Problema 7 e 8: Flashcards
João de 4 anos é levado ao pronto socorro pela avó com quadro de diarreia liquida, aproximadamente 5 episódios por dia e vômitos que começaram há 3 dias. Vinha aceitando pequenos volumes de líquido mas nas últimas hora encontrava-se irritado, febril e com dificuldade de aceitar a terapia de hidrtaçao oral. Ao exame apresentava olhos fundos, sem lágrimas, mucosas
secas, pulso rápido, enchimento capilar discretamente lentificado, pulso cheio sendo também observado perda de peso de 7%.
Diante do quadro clínico de João e conforme a classificação e orientação do Ministério da Saúde, aponte a alternativa mais adequada para esse paciente:
A)Diarreia aguda, desidratação grave, iniciar terapia de hidratação venosa.
B)Diarreia crônica, desidratação moderada, iniciar terapia de hidratação venosa.
C)Diarreia aguda, desidratação leve, iniciar terapia de hidratação oral.
D)Diarreia crônica, desidratação grave, iniciar terapia de hidratação venosa
E)Diarreia aguda, desidratação moderada, iniciar terapia de hidratação venosa.
Letra:E
Emanuel, 12 meses de idade, previamente saudável, iniciou diarréia
liquida há 2 dias, sem sangue, 6 evacuações diárias, 1 episódio de vômito e temperatura axilar máxima de 37,2 C. Exame físico: estado geral preservado, sede aumentada, enchimento capilar de 1 segundo, pulso
cheio, eupneico, FC = 120 bpm. Diante desse quadro, a conduta mais
adequada é:
A)Internar e iniciar hidratação venosa.
B)Iniciar hidratação com sais de reidratação oral por gastróclise e suspender a dieta.
C)Liberar para domicílio com sais de reidratação oral, alimentação habitual e oferta de água aumentada.
D)Iniciar hidratação com sais de reidratação oral na unidade de emergência e prescrever azitromicina para o domicílio
Letra:c
Quais são os tipos de diarreia?
● Diarreia secretora: mediado por enterotoxinas, as quais estimulam a secreção de fluidos e eletrólitos e bloqueiam a absorção dos mesmos nas vilosidades intestinais.
- Causas: síndromes congênitas, toxinas bacterianas, doença inflamatória intestinal, diverticulite, distúrbios de motilidade.
● Diarreia osmótica: ocorre quando há uma grande quantidade de substâncias não absorvíveis, como açúcares e álcoois, no intestino delgado. Essas substâncias atraem água para o intestino, o que leva a um aumento na quantidade de água nas fezes e, consequentemente, na diarreia.
- Causas comuns: intolerância à lactose, uso excessivo de laxantes que contêm magnésio e ingestão de adoçantes artificiais.
● Diarreia inflamatória: decorrem da liberação de citocinas, as quais, estimulam a secreção e aumentam a permeabilidade do epitélio, com consequente adsorção de proteínas heterólogas, deflagração de mecanismos imunomediados, aumento da motilidade e extravasamento de proteínas para a luz intestinal.
- Causas: doença inflamatória intestinal, infecções, colite isquêmica e neoplasias.
● Diarreia disabsortiva: má absorção por doença do intestino delgado, caracterizada por esteatorreia, como doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, estrongiloidíase e linfoma intestinal.
● Diarreia funcional: é caracterizada pela hipermotilidade intestinal, como síndrome do intestino irritável e diarreia diabética.
Diarreia Aguda:
Diarreia aguda é a eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com frequência superior ou igual a três vezes por dia (ou mais frequente do habitual para o indivíduo), com duração máxima de 14 dias.
- Pode ser acompanhada por náuseas, vômitos, febre e dor abdominal.
- A doença diarreica aguda é a segunda causa de morte e uma das principais causas de desnutrição em crianças menores de 5 anos, principalmente em países de baixa e média renda, com condições sociais, econômicas, ambientais e de saúde desfavoráveis.
Diarreia Aguda X Diarreia Crônica:
A diarreia aguda apresenta uma aumento do número de evacuações, +5 ao dia e diminuição da consistência das fezes, para além do que o paciente está acostumado, e persiste por até duas semanas, além desse período a diarreia é considerada crônica.
Tipos de desidratação:
- Desidratação isotônica: ocorre em casos de diarreicos e de vômitos. As perdas de sódio e água se equivalem, portanto o sódio está dentro do valor de normalidade. Não há, portanto, gradiente osmótico entre os compartimentos intra e extracelular, sendo esse o tipo mais frequente de desidratação.
- Desidratação hipertônica: é mais comum nos recém-nascidos. A perda de água é maior que a de sódio, levando a uma hipernatremia e então ocorre uma elevação da osmolaridade no espaço extracelular pela hipernatremia, o que leva à passagem da água do espaço intra para o extracelular. Predominam-se sinais como sede intensa, febre e irritabilidade.
