Endocrinologia Flashcards

1
Q

AMRIGS – 2019
1. Qual das alternativas abaixo está associada a uma provável lesão benigna de tireoide?

a) pacientes submetidos à radiação ionizante no pescoço na infância
b) nódulo “frio” na cintilografia de tireoide
c) sexo masculino, idade menor que 20 e maior que 65 anos
d) múltiplos nódulos na tireoide

A
1. Critérios sugestivos de benignidade em nódulos tireoidianos:
História familiar de bócio benigno
Bócio multinodular
Tamanho nodular constante
Cisto simples à ultrassonografia
  1. Critérios de suspeita de malignidade
    Idade superior a 60-65 anos e inferior a 20 anos
    Sexo masculino
    História de irradiação prévia
    Diâmetro nodular maior que 4 cm
    Nódulos acompanhados de sintomas compressivos
    Crescimento nodular rápido
    Consistência nodular firme ou endurecido
    Fixação em planos adjacentes
    Gânglios satélites
    História familiar (particularmente câncer medular)
    Envolvimento de corda vocal
    A pesar da cintilografia ter sido ferramenta útil na suspeita de malignidade em um período pré-US de tiroide, sabe-se que cerca de 85% dos nódulos são frios, 10% mornos e 5% quentes. Cerca de 5-15% dos nódulos frios são malignos. Um nódulo quente raramente está associado a malignidade.

Resposta d.

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2
Q

CERMAM – 2019
2. Em relação ao hipertireoidismo, assinale a resposta INCORRETA:

a) a investigação do hipertireoidismo em idosos que apresentem fibrilação atrial (FA) sempre se faz
necessário ao diagnostico diferencial, pelo fato de que bócios nodulares tóxicos ocorrerem com relativa
frequência nessa faixa etária da população
b) a tireoidectomia total na Doença de Graves é reservada aos casos que se associam a nódulos na tireoide ou na presença de exoftalmia acentuada
c) na grávida com hipertireoidismo, a decisão pela droga de escolha sempre recai pelo Metimazol,
independente do período gestacional, pois é a droga mais segura para a condição, pelo fato de não transpor
a barreira transplacentária
d) na exoftalmia decorrente da Doença de Graves, são encontrados infiltrados de glicosaminoglicans ou
mucopolissacarídeos na musculatura extrínseca do olho devido a ativação de fibroblastos, e
consequente espessamento dessa musculatura

A
  1. A alternativa “C” está errada, pois na terapia da Doença de Graves gestacional, ambas tionamidas
    (propiltiouracil - PTU e metimazol – MMI) podem ser utilizadas. A dose deve ser a mínima possível, de modo
    que mantenham os níveis de T4 livre no limite superior da normalidade, pois ambos passam pela placenta.
    O PTU é a droga mais recomendada no primeiro trimestre da gestação, devido ao maior risco de anomalia
    congênita do couro cabeludo fetal (aplasia cutis) pelo uso do metimazol. No restante da gestação, o MMI é
    preferível, devido ao maior potencial hepatotóxico do PTU. Todas as outras justificativas estão corretas.

Resposta c.

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3
Q

FAMERP – 2019
3. Sobre o tratamento do câncer de tireoide, assinale a INCORRETA:

a) carcinoma anaplásico – tratamento cirúrgico
b) carcinoma medular – tratamento cirúrgico
c) carcinoma de células de Hürtle – tratamento cirúrgico
d) carcinoma papilífero – tratamento cirúrgico

