Organizações 2 Flashcards
Perspetiva Sistémica - limites do paradigma físico
Se 98% dos átomos do nosso corpo são substituídos a cada 1-2 meses como podemos ter memórias da nossa infância?
1. Descartes - Como pensar melhor?
“Decomponham os objetos e os problemas nas partes mais pequenas que vos for possível; estudem a natureza e o comportamento de cada uma dessas partes; recomponham os objetos e os problemas a partir deste conhecimento íntimo dos seus componentes; tereis compreendido o que havia para compreender
2. Laplace:
“se tivéssemos o conhecimento da posição e da velocidade de todas as partículas existentes no Universo poderíamos prever o seu estado em qualquer momento do futuro.”
3. … e a vida? Como entender a existência de organismos complexos auto-organizados? Os organismos vivos são máquinas? podemos compreendê-los como coleções de componentes minuciosamente ajustados? E já agora como surgiram? Foram criados por um ente superior? Evoluíram a partir da matéria inanimada? Como?
Teoria Geral dos sistemas (TGS) - Organização
Organização: é o conjunto de relações estabelecidas entre os componentes de um sistema (indivíduos, por exemplo) e que produz uma nova unidade possuindo características que os componentes não tinham.
A organização é uma dimensão irredutível dos fenómenos: não pode ser decomposta nas suas partes mais simples
TGS - Características dos sistemas
Sistemas abertos e fechados e a dependência das condições iniciais
o Os sistemas fechados cessam de produzir trabalho ao atingirem um estado constante
o Um sistema aberto pode atingir um estado constante continuando a produzir trabalho. Neste estado existe um fluxo constante de materiais trocados com o meio envolvente.
TGS - Sistemas abertos (Bertalanffy)
o Autorregulação: uma vez atingido o estado constante, a composição do sistema mantém-se igual, apesar de uma rotação constante de materiais e independentemente da composição do seu meio
o Homeostase: tem a capacidade de restabelecer o seu estado constante mesmo depois de uma variação nas suas entradas (um estímulo)
o Equifinalidade: o mesmo estado constante pode ser atingido a partir de condições iniciais diferentes. Enquanto nos sistemas fechados o estado constante é determinado pelas condições iniciais, os sistemas abertos manifestam equifinalidade.
o Sempre que um sistema aberto atinge um estado constante esse estado é determinado pelas constantes do sistema e não pelas condições iniciais.
TGS - resumindo
o estado constante dinâmico e trabalho
o fluxo constante de materiais, mas manutenção da estrutura
o Variação, auto-regulação e homeostase
o Equifinalidade
A organização como um sistema aberto - Processos de importação-processamento-exportação
Esquema 2
A organização como um sistema aberto: descrição estrutural de um sistema
o Fronteira do sistema: separa o sistema do seu meio, podendo ser mais ou menos permeável;
o Entradas e saídas do sistema: pontos de interação com o ambiente; (ex. problema de entrada: no estudo de caso o arame a entrar sem qualidade)
o Elementos do sistema
o Rede de transporte e comunicações: transporta matéria, energia ou informação dentro do sistema;
o Reservatórios: armazenam matéria, energia (ex. contrato de eletricidade) ou informação, permitindo estabilizar o sistema (ex.: face a mudanças do meio)
A organização como um sistema aberto: descrição processual de um sistema
o Fluxos: de matéria, energia ou informação
o Centros de decisão: recebem as informações e transformam-nas em ação;
o Anéis de retroação: informam os centros de decisão sobre o estado do sistema em consequência das ações efetuadas
Um sistema: a organização
Esquema 2
Grelha de análise sociotécnica (GAS) - Análise sociotécnica de uma organização
o Tarefa primária: tarefas que a organização deve realizar para sobreviver num dado momento (ex. autoridade tributária – a tarefa primária é recolher impostos, se deixar de recolher, provavelmente eventualmente deixará de existir)
o Efetuada através de unidades operativas: conjunto de operações interdependentes (tarefas X pessoas) que efetuam uma transformação significativa em direção ao produto final
o Variâncias críticas: desvio do processo de produção em relação a uma norma esperada
GAS - Relações entre tarefa primária, unidades operativas e variâncias
Esquema 3
GAS - Implicações para a estrutura de uma organização
Unidade operativa: controlar o fluxo de operações, executar a transformação que lhe cabe e controlar as variâncias que podem aparecer naquelas operações
o Todas as pessoas, competências recursos (tecnologia, informação), autonomia, motivação necessárias para executar as tarefas e controlar variâncias.
Colocar estas capacidades o mais perto possível dos efeitos das variâncias
GAS - Passos
(A): Análise da dimensão técnica do sistema
- Passo 1: Exploração inicial
- Passo 2: Identificação das unidades operativas
- Passo 3: Análise das variâncias críticas
(B): Análise da dimensão social
- Passo 4: Análise do sistema social
- Passo 5: Perceção que os trabalhadores têm dos seus papéis
- Passo 6: Sistema de manutenção
- Passo 7: Sistemas de fornecimento e de escoamento
- Passo 8: Meio externo e planos de desenvolvimento
- Passo 9: Propostas de mudança
GAS - (A): Análise da dimensão técnica do sistema - Passo 1
Passo 1: Exploração inicial
o Estrutura organizacional
o entradas e saídas do sistema
o processo produtivo (tarefas primárias)
o principais variâncias e sua origem
o objetivos de produção
o objetivos sociais
GAS - (A): Análise da dimensão técnica do sistema - Passo 2
Passo 2: Identificação das unidades operativas
o delimitação das partes da organização relacionadas com tarefas primárias diferentes
o identificação das descontinuidades do processo produtivo (perceber onde é que no processo produtivo o trabalho pode “parar” e se pode passar para outro processo - identifica-se uma unidade operativa)
GAS - (A): Análise da dimensão técnica do sistema - Passo 3
Passo 3: Análise das variâncias críticas
Considerar as variâncias que resultam quer do processo produtivo quer das matérias-primas (ex. no caso da trefilação, as matérias-primas podiam ter variâncias e também do próprio processo de trabalho)
Critérios de avaliação das variâncias:
o Impacto na qualidade do produto
o Impacto na quantidade de produto
o Custos de operação
o Custos sociais
GAS - (B): Análise da dimensão social - Passo 4
o Identificação dos agrupamentos formais e informais e das suas inter-relações.
