Perturbações de Ansiedade Flashcards
Qual é a prevalência de perturbações de ansiedade em Portugal?
16,5%
Qual o sintoma mais proeminente e severo?
A ansiedade
Definição de ansiedade
Estado emocional vago, desagradável, de apreensão, receio, aflição, na eminência ou em situação de perigo.
Em que situações ocorre a ansiedade?
Como sinal: expressão de resposta à preceção de ameaça.
Patológico: resposta é desadequada à situação.
Quais as causas orgânicas de ansiedade?
Endócrinas (Hipertiroidismo) + Metabólicas (hipoglicemia) + SNC (epilepsia do lobo temporal)
Qual a patologia endócrina que frequentemente causa ansiedade?
Hipertiroidismo - ansiedade resolve com o controlo da doença
Quais são as causas sintomáticas de ansiedade?
Privação:
- álcool
- benzodiazepinas
- cafeína
- teofilina
- aminofilina
- outros broncodilatadores
Estruturas e mecanismos de etiopatogénese
- Eixo hipotálamo-hipófise suprarrenal
- Aumento do tónus do Sistema Nervoso Simpático
- Hiperativação do Locus Coeruleus (+++)
- Ativação paroxística ou mantida do sistema de alerta na ausência de um estímulo ameaçador
- Desregulação da amígdala e do hipocampo, e com alterações da comunicação entre estas duas estruturas
Que mecanismo esta na etiopatogénese dos ataques de pânico?
A Hiperativação do Locus Coeruleus.
Segunda a ICD-10, quais são as subcategorias das perturbações de ansiedade?
- Perturbações de ansiedade fóbica
- Outras perturbações de ansiedade (inclui a Perturbação da Ansiedade Generalizada e a Perturbação de Pânico)
Qual a categoria que a ICD-10 tem que a DSM V não tem?
Perturbação mista da ansiedade-depressão
Sintomas de ansiedade - Psicológico
- Aflição Antecipatória
- Irritabilidade e Inquietude
- Sensibilidade ao ruído
- Dificuldade em concentração
- Preocupação
- Tremor; Cefaleias; Mialgias
- Confusão; Dispneia
- Parestesias nas extremidades
- Insónia; Terror Noturno
Sintomas de ansiedade - Autonómicos
GI: xerostomia; disfagia; epigastralgia: borborigmos
Respiratório: aperto torácico; dispneia inspiratória
CV: palpitações; precordialgia
GU: polaquiúria; disfunção erétil; amenorreia; desconforto menstrual
Como são os sintomas na Perturbação de Ansiedade Generalizada?
São persistentes por mais de 6 meses e não são restritos (ou marcadamente aumentados) a nenhuma circunstância em específico (em contraste com as perturbações fóbicas).
Padrão característico de sintomas da Perturbação de Ansiedade Generalizada
- Inquietação e apreensão - prolongadas, transversais (não focadas num assunto em específico) e de controlo difícil;
- Sintomas psíquicos – irritabilidade, dificuldade de concentração, sensibilidade ao barulho.
- Hiperatividade autonómica – sudorese, palpitações, xerostomia, desconforto epigástrico, tonturas;
- Tensão muscular – tremores, incapacidade para relaxar, cefaleias (usualmente bilaterais frontais ou occipitais);
- Hiperventilação – pode levar a tonturas e, paradoxalmente, a dispneia;
- Perturbações do sono – incluem dificuldade em adormecer e pensamentos inquietantes constantes
Distinguir PAG de Depressão
O diagnóstico é decido com base no sintoma que aparece primeiro e que é mais severo. A depressão é pior de manhã. Ansiedade que é pior neste período de tempo sugere uma patologia depressiva.
Distinção entre PAG e Esquizofrenia
Perguntar ao doente o que é que está a causar os seus sintomas. Se ele der uma resposta pouco usual, podemos descobrir ideias delirantes não expressas previamente.
Distinção de PAG e Demência
Ansiedade pode ser o primeiro sintoma. Doentes mais velhos com ansiedade, deve-se testar a memória. Se falta de memória objetiva → marcha diagnóstica para encontrar outra causa que não a ansiedade.
Distinção entre PAG e Abuso de Substâncias
Ansiedade severa e matinal - os sintomas de privação costumam ser piores de manhã.
Distinção entre Doença Física e PAG
- Tirotoxicose: irritável, tremor, taquicardia;
- Feocromocitoma e hipoglicemia → podem mimetizar um ataque de pânico ou uma perturbação fóbica.
