Medicina Preventiva vol 1 Flashcards
UNICAMP – 2019
1. As figuras a seguir indicam a tendência dos coeficientes de incidência (linha contínua) e prevalência (linha pontilhada) de uma doença.
Assinale a alternativa correta:
a) a figura “B indica a diminuição da mortalidade e a figura “C” o aumento
b) a figura “D” indica o aumento da mortalidade da doença
c) a figura “D” indica maior risco de adquirir a doença
d) a figura “A” indica um tratamento eficiente da doença
A figura “A” indique que houve diminuição da prevalência e manutenção da incidência. Assim, pode-se concluir que a intervenção tenha sido eficiente ao diminuir o tempo de duração da doença ( tratamento eficiente).
A figura “B” aponta a diminuição tanto da incidência como da prevalência, logo, a intervenção atuou tanto diminuindo a duração da doença como em impedindo progressivamente a geração de novos
casos.
A figura “C” é a situação oposta da apresenta da na figura “B”, pois houve aumente simultâneo da
incidência como da prevalencia. Portanto, a intervenção não foi eficiente.
A figura “D” indica que a intervenção aumentou a prevalência da doença em um dado momento, portanto, se mostrando igualmente ineficiente, mesmo que não tenha sido alterada a incidência. Não se pode afirmar nada sobre a mortalidade,
pois não foi explicitada a relação entre evolução da doença e mortalidade.
Resposta d.
UNIFESP – 2019
- No Brasil, na última década (2006-2016), a taxa de detecção de aids (por 100.000 habitantes):
a) teve tendência ascendente em menores de cinco anos de idade
b) aumentou em homens e diminuiu em mulheres na faixa etária de 20-24 anos de idade
c) diminuiu em homens e aumentou em mulheres na faixa etária de 15-19 anos de idade
d) manteve-se relativamente estável em ambos os sexos na faixa etária de 30-59 anos de idade. e. diminuiu em ambos os sexos na faixa etária de 60 e mais anos de idade
A taxa de detecção de aids em função da razão de sexos (Homens/Mulheres) varia de acordo com a faixa etária. Entre os jovens de 13-19 anos, observa-se a partir de 2006 uma tendência de aumento da participação dos homens: em 2006, a razão de sexos era de 7 casos em homens para cada 10 casos em mulheres e em 2016 passou para 16 casos em homens para cada 10 casos em mulheres. As faixas etárias de 20-29 e de 30- 39 anos são as que apresentam a maior tendência de aumento da razão de sexos nos últimos dez anos. Em 2006, na faixa etária de 20-29 anos, a razão de sexos foi de 13 casos em homens para cada 10 casos em mulheres, passando para 33 casos em homens para cada 10 casos em mulheres em 2016. Já na faixa etária
de 30-39 anos, a razão de sexos passou de 16 casos em homens para cada 10 casos em mulheres em 2006 para 23 casos em homens para cada 10 casos em mulheres em 2016. Houve pouca variação da razão de sexos nos últimos 10 anos nas faixas etárias de 40-49 e de 50 anos ou mais. Em 2016, a razão de sexos foi de 18 casos em homens para cada 10 casos em mulheres na faixa etária de 40-49 anos, e de 17 casos em homens para cada 10 casos em mulheres na faixa etária de 50 anos ou mais (Figura a seguir):
Razão de sexos segundo faixa etária, por ano de diagnóstico.
Resposta b.
UNIFESP – 2019
- A figura abaixo mostra a evolução temporal de um indicador de saúde para o Brasil em anos selecionados.
