Tireoide - UE Flashcards

1
Q

Crise Tireotóxica: Definição

A

Exacerbação do estado de hipertireoidismo que põe em risco a vida dos pacientes.

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Q

Qual a etiologia da crise tiretóxica?

A

A principal etiologia é Doença de Graves, porém, qualquer condição associada a hipertireoidismo pode estar relacionada.

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3
Q

Cite 5 fatores precipitantes da crise tiretóxica.

A
  1. Infeção
  2. Cirurgia
  3. Radioiodoterapia
  4. Suspensão de drogas antitireoidianas
  5. Uso de Amiodarona
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4
Q

Qual o principal fator precipitante da crise tiretóxica?

A

Infecção! (Assim como no coma mixedematoso!)

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5
Q

Qual o prognóstico da crise tireotóxica?

A

Quando não reconhecida e tratada, é fatal, e, mesmo quando tratada adequadamente, apresente 20-30% de letalidade.

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6
Q

Descreva a patogênese da crise tireotóxica.

A
  • Minoria dos casos: condições desencadeantes como trauma à glândula tireoide -> nível hormonal se eleva muito e passa a ser o principal fator causal. Liberação excessiva de hormônio pela glândula, saturação dos sítios nas proteínas de transporte e maior fração livre disponível.
  • Maioria dos casos: os níveis hormonais totais não são mais altos quando comparados com a tireotoxicose não complicada, sendo a descompensação explicada da seguinte forma:

(1) Condição de estresse desencadeante -> aumento dos níveis de catecolaminas, da sensibilidade e do número de seus receptores -> mesmo mantendo os mesmos níveis, o efeito hormonal encontra-se bem mais pronunciado.

(2) Fator desencadeante -> Diminuição súbita da proteína de transporte hormonal (este fenômeno tem sido observado em pós-operatórios) + Formação de inibidores da ligação hormonal à proteína de transporte -> aumento súbito dos níveis de T4 livre -> crise tireotóxica, uma vez que a velocidade em que o hormônio livre se eleva tem maior relação com a gravidade do quadro clínico do que o valor absoluto.

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7
Q

Descreva a clínica da crise tireotóxica.

A
  • Clínica clássica:
    Tireotoxicose + disfunção orgânica, sendo os sinais e sintomas clássicos:
    (1) Febre elevada (38-41C).
    (2) Efeitos no SNC: leve: agitação / moderado: delírio, psicose, letargia extrema /grave: convulsões, coma.
    (3) Efeitos no sistema CV: taquicardia acentuada / ICC de alto débito, com PA divergente (edema podal / estertores bibasais / EAP) / FA aguda.
    (4) Disfunção hepática e TGI: diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal / icterícia de causa indefinida.
    (5) História de causa preciptante.
  • Apresentações raras: Dor abdominal e abdome agudo, status epilepticus e insuficiência renal aguda por rabdomiólise.
  • Crise tireotóxica apática: geralmente ocorre em idosos, havendo predomínio do quadro cardiovascular, gastrointestinal ou neurológico. O indivíduo apresenta fraqueza extrema, apatia, confusão, febre pouco elevada, taquicardia (exceto se houver bloqueio cardíaco), fibrilação atrial e hiporreflexia.
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8
Q

Em que consiste a Escala de Burch e Wartofsky?

A

Escala que auxilia no diagnóstico da crise tireotóxica por meio da identificação de dados clínicos.

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9
Q

Descreva o tratamento da crise tireotóxica.

A

Internação em CTI (monitorização) + PIB1C:
- PTU: ataque de 800 mg e 200-300 mg 8/8h por VO SNE ou pelo reto +
- Iodo 1h após o PTU: solução de lugol 10gts 8/8h OU solução saturada de iodeto de potássio 5 gotas 8/8h OU ácido iopanoico 0,5 mg VO a cada 12h +
- Beta-bloqueador: propranolol 40-60 mg VO a cada 6h OU IV 1mg até a dose de 10mg +
- Corticoide: dexametasona 2mg IV a cada 6h OU hidrocortisona.

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10
Q

Explique o objetivo de cada droga usada no tratamento da crise tireotóxica.

