Tireoide - UE Flashcards
Crise Tireotóxica: Definição
Exacerbação do estado de hipertireoidismo que põe em risco a vida dos pacientes.
Qual a etiologia da crise tiretóxica?
A principal etiologia é Doença de Graves, porém, qualquer condição associada a hipertireoidismo pode estar relacionada.
Cite 5 fatores precipitantes da crise tiretóxica.
- Infeção
- Cirurgia
- Radioiodoterapia
- Suspensão de drogas antitireoidianas
- Uso de Amiodarona
Qual o principal fator precipitante da crise tiretóxica?
Infecção! (Assim como no coma mixedematoso!)
Qual o prognóstico da crise tireotóxica?
Quando não reconhecida e tratada, é fatal, e, mesmo quando tratada adequadamente, apresente 20-30% de letalidade.
Descreva a patogênese da crise tireotóxica.
- Minoria dos casos: condições desencadeantes como trauma à glândula tireoide -> nível hormonal se eleva muito e passa a ser o principal fator causal. Liberação excessiva de hormônio pela glândula, saturação dos sítios nas proteínas de transporte e maior fração livre disponível.
- Maioria dos casos: os níveis hormonais totais não são mais altos quando comparados com a tireotoxicose não complicada, sendo a descompensação explicada da seguinte forma:
(1) Condição de estresse desencadeante -> aumento dos níveis de catecolaminas, da sensibilidade e do número de seus receptores -> mesmo mantendo os mesmos níveis, o efeito hormonal encontra-se bem mais pronunciado.
(2) Fator desencadeante -> Diminuição súbita da proteína de transporte hormonal (este fenômeno tem sido observado em pós-operatórios) + Formação de inibidores da ligação hormonal à proteína de transporte -> aumento súbito dos níveis de T4 livre -> crise tireotóxica, uma vez que a velocidade em que o hormônio livre se eleva tem maior relação com a gravidade do quadro clínico do que o valor absoluto.
Descreva a clínica da crise tireotóxica.
- Clínica clássica:
Tireotoxicose + disfunção orgânica, sendo os sinais e sintomas clássicos:
(1) Febre elevada (38-41C).
(2) Efeitos no SNC: leve: agitação / moderado: delírio, psicose, letargia extrema /grave: convulsões, coma.
(3) Efeitos no sistema CV: taquicardia acentuada / ICC de alto débito, com PA divergente (edema podal / estertores bibasais / EAP) / FA aguda.
(4) Disfunção hepática e TGI: diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal / icterícia de causa indefinida.
(5) História de causa preciptante. - Apresentações raras: Dor abdominal e abdome agudo, status epilepticus e insuficiência renal aguda por rabdomiólise.
- Crise tireotóxica apática: geralmente ocorre em idosos, havendo predomínio do quadro cardiovascular, gastrointestinal ou neurológico. O indivíduo apresenta fraqueza extrema, apatia, confusão, febre pouco elevada, taquicardia (exceto se houver bloqueio cardíaco), fibrilação atrial e hiporreflexia.
Em que consiste a Escala de Burch e Wartofsky?
Escala que auxilia no diagnóstico da crise tireotóxica por meio da identificação de dados clínicos.
Descreva o tratamento da crise tireotóxica.
Internação em CTI (monitorização) + PIB1C:
- PTU: ataque de 800 mg e 200-300 mg 8/8h por VO SNE ou pelo reto +
- Iodo 1h após o PTU: solução de lugol 10gts 8/8h OU solução saturada de iodeto de potássio 5 gotas 8/8h OU ácido iopanoico 0,5 mg VO a cada 12h +
- Beta-bloqueador: propranolol 40-60 mg VO a cada 6h OU IV 1mg até a dose de 10mg +
- Corticoide: dexametasona 2mg IV a cada 6h OU hidrocortisona.
Explique o objetivo de cada droga usada no tratamento da crise tireotóxica.
- PTU: inibir a conversão periférica de T4 em T3 (primeiro efeito), pelo bloqueio da desiodase tipo 1, e reduzir a produção hormonal tireoidiana.
- Iodo: age bloqueando a endocitose da tireoglobulina; e a atividade lisossômica, bloqueando a liberação hormonal tireoidiana. O efeito de Wolff-Chaikoff é a inibição da organificação do iodeto pelo próprio iodeto — este efeito também pode contribuir.
- Beta-bloqueador: A quantidade de hormônio tireoidiano na crise tirotoxoca não é tão maior que em uma tireotoxicose não complicada, a grande diferença é que o fator preciptante aumenta também catecolamina, sendo essencial o uso do propranolol. Além disso, altas doses da droga inibem a desiodase tipo 1 (conversão periférica de T4 em T3).
- Corticoide: Os glicocorticoides em altas doses também inibem a desiodase tipo 1 (conversão periférica de T4 em T3). Outras razões para prescrevermos estas drogas incluem: (1) os pacientes com crise tireotóxica possuem uma produção e degradação acelerada do cortisol endógeno; (2) os indivíduos com tempestade tireoidiana possuem níveis de cortisol inapropriadamente normais para o grau de estresse metabólico apresentado; e (3) pode existir insuficiência suprarrenal associada à doença de Graves (síndrome autoimune do tipo II).
Qual a importância de realizar o iodo após 1 h do PTU no tratamento da crise tireotóxica.
Para que o iodo não piore ainda mais a crise, ao ser utilizado como matéria prima para a produção de hormônio tireoidiano (efeito Jod-Basedow).
Além do “PIB1C”, quais drogas / condutas disponíveis para o tratamento da crise tireotóxica?
(1) Carbonato de lítio na dose de 300 mg VO 6/6h
(2) Colestiramina (que é uma resina de troca e pode aumentar a excreção de hormônios tireoidianos pelas fezes) na dose de 4 g VO 6/6h.
(3) Plasmaférese pode ser tentada quando o tratamento convencional não é eficaz.
Coma mixedematoso: Definição
Expressão mais grave do hipotireoidismo.
Qual a principal etiologia do coma mixedematoso?
A principal etiologia é a Tireoidite de Hashimoto, porém, qualquer condição associada a hipotireoidismo pode estar relacionada.
Cite 3 fatores precipitantes de coma mixedematoso.
(1) Infecção (PNM, ITU)
(2) Sedação
(3) AVE
(4) Agravamento de condições clínicas prévias