Que indicador é esse?
a) mortalidade infantil total
b) mortalidade infantil neonatal precoce
c) mortalidade infantil neonatal tardia
d) mortalidade infantil pós-neonatal
e) mortalidade materna
Inicialmente é preciso retomar os conceitos desses indicadores:
a) Taxa de mortalidade infantil Total (Coeficiente de mortalidade infantil) é o número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado;
b) Taxa de mortalidade neonatal precoce (Coeficiente de mortalidade neonatal precoce) é o número de óbitos de 0-6 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado;
c) Taxa de mortalidade neonatal tardia (Coeficiente de mortalidade neonatal tardia) é o número de óbitos de 7-27 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado;
d) Taxa de mortalidade pós-neonatal (Taxa de mortalidade infantil tardia, coeficiente de mortalidade pósneonatal) é o número de óbitos de 28-364 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado; e
e) Razão de mortalidade materna (Taxa de mortalidade materna, coeficiente de mortalidade materna) é o número de óbitos maternos, por 100 mil nascidos vivos de mães residentes em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Considerando os dados das figuras a seguir, pode-se concluir que a figura no enunciado da questão se refere à Mortalidade infantil (total = neonatal precoce+neonatal tardio+pósneonatal).
Resposta a.
UFG – 2019
- Em se tratando das medidas de tendência central, o valor que ocupa a posição central de um conjunto de
dados ordenados define a
a) média
b) mediana
c) moda
d) variância
As mais importantes medidas de tendência central são a média aritmética, média aritmética para dados
agrupados, média aritmética ponderada, mediana, moda, média geométrica, média harmônica, quartis.
Quando se estuda variabilidade, as medidas mais importantes são: amplitude, desvio padrão e
variância.Sendo a média uma medida tão sensível aos dados, é preciso ter cuidado com a sua utilização, pois pode dar uma imagem distorcida dos dados.Pode-se mostrar que, quando a distribuição dos dados é “normal”, então a melhor medida de localização do centro é a média.
A distribuição normal é uma das mais importantes e que surge com mais frequência nas aplicações (esse fato justifica a grande utilização da média).
A média possui uma particularidade bastante interessante, que consiste no seguinte: se calcularmos os desvios de todas as observações relativamente à média e somarmos esses desvios, o resultado obtido é igual a zero.
A média tem uma outra característica, que torna a sua utilização vantajosa em certas aplicações: quando o que se pretende representar é a quantidade total expressa pelos dados, utiliza-se a média.Na realidade, ao multiplicar a média pelo número total de elementos, obtemos a quantidade pretendida.
Resposta b.
USP-SP – 2019
- Qual a alternativa que representa a análise dos dados fornecidos pela tabela apresentada?
a) as taxas brutas não devem ser usadas para subsidiar políticas públicas por serem dados obtidos
diretamente
b) as diferenças entre as taxas brutas e ajustadas podem ser atribuídas ao acesso aos serviços de saúde
c) as taxas ajustadas devem ser usadas para subsidiar políticas públicas por serem dados padronizados
d) as diferenças das taxas entre homens e mulheres podem ser atribuídas ao acesso aos serviços de saúde
Indicadores de saúde segundo a mensuração matemática (indicadores baseados em mensurações
absolutas e relativas), segundo a interpretação epidemiológica (prevalência e incidência) e tipos de
indicadores (indicadores de fatores de risco comportamentais, morbidade, mortalidade e de avaliação dos serviços de saúde).
Taxa é o numerador é o número absoluto de vezes em que ocorre o evento de interesse em um período de tempo especificado.
O denominador é a população de referência (ou população em estudo), no mesmo tempo especificado.
A comparação de indicadores de saúde obtidos em diferentes grupos populacionais (de distintas áreas geográficas ou períodos de tempo) merece atenção especial.
Os grupos populacionais podem diferir em um grande número de variáveis e ter diferentes riscos de adoecer e morrer. Idade, sexo, grupo étnico, localização geográfica e nível socioeconômico são variáveis que influem muito nestas diferenças.
As taxas de mortalidade geral em países com diferente expectativa de vida podem dar a falsa ideia de maior risco de morte nos países com maior número de idosos.
A padronização por idade dessas taxas anula o efeito da composição etária desigual da população e possibilita uma comparação mais
adequada.
Para evitar tirar conclusões errôneas, ao se compararem taxas gerais, são usados métodos
matemáticos para anular o efeito da distribuição demográfica desigual.
O método mais utilizado é a padronização diretas das taxas.
A taxa de mortalidade calculada a partir do número total de óbitos registrados em uma área geográfica especificada é denominada taxa bruta de mortalidade.
