Perturbações aditivas Flashcards

1
Q

O que é uma perturbação aditiva?

A

Quando as pessoas PERDEM O CONTROLO (perda do eu/da pessoa) em relação à adição, pelo que a pessoa passa a agir de forma diferente (irresponsabilidade, negligência) -> muitas vezes, isto é inconsciente, porque UMA DAS PRINCIPAIS RESPOSTAS PSICOLÓGICAS À ADIÇÃO É A NEGAÇÃO (pessoa acha que controla - “bebo o que quero”).

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2
Q

Intoxicação

A

Síndrome TRANSITÓRIO provocado pela ingestão de uma substância que causa alterações clínicas psicológicas e físicas significativas. Estas desaparecem quando a substância desaparece do organismo.

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3
Q

Perturbação da utilização (DSM-5) / Uso Nocivo (ICD-10)

A

Padrões mal adaptativos de utilização de uma substância que levam a um PROBLEMA DE SAÚDE nume espectro amplo.

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4
Q

Dependência (ICD-10)

A

Designação abandonada pela DSM-5 -> passaram a usar graus de gravidade da patologia).
Na ICD-10, é possível encontrar critérios para uso nocivo, sem dependência.

DEPENDÊNCIA IMPLICA SEMPRE USO NOCIVO e cumprimento de critérios.

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5
Q

Tolerância

A

Uma substância produz efeito decrescente após sucessivas administrações ou são necessárias doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito, o que leva à escalada de consumos.

GANHA-SE MAS TAMBÉM SE PERDE!!!

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6
Q

Abstinência

A

Grupo de sinais e sintomas que correm quando um FÁRMACO É REDUZIDO EM QUANTIDADE DURANTE UM PERÍODO DE TEMPO. A natureza da abstinência relaciona-se com a classe da substância usada. Algumas substâncias têm tolerância cruzada como o álcool e as BZDs.

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7
Q

Principais características da dependência (ICD-10)

A

A. Diagnóstico de Dependência deve ser feito se 3 ou mais dos seguintes tenham sido experiencidos ou exibidos em alguma altura durante o último ano:

  1. Desejo forte ou sensação de compulsão de tomar a substância.
  2. Dificuldade em controlar comportamentos de tomar a substância em termos do seu onset, terminação ou níveis de uso.
  3. Estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância para ou é reduzido, como prova um dos seguintes: a abstinência característica de substâncias OU uso da mesma substância com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.
  4. Existência de tolerância, de tal forma que doses elevadas de substância psicoativa são necessárias para atingir os efeitos produzidos originalmente com doses mais baixas.
  5. Negligência progressiva de prazeres ou interesses alternativos devido ao uso da substância psicoativa e ao aumento do tempo necessário para obter ou tomar a substância ou de recuperar dos seus efeitos.
  6. Continuação do uso da substância apesar de apresentação de provas claras dos seus malefícios (físicos ou mentais).
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8
Q

Classificação de abuso de substâncias (DSM-5)

A

É classificado em ligeiro, moderado e grave, abandonando a definição de dependência.

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9
Q

Que substâncias?

A
  • Drogas letais de venda livre (ex.: álcool)
  • Drogas legalmente prescritas (ex.: abuso de psicofármaco)
  • Venda ilegal
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10
Q

Etiologia

A
  • Disponibilidade da substância
  • Vulnerabilidade pessoal: patologia psiquiátrica, impulsividade*
  • Ambiente social: pressão dos pares, ambiente familiar
  • Fatores farmacológicos: alterações neuroadaptativas; sistema dopaminérgico - ref positivo e recompensa; menor atividade dos processos executivos córtex pré-frontal; alterações gabaérgicas.