Fatores etiológicos da PAG
Fatores stressantes, personalidade predisposta para a ansiedade, fatores genéticos e experiências na infância
Importância dos fatores genéticos na PAG
Papel importante a moderado. Genes envolvidos predispõem para uma variedade de perturbações de ansiedade e depressivas.
Tipo de personalidade associada à PAG
Neuroticismo
Prognóstico da PAG
Perturbações da ansiedade com mais de 6 meses de duração têm mau prognóstico. É uma condição crónica. Avaliação complicada pela existência frequente de comorbilidades que complicam os resultados a longo termo.
Tratamento da PAG 1
Autoajuda e psicoeducação - materiais com informação sobre a PAG com exercícios práticos, com base na TCC. Evidência limitada e resultados modestos.
Tratamento da PAG 2
Relaxamento. Quando regular, reduz níveis de ansiedade em casos menos severos.
Tratamento da PAG 3
Terapia Cognitivo-Comportamental (CBT) - Relaxamento + procedimentos cognitivos. Efeitos importantes de resolução sintomática.
Quando é que se deve passar para um tratamento farmacológico na PAG?
- Para controlar sintomas rapidamente, enquanto os efeitos da CBT ainda não se fizeram sentir.
- Quando o tratamento psicológico não obteve resultados.
Tratamento farmacológico a curto-prazo da PAG
1ª linha - benzodiazepinas de longa duração (t 1/2 > 24h), Diazepam.
Não prescrever ansiolíticos por mais de 3 semanas - risco de dependência.
2ª linha - Buspirona (início de ação mais lento)
Antagonistas beta-2: sintomas de ansiedade relacionados com estimulação simpática. Mais usados na ansiedade de performance.
Tratamento farmacológico a longo-prazo da PAG
BENZDIAZEPINAS GERALMENTE NÃO SÃO RECOMENDADAS - DEPENDÊNCIA
1ª linha: SSRI (sertralina, fluoxetina, escitalopram, …)
2ª linha: SNRI (duloxetina e venlafaxina) - eficazes, mas menos bem tolerados.
Como fazer a toma dos SSRIs na PAG
Por vezes, um comprimido inteiro (50 mg) não é bem tolerado, devido aos seus efeitos adversos (tonturas, etc.). Assim, divide-se em 4 partes, começando-se com ¼ do comprimido numa fase inicial. Ao mesmo tempo, faz-se uma benzodiazepina ansiolítica durante pelo menos uma semana. Depois, vai-se escalando o SSRI até à dose alvo e para-se a BZD → abordagem “start low, go slow”.
Qual o risco de recaída para doentes que respondem bem à medicação na PAG?
O risco diminui substancialmente se o tratamento é mantido por, pelo menos, 6 meses e provavelmente mais tempo.
Abordagem Geral do doente com PAG
- Dar informação
- Confirmar o diagnóstico e comorbilidades
- Avaliar fatores psicológicos que estejam a contribuir para a manutenção da PAG
- Explicar a avaliação e o tratamento proposto
- Oferecer tratamento psicológico adequado
- Considerar o uso de medicação
- Discutir o plano com o doente, o MGF e a equipa da comunidade
Qual a característica principal das Perturbações de Pânico?
Ataques de Pânico
Qual a definição de ataques de pânico?
Surtos súbitos de ansiedade, com predomínio de sintomas físicos, e acompanhados por medo de uma consequência médica grave - sensação de morte iminente
Distinção de diagnósticos de Perturbação de Pânico DSM-V e ICD-10
DSM-5 diagnostica agorafobia e perturbação de pânico separadamente, sendo que os doentes que têm as duas condições recebem os dois diagnósticos. Na ICD-10, existe o diagnóstico de perturbação de pânico, mas, quando os doentes têm concomitantemente agorafobia, diz-se que têm agorafobia com perturbações de pânico.
Características clínicas da Perturbação de Pânico
Início súbito de:
- Palpitações;
- Sensação de engasgamento;
- Dor no peito;
- Tontura e síncope;
- Despersonalização;
- Desrealização;
- Medo de morrer, de perder o controlo, de enlouquecer.
DMS-V requer pelo menos 4 sintomas para o diagnóstico.