Visto que a idade é o fator de confusão, é usada uma população padrão para eliminar os efeitos de qualquer diferença de idade entre dois ou mais grupos populacionais. Esta técnica é denominada taxa de mortalidade padronizada ou ajustada para a idade.
Resposta c.
USP-SP – 2019
- A tabela apresentada utiliza o conceito de DALY (disability adjusted life years – anos de vida perdidos
ajustados por incapacidade). Qual a medida apontada por este indicador e sua sensibilidade às diferenças regionais?
a) morbidade e mortalidade; muito sensível
b) morbidade e mortalidade; pouco sensível
c) morbidade; muito sensível
d) morbidade; pouco sensível
O DALY 1 (Disability Adjusted Life Years) representa 1 ano de vida sadia perdido ajustado por incapacidade.
Mede-se, simultaneamente, o efeito da mortalidade e da morbidade que afetam a qualidade de vida dos
indivíduos e é bastante sensível às diferenças regionais.
Resposta a.
UFG – 2019
- Em uma visita de uma equipe de profissionais de saúde, com a duração de três dias, a um município do estado do Tocantins, todos os adultos de um pequeno povoado e de fazendas vizinhas foram examinados. Entre os resultados obtidos estão os seguintes: de 80 pessoas com sorologia positiva para dengue, oito eram desnutridas, enquanto em 200 outros indivíduos com sorologia negativa para dengue, 20 foram rotulados como desnutridos. O resultado da prevalência de desnutrição entre as pessoas com sorologia positiva para dengue e o resultado da razão de prevalência desse estudo são, respectivamente:
a) 10% e 1
b) 15% e 1,5
c) 20% e 2,0
d) 25% e 2,5
Organizando os dados apresentados no enunciado em uma tabela, tem-se:
Resposta a.
Santa Casa-SP – 2019
- No município de São Paulo, a situação dos imigrantes bolivianos está intimamente ligada ao trabalho informal na indústria têxtil. A vulnerabilidade dessa população se fundamenta em precárias condições de vida e de trabalho e em barreiras encontradas para cuidados rotineiros com a saúde. Sendo assim, não é(são) outro(s) determinante(s) para a contração da tuberculose pulmonar nessa população:
a) os hábitos alimentares distintos, com consumo de pratos típicos, sem a higiene adequada
b) a má adesão às condutas terapêuticas
c) as chegadas recorrentes de novos imigrantes ao grupo
d) a carga horária de trabalho abusiva
Por se tratar de uma doença de transmissão por via respiratória, a higiene inadequada para preparação
de pratos típicos não seria uma fator ligado a contração da tuberculose nessa população. No entanto, a baixa adesão terapêutica, entrada de novos imigrantes (portadores potenciais da doença, ou por aumentar o tamanho da população, e, assim, facilitar a transmissão) e a carga de trabalho abusiva (fator de estresse) seriam todos fatores que contribuiria para aumentar a propagação desse condição.
Resposta a.
UFG – 2019
- O diagrama de controle caracteriza-se por um método gráfico utilizado pela vigilância epidemiológica para o acompanhamento da evolução temporal das doenças. O último passo para a sua construção, considerando uma distribuição normal, é:
a) a plotagem da incidência mensal da doença sob vigilância correspondente ao ano de acompanhamento
b) o cálculo do desvio padrão para cada incidência média mensal
c) o cálculo da incidência média mensal de um período anterior, geralmente de dez anos
d) o estabelecimento de um intervalo de variação esperado para a incidência mensal da doença
O diagrama de controle, que consiste em uma representação gráfica da distribuição da incidência média mensal de determinado agravo, observada num dado período de tempo, é baseado na teoria de
probabilidades que permitem comparar a incidência observada de um determinado evento com as medidas de incidência mensais máxima e mínima (limite máximo e mínimo da incidência esperada). O princípio básico que o orienta é que as taxas de incidência das doenças podem exibir variações naturais e esperadas em torno da taxa média e que os valores mais distantes apresentam uma menor probabilidade de ocorrerem ao acaso. A observação da ocorrência de doenças transmissíveis e a avaliação de sua variabilidade mostram que sua
incidência em determinado período de tempo tende a seguir uma distribuição de probabilidade estatística de ocorrência que, freqüentemente, aproxima-se da distribuição esperada.
