Os desafios colocados à gestão dos recursos hídricos Flashcards
A problemática dos recursos hídricos deve ser colocada não só ao nível nacional, mas também num quadro de tendência ibérica e europeia. Há que planear e gerir os recursos hídricos, recorrendo a instrumentos legislativos eficazes que ajudem a preservar os recursos hídricos para as próximas gerações. Ao nível do território nacional podemos pontar algumas razões que justificam esta abordagem:
- O regime de escoamento nacional apresenta uma grande variabilidade sazonal (70% a 80% da precipitação ocorre de novembro a abril), decorrente de um regime pluviométrico irregular;
- Elevados consumos sazonais em períodos de disponibilidade hídrica reduzida;
- Aumento da procura de água, particularmente nas regiões mais áridas do país, em consequência de práticas agrícolas intensivas;
- As alterações climáticas irão potenciar a intensidade de situações de escassez e de carência de água (diminuição da precipitação anual, diminuição do caudal anual dos rios, aumento dos incêndios florestais, etc…);
- Portugal partilha com Espanha 5 bacias hidrográficas, o que representa uma situação de dependência face aos recursos hídricos superficiais;
- Espanha tem não só construído grandes barragens para aumentar a sua capacidade de armazenamento, como também tem diminuindo a qualidade da água que chega a Portugal;
Desafios em termos de quantidade
No quadro climático atual e face às alterações climáticas qua se perspetivam, os desafios da gestão da quantidade de água colocam-se em todo o território, mais particularmente no sul do país, em dois períodos distintos: de excesso (períodos de cheias) e de carência (períodos secos).
Por outro lado, as crescentes necessidades dos consumos, obriga a gestão dos recursos hídricos a níveis de quantidade.
Soluções para a gestão a níveis de quantidade
As disparidades em termos de quantidade obrigam a criação de reservas hídricas artificiais que permitam uma gestão mais correta de água, o que passa pela construção de açudes e de barragens. Em Portugal continental existem mais de 2000 infraestruturas hidráulicas.
Distribuição das barragens em portugal continental
A distribuição das barragens, em Portugal, apresenta uma certa regularidade. No norte de Portugal, dado o clima mais pluvioso, existem mais cursos de água permanentes. Este facto, associado à existência de grandes desníveis de relevo, permite a construção de barragens de grande dimensão, com grande capacidade hidroelétrica. No sul, a escassez de pluviosidade e a duração da estação seca levam à necessidade de armazenamento de água, pelo que também esta região apresenta um número considerável de barragens, embora de menores dimensões e destinadas essencialmente à irrigação e ao abastecimento doméstico.
Na gestão dos recursos hídricos, a decisão da construção de barragens deve ser fundamentada numa avaliação criteriosa dos impactes positivos e negativos. Os impactes positivos das barragens são o facto de que as barragens
- minimizam o problema da escassez de água;
- permitem uma regularização do caudal;
- garantem o abastecimento de água às populações;
- garantem o caudal ecológico (caudal mínimo necessário a manter num curso de água, a jusante de um aproveitamento hidráulico, que permita assegurar a conservação e proteção dos ecossistemas fluviais);
- minimizam as inundações;
- permitem a produção de hidroeletricidade;
- garantem o armazenamento de água nas albufeiras;
Na gestão dos recursos hídricos, a decisão da construção de barragens deve ser fundamentada numa avaliação criteriosa dos impactes positivos e negativos. Os impactes negativos das barragens são o facto de que as barragens
- são obras muito dispendiosas;
- podem provocar submersão de terrenos agrícolas;
- podem provocar submersão de aldeias;
- provocam alterações na fauna e na flora ribeirinhas fluviais;
- Reduzem a quantidade de sedimentos que chegam ao mar;
Como está organizado o abastecimento de água
No que respeita ao abastecimento público de água, atualmente, a quase totalidade da população portuguesa encontra-se abrangida por este sistema. Nas regiões autónomas , o índice de abastecimento é superior ao do continente.