o Esclarecer de que forma as variâncias identificadas no Passo 3 são controladas pelo sistema social
tabela 4
GAS - (B): Análise da dimensão social - Passo 5
Passo 5: Perceção que os trabalhadores têm dos seus papéis
Determinação das necessidades psicológicas dos empregados e da adequação dos postos a estas necessidades
Checklist
1. Iniciativa e responsabilidade
2. Aprendizagem
3. Variedade (monotonia excesso de variedade)
4. Adequação dos meios disponíveis
5. Reconhecimento e apoio social para cada posto
6. Significado em relação aos objetivos da organização
7. Futuro do posto
8. Perceção do ambiente físico do posto (barulho, calor, isolamento)
9. Relações humanas (pares e hierarquia)
10. Vencimento
11. Horário
GAS - (B): Análise da dimensão social - Passo 6, 7, 8 e 9
Passo 6: Sistema de manutenção
Passo 7: Sistemas de fornecimento e de escoamento
Passo 8: Meio externo e planos de desenvolvimento
Passo 9: Propostas de mudança
Estrutura organizacional e a hipótese do determinismo ambiental
A estrutura organizacional como resultando necessariamente da adaptação ao contexto.
Esquema 4
Estrutura organizacional e contexto: Estrutura - o que é ?
Grau de complexidade da organização
o Complexidade Hierárquica
o Complexidade Funcional
o Complexidade Geográfica
Grau de formalização: Existência e generalização de regras para o controle dos comportamentos e das tolerâncias dos produtos ou serviços produzidos
Grau de centralização: A que nível podem ser tomadas que decisões
Estrutura organizacional e contexto: Contexto - o que é ?
Estudos originais
o Mercados onde a organização opera
o Tecnologia usada no processo de transformação de inputs em outputs
o Tamanho da organização
Estudo de Burn e Stalker (1961) - Variáveis
(VI) Variável contextual - tipo de ambiente:
o Mercado
o concorrência
o inovação tecnológica
(VD) Estrutura organizacional:
o Divisão do trabalho
o Formalização e padronização
o Hierarquização
o Tipo de comunicação
Estudo de Burn e Stalker (1961) - Resultados: Situação 1
Situação 1:
Em ambientes estáveis (produção de fibras têxteis), onde não existiam mudanças tecnológicas ou de mercado – A estrutura organizacional era mecanicista:
o Divisão do trabalho rígida
o Formalização e centralização altas
o Comunicação de cima para baixo
Estudo de Burn e Stalker (1961) - Resultados: Situação 2
Situação 2:
Em Ambientes instáveis (eletrónica), onde há:
o Muita inovação tecnológica
o Novos concorrentes
o Novos produtos regularmente
A estrutura organizacional era orgânica:
o Divisão do trabalho pouco marcada ou inexistente
o Baixa formalização e centralização
o Comunicação em todos os sentidos
Tecnologia e estrutura (Woodward) - Variáveis
(VI) Variável contextual - tipo de tecnologia:
o Produção em massa
o produção de unidades ou pequenos lotes
o produção em contínuo
(VD) Estrutura organizacional:
o Ênfase funcional (prioridades)
o Formalização
o Centralização
o Hierarquização
o Nº de níveis hierárquicos
Tecnologia e estrutura (Woodward) - Resultados
Esquema 5
Integração e diferenciação (Lawrence e Lorsh) - Teoria Contingencial
Procuram entender como é que as organizações se estruturam para enfrentar os desafios e demandas do ambiente em que se inserem. Para isso, introduzem os conceitos de Integração e Diferenciação:
1. Diferenciação: grau de variação entre as diferentes partes de uma organização em termos de estrutura, tarefas e mentalidade. Departamentos dentro de uma organização enfrentam diferentes pressões e exigências ambientais e por isso diferenciam-se, desenvolvendo características únicas.
2. Integração: Processo pela qual a organização coordena as atividades entre essas diferentes unidades para que, apesar das diferenças, trabalhem em em harmonia para alcançar os objetivos gerais da empresa.
Integração e diferenciação (Lawrence e Lorsh) - Estudo: Variáveis
Observar como diferentes ambientes de mercado e setores específicos influenciam a necessidade de diferenciação e integração na organização.
(VI) Variável contextual - tipo de ambiente:
o Mercado:
Concorrência
inovação tecnológica
(VD) Estrutura organizacional:
o Diferenciação
o Integração
Integração e diferenciação (Lawrence e Lorsh) - Estudo: Setores industriais
o Embalagens (mercado estável): mudanças raras e previsíveis;
o Alimentação (mercado + ou –estável): demandas do consumidor e regulamentações mudam moderadamente;
o Plásticos (mercado instável): mudanças rápidas devido a inovações tecnológicas, regulamentações ambientais e concorrência intensa.
Integração e diferenciação (Lawrence e Lorsh) - Estudo: Diferenciação e integração
Exemplo - Diferenciação e Integração:
O ambiente externo de cada departamento varia: diferentes
departamentos têm diferentes orientações e formas de organização
*À medida que a imprevisibilidade do contexto aumenta, estas
diferenças entre departamentos aumentam também
*Necessidade de estruturas de integração