Características mais típicas de um ataque de pânico
- Ansiedade aumenta muito rapidamente
- Os sintomas são graves
- O doente teme um resultado catastrófico
Quais as consequências da hiperventilação nos ataques de pânico
Hipocápnia com sintomas: tonturas, tinnitus, cefaleias, fraqueza, síncope, formigueiro nas mãos, pés e face, desconforto precordial, espasmos carpopedais, sensação de falta de ar (dispneia que piora quadro clínico)
Critérios de diagnóstico de Perturbação de Pânico (DSM-V)
- Ocorrência de ataques de pânico de uma forma recorrente (pelo menos 2 vezes) e inesperada;
- Pelo menos um ataque de pânico foi seguido por 4 semanas ou mais de receio persistente de ocorrência de outro ataque de pânico ou de preocupação sobre as suas implicações, e/ou de uma alteração mal adaptativa do comportamento.
Diagnóstico diferencial da Perturbação de Pânico
Os ataques de pânico podem ocorrer na PAG, em fobias, em perturbações depressivas e patologia orgânica.
Os ataques de pânico secundários a uma verdadeira perturbação de pânico têm duas características:
- Grande preocupação com a possível ocorrência de futuros ataques de pânico;
- Receio sobre as consequências potencialmente fatais dos ataques de pânico.
Tratamento da Perturbação de Pânico
Medidas de suporte, farmacoterapia e/ou terapia cognitiva.
Tratamento dos ataques de pânico
Alprazolam ( BZD ação intermédia) em doses elevada - não causa sedação. No fim do tratamento, deve ser reduzido de forma gradual para evitar sintomas de abstinência.
Tratamento farmacológico da Perturbação de Pânico
SSRI, venlafaxina (SNRI) ou antidepressivos tricíclicos.
SSRI - start low, go slow
O que é fobia?
É o medo excessivo e irracional de uma objeto ou situação, tendencialmente evitados.
Quais são os sintomas das Perturbações de Ansiedade Fóbicas?
Sintomas nucleares iguais aos da PAG, mas ocorrem apenas em situações particulares.
Quais são duas características que ocorrem nas fobias?
- O evitamento de circunstâncias ansiogénicas
2. Ansiedade antecipatória na expectativa de confronto com circunstâncias ansiogénicas.
Grupos de circunstâncias que provocam ansiedade nas fobias
- Situações (ex.: multidões, escuro)
- Objetos (incluindo seres vivos, como aranhas, cobras)
- Fenómenos naturais (ex.: tempestades)
3 Síndrome fóbicas Principais
- Fobia simples ou específica
- Fobia social
- Agorafobia
Definição de Fobia simples ou específica
Ansiedade inapropriado na presença de um objeto/situação particular. A ansiedade antecipatória é comum.
5 tipos gerias de fobias específicas (DMS-V)
- Animais
- Aspetos ambientais
- Sangue, injeções, ferimentos, cuidados médicos
- Situações
- Outros (medo de engasgamento, medo de vomitar, figuras com máscaras, …)
Como ocorre a resposta autonómica na fobia a sangue, injeções, ferimentos, cuidados médicos?
A taquicardia inicial é seguida por uma resposta vaso-vagais, com bradicardia, palidez, tonturas, náuseas e por vezes síncopes.
Diagnóstico diferencial de Fobia Simples
- Perturbação depressiva (pode estar subjacente)
- Perturbações obsessivas (podem-se apresentar por medo e evitamento de certos objetos)
Tratamento da Fobia Simples
- Forma de Exposição da terapia de comportamento
- Casos agudos - BZD
Definição de Fobia social
Ansiedade desproporcional experienciada em situações sociais, em que a pessoa se sente observada e criticada por outros - As pessoas tendem a evitar estas situações ou não participar nelas completamente.
Situações possíveis de Fobia Social
Restaurantes, cantinas, festas, seminários, reuniões de trabalho, …
Fobia social generalizada
Doentes ficam com ansiedade num espectro largo de situações sociais
Fobia social performance only
A ansiedade é restrita a falar ou representar em público.
Sintomas da fobia social
Podem ser todos os sintomas de ansiedade. Os mais comuns são: corar e tremer
Base da fobia social
Medo de rejeição ou do ridículo e o medo de ser avaliado negativamente pelos outros
Qual um mecanismo de alivio da fobia social
O abuso de álcool é mais comum que nos outros tipos de fobia.
A fobia social é um preditor de abuso alcoólico.
Idade do primeiro episódio de fobia social
17-30 anos - num espaço público, geralmente sem razão aparente.
Depois, a ansiedade é sentida em locais semelhantes e os episódios tornam-se tanto piores quando maior for o evitamento da situação.