- Desidratação hipotônica: ocorre principalmente quando a reposição de uma criança desidratada é feita com solução hipotônica. Há uma depleção de sódio e água, porém com uma perda proporcionalmente maior de sódio em relação à perda hídrica, gerando um gradiente osmótico. Esse gradiente faz com que a água vá para o espaço intracelular (onde há mais soluto), o que agrava o déficit extracelular, acentuando os sinais e sintomas, como agitação, convulsões e o choque hipovolêmico.
Graus de desidratação:
○ Grau 1 - Desidratação leve:
- Perdas de até 5% do peso;
- Sintomatologia discreta ou ausente;
- Tempo de enchimento capilar < 3 segundos.
○ Grau 2 - Desidratação moderada:
- Perda entre 5% e 10% do peso;
- Presença de 2 ou mais sinais como redução da diurese, sede intensa, mucosas secas, taquicardia, olhos encovados e sem lágrimas;
- Sem sinais de choque;
- Tempo de enchimento capilar de 3 a 5 segundos.
○ Grau 3 - Desidratação grave:
- Perda de mais de 10% do peso;
- Alterações hemodinâmicas muitas vezes associada a alteração na perfusão cerebral;
- Pode haver sinais de choque: Tempo de enchimento capilar > 5 segundos, extremidades frias, pulso rápido e fino e hipotensão;
- Os sinais neurológicos iniciam com irritabilidade, evoluem para o torpor e em casos mais graves para o coma.
Planos de Reidratação
● Plano A - soro de reidratação oral (SRO)
- O tratamento é feito em domicílio. As condutas são:
○ Aumentar a oferta de líquidos para prevenir a desidratação: oferecer solução de reidratação oral (SRO) de acordo com a aceitação do paciente, após cada evacuação ou vômito;
○ Suplementar zinco por 10 a 14 dias (10mg/dia para menores de 6 meses e
20mg/dia para maiores de 6 meses);
○ Manter a alimentação habitual;
○ Orientar os sinais de gravidade: aumento importante no número de evacuações, vômitos repetidos, sede, recusa a alimentos ou líquidos, febre, sangue nas fezes ou ausência de melhora em 3 dias.
- Lactentes menores de 6 meses em aleitamento materno exclusivo, que estejam com gastroenterite aguda, mas hidratados, devem ser orientados apenas a manter o aleitamento materno exclusivo, sem a necessidade de SRO.
- Lactentes que fazem uso de fórmula láctea podem ser manejados com SRO às perdas.
● Plano B - Terapia de reidratação oral (TRO)
- Em crianças com algum grau de desidratação, é indicada a TRO, realizada no pronto-socorro, por meio da oferta do SRO por via oral no volume de 50 a 100 mL/Kg em pequenos goles em 4 a 6 horas.
- Caso a criança ainda seja amamentada o aleitamento deve ser mantido. Outros alimentos não devem ser oferecidos neste período.
- Avalia-se o paciente a cada hora, observando os sinais de desidratação, peso e presença de diurese.
○ Se desaparecerem os sinais de desidratação, utiliza-se o Plano A.
○ Se o paciente continuar desidratado é indicado o uso da sonda nasogástrica (15-30ml/Kg/h da SRO).
○ Se evoluir para desidratação grave inicia-se o Plano C.
● Plano C - Hidratação endovenosa
- Consiste em hidratação venosa e deve ser feita em casos graves ou falha do plano B.
- É dividida em duas fases: expansão e manutenção/reposição.
○ Fase de expansão
- Antes de iniciar a expansão, deve-se realizar a glicemia capilar, eletrólitos (Na, K) e gasometria venosa.
- Em crianças menores de 5 anos, a fase de expansão consiste na infusão em bolus de 20 mL/kg de soro fisiológico em vinte a trinta minutos, que pode ser repetido até três vezes até a melhora dos sinais clínicos de desidratação grave. Em recém-nascidos e cardiopatas, esse volume deve ser menor, de 10 mL/kg.
- Em crianças maiores de 5 anos, a fase de expansão é dividida em duas medidas subsequentes: inicialmente é feita uma infusão de soro fisiológico 30 mL/kg em 30 minutos, seguida por uma infusão de ringer lactato 70 mL/kg em duas horas e meia.
○ Fase de manutenção e reposição
- Uma vez reidratado, deve ser instituído um soro de manutenção, de preferência isotônico, acrescido de um soro de reposição, até que a via oral seja suficiente para manter a hidratação do paciente.
Em 1980, quadros de diarréia como o do João, ocupavam o segundo lugar como causa de mortalidade infantil e representava 24,3% do óbitos, enquanto em 2005, passou para a quarta posição e foi responsável por 4,1% dos óbitos. Diante do seu conhecimento sobre a doença diarréica e a desidratação cite 4 medidas que contribuiram para essa diminuição.
- Saneamento básico, o que melhorou a qualidade de vida, reduzindo as infecções que causam diarreia.
- Vacinas para determinados vírus e bactérias que causam diarreia.
- Formulação do plano de tratamento pela OMS, de acordo com os graus de desidratação.
- Aumento do período de aleitamento materno exclusivo.
