheres com transtornos de humor ou outros transtornos psiquiátricos subjacentes ou preexistentes. Emergência psiquiátrica com risco para a mãe e o bebê. O mesmo aplica-se a um episódio maníaco ou a um transtorno psicótico breve.
Depressão psicótica: depressão grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco, alucinações com conteúdos depressivos.
- sintomas psicóticos humor-congruentes: de conteúdo depressivo
- sintomas psicóticos incongruentes com o humor: caso não sejam de conteúdo negativo, como delírios de perseguição, autorreferentes, paranoides.
Estupor depressivo (a.k.a. episódio depressivo catatônico): prevalece o negativismo, com ausência de respostas às solicitações ambientais, mutismo, recusa alimentar e permanência no leito por dias, muitas vezes imóvel.
Pseudodemência: transtorno depressivo maior que se apresenta como disfunção cognitiva semelhante à demência. Mais frequente em idosos com HPP de transtornos de humor. Depressão é primária e antecede as alterações cognitivas. Apresenta: variação diurna (piora pela manhã), aparecimento dos sintomas pode ser precisado, autorreprovação, agitação psicomotora, valorização dos sintomas
Depressão dupla: pacientes distímicos que desenvolvem transtorno depressivo maior sobreposto.