10% DOS QUE EXPERIMENTAM VÃO DESENVOLVER PROBLEMAS DE CONSUMO
* Existem pessoas que têm traços de risco/vulnerabilidade para dependências -> personalidade aditiva

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11
Q

Modelo dos estadios de mudança de Prochaska e Diclemente

A
  1. PRÉ-CONTEMPLAÇÃO - não reconhece o problema, embora reconhecido por outros
  2. CONTEMPLAÇÃO - avaliação de prós e contras da mudança
  3. DECISÃO - tomada de decisão de agir ou não
  4. AÇÃO - escolha de estratégia e execução da mesma
  5. MANUTENÇÃO - ganhos mantidos e consolidados
  6. RECAÍDA - regresso ao padrão anterior de comportamento
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12
Q

Sálvia

A

“Canábis gourmet”
Planta originário do México e que foi usada em rituais pelos índios Mazatecas.
Comercializada como substituto de canábis, mas os EFEITOS SÃO MUITO DIFERENTES -> potencial toxicogénico muito maior.
Frequentemente incluída nas substância psicoativas alucinogénicas.
Pode causar psicose tóxica com atividade alucinatória, desinibição, euforia, agitação, ansiedade, crises dissociativas

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13
Q

Internamento Compulsivo

A

2 situações (legislação portuguesa):

  • Problemas de saúde pública -> pode obrigar o isolamento, mas não necessariamente internamento
  • A psiquiatria é a única especialidade em que as pessoas podem ser obrigadas a ser internadas e tratadas, por não terem consciência. Têm de se verificar 3 condições:
    1. Diagnóstico psiquiátrico grave;
    2. Existência de risco grave para o próprio ou terceiros;
    3. O internamento vai contribuir para minorar/resolver esse problema
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14
Q

Pode-se internar compulsivamente uma pessoa com adição?

A

NÃO! Principalmente, porque é uma intervenção que não vai responder àquilo que é necessário numa adição. A pessoa com adição só pode ser internada compulsivamente SE TIVER UMA PSICOSE.

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15
Q

Pode-se internar compulsivamente uma pessoa com personalidade borderline?

A

NÃO. Porque estar 2/3 semanas num serviço de psiquiatria não vai mudar a sua personalidade. Só se estiver psicótica, ou com risco elevado de suicídio.

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16
Q

Pode-se internar compulsivamente uma pessoa com ideação suicida estruturada?

A

SIM! As pessoas com ideação suicida estruturada também podem ser internadas compulsivamente, porque se admite que têm doença psiquiátrica grave subjacente.

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17
Q

Como se procede a um internamento compulsivo’

A

Tem de se pedir obrigatoriamente, um MANDATO DE CONDUÇÃO.

  • Via URGENTE: autoridade de saúde pública -> emissão do mandato (se houver perigo para a saúde pública) -> Família leva o mandato à polícia -> doente leva o doente ao SU DE PSIQUIATRIA -> Avaliação do doente pelo psiquiatra -> Avaliação enviada a juiz -> Internamento da pessoa (de acordo com a decisão do juiz)
  • Via NÃO URGENTE (tribunais)

AMBULATÓRIO COMPULSIVO: pessoas são obrigadas a ir à consulta e a cumprir o tratamento. De 60 em 60 dias, o médico faz um relatório sobre como está a pessoa e reavalia-se.

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18
Q

Síndrome amotivacional da canábis

A

Geralmente caracterizada por apatia, anedonia, embotamento afetivo e diminuição da motivação para atividade dirigidas a objetivos. Em geral é reversível com o fim do consumo.

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19
Q

Canábis - marijuana, erva, ganza, skunk, haxixe, hash, maconha, kif, óleo, …

A
  • Substâncias derivadas da planta Cannabis Sativa: THC substância que altera mais o SNC; CBD não tem tantos efeitos psicóticos.
  • Substância mais consumida de forma abusiva
  • Via de administração: fumada, alimentos
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20
Q

Efeitos da canábis

A
  • Variáveis com pessoa, dose, situação social e humor prevalente
  • Acentuação do humor pré-existente, desinibição, relaxamento, por vezes ansiedade ou crise de pânico.
  • Aumento do prazer nas experiências estéticas
  • Alteração da perceção tempo/espaço
  • Eritema conjuntival, boca seca, taquicardia, diminuição de reflexos, cefaleias, irritação do trato respiratório, tosse
  • Variabilidade genética -> mutação gene COMT
  • DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA (+ consumo continuado)
  • Tolerância
  • TERATOGÉNICO
  • Doses altas: irritabilidade, náuseas, insónia e anorexia

Efeito adverso psicológico mais comum aquando do consumo agudo de canábis é a ANSIEDADE.