A
  1. Os tumores bem diferenciados da tiroide caracterizados pelos tumores originários das células foliculares (papilíferos e foliculares). O câncer papilífero é o mais comum, com cerca de 80% e folicular 10%, perfazendo 90% dos tumores malignos tireoidianos O Ca. Folicular tem seu subtipo clássico, denominado Ca. de células de Hürtle. Os marcadores de seguimento utilizados nesses tumores originados das células foliculares é a dosagem de tireoglobulina. Os indiferenciados ou anaplásico são menos de 5%, enquanto que os medulares 3-4% e de células não tiroidianas não ultrapassam 5%. Os linfomas são bastante raros, perfazendo < 1% dos cânceres de tiroide. Embora os tumores bem diferenciados tenham um bom prognóstico, o carcinoma de células de Hürtle e carcinoma medular apresentam prognóstico mais reservado do que os carcinomas papilíferos e foliculares clássicos. A terapia inicial para os carcinomas diferenciados e medular é a
    tireoidectomia. No entanto, os carcinomas indiferenciados, ou anaplásicos, o prognóstico é sombrio, com sobrevida de até 10 meses. Por isso, o tratamento paliativo é primeira escolha nesses casos.

Resposta a.

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4
Q

FMJ – 2019
4. Mulher de 52 anos, em período pós menopausa, apresenta fraqueza, sonolência, cansaço, palidez,
adinamia, pele seca e queda de cabelos e tonturas. Ao exame, se encontra em REG, palidez ++/4, descorada
+/4, afebril, edema +/4, PA: 100 × 80, P: FC: 50 bpm, bulhas rítmicas e hipofonéticas sem sopros, pulmões
livres, abdome normal, hiporreflexia de MMII. Em relação ao diagnóstico provável, qual a alternativa
CORRETA:
a) anemia grave, com necessidade de transfusão
b) cardiopatia grave, com insuficiência cardíaca de classe funcional elevada
c) hipotireoidismo descompensado, por provável tireoidite de Hashimoto
d) diabetes melitus descompensado, tipo 2
e) Insuficiência renal crônica, em fase dialítica

A
  1. Tratam-se de queixas relacionadas a uma diminuição do metabolismo, ou hipotireoidismo clínico. O
    hipotireoidismo primário é uma condição relativamente comum, com prevalência em adultos de 2% nas
    mulheres e 0,2% em homens. Cerca de 95% dos casos correspondem à forma primária, e a tireoidite de
    Hashimoto é a causa mais comum em adultos. O grau de severidade das manifestações clínicas depende do
    grau e da duração da deficiência hormonal. Veja abaixo as principais características clínicas predominantes:
    Anemia, usualmente normocítica: pode ser também macrocítica (devido à presença de anticorpos
    anticélulas parietais da mucosa gástrica, levando a anemia perniciosa) ou microcítica (devido à
    metrorragia).
    Artralgia, câimbras, derrame articular, síndrome do túnel do carpo, rigidez muscular, pseudogota e
    hipotermia.
    Ganho ponderal (a despeito da redução do apetite), mas obesidade acentuada é rara. O hipotireoidismo
    é responsável por 5% dos casos de hipercolesterolemia, pois diminui o número de receptor de LDL.
    Manifestações dermatológicas como pele seca e descamativa; pode ficar amarelada (acúmulo de
    caroteno); cabelos secos e quebradiços; queda de cabelos; unhas quebradiças, rarefação do terço distal das sobrancelhas (madarose), redução da pilificação corporal, edema facial.
    Dentre as manifestações cardiovasculares, pode-se destacar: hipofonese de bulhas, dispneia, tolerância
    diminuída aos exercícios, derrames cavitários, aumento da área cardíaca, Angina pectoris, bradicardia, HAS
    diastólica, cardiomegalia, derrame pericárdico, edema periférico.
    Hiporreflexia profunda, com demora no relaxamento de testes motores pode ser observada.
    Redução da atividade intestinal, como: constipação, Íleo paralítico, ascite mixedematosa, esvaziamento
    gástrico retardado, má absorção intestinal, elevação de enzimas hepáticas e CEA, megacólon e macroglossia.
    Já no sistema reprodutivo, hiperprolactinemia (em até 50% dos casos) + galactorreia (em até 15%), sendo
    a alterações menstruais: metrorragia (é a mais comum), amenorreia (primária e secundária), anovulação,
    infertilidade, redução da libido e disfunção erétil.

Resposta c.