A
  • PTU: inibir a conversão periférica de T4 em T3 (primeiro efeito), pelo bloqueio da desiodase tipo 1, e reduzir a produção hormonal tireoidiana.
  • Iodo: age bloqueando a endocitose da tireoglobulina; e a atividade lisossômica, bloqueando a liberação hormonal tireoidiana. O efeito de Wolff-Chaikoff é a inibição da organificação do iodeto pelo próprio iodeto — este efeito também pode contribuir.
  • Beta-bloqueador: A quantidade de hormônio tireoidiano na crise tirotoxoca não é tão maior que em uma tireotoxicose não complicada, a grande diferença é que o fator preciptante aumenta também catecolamina, sendo essencial o uso do propranolol. Além disso, altas doses da droga inibem a desiodase tipo 1 (conversão periférica de T4 em T3).
  • Corticoide: Os glicocorticoides em altas doses também inibem a desiodase tipo 1 (conversão periférica de T4 em T3). Outras razões para prescrevermos estas drogas incluem: (1) os pacientes com crise tireotóxica possuem uma produção e degradação acelerada do cortisol endógeno; (2) os indivíduos com tempestade tireoidiana possuem níveis de cortisol inapropriadamente normais para o grau de estresse metabó­lico apresentado; e (3) pode existir insuficiência suprarrenal associada à doença de Graves (síndrome autoimune do tipo II).
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11
Q

Qual a importância de realizar o iodo após 1 h do PTU no tratamento da crise tireotóxica.

A

Para que o iodo não piore ainda mais a crise, ao ser utilizado como matéria prima para a produção de hormônio tireoidiano (efeito Jod-Basedow).

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12
Q

Além do “PIB1C”, quais drogas / condutas disponíveis para o tratamento da crise tireotóxica?

A

(1) Carbonato de lítio na dose de 300 mg VO 6/6h
(2) Colestiramina (que é uma resina de troca e pode aumentar a excreção de hormônios tireoidianos pelas fezes) na dose de 4 g VO 6/6h.
(3) Plasmaférese pode ser tentada quando o tratamento convencional não é eficaz.

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13
Q

Coma mixedematoso: Definição

A

Expressão mais grave do hipotireoidismo.

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14
Q

Qual a principal etiologia do coma mixedematoso?

A

A principal etiologia é a Tireoidite de Hashimoto, porém, qualquer condição associada a hipotireoidismo pode estar relacionada.

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15
Q

Cite 3 fatores precipitantes de coma mixedematoso.

A

(1) Infecção (PNM, ITU)
(2) Sedação
(3) AVE
(4) Agravamento de condições clínicas prévias

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16
Q

Qual o principal fator precipitante de coma mixedematoso ?

A

Infecção! (Assim como da crise tireotóxica!)

17
Q

Qual o perfil epidemiológico do paciente com coma mixedematoso?

A

Mulher idosa portadora de hipotireoidismo em tratamento irregular e internada em CTI.
O reconhecimento desta condição pelo clínico e intensivista é prejudicado pelo início insidioso e por sua relativa baixa incidência.

18
Q

Descreva a clínica do coma mixedematoso.

A

(1) Hipotermia: não se encontra presente em todos os pacientes com coma mixedematoso, mas, quando encontrada, é bastante sugestiva da presença desta emergência endócrina.

(2) Alterações no SNC: Diminuição do nível de consciência +/- arreflexia e convulsões (pode acompanhar a hipotermia).

(3) Alterações no sistema respiratório:
- Prejuízo na função ventilatória que pode evoluir com coma.
- PNM bacteriana é o principal fator precipitante.

(4) Alterações no sistema cardiovascular:
- Pele fria e pálida
- Bradicardia (+ redução do VS e do DC)
- Hipertensão diastólica

(5) Alterações renais:
- Hiponatremia
- Alguns pacientes apresentam elevação inapropriada do ADH a despeito da osmolaridade sérica baixa.

(6) Hipoglicemia

(7) Alterações hematológicas:
- Redução do hematócrito em 30%.
- Anemia macrocítica por carência de vitamina B12.
- Leucopenia e diminuição dos granulócitos.

(8) Infecção associada

(9) Laboratório: T4 e T3 bastante reduzidos, TSH, lactato e CPK elevados.

(10) ECO com derrame pericárdico.

19
Q

Descreva a patogênese da clínica do coma mixedematoso.

A

(1) Hipotermia: redução da ação dos hormônios tireoidianos -> redução da ativação da Na+ K+ ATPase -> redução do consumo de oxigênio nos tecidos -> redução da taxa metabólica basal.

(2) Alterações no SNC

(3) Alterações no sistema respiratório: Diminuição do drive ventilatório (por redução da ação do hormônios tireoidianos) + Disfunção neuromuscular + Edema mixedematoso das vias aéreas superiores e obstrução por macroglossia + PNM -> Prejuízo na função ventilatória retenção de CO2 e hipoxemia por hipoventilação alveolar -> coma.