Resposta a.
Santa Casa-SP – 2019
- Nos últimos anos, casos de sarampo têm sido reportados em várias partes do mundo e, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), os países dos continentes europeu e africano registraram o maior
número de casos da doença. No Brasil, os últimos casos de sarampo foram registrados no ano de 2015, em surtos ocorridos nos estados do Ceará (211 casos), de São Paulo (dois casos) e de Roraima (um caso), associados ao surto do Ceará. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo pela OMS, declarando a região das Américas livre do sarampo. A Venezuela enfrenta, desde julho de 2017, um surto de sarampo, sendo a maioria dos casos provenientes do estado de Bolívar. O estado
de Roraima vem recebendo imigrantes desse país, que se encontram alojados em abrigos, residências
alugadas e praças públicas. Em 14/2/2018, a Secretaria de Saúde do estado de Roraima (SES/RR) notificou ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) do Ministério da Saúde um caso suspeito de sarampo, no município de Boa Vista‐RR. Tratava‐se de uma criança de um ano de idade, venezuelana, não vacinada, que apresentou febre, exantema, acompanhado de tosse, coriza e conjuntivite, sendo confirmado por critério laboratorial. Até o dia 1.o/10, foram notificados 516 casos suspeitos de sarampo, dos quais 330 foram confirmados e 101 estão em investigação. A tabela abaixo traz os casos confirmados de sarampo, por faixa etária, em Roraima, em 2018.
A partir dos dados da tabela apresentada, assinale a alternativa correta:
a) quando calculadas as incidências dos casos confirmados por faixa etária, observa‐se uma maior incidência nos menores de um ano de idade, grupo que não possui recomendação de vacinação na rotina. Porém, em situações de surto, trata‐se de um grupo prioritário para vacinação na contenção da doença
b) quando calculadas as incidências dos casos confirmados por faixa etária, observa‐se uma maior incidência em pacientes de um a quatro anos de idade, grupo que apresenta maior vulnerabilidade para a doença por já não receber o aleitamento materno exclusivo
c) a incidência dos casos confirmados de sarampo no estado de Roraima é de 7,44/100.000 habitantes
d) pode‐se dizer que está caracterizada uma epidemia de sarampo no estado de Roraima
e) a incidência de casos confirmados de sarampo aumenta com a idade, demonstrando a necessidade de se vacinar principalmente a população de adultos jovens
Considerando os dados da tabela apresentados no enunciado, tem-se os valores de incidência (Casos
confirmados de sarampo/população), segundo faixa etária:
Portando, é possível afirmar que é observada uma maior incidência nos menores de um ano de idade, grupo que não possui recomendação de vacinação na rotina.
Porém, em situações de surto, trata‐se de um grupo prioritário para vacinação na contenção da doença.
A Incidência de sarampo em Roraima é de 74,3 casos por 100.000 habitantes, não se pode falar de epidemia, pois não foram apresentados os dados sobre a evolução de incidência e a incidência de casos confirmados de sarampo diminue com a idade.
Resposta a.
UNICAMP – 2019
11. Um estudo comparou as taxas de incidência de câncer de cólon em mulheres adultas em 10 países e as
respectivas médias anuais de consumo de carne vermelha no ano de 2015. O desenho do estudo é:
a) coorte para detectar incidência de câncer entre as mulheres de risco
b) caso-controle para se detectar fatores de risco de câncer de cólon
c) ecológico para se detectar correlações estatísticas
d) estudo de caso de grupos de mulheres acometidas pela doença
- Nos estudos ecológicos os dados referem-se a grupos de pessoas e não a indivíduos. A unidade de estudo
é uma área geográfica. Os dados dessa área são comparados a outras, ou no tempo (séries temporais) ou
ambos Muito usados na pesquisa de câncer em que taxas de câncer de diferentes órgãos são examinadas
por áreas geográficas (distrito, cidade, estado, país). Resposta c.