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5
Q

FMJ – 2019

  1. Qual é a combinação mais plausível entre níveis hipotéticos de TSH e T4L e sua causa provável:
    a) TSH elevado e T4L normal – causa provável: hipertireoidismo subclínico
    b) TSH elevado e T4L elevado – causa provável: hipertireoidismo exógeno
    c) TSH baixo e T4L normal – causa provável: hipertireoidismo subclínico exógeno ou endógeno.
    d) TSH baixo e T4L normal – causa provável: ingestão de lítio; hipotireoidismo com reposição inadequada de T4
    e) TSH normal e T4L elevado– causa provável: hipertireoidismo subclínico endógeno
A
  1. Atenção!
    TSH normal T4L normal = eutireoidismo.
    TSH diminuído T4L aumentado =hipertireoidismo clinico (causas de tireotoxicose).
    TSH diminuído T4L normal= hipertireoidismo subclínico ( uso exógeno de hormônios tireoidianos, causas de
    tireotoxicose.
    TSH aumentado T4L aumentado = hipertireoidismo de origem central (causas hipofisárias ou hipotalâmicas).
    TSH aumentado T4L normal= hipotireoidismo subclínico ( sub dose de levotiroxina, hipotireoidismo em curso).
    TSH diminuido T4L diminuído = hipotireoidismo central (causas hipofisária ou hipotalâmicas).
    TSH aumentado T4L diminuído = hipotireoidismo primário

Resposta c.

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6
Q

HAC – 2019
6. Mulher, 32 anos, consultou por emagrecimento (04 kg em 03 semanas), intolerância ao calor e
palpitações. Ao exame físico, a frequência cardíaca era de 120 bpm. Pele quente ao toque e tireoide
palpável, sem aumento de volume ou nódulos. Não havia sopros à ausculta, nem sinais de oftalmopatia ou
lesões na pele. Os exames laboratoriais mostram TSH = 0,02 UI/mL (VR: 0,27-4,2 UI/mL), T4 total = 16,2 ug/dL
(VR:5,1-14,1 ug/dL), T3 total = 210 ng/dL (VR:80-200 ng/dL) e captação de iodo em 24 horas < 1% (VR: 15-
35%). Com base no quadro, considere as assertivas abaixo:
I. O quadro é compatível com tireotoxicose.
II. Para o diagnóstico do quadro, faz-se obrigatório a dosagem de anticorpos contra o receptor de TSH (TRAb).
III. Tireoidite subaguda, Tireoidite de Hashimoto e ingestão de hormônios são hipóteses diagnósticas a serem consideradas.

Quais são corretas?

a) apenas I
b) apenas II
c) apenas III
d) apenas I e III
e) I, II, III

A
  1. Paciente com sintomas adrenérgicos e de excesso de hormônios tireoidianos, que denominamos de
    tireotoxicose. Laboratório confirma a hipótese clínica (TSH diminuído T4L aumentado e T3 aumentado). No entanto, não há sinais de
    hiperfunção da glândula (hipertireoidismo), que é principalmente causada pela Doença de Graves (bócio,
    exoftalmia, mixedema pré-tibial) presenta cintilografia com captação reduzida. Veja Tabela a seguir:
    (Atenção!)

Causas de Tireotoxicose:
1. Distúrbios associados com hiperfunção tireoidiana*
- Produção excessiva de TSH (muito rara)
Tumor hipofisário produtor de TSH (tireotrofinoma)
Resistência hipofisária ao T3 e T4
- Estimulação anormal da tireoide
Doença de Graves (forma mais comum: 70-90%)
Tireoidite de Hashimoto (raramente cursa com
hipertireoidismo)
Tumor trofoblástico
- Autonomia tireoidiana intrínseca
Adenoma hiperfuncionante (doença de Plummer: 5% dos casos)
Bócio multinodular tóxico

  1. Distúrbios não associados à hiperfunção tireoidiana**
    - Excessiva liberação de T3 e T4 (por destruição dos folículos)
    Tireoidite subaguda
    Tireoidite de Hashimoto
    Fonte extratireoidiana de hormônios tireoidianos
    Tireotoxicose factícia (ingestão de T3 ou T4)
    Tecido tireoidiano ectópico
    Struma ovarii (teratoma ovariano com tecido tireoidiano
    ectópico)
    Metástase funcionante de carcinoma folicular
    Tireotoxicose por hambúrguer
    - Secundário a drogas**
    Amiodarona
    Iodo (Jod-Basedow)

(*) Associados com elevada captação do I131 (RAIU);
**Associados com baixa RAIU.