(4) Alterações no sistema cardiovascular:
- Hipotireoidismo -> aumento da responsividade alfa adrenérgica -> vasoconstrição periférica e consequente desvio de sangue da pele para tentar manter a temperatura central do organismo -> levando a uma pele fria e pálida.
- Hipotireoidismo -> diminuição na densidade de receptores beta -> bradicardia, diminuição do volume sistólico e débito cardíaco.
- Hipertensão diastólica

(5) Alterações renais:
- Diminuição da taxa de filtração glomerular + diminuição da excreção de água livre e redução da reabsorção de sódio pelo néfron -> tendência à hiponatremia.
- Alguns pacientes apresentam elevação inapropriada do ADH a despeito da osmolaridade sérica baixa.

(6) Hipoglicemia: Diminuição dos hormônios tireoidianos -> induz a uma maior sensibilidade à insulina.

(7) Alterações hematológicas:
- Vasoconstrição periférica (-> redução do volume sanguíneo em até 20%) + Baixos níveis de eritropoietina -> Redução do hematócrito em 30%.
- Anemia macrocítica por carência de vitamina B12 pode estar presente (associação de anemia perniciosa). Leucopenia e diminuição dos granulócitos são alterações também encontradas.

(8) Infecção associada

(9) Laboratório: T4 e T3 bastante reduzidos, TSH, lactato e CPK elevados.
- A elevação da CPK é decorrente maior permeabilidade da célula muscular, com acúmulo de glicogênio, e atrofia do tipo II. É relatada em pouquíssimos casos na literatura uma elevação da fração MB da enzima.

(10) ECO com derrame pericárdico.

20
Q

Como diferenciar mixedema de síndrome do eutireoidiano doente?

A

CPK elevados + ECO com derrame pericárdico -> mixedema.

21
Q

Descreva o tratamento do coma mixedematoso.

A

(1) Levotiroxina (T4) em altas doses: ataque em um bolus de 500 a 800 μg IV e -> 100 µg/dia IV -> VO oral assim que possível. O uso de liotironina (T3), na dose de 25 µg a cada 12h, em combinação com levotiroxina, é recomendado por muitos autores.

(2) Hidrocortisona venosa: 50 mg a cada seis horas.

(3) Suporte respiratório através de ventilação mecânica.

(4) Correção da hiponatremia: restrição hídrica ou salina hipertônica. Evitar a administração de fluidos hipotônicos devido ao risco de intoxicação pela água secundária à redução do clearance de água livre nesses pacientes, o que agravaria a hiponatremia.

(5) Correção da hipoglicemia: glicose hipertônica e administração de suporte enteral.

(6) Aquecimento passivo: uso de cobertores térmicos; observar o aumento da temperatura dentro de 24h após administração da levotiroxina e estar atento à presença de infecção nesses pacientes, que podem se mostrar afebris.

22
Q

Levotiroxina em altas doses no tratamento de coma mixedematoso:
- Qual a via de adm? Justifique
- Pq o uso de liotironina (T3) em combinação com levotiroxina, é recomendado por muitos autores?

A
  • Inicialmente administração na forma parenteral venosa evita o retardo causado pela absorção intestinal da levotiroxina nesses pacientes. Tão logo o paciente possa ingerir, as medicações devem ser passadas para a forma oral.
  • Pois existe geralmente um prejuízo na conversão periférica de T4 em T3. A dose de ataque de T4L serve para repor o pool periférico hormonal, podendo ser benéfica dentro de horas.
23
Q

Hidrocortisona venosa no tratamento de coma mixedematoso:
- Qual seu objetivo?

A
  • Os esteroides são recomendados no coma mixedematoso para evitar o surgimento de uma crise adrenal (na presença de um aumento do metabolismo com a reposição hormonal) em pacientes com insuficiência suprarrenal subclínica. Este fenômeno pode ser encontrado em pacientes com insuficiência suprarrenal autoimune associada ao hipotireoidismo (muito comum) e nos raros indivíduos com hipopituitarismo e hipotireoidismo (secundário) presentes.
24
Q

Suporte vemtilatório no tratamento do coma mixedematoso. Qual cuidado deve ser tomado?

A

A ventilação mecânica costuma prolongar-se mesmo com a reversão do coma, talvez por distúrbios neuromusculares associados (ver acima). Todo o cuidado é pouco para não desmamar do ventilador um paciente que apresenta fraqueza residual da musculatura respiratória!!!

25
Q

Qual tipo de aquecimento deve ser realizado no tratamento do coma mixedematoso. Justifique

A

O aquecimento sempre deve ser passivo e não ativo (com cobertores térmicos) pelo risco de se induzir o choque circulatório com o rápido aquecimento do paciente.