Desafios transfronteiriços à gestão de recursos hídricos
Portugal e Espanha partilham entre si cinco bacias hidrográficas- as dos rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana. Estas bacias abrangem cerca de 64% do território nacional. A irregularidade temporal das disponibilidades hídricas tem motivado ambos os países para a construção de barragens que permitam o armazenamento de água que depois possa ser utilizada nas diversas atividades humanas.
Por vezes os transvazes de Espanha entre as bacias hidrográficas espanholas deixam os caudais de rios internacionais portugueses, em algumas zonas, abaixo do respetivo nível ecológico.
Soluções para os desafios transfronteiriços- gestão luso espanhola de água
No âmbito das relações luso-espanholas foram estabelecidos acordos bilaterais que promovem a cooperação e a partilha sustentável destes rios, tendo em vista:
- preservar a qualidade dos rios ibéricos;
- gerir a variedade de interesses de ambos os países;
- delimitar as fonteiras nos traços de rios comuns;
- definir o aproveitamento hidroelétrico em troços internacionais de rios ibéricos;
A pressão a que está sujeito o recurso água doce face à sua utilização permite calcular o índice de Exploração de Água (IEA ou, na sigla inglesa, WEI- Water Exploitation Index). No contexto europeu, qual o comportamento de Portugal?
A análise deste índice permite concluir que, no contexto europeu, Portugal possuiu algumas das baciais hidrográficas com os valores mais elevados de exploração da água.
Índice de exploração da água
rácio entre o total de água doce extraída e a totalidade disponível do recurso
Desafios em termos de qualidade na gestão dos recursos hídricos-
A água não é um recurso inesgotável e está a ser cada vez mais poluída em resultado das atividades humanas: agrícolas, domésticas e industriais que chegam aos meios hídricos, muitas vezes sem qualquer tipo de tratamento. Sendo a concentração excessiva de fósforo a causa mais comum da eutrofização da água doce. Indica os mais diferentes enfluentes que poluem os cursos de água doce
- Efluentes da atividade agrícola
- > Nutrientes (nitratos e fósforo) provenientes de fertilizantes e de pesticidas dissolvidos na água;
- > Despejos animais provenientes da atividade agropecuária;
- Efluentes domésticos
- > Sais minerais, matéria orgânica, restos de compostos não biodegradáveis, vírus e microrganismos fecais;
- Efluentes industriais
- > Grandes cargas poluentes, de natureza diversa;
Desafios em termos de qualidade na gestão dos recursos hídricos-
Signidicado de Eutrofização
Concentração excessiva de produtos químicos na água, frequentemente provenientes da prática agrícola, que, constituindo nutrientes minerais e orgânicos, conduzem ao crescimento exagerado de vida vegetal aquática, que dificulta ou aniquila a vida animal, por falta de oxigénio;
Desafios em termos de qualidade na gestão dos recursos hídricos-
Alguns problemas decorrentes da eutrofização são:
- diminuição do oxigénio dissolvido devido à morte e deposição das algas;
- redução progressiva da diversidade de espécies;
- redução da possibilidade de uso de água para a pesca e/ou atividades de recreio;
- ocorrência de turvação, coloração e odores e sabores desagradáveis;
- ocorrência de problemas de saúde humana por ingestão de água contaminada
Desafios em termos de qualidade na gestão dos recursos hídricos-
Causas da poluição das águas subterrâneas:
- uso intensivo de adubos e pesticidas nas atividades agrícolas;
- deposição de resíduos industriais sólidos e líquidos em terrenos muito vulneráveis e que podem ser dissolvidos e arrastados por águas de infiltração;
- deposição de dejetos animais resultantes de atividades agropecuárias;
- construção incorreta de fossas sépticas;
- contaminação salina pelo avanço da água salgada, motivada pela exploração intensiva dos aquíferos costeiros;