Diagnóstico Diferencial de Fobia Social
- Agorafobia e perturbação de pânico: enquanto sintoma, pode estar presente nestas duas doenças.
- Perturbação da ansiedade generalizada: tem de se estabelecer quando é que os sintomas de ansiedade aparecem.
- Esquizofrenia: Alguns doentes com esquizofrenia evitam situações sociais, porque têm delírios persecutórios. Isto é diferente das pessoas com fobia social, porque estas, apesar de no momento acharem que estão a ser julgadas e observadas, quando já não estão na situação social, sabem que estas ideias são falsas.
- Dismorfofobia: pessoas com esta condição podem evitar situações sociais.
- Capacidades sociais inadequadas: neste caso, há uma incapacidade primária social, com ansiedade secundária. Acontece em pessoas com esquizofrenia, ou menos inteligentes, e inclui dicção hesitante, inaudível, expressão facial e gestos inapropriados e incapacidade de olhar para as outras pessoas durante uma conversa.
- Timidez normal
Etiologia de Fobia Social
- Fatores Genéticos (mais comum quando tem parentes com fobia social)
- Fatores cognitivos: preocupação (não fomentada) de que os outros serão críticos do doente numa situação social - receio de uma avaliação negativa. Acompanhada por várias formas de pensamento.
Comportamento usual de alguém com Fobia Social
Comportamentos seguros (safety behaviours) - incluem evitar o contacto visual, o que complica a sua normal interação
Critérios de diagnóstico para fobia social (ICD-10)
- Medo marcado ou evitamento de se tornar o centro das atenções ou de se comportar de maneira humilhante ou embaraçosa
- 2 sintomas de ansiedade nas situações receadas, mais pelo menos 1 dos seguintes: corar/tremer, medo de vomitar e medo ou urgência de miccionar ou defecar
- Aflição emocional significativa, reconhecida como excessiva ou desapropriada
- Sintomas restritos a, predominantemente, situações receadas ou na sua contemplação
- Não é secundário a outra perturbação
Critérios de diagnóstico para fobia social (DSM-V)
- Medo marcado ou evitamento de situações em que o doente é exposta a pessoas não-familiares ou de escrutínio, com medo de se comportar de forma embaraçosa ou humilhante
- Situações sociais quase sempre provocam ansiedade ou são evitadas
- O medo é desproporcional a qualquer ameaça apresentada nas situações sociais. Interferem com a funcionalidade, ou causa aflição marcada
- Não é secundário a outra perturbação
- Duração de pelo menos 6 meses
Tratamento psicológico da Fobia Social
CBT - a dessensibilização funciona bem na fobia social
Tratamento farmacológico da Fobia Social
1ª linha: SSRI ou Venlafaxina (SNRI - alternativa). Início de ação pode demorar até 6 semanas.
Durante pelo menos 6 meses
BZD - para alívio sintomático
Beta-bloqueantes (propanolol) - controlo agudo de tremores e palpitações.
Agorafobia
Ansiedade quando os doentes estão longe de casa, em multidões ou em situações de onde não conseguem sair facilmente - evitam estas situações e ficam ansiosos ao antecipá-las.
2 Características da Agorafobia
- Ataques de pânico
2. Cognições ansiosas sobre síncope ou perda de controlo
3 temas comuns da Agorafobia
- Distância de casa
- Multidões
- Confinamento
Características a lembrar na apresentação da Agorabfobia
- Ansiedade anticipatória é comum
- Sintomas depressivos são comuns: como consequência ou como parte da doença
- Despersonalização pode ser severa
Idade de início da Agorafobia
Década dos 20, com outro pico de incidência por volta dos 35 anos
Nota: doentes com agorafobia tornam-se cada vez mais dependentes da sua família/parceiro(a) para realizar determinadas atividades, como ir às compras, o que pode causar dificuldades na relação.
Distinção do Diagnóstico na ICD-10 e DSM-V quando há Agorafobia e Perturbação de Pânico
ICD-10: os doentes que têm agorafobia e perturbação de pânico são diagnosticados como tendo agorafobia (depois dividida em: com ataques de pânico ou sem ataques de pânico).