Resposta a.

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7
Q

ISM – 2019
7. Uma paciente de 38 anos de idade realizou um ultrassom de tireoide, no qual foi visualizado um nódulo
sólido de 4 cm em lobo direito. Foi feita uma punção aspirativa por agulha fina, que mostrou uma lesão
classificada como Bethesda VI. A respeito desse caso clínico, qual é a conduta indicada?

a) tireoidectomia total
b) lobectomia direita e istmectomia
c) lobotomia direita e istmectomia com biópsia de congelação
d) acompanhamento com ultrassom a cada três meses
e) terapia ablativa com iodo radioativo

A
  1. Os nódulos que serão puncionados e realizados o estudo ciopatológico, respeitam a Classificação atual de
    Bethesda. De acordo com seus achados, a conduta deve ser tomada pelo clínico endocrinologista. A Classe
    VI corresponde ao achado citopatológico de praticamente certeza (97-99% dos casos) de presença de lesão maligna. A terapia para esses casos é a tireoidectomia.

Sistema Bethesda para classificar a citopatologia tiroidiana:

Classe I Insatisfatório ou não diagnóstico (líquido cístico, espécime acelular, sangue)
Classe II Benigno (nódulo coloide, bócio adenomatoso, tireoidite de Hashimoto, tireoidite subaguda)
Classe III Atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado (grupo
heterogêneo: microfolículos sem critérios para NF (7%)
Classe IV Neoplasia folicular ou suspeito para neoplasia folicular (citoarquitetura alterada com células
em arranjos microfoliculares ou trabeculares)
Classe V Suspeito para malignidade (citoarquitetura para PTC, difícil o diagnóstico diferencial entre PTC
e FTC)
Classe VI Maligno

Risco de malignidade e recomendação de conduta clínica conforme a classificação Bethesda:

Classe diagnóstica | Risco de malignidade (%) | Conduta clínica
I 1-4 Repetir punção guiada por ultrassonografia
II 0-3 Seguimento clínico
III 5-15 Repetir punção
IV 15-30 Lobectomia
V 60-75 Tiroidectomia total ou lobectomia
VI 97-99 Tiroidectomia

Resposta a.

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8
Q

PUC-PR – 2019
8. É causa de hipotireoidismo secundário:

a) síndrome de Sheehan
b) utilização de lítio
c) pós-tireoidectomia para doença de Graves
d) deficiência de iodo
e) sarcoidose

A
  1. Hipotireoidismo primário (HP), quando ocorre falência tireoidiana primária. Já o hipotireoidismo secundário é devido a: deficiência de TSH hipofisário. Podemos denominar também o hipotireoidismo terciário ou a deficiência hipotalâmica de TRH. Mas as causas secundárias e terciárias podem ser denominadas de hipotireoidismo central.

Causas primárias
1. Diminuição do tecido tireoidiano funcionante
Tireoidite de Hashimoto (causa mais comum)
Tireoidite subaguda (granulomatosa e linfocitária)
Tireoidite pós-parto
Doença de Graves e tratamento da doença de Graves (I131 e cirurgia)
Doença infiltrativa
Agenesia e ectopia tireoidianas e hipoplasia (principal causa de hipotireoidismo congênito)
2. Defeitos da biossíntese hormonal tireoidiana
Disormoniogênese congênita (2ª causa mais comum de hipotireoidismo congênito)
Grave deficiência de iodo (endêmico)
Drogas (antitireoidianos de síntese, iodo, lítio, amiodarona, contrastes radiológicos, interferon-α,
sulfoniureias e fenilbutazona).
Central (secundária ou terciária)
Necrose hipofisária pós-parto (síndrome de Sheehan)
Tumores (Tu) da hipófise/hipotálamo
Tratamento dos (Tu) hipófise/hipotálamo (cirurgia radioterapia)
Doenças infiltrativas hipofisárias/hipotalâmicas
Tratamento com bexaroteno.