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21
Q

Haxixe (óleo de canábis)

A

Tem cada vez mais THC -> aumenta o risco de efeitos adversos

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22
Q

Canábis e Psicose

A
  • Consumo aumenta o risco de desenvolver DEPRESSÕES e PERTURBAÇÕES PSICÓTICAS
  • Risco relativo de desenvolver esquizofrenia é 2,5X mais elevado nos consumidores de canábis; nos problemáticos é 6X
  • Podem aumentar a expressão fenotípica da psicose em algumas pessoas que de outra forma apresentavam risco genotípico insuficiente.

FREQUENTE -> DUPLO DIAGNÓSTICO: Perturbações do uso de substâncias + Doença mental grave -> PIOR PROGNÓSTICO

TRATAR PRIMEIRO A DEPENDÉNCIA

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23
Q

Cocaína

A
  • Inalada, injetada, fumada, forma cristalizada, free base (ex.: adição de amónia - cachimbos de água)
  • Crack: início de ação muito rápido, especialmente quando inalado
  • Estimulante do SNC que causa grande dependência.
  • Boqueia o re-uptake de dopamina nos terminais pré-sináticos, o que leva a um aumento substancial de dopamina extracelular no estriado ventral, ativando o sistema de recompensa fisiológica.
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24
Q

Efeitos predominantes da Cocaína

A
  • Euforia, pode ser acompanhada de pensamentos grandiosos
  • Diminuição da fadiga;
  • Insónia;
  • Aumento da líbido;
  • Anorexia

Doses elevada: alucinações visuais e auditivas + ideação paranoide que pode levar a comportamento agressivo.

Uso prolongado de doses altas pode resultar numa psicose paranoide, com comportamento violento.

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25
Q

Efeitos no SNC da Cocaína

A

Resposta bifásica:

  • Doses baixas -> hiperatividade motora
  • Doses elevadas -> défice motor, com tremores e convulsões.
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26
Q

Efeitos físicos da Cocaína

A
  • Midríase, náuseas e vómitos
  • Taquicardia, vasoconstrição e risco de HTA e arritmia. EAM, miocardite, cardiomiopatia
  • Doença cerebrovascular, com enfarte cerebral, hemorragia subaracnoideia, AITs
  • Convulsões e paragem respiratória
  • Formicação (sensação que há insetos a rastejar na pele)
  • Complicações obstétricas: aborto, rotura da placenta, parto pré-termo
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27
Q

Tolerância, abstinência e tratamento da Cocaína

A

Tolerância: rápido desenvolvimento, em questão de horas a dias

Abstinência: inespecífica, com ansiedade irritabilidade, por vezes mialgias, estado depressivo, alterações psicomotoras, fadiga, insónia e anorexia.

  • uso ligeiro: 24h
  • uso prolongado: sintomas mais severos, depressão, grande necessidade de consumir e ideação suicida

Tratamento:

  • Intoxicação aguda: sedação com BZDs ou antipsicóticos (+grave)
  • Dependência: difícil, CBT
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28
Q

Opiáceos - heroína, ópio, codeína, metadona

A
  • Uso medicina na analgesia forte
  • Abuso pelos efeitos eufóricos e ansiolíticos
  • Agonistas dos recetores opióides (mu, k, sigma, delta)
    • Morfina e heroína -> recetores mu
  • Administração: EV, sc, aspiração ou inalação
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29
Q

Efeitos predominantes dos opiáceos

A
  • Euforia
  • Miose
  • Obnubilação
  • Diminuição da frequência respiratória - depressão respiratória
  • Ruborização
  • Analgesia
  • Diminuição dos movimentos peristálticos - obstipação
  • Diminuição do apetite
  • Diminuição da líbido
  • Sensação flutuante e inebriante
30
Q

Dependência e Tolerância dos Opiáceos

A
  • Heroína: dependência física e psicológica muito intensa!!!
  • Tolerância: desenvolve-se rapidamente!!! Mas com a paragem a tolerância também diminui muito rapidamente.
  • Maioria dos casos tem um curso recidivaste crónico
  • Grande morbi-mortalidade -> overdose, suicídio, HIV, …
31
Q