USP-SP – 2019
- Qual afirmativa correta a respeito dos tipos de estudo epidemiológico?
a) caso-controle tem como medida de força de associação o risco relativo
b) coorte é o melhor desenho para o estudo de doenças raras
c) caso-controle é o melhor desenho para estimar prevalência
d) transversal tem como medida de força de associação o odds ratio
- Estudos de casos e controles constituem uma forma relativamente simples de investigar a causa das
doenças, particularmente doenças raras. Esse tipo de estudo inclui pessoas com a doença (ou outra variável
de desfecho) e um grupo controle (grupo de comparação ou referência) composto de pessoas não afetadas
pela doença ou variável de desfecho. A ocorrência de uma possível causa é comparada entre casos e
controles. Os investigadores coletam dados sobre a ocorrência da doença em um determinado momento no
tempo e sobre a ocorrência de exposições em algum momento no passado. Os estudos de casos e controles
são, portanto, longitudinais, diferentes dos estudos transversais. Os estudos de casos e controles também
são chamados de retrospectivos, uma vez que o investigador busca, no passado, uma determinada causa
(exposição) para a doença ocorrida. Entretanto, isso pode causar confusão porque os termos retrospectivos
e prospectivos também são utilizados para descrever o tempo da coleta dos dados em relação ao momento
atual. Nesse caso, um estudo de casos e controles pode ser tanto retrospectivo, quando os dados fazem
referência ao passado, quanto prospectivo, quando os dados são continuamente coletados no decorrer do
tempo. Os estudos de coorte, também chamados longitudinais ou de incidência, iniciam com um grupo de
pessoas livres da doença, que são classifcados em subgrupos, de acordo com a exposição a uma causa
potencial da doença ou desfecho sob investigação. As variáveis de interesse são especifcadas e medidas e a
coorte inteira acompanhada com o objetivo de ver o surgimento de novos casos de doença (ou outro
desfecho) difere entre os grupos, conforme a presença ou não de exposição. Em virtude de os dados
coletados fazerem referência a diferentes pontos no tempo, os estudos de coorte são longitudinais, fato que
os torna semelhantes aos de casos e controles. Os estudos de coorte são chamados de estudos prospectivos, mas essa terminologia é confusa e, por isso, deve ser evitada. Como mencionado previamente, o termo
“prospectivo” refere-se ao momento da coleta dos dados e não a relação entre exposição e efeito (doença).
Assim, os estudos de coorte podem ser tanto prospectivos quanto retrospectivos. Os estudos de coorte
fornecem a melhor informação sobre a etiologia das doenças e a medida mais direta do risco de desenvolvêla.
Embora conceitualmente simples, os estudos de coorte são bastante caros porque podem requerer
longos períodos de acompanhamento, visto que a doença pode ocorrer após uma exposição prolongada.
Por exemplo, o período de indução para a leucemia causada por radiação (isto é, o tempo necessário para
uma causa específca produzir um desfecho) é de muitos anos, sendo, portanto, necessário acompanhar os
participantes por um longo período de tempo. Os estudos transversais medem a prevalência da doença e,
por essa razão, são frequentemente chamados de estudos de prevalência. Em um estudo transversal, as
medidas de exposição e efeito (doença) são realizadas ao mesmo tempo. Por esse motivo, não é fácil avaliar
as associações encontradas nesses estudos. A questão-chave nesse tipo de delineamento é saber se a
exposição precede ou é consequência do efeito. Se os dados coletados representam a exposição antes da
ocorrência de qualquer efeito, a análise pode ser feita de modo semelhante à utilizada nos estudos de
coorte. Os estudos transversais são relativamente baratos, fáceis de conduzir e úteis na investigação das
exposições que são características individuais fxas tais como grupo étnico e grupo sanguíneo. Na
investigação de surtos epidêmicos, a realização de um estudo transversal medindo diversas exposições é,
em geral, o primeiro passo para a determinação da sua causa. Os dados obtidos através dos estudos
transversais são úteis para avaliar as necessidades em saúde da população. Dados provenientes de pesquisas
transversais repetidas, com amostragem aleatória e defnições padronizadas, fornecem indicadores úteis de
tendências.Cada pesquisa deve ter um propósito muito claro. Para ser válida, a pesquisa precisa ter um
questionário bem elaborado, uma amostra de tamanho apropriado e uma boa taxa de resposta. Resposta d.