DSM-V: São dados os dois diagnósticos (agorafobia + perturbação de pânico)
Critérios de Diagnóstico de Agorafobia
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Diagnóstico Diferencial de Agorafobia
- Fobia social: alguns doentes com agorafobia sentem ansiedade em situações sociais, e algumas pessoas com fobia social evitam lojas/autocarros com muita gente por medo de se sentirem avaliados/julgados → averiguar qual a ordem em que os sintomas surgiram
- PAG: Quando a agorafobia é severa, a ansiedade pode estar presente em tantas situações que simula uma PAG.
- Perturbação de pânico: a agorafobia inclui muitas vezes ataques de pânico;
- Perturbação depressiva: sintomas de agorafobia podem ocorrer em patologias depressivas e também são comuns sintomas depressivos nos doentes com agorafobia → ordem.
- Paranoid disorders: o doente com ideias delirantes pode evitar certas situações por ideias de perseguição → história clínica
Tratamento psicológico da Agorafobia
CBT - a longo prazo é até mais eficaz que a medicação
Tratamento farmacológico da Agorafobia
Fase aguda: BZD (alprazolam)
Fase crónica: SSRI ou venlafaxina
Perturbação da Ansiedade induzida por substâncias ou medicação
Ataque de pânico ou ansiedade depois de tomar ou parar de tomar uma substância ou medicação
Fatores desencadeantes da PAISM
- Álcool
- Cafeína
- Corticosteroides
- Anfetaminas
- Canábis
Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC)
Perturbação crónica, incapacitante, caracterizada por obsessões e/ou compulsões egodistónicas.
Caracterizada por pensamentos obsessivos, comportamento compulsivo e graus variados de depressão, ansiedade e despersonalização.
Obsessões ou ideias obsessivas
Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, inapropriados e indesejáveis que se impõem (intensivos), podendo ser absurdos, violentos ou obscenos.
Compulsões ou atos compulsivos
Pensamentos ou ideias de passagem ao ato em contexto de POC
Rituais
Comportamentos ou atividades mentais repetitivas a que a pessoa se obriga em resposta a uma obsessão. Têm como objetivo prevenir ou reduzir a ansiedade associada às ideias obsessivas
Características principais da POC
- Sintomas obsessivos
- Ruminações obsessivas (debates internos sobre aspetos insignificantes intermináveis)
- Impulsos obsessivos
- Fobias
- Rituais compulsivos
- Lentidão anormal
- Ansiedade
- Depressão
- Despersonalização
Processos cognitivos chave na POC
- Fusão pensamento-ação
- Responsabilidade
- Compulsões e comportamentos que procuram segurança
- Sobrestimação da probabilidade de algo de mal acontecer
- Intolerância da incerteza e da ambiguidade
- Necessidade de controlo
Critérios de diagnóstico de POC (DMS-V)
- O diagnóstico de POC requer a presença de OU obsessões OU compulsões OU ambas.
- As obsessões ou compulsões têm de consumir tempo (ex: mais do que uma hora/dia) e/ou causar angústia clinicamente significativa e/ou prejuízo na função social ou ocupacional.
- Os sintomas não podem ser atribuídos aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica/psiquiátrica.
Critérios de Diagnóstico de POC (ICD-10)
- O diagnóstico de POC requer a presença de OU obsessões OU compulsões OU ambas.
- Os sintomas obsessivos e os atos compulsivos têm de estar presentes na maioria dos dias durante pelo menos 2 semanas consecutivas e têm de ser uma fonte de angústia e/ou interferência com as atividades habituais.
- Os pensamentos ou impulsos são reconhecidos pelo doente como sendo do próprio, sendo que há uma tentativa de resistência (sem sucesso) a pelo menos um pensamento/ato.
- Os atos compulsivos, embora possam aliviar a tensão, não são intrinsecamente prazerosos (este último ponto distingue compulsões vs atos que estão a associados a gratificação instantânea, como os que se verificam nas adições).
Diagnóstico Diferencial de POC
- Perturbações de ansiedade: PAG, perturbação de pânico, fobias;
- Depressão: o curso da POC é por vezes pontuado por episódios depressivos, e sintomas obsessivos também podem ocorrer no decurso de uma depressão, cessando após o seu tratamento;
- Esquizofrenia;
- Patologia orgânica (encefalite letárgica crónica, na década de 1920);
- Doenças da infância, como a Síndrome Gilles de la Tourette e autismo.