A mãe de lactente de 6 meses de vida, em consulta de puericultura relata que seu filho está com diarreia de fezes semilíquidas de odor fétido e mucopiosanguinolenta, acompanhado
de febre alta há 6 dias. Ao exame: Está largado, olhos encovados e sinal da prega volta muito lentamente (>2 segundos). Marque a alternativa CORRETA em relação ao diagnóstico.
A) Diarreia aguda infecciosa de mecanismo osmótico.
B) Diarreia aguda não infecciosa e sem desidratação.
C) Diarreia persistente e desidratação grave.
D) Diarreia aguda infecciosa e sem desidratação.
E) Diarreia aguda infecciosa e desidratação grave.
Letra:E
A desidratação é um problema grave que pode até mesmo levar à morte. As situações a seguir devem alertar para o surgimento de uma possível desidratação, exceto
a) diarreia aguda.
b) vômitos intensos.
c) transpiração excessiva.
d) oligúria.
e) uso exagerado de diuréticos.
Letra D
Alguns sintomas podem indicar que uma pessoa está ficando desidratada. Todos os sintomas abaixo indicam sinais e sintomas que podem ser associados à desidratação.
exceto:
a) olhos fundos.
b) sede.
c) diminuição da urina.
d) aumento do suor.
e) lábios ressecados.
Letra D
A mãe de lactente de 6 meses de vida, em consulta de puericultura relata que seu filho está com diarreia de fezes semilíquidas de odor fétido e mucopiosanguinolenta,
acompanhado de febre alta há 6 dias. Ao exame: Está largado, olhos encovados e sinal da prega volta muito lentamente (>2 segundos). Marque a alternativa CORRETA em relação ao diagnóstico.
A) Diarreia aguda infecciosa de mecanismo osmótico.
B) Diarreia aguda não infecciosa e sem desidratação.
C) Diarreia persistente e desidratação grave.
D) Diarreia aguda infecciosa e sem desidratação.
E) Diarreia aguda infecciosa e desidratação grave.
Letra E
Carla, mãe de 2 adolescentes Ana de 13 anos e João de 15 anos procura atendimento médico porque estava com dificuldade de entender a diferença de desenvolvimento dos 2 filhos. Ana, mais nova, estava muito mais evoluida física e emocionalmente do que João que, apesar de mais velho, continuava com o corpo de criança e não conseguia se entender mais com a irmã. Ao exame físico, Ana foi classificada como M3P3 e João como G3P3 segundo os critérios de Tanner. D. Carla media 166cm e o pai das crianças 170 cm.
Diante dos dados do caso clínico e do seu conhecimento, calcule a estatura alvo para Ana e para João.
Ana: (166 + 170) - 13 / 2 = 161,5 -> em que esse valor pode variar 8 cm para mais ou para
menos.
João: (166 + 170) + 13 / 2 = 174,5 -> em que esse valor pode variar 8 cm para mais ou para menos.
Classificação de Tanner:
A monitorização do desenvolvimento puberal é feita pela classificação de Tanner, que estudou e sistematizou a sequência dos eventos puberais em ambos os sexos, em cinco etapas. Seu objetivo é descrever a maturação sexual.
● Sexo feminino
- Avalia-se o desenvolvimento mamário e a distribuição e a quantidade de pêlos.
● Pelos
○ P1: fase de pré-adolescência (não há pelugem).
○ P2 (9 - 14 anos): presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados ao longo dos grandes lábios.
○ P3 (10 - 14,5 anos): pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis.
○ P4 (11 - 15 anos): pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravelmente menor que a do adulto.
○ P5 (12 - 16,5 anos): pelugem do tipo adulto, cobrindo todo o púbis e a virilha.
● Mamas
○ M1: mama infantil.
○ M2 (8 - 13 anos): fase de broto mamário, com elevação da mama e aréola como pequeno montículo.
○ M3 (10 - 14 anos): maior aumento da mama, sem separação dos contornos
○ M4 (11 - 15 anos): projeção da aréola e das papilas para formar montículo secundário por cima da mama.
○ M5 (13 - 18 anos): fase adulta, com saliência somente nas papilas.
● Sexo masculino
- Avalia-se o aspecto dos órgãos genitais e também a quantidade e a distribuição dos pelos pubianos.
● Pelos (masculino)
○ P1: fase de pré-adolescência (não há pelugem).
○ P2 (11 - 15,5 anos): presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados na base do pênis.
○ P3 (11,5 - 16 anos): pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis.
○ P4 (12 - 16,5 anos): pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravelmente menor que a do adulto.
○ P5 (15 - 17 anos): pelugem do tipo adulto, estendendo-se até a face interna das coxas.
● Genitália (sexo masculino)
○ G1 (9,5 - 13,5 anos): pré-adolescência (infantil).
○ G2 (10 - 13,5 anos): crescimento da bolsa escrotal e dos testículos, sem aumento do pênis.
○ G3 (10,5 - 15 anos): ocorre também aumento do pênis, inicialmente em toda a sua extensão.
○ G4 (11,5 - 16 anos): aumento do diâmetro do pênis e da glande, crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele escurece.
○ G5 (12,5 - 17 anos): tipo adulto.