USP-SP – 2019
13. Com a finalidade de identificar fatores associados à hipertensão arterial sistêmica (HAS), foram
selecionados 1453 indivíduos de uma determinada localidade. Cento e três indivíduos (7,1%) e foram
diagnosticados como hipertensos. O odds ratio (OR) hipertensão entre os que apresentavam hábitos de vida
sedentários comparados com aqueles mais ativos foi de 4,01 com IC95% (2,19 - 6,27). Quando os dados
foram ajustados para idade, o OR foi de 3,57 com IC95% (0,87 - 5,31). Baseados nos resultados deste estudo,
qual a afirmação correta?
a) representa avaliação de estudo epidemiológico do tipo caso-controle
b) trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal
c) o risco de desenvolver hipertensão é 4,01 vezes maior dentre os que têm hábitos de vida sedentários
d) a probabilidade de hipertensão é 3,57% superior nos indivíduos com hábitos de vida sedentários
- Trata-se de um estudo transversal, pois fez-se o levantamento de prevalência de hipertensão e
sedentarismo. Não se trata de estudo caso-controle porque os investigadores não coletam os dados sobre a
ocorrência da hipertensão em um determinado momento no tempo e sobre a ocorrência de sedentarismo
em algum momento no passado. Portanto, não se trata de um estudo longitudinal. Não é possível afirmar
que o risco de desenvolver hipertensão é 4,01 vezes maior dentre os que têm hábitos de vida sedentários,
pois ao ajustar o OR em relação a idade, o seu intervalo de confiança cruza o valor de igualdade (=1), assim, não é possível afirmar que haja diferença de prevalência de hipertensão entre esses dois grupo nesse estudo.
Resposta
SUS-SP – 2019
14. Um estudo que compilou e tabulou somente dados (2000-2017) referentes à ocorrência de
linfadenopatia cervical e câncer de cabeça e pescoço em crianças, adolescentes e adultos, a partir de
prontuários hospitalares, é um estudo:
a) de série temporal, em que o efeito-câncer é medido em diversos pontos no tempo e associado à supostas
causas
b) de prevalência, que pode ajudar o clínico a priorizar as possibilidades diagnósticas de acordo com a idade
do paciente
c) transversal, que fornece evidências das causas de câncer de cabeça e pescoço em populações com
distintas faixas etárias
d) de caso-controle, que pode medir o risco de aquisição de câncer de cabeça e pescoço em crianças,
adolescentes e adultos
e) ecológico, que pode avaliar a qualidade do diagnóstico laboratorial e clínico na unidade hospitalar
estudada
São chamados de estudos de prevalência ou de corte transversal aqueles que produzem “instantâneos”
da situação de saúde de uma população ou comunidade com base na avaliação individual do estado de saúde
de cada um dos membros do grupo, e também determinar indicadores globais de saúde para o grupo
investigado. A condução de um estudo transversal envolve as seguintes etapas: – Definição de uma
população de interesse; – Estudo da população por meio da realização de censo ou amostragem de parte
dela; e – Determinação da presença ou ausência do desfecho e da exposição para cada um dos indivíduos
estudados.Pode-se destacar como vantagens para este tipo de estudo o baixo custo, simplicidade analítica,
alto potencial descritivo e rapidez de coleta acompanhada de facilidade na representatividade de uma
população. Porém existem limitações, onde a associação entre a exposição da doença não seja a mesma
detectada referente à época de realização do estudo e também não é um levantamento que abrange a
incidência, assim, não determina risco absoluto e duração da doença. Assim, o estudo transversal não
fornece evidências sobre as causas da condição investigada. Ainda como desvantagem do delineamento
epidemiológico transversal pode-se destacar a coleta do dado não estar concomitante sobre a exposição e
desfecho em um único momento no tempo. Resposta b.
Santa Casa-SP – 2019
15. Em setembro deste ano, resultados do estudo ASPREE (Aspirin in Reducing Events in the Elderly) foram
publicados no periódico New England Journal of Medicine (NEJM). Os pesquisadores recrutaram 19.114
pessoas não institucionalizadas, na Austrália e nos Estados Unidos, com setenta anos de idade ou mais (65
anos ou mais para participantes negros ou hispânicos nos Estados Unidos) e que, ao início do estudo, não
apresentavam doença cardiovascular, demência ou deficiência física. Destes, 9.525 participantes foram
designados aleatoriamente para receber 100 mg de ácido acetilsalicílico com revestimento entérico por dia
e 9.589, para receber placebo. No último ano de participação no estudo, a adesão ao tratamento foi de
62,1% no grupo do ácido acetilsalicílico e de 64,1% no grupo do placebo. O ensaio clínico foi encerrado com
uma mediana de 4,7 anos de acompanhamento. Esse foi o primeiro grande ensaio de prevenção primária
em larga escala, no qual a sobrevida sem deficiências foi o desfecho escolhido. Parte dos resultados do
estudo ASPREE estão resumidos na tabela a seguir:
Assinale a alternativa que apresenta o tipo de estudo que foi realizado.
a) ensaio clínico duplo‐cego randomizado
b) coorte prospectiva
c) estudo de corte transversal
d) estudo ecológico
e) estudo de caso‐controle
Os ensaios clínicos constituem-se numa poderosa ferramenta para a avaliação de intervenções para a
saúde, sejam elas medicamentosas ou não . O primeiro ensaio clínico, nos moldes que hoje conhecemos, foi
publicado no final da década de 40 , quando o estatístico Sir Austin Bradford Hill alocou aleatoriamente
pacientes com tuberculose pulmonar em dois grupos: os que receberiam estreptomicina e os que não
receberiam o medicamento. Desta forma, ele pode avaliar, de maneira não viesada, a eficácia deste
medicamento. Em que pese a publicação crescente de ensaios clínicos controlados, alguns aspectos do
desenho e da análise ainda são mal compreendidos e interpretados de forma equivocada. Os ensaios clínicos
são estudos onde um grupo de interesse em que se faz uso de uma terapia ou exposição é acompanhado
comparando-se com um grupo controle. Diferente dos estudos observacionais em que o pesquisador não
interfere na exposição, nesse estudo o pesquisador planeja e intervém ativamente nos fatores que
influenciam a amostra, minimizando assim a influência dos fatores de confundimento. A alocação dos
sujeitos de pesquisa pode ser de forma aleatória (randomizada) ou nãoaleatória.Embora os ensaios clínicos
randomizados (ECRs) sejam o padrão-ouro para determinação de efeito de uma terapêutica, por diversos
motivos, seu uso na cirurgia não é tão difundido como nas outras especialidades médicas . Ensaios clínicos
são laboriosos e custosos em realizá-los e na cirurgia trazem consigo diversos desafios práticos e
metodológicos na sua elaboração e realização. O mascaramento é o processo de retenção da informação
sobre as intervenções atribuídas a cada grupo e é um elemento-chave na concepção de ECRs. Quando feito
com sucesso, é reconhecido como tendo um papel importante na prevenção da introdução de um viés de informação. O cegamento pode ser aplicado aos participantes, aos pesquisadores e aos avaliadores dos
resultados do estudo. Deve-se estar atento se o método utilizado na mensuração do evento final de interesse
foi o mascaramento duplo (duplo-cego). Isto implica que nem o paciente e nem o profissional que está
fazendo a avaliação (por exemplo, verificar o grau de dor no pós-operatório em pacientes que usaram ou
não marcaína na ferida operatória) sabem qual tratamento foi aplicado. O médico pode, inconscientemente,
não valorizar as queixas das pacientes que pertencem ao grupo do novo tratamento, falseando os resultados.
O próprio paciente pode ser simpático a um determinado tipo de tratamento e não informar ao médico
todas as queixas que tem. O método duplocego tenta eliminar este potencial tipo de erro. Nem sempre
existe a possibilidade de se conduzir um estudo duplo-cego (comparação entre tratamento clínico versus
cirúrgico), porém não se deve deixar de utilizálo quando possível. Resposta a.