Overdose de opiáceos

A

Dar NALOXONA

32
Q

Síndrome de abstinência dos Opiáceos

A
  • Rinorreia
  • Midríase
  • Espasmos musculares
  • Tremores
  • Irritabilidade
  • Mialgia
  • Insónia, agitação
  • Dores abdominais
  • Alterações GI, anorexia
  • Arrepios, ereção pilosa, taquicardia
33
Q

Metadona

A
  • Tão potente como a morfina
  • Causa supressão da tosse, obstipação, depressão do SNC e depressão respiratória
  • Semi-vida longa, de 1-2 dias
  • Sintomas de abstinência começam apenas 36 horas após o consumo e atingem o seu pico depois de 3-5 dias
  • Muitas vezes usada para substituir a heroína em doentes com dependência
34
Q

Intervenção Terapêutica nos Opiáceos

A
  1. Avaliação global (avaliação médica somática e psiquiátrica)
  2. Plano de recuperação
  3. Desintoxiacação
  4. Antagonista opiáceo
  5. Programas de substituição
  6. Comunidade Terapêutica
  7. Grupos de Ajuda Mútua (GAM)
35
Q

Avaliação global (Intervenção Terapêutica dos Opiáceos)

A

a. MUITO IMPORTANTE: doenças infetocontagiosas não diagnosticadas; no caso da cocaína, lembrar efeitos cardiovasculares.
b. Exames complementares
c. Doseamentos (analises à urina e kits)
d. Avaliação psiquiátrica e psicológica (ASI, AUDIT, MINI, BDI ou Hamilton Dep e/ou Ansiedade, MDQ, Milon)
- Utilização do álcool para esconder/tapar a depressão → ainda agrava mais a ansiedade.

36
Q

Plano de Recuperação (Intervenção terapêutica dos Opiáceos)

A

a. Criar condições para a pessoa parar de consumir
b. Envolver a família e designar um “tutor”, colaborador ou “figura de supervisão e suporte” - Este tutor também tem de fazer análises com kits.
c. Fundamental reunir condições necessárias para evitar riscos.
d. Geralmente, têm de existir MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA.

37
Q

Deteção de substâncias ilícitas na urina

A
  • Anfetaminas e análogos: 2 dias
  • Buprenorfina e metabolitos: 8 dias
  • Metadona (dose de manutenção): 7-9 dias
  • Morfina: 2 dias
  • Codeína, dihidrocodeína: 2 dias
  • Canabinóides (uso único): 3-4 dias
  • Canábis (uso diário): 20 dias
38
Q

Desentoxicação (Intervenção terapêutica dos Opiáceos)

A

a. Se condições, pode ser feita em ambulatório (mas muito cuidado → Não pode sair de casa, se sair o tratamento é interrompido).
b. Intervenção médica em colaboração com familiares.
c. Responsabilidade partilhada com o próprio e colaborador. Normas estabelecidas previamente.
d. Vários protocolos

39
Q

Antagonista Opiáceo (Intervenção Terapêutica dos Opiáceos)

A

A. NALTREXONE -> A seguir à desintoxicação

40
Q

Programas de substituição (Intervenção Terapêutica dos Opiáceos)

A

A. Metadona
B. LAAM
C. Buprenorfina (opiáceo semissintético agonista parcial)

41
Q

Programas de Metadona

A

Surgiu por duas razões:

  • Propagação de doenças infetocaontagiosas
  • Prisões cheias de nardo-rastejantes de heroína
  1. Programas livres de drogas com objetivo a abstinência
  2. Programa para redução de danos
  3. Programa de baixo limiar - distribui-se passivamente metadona.
    4- Programa de alto limiar - Portugal -> CAD - locais onde se dá metadona, pessoas têm que estar num programa de tratamento e têm de fazer análises para verificar consumos de outras drogas
42
Q

Comunidade Terapêutica (Intervenção Terapêutica dos Opiáceos)

A

Curta, média e longa duração.

Depois da comunidade terapêutica, há apoio à reintegração social.

43
Q

Importância das drogas de síntese

A

Feitas em laboratório, inicialmente proibidas (porque para serem proibidas a substância tem de ser conhecida e muitas vezes há substância novas nos laboratórios que não se conhece o que são, pelo que não são totalmente legais, mas também não são ilegais).