Tratamento de Casos Leves de POC
Psicoterapia (CBT)
Tratamento de Casos Moderados a Graves de POC
Medicação + Psicoterapia (CBT)
Psicofármacos usados na POC
- 1ª Linha: SSRI
- Antipsicóticos (típico ou atípico), em baixa dose, para aumentar a eficácia do tratamento (ex: Risperidona e aripiprazol)
- Ansolíticos: alívio sintomático a curto-prazo. Máximo 2-4 semanas
Porque é que se deixaram de usar os TCAs no tratamento da POC
TCAs, como a clomipramina, já foram usados como 1ª linha. Mas deixaram de ser porque os efeitos adversos são comuns e porque, em doses elevadas, causam crises convulsivas. A melhoria só é sentida após 6 semanas de tratamento e muitos doentes têm uma recaída após descontinuação do fármaco.
CBT na POC
- Exposição e prevenção da resposta - geralmente melhora os rituais obsessivos
- Terapia cognitiva - objetivo de diminuir a supressão dos pensamentos obsessivos ou atos compulsivos.
Qual a terapia que está contraindicada na POC?
A psicanálise pode agravar a POC.
Tratamentos de neuroestimulação para a POC
- Deep Brain Stimulation (DBS) - eletrodos nos núcleos da base (hipótese da génese da POC - hiperatividade dos núcleos da base e hipoatividade do córtex).
Usada para a POC refratária à terapêutica médica.
-Transcranial magnetic stimulation (TMS) - utiliza campos magnéticos para estimular ou inibir zonas específicas do cérebro. Muito caro.
Acumulação Compulsiva
Fenómeno persistente de dificuldade emocional em descartar possessões, independentemente do seu valor. Estes acumulam-se em zonas comuns da casa de uma maneira que compromete a sua utilização.
Objetos mais frequentemente acumulados na Acumulação Compulsiva
Revistas
Jornais
Roupa
Qual a idade em que surge a Acumulação Compulsiva?
Meia-idade/velhice
Particularidade da Acumulação Compulsiva
O doente não reconhece o seu comportamento como inapropriado e os seus pensamentos não são experienciados como repetitivos e intrusivos, ao contrário da POC.
Síndrome de Diogenes ou Senil Squalor Syndrome
Forma de Acumulação Compulsiva associada a self-neglect extremo e miséria, nos doentes idosos. Pode estar associado a demência.
Tratamento da Acumulação Compulsiva
Difícil.
Pode tentar-se CBT e farmacoterapia como SSRIs e Venlafaxina.
Tricotilomania
Arrancar pelos/cabelos de forma recorrente. Pode levar a perda de pelos/cabelos. Pode envolver qualquer parte do corpo, sendo mais frequente no couro cabeludo, pestanas ou sobrancelhas.
O pelo extraído pode ser engolido, podendo formar tricobezoares, que depois podem provocar obstrução intestinal.
Quando surge e em que sexo é mais comum a Tricotilomania?
Infância/adolescência/juventude.
Sexo feminino
Tratamento da Tricotilomania
Psicoterapia - acompanhamento psicológico.
Perturbação pós-traumática de stress
Reação atrasada, intensa e prolongada a um evento stressante.
Características essenciais da PTSD
- Experienciar de novo aspetos de um evento stressante
- Hyperarousal
- Evitamento de reminders
Quais são os eventos mais comuns que podem causar PTSD?
- Catástrofes naturais
- Guerras
- Assaltos
- Violações
3 grupos de sintomas da PTSD
- Episódios de revivescência traumática (intrusão) - flashbacks, imagens ou sons intrusivos
- Evitamento
- Hyperarousal: Ansiedade persistente + Irritabilidade + Insónia + Dificuldade de Concentração + Medo e Agressividade
Outras Características da PTSD
Sintomas depressivos, culpa e vergonha
Início dos sintomas da PTSD
Surge geralmente num intervalo de 3 meses após o evento
Abordagem terapêutica da PTSD
Verificar a existência de outras patologias como a depressão ou abuso de substâncias.
Perante a coexistência de PTSD e abuso de substâncias, é melhor tratar primeiro o abuso.
Psicoterapia na PTSD
- Aconselhamento
- CBT (+++)
- Orientação psicodinâmica
Tratamento farmacológico da PTSD
- SSRI ou SNRI ou Tricíclicos
- BZD (na abordagem start low, go slow em conjunto com os SSRI) e depois passar para um Beta-bloqueante
- Beta-bloquenate
- Outros: Pregabalina, buspirona
Novas abordagens terapêuticas da PTSD
- Propanolol: diminui a probabilidade de evocação de memórias traumáticas;
- Bloqueio do gânglio simpático serviço-torácico