Resposta a.

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9
Q

Santa Casa-SP – 2019
9. Uma paciente de sessenta anos de idade, portadora de doença de Graves, em uso irregular de metimazol,
evoluiu no pós‐operatório imediato de endarterectomia com dispneia súbita, associada à taquicardia (FC de
128 bpm e pulso irregular), à febre (38 graus), à PA de 100 × 80 mmHg e à agitação psicomotora. O
eletrocardiograma mostrou fibrilação atrial de alta resposta ventricular (prévio em ritmo sinusal) e o
ecocardiograma transtorácico, o D-dímero e a troponina estavam normais. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta o diagnóstico mais provável:

a) tempestade tireoidiana
b) tromboembolismo pulmonar
c) dissecção de carótida
d) síndrome coronariana aguda
e) feocromocitoma

A
  1. No caso acima, trata-se de paciente com DG, que após ato cirúrgico, inicia com manifestações clássicas da
    tempestade tireoidea, ou crise tireotóxica. Constitui uma complicação rara do hipertireoidismo, com
    exacerbação extrema da atividade adrenérgica naqueles pacientes portadores de hipertireoidismo.
    Geralmente, são aqueles pacientes que são expostos a um stresse endógeno ( infecção, cirurugia , radioiodo,
    trauma , etc. ). Os sinais precoces da tempestade são: febre, que pode atingir até 41°C, taquicardia e
    hiperatividade do sistema nervoso central. Outras manifestações, tais como sonolência, estupor e coma
    podem ocorrer. Com frequência há náuseas, vômitos e dor abdominal intensa, sugerindo um abdome agudo.
    Insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar não são raros. O tratamento deve ser intensivo. O
    prognóstico dessa complicação é ruim, com elevada taxa de mortalidade.

Resposta a.

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10
Q

UEL – 2019
10. Mulher, 28 anos de idade, com queixas de palpitações, tremores de extremidades e perda de peso. Ao exame físico, apresentava pele úmida, FC = 110 bpm e PA = 140 × 60 mmHg, tireoide normal à palpação. Os exames laboratoriais demonstraram: TSH = 0,01 mU/L, T4 Livre = 2,5 mcg/dL (VN (valor normal) = 0,7-1,7 mcg/dL), T3 = 35 ng/dL (VN (valor normal) = 70-190 ng/dL) e cintilografia tiroidiana com baixa captação de I-131. Com base nesse caso, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a hipótese diagnóstica mais provável.

a) doença de Graves
b) doença de Plummer
c) tireotoxicose factícia
d) tireoidite subaguda
e) bócio multinodular tóxico

A
  1. A paciente apresenta sinas e sintomas de tireotoxicose, com tiroide normopalpável e indolor a palpação, confirmados laboratorialmente com níveis de TSH suprimidos T4L aumentados, T3 baixo com captação por I-131 reduzida. Esse resultado cintilográfico, já nos faz pensar que se trata de tireotoxicose não relacionada a hiperfunção. Por isso alternativas “A”, “B” e “E” já estão descartadas. Além da tireotoxicose, dois fatos importantes nos auxiliam a achar a melhor alternativa:
    - Tiroide não dolorosa.
    - T3 baixo.
    Dentre as causas de tireoide dolorosa a tireoidite subaguda granulomatosa, que é a causa mais comum,
    relacionada a exposição viral prévia, cursa em sua fase de “hipertireoidismo” com dor importante à palpação. Já a tireoidite subaguda linfocítica, mediada por autoanticorpos, geralmente é indolor. Como o subtipo de tireoidite não foi especificado, temos que prestar atenção nessa alternativa. No entanto, a tireoidite está descartada porque a grande destruição que ocorre na glândula, libera altíssimas quantidades de T4, que na periferia (corrente sanguínea e tecidos), seriam convertidos em T3, pela ação das deiodinases, levando a níveis no mínimo normais ou altos. A ingesta de T4 (tireotoxicose factícia) justifica o quadro acima, pois resulta na supressão do eixo hipotálamo – hipófise tireoidiano, inibindo assim a síntese do T4 e T3 endógenos. Devemos lembrar que o T4L dosado acima, é o que está sendo ingerido pela paciente, e não a produção fisiológica do hormônio tireoidiano.

Resposta c

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11
Q
  1. Há duas semanas, mulher de 40 anos apresenta febre, cefaleia, mialgia, coriza clara, evoluindo com dor
    em região cervical anterior, irradiando para o ouvido direito, e febre de 38,5 °C. Os exames
    laboratoriais mostram: hemoglobina = 12 g/dL, leucócitos = 10.500/mm3 , plaquetas = 250.000/mm3
    , T4 livre = 2,1 ng/mL (normal = 0,7-1,8 ng/mL), TSH = 0,01 mU/mL (normal = - 0,4-4,5 mU/mL), VHS = 80 mm na primeira hora; exame de captação de iodo radioativo = 2,5% (normal = 25-35%). Nesse caso, o diagnóstico
    mais provável e o tratamento adequado, respectivamente, são:

a) doença de Graves / uso de propiltiouracil seguido de iodo radioativo
b) tireoidite granulomatosa / uso de corticoide e betabloqueador
c) tireoidite aguda / uso de antibiótico e drenagem cirúrgica
d) doença de Hashimoto / uso de corticoide e de tamoxifeno

A
  1. A tireoidite subaguda granulomatosa é a causa mais comum de dor tireoidiana. Ocorre em indivíduos
    susceptíveis que após quadro de infecção aguda do trato respiratório superior – geralmente viral (descrição
    clara desse quadro: febre, mialgia, coriza etc.), pode ocorrer reação inflamatória intensa em região de
    tireoide, resultando em destruição folicular e proteólise da tireoglobulina. Níveis de VHS elevados são
    característicos também. Em decorrência da liberação do material tireoidiano, os hormônios T4 e T3
    adentram a corrente sanguínea, levando a consequente quadro de tireotoxicose numa fase inicial,
    acompanhado de dor intensa. A terapia dos sintomas de tireotoxicose deve ser feita no intuito de reduzir os
    sintomas hiperadrenérgicos com o uso de betabloqueadores) em detrimento de drogas que possam interferir na produção de hormônios intratireoidianos (metimazol e propiltiuoracil). O tratamento da dor pode ser feito com analgésico e /ou anti-inflamatórios. Caso não haja melhora, o glicocorticoide pode ser introduzido. A hipocaptação difusa da glândula tireoidiana na cintilografia é achado característico, que pode auxiliar no diagnóstico diferencial.

Resposta b

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12
Q

UFF – 2019
12. Paciente, 30 anos, assintomática e previa- mente hígida, apresenta TSH 7,8 mUI/L e T4 livre normal.
Dentre as alternativas a seguir, aquela que indica início de reposição de levotiroxina é:

a) gestação
b) IMC 30 kg/m²
c) hemoglobina 12 g/dL
d) perfil lipídico com LDL = 130 mg/dL, HDL = 30 mg/dL e triglicerídeos = 100 mg/dL
e) sódio = 133 mEq/L

A
  1. Paciente apresenta perfil de hipotireoidismo subclínico (HSC), com elevações discretas do TSH (entre 4,5-10 uUI/mL) na vigência de níveis normais de T3 e/ou T4. A progressão do HSC para hipotireoidismo
    franco depende da causa e do grau de dano da função tireoidiana. HSC, por definição, implica ausência de
    sintomas. Indica-se tratamento em algumas condições, pois há dados significativos, demonstrando que o