44
Q

Outras Drogas

A
MDMA
Ecstasy
Alucinogénios (LSD, psilocibina)
Ketamina
Special K (antagonismo NMDA)
Mefedrona
45
Q

Perante a lei, o álcool é fator agravante numa pessoa a conduzir e que tem um acidente?

A

O álcool é uma fator agravante, porque, apesar da pessoa ter alteração do estado de consciência, a pessoa voluntariamente acabou por tomar essa substância.

46
Q

Tipos de consumidor de álcool

A
  1. Consumidor de risco → A manutenção do consumo acarreta riscos para a saúde, mas ainda sem manifestações clínicas.
  2. Consumidor nocivo → O consumo já se traduz por consequências para a saúde, tanto a nível físico, mental ou socio-familiar. Contudo, ainda não há dependência alcoólica.
  3. Dependência → quando cumpre os critérios para uma síndrome de dependência (negligência, consequências danosas, tolerância, desejo/compulsão, abstinência, descontrolo).
47
Q

O que é consumo excessivo de álcool?

A

Conceito variável entre culturas

Quantidade de álcool consumido por dia: descrição do consumo OU gramas de álcool OU unidades padrão

Sexo masculino: >2 bebidas padrão/dia
Sexo feminino: >1 bebida padrão/dia
Idosos: >1 bebida padrão/dia

48
Q

Binge drinking

A

Consumo igual ou superior a 6 bebidas padrão no homem e 5 bebidas padrão na mulher, numa só ocasião, no espaço de duas horas.

49
Q

Mecanismos da Intoxicação Alcoólica

A
  • Libertação de Dopamina e Opióides na via Mesolímbica -> Efeito Prazeroso
  • Facilitação da atividade GABA -> Efeito Ansiolítico
50
Q

Intoxicação alcoólica

A

Gravidade dos sintomas -> Concentração total de álcool no sangue.

  • Relaxamento
  • Labilidade Emocional
  • Euforia
  • Agressividade
  • Alt. memória e coordenação
  • Vómito
  • Diminuição do estado de consciência
  • MORTE (depressão cardio-respiratória)

Outros: quedas, aspiração de vómito e hipotermia.

51
Q

Intoxicação alcoólica idiossincrática (mania à potu)

A

Ocorre quando existem alterações mal adaptativas marcadas no comportamento, como EPISÓDIOS DE AGRESSÃO, minutos após o consumo de uma quantidade de álcool insuficiente para explicar esse comportamento.

Antigamente designada de “bebedeira patológica”.

52
Q

Amnésia de curto prazo (memory blackouts)

A

Amnésia para períodos de tempo durante o estado de intoxicação (mesmo que tenha estado consciente) que pode ocorrer após um consumo único. Se consumo excessivo sustentado, os períodos perdidos podem ser superiores.

53
Q

Tratamento da Intoxicação Alcoólica

A

Geralmente não é necessária qualquer intervenção!!!

SE MAIS GRAVE (>3G/L + Idade Baixa + Gastrectomizado + IR ou IH + Associado a outra intoxicação) -> Acelerar a destruição do álcool e neutralizar os seus efeitos depressores sobre o SNC:

  • Lavagem Gástrica (fases iniciais)
  • Repouso e Ventilação
  • Solução glicosilada + TIAMINA
  • Solução de Magnésio
  • Estimulantes (cafeína, B6 e B12, Piracetam, Piritibol)

SE AGITAÇÃO PSICOMOTORA -> Sedação

  • BZDs: risco de agravamento da ação depressora central do álcool
  • Antipsocóticos: Haloperidol (principalmente se atividade delirante) ou Tiaprida

SE COMATOSO: Reanimação em SU

CRIANÇAS: Risco de hippoglicémia e de dano cerebral

54
Q

Síndrome de Abstinência Alcoólica

A

• Espectro de gravidade: ansiedade ligeira e distúrbios do sono -> delirium tremens.
• Geralmente ocorrem em indivíduos que bebem muito há muitos anos, ou que têm bebido uma grande quantidade de álcool nas últimas semanas.
• Sintomas seguem-se a uma DIMINUIÇÃO NA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE ÁLCOOL.
o Tipicamente, aparecem de MANHÃ, após a diminuição da alcoolémia à noite.
o Ao longo do dia, para mascarar os sintomas de dependência, os doentes tornam-se secretivos da quantidade de álcool que bebem, escondendo garrafas.

55
Q

Delirium Tremens

A

EMERGÊNCIA MÉDICA

Doentes com CONSUMOS PESADOS COM VÁRIOA ANOS DE EVOLUÇÃO. Após a privação alcoólica, há uma alteração dramática e rápida da atividade mental, com obnubilação, desorientação no tempo e no espaço e alterações da memória a curto prazo. Para além disto, há:
• Distúrbios da perceção, que incluem Ilusões e alucinações (sobretudo visuais);
• Agitação severa;
• Insónia prolongada;
• Mãos trémulas e ataxia do tronco;
• Alterações autonómicas: suores, febre, taquicardia, alterações TA, midríase;
• Leucocitose e alterações da função hepática
• Desidratação e distúrbios eletrolíticos.

O delirium dura cerca de 3-4 DIAS, sendo que os sintomas são tipicamente PIORES À NOITE. Muitas vezes termina com um sono prolongado e profundo depois do qual o doente não se lembra do sucedido durante o período de delirium.

56
Q

Tratamento da Síndrome de Privação Alcoólica

A

Tem de ser tratada somaticamente.

BZDs:

  • BZDs de longa duração: CLORDIAZEPÓXIDO (20-30 mg, 4X/dia) ou o DIAZEPAM (5-10 mg, 3X/dia)
  • Diminuição da dose até à cessação ao final de 5-7 dias.
  • Aumentar dose se manutenção da sintomatologia ou convulsões
  • Em idoso ou doentes com patologia hepática significativa -> LORAZEPAM ou OXAZEPAM
  • CARBAMAZEPINA - boa alternativa às BZDs

ANTIPSICÓTICOS:

  • Menos eficazes que BZDs na prevenção do delirium e baixam o limiar convulsivo
  • Usados para REDUZIR A AGITAÇÃO durante a privação

SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS: TIAMINA -> prevenção da Síndrome de Wernicke-Korsakoff. Sempre feita antes da administração da glicose

57
Q

Síndrome de Wernicke-Korsakoff

A
  • Álcool Vs TIAMINA (Cofator de 3 enzimas que participam no catabolismo de hidratos de carbono -> Síntese de ácidos nucleicos + Síntese neurotransmisosres - GABA e GLutamato)
  • Álcool diminui o armazenamento, diminui a absorção e interfere na conversão para a forma ativa de Tiamina
  • Encefalopatia de Wernicke: oftalmoplegia + Ataxia + Alterações no estado mental (confusão, apatia, dificuldades de concentração) -> AGUDO E REVERSÍVEL -> COMA E MORTE -> TIAMINA 500 mg 3id
  • Síndrome de Korsakoff: Alterações Graves da Memória (sistema límbico) -> amnésia anterógrada + amnésia retrógrada + ausência de crítica + confabulação -> CRÓNICO E IRREVERSÍVEL -> Estudo Analítico (níveis de tiamina) + RM-CE (degeneração dos corpos mamilares
58
Q

Perturbações Psiquiátricas associadas ao consumo de álcool

A
  • DETERIORAÇÃO DA PERSONALIDADE: Preocupação e necessidade constante de álcool + Deterioração das capacidades interpessoais
  • CIÚME PATOLÓGICO: Ideias sobrevalorizadas/delirantes de que o cônjuge é infiel
  • SUICÍDIO: impulsividade + afetos negativos + desesperança
  • P. HUMOR E ANSIEDADE: álcool usado como ansiolítico e para melhorar o humor + álcool como causador de perturbações depressivas e ansiosas (mesmo após cessar o consumo)
  • ALUCINOSE ALCOÓLICA: alucinações auditivas + doente consciente + ansioso e inquieto + não associado a intoxicação aguda (podem persistir após meses de abstinência)
59
Q

Dano social associado ao abuso e álcool

A

FAMÍLIA:
• Taxas altas de divórcio;
• Cônjuges com maior risco de isolamento, ansiedade, depressão;
• Indicado como causa de tentativa de suicídio na família;
• Risco de violência familiar;
• Crianças com maior risco de perturbações emocionais e comportamentais e uma má performance escolar.

TRABALHO:
• Declínio de eficiência;
• Trabalho menos qualificado;
• Repetidos despedimentos e desemprego de longa duração;

CRIME:
• Associação a acidentes automóveis;
• Taxa aumentada de crime, delitos menores, fraude, abusos sexuais e violência;
• Associação com personalidade antissocial.

60
Q

Diagnóstico - Como detetar o uso nocivo de álcool?

A

Standard -> Perguntar a todos os doentes sobre os seus consumos alcoólicos: CAGE e AUDIT

61
Q

CAGE

A

Consiste em 4 perguntas (>= 2 -> uso nocivo de álcool). Tem boa sensibilidade, mas especificidade modesta.

  • Alguma vez sentiu que devia deixar de beber? (Cut down)
  • Alguma vez se sentiu aborrecido/a por se sentir criticado/a em relação à bebida? (Annoyance)
  • Já se sentiu culpado/a por beber? (Guilty)
  • Já bebeu ao acordar para se acalmar ou curar a ressaca? (Eye-opener)
62
Q

AUDIT

A

É uma entrevista com 10 questões elaboradas pela OMS. Tem boa sensibilidade e especificidade, conseguindo identificar dependência ligeira. É provavelmente o questionário de rastreio MAIS ÚLTIL NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS e permite a orientação do doente de acordo com a pontuação nestes questionário.

63
Q

Tratamento da dependência de álcool

A
  1. Intervenção: Avaliação e motivação para recuperação
  2. Desintoxicação e manutenção
  3. Reabilitação: intervenção familiar, grupos de ajuda mútua
64
Q

Intervenção: Avaliação e motivação para recuperação (Tratamento da dependência de álcool)

A

a. Reconhecimento de abuso de  lcool;
b. Questionários: AUDIT, CAGE;
c. Problemas associados: interpessoais, justiça, problemas médicos e psiquiátricos;
d. Avaliação detalhada dos consumos;
e. Avaliação somática e laboratorial;
f. Intervenção breve;
g. Entrevista motivacional;
h. Estabelecimento de um plano de tratamento
i. Estabelecer objetivos específicos a curto e a longo prazo;
ii. Estabelecer objetivos: abstinência total ou consumo controlado.

65
Q

Desintoxicação e manutenção (Tratamento da dependência de álcool)

A

a. Tratamento da intoxicação aguda;
b. Tratamento Psicológico;
c. Tratamento Farmacológicos:
i. Aversivo;
ii. “Anticraving”

66
Q

Reabilitação: intervenção familiar, grupos de ajuda mútua (Tratamento da dependência de álcool)

A

a. Comunidade terapêutica;
b. Intervenção familiar e reintegração na família;
c. Intervenção social;
d. Alcoólicos anónimos.

67
Q

Dependência de Ansiolíticos e Hipnóticos

A

Mais comuns: BZDs, barbitúricos, gabazentina e pregabalina

  • BZDs: substância deste grupo que mais problemas de dependência têm gerado. Uma percentagem significativa de pessoas que abusam de álcool tb tendem a consumir BZD em excesso.
68
Q

Sintomas da Síndrome de Abstinência de BZD

A
  • Sintomas de ansiedade: ansiedade, irritabilidade, sudorese, tremor e distúrbios do sono
  • Alteração da perceção: despersonalizarão, desrealização, hipersensibilidade aos estímulos, sensação anormal de movimento.
  • Outros (raros): depressão, ideação suicida, psicose, convulsões e delirium tremens
69
Q

Como tratar a dependência de BZD?

A
  • Vários protocolos de redução gradual de BZD: geralmente 1/8 da dose a cada 2 semanas e na transição recorre-se muitas vezes à passagem de BZD de semi-vida curta para semi-vida mais longa (p.e. DIAZEPAM), associada ou não a outros psicofármacos.
  • A prevenção passa pela restrição da prescrição.
70
Q

Co-dependência

A

Quadro clínico identificado nos familiares das pessoas com dependência, que estavam sempre preocupados com “quando vai consumir?”, “onde vai consumir?” -> no fundo, são pessoas que não vivem a sua vida, passando a viver em função dos outros, não respondendo ao seus equilíbrio e às suas necessidade. também se identificaram co-dependências em profissionais de saúde. Pode ocorrer quer nos toxicodependentes, quer na sua família, quer noutros (ex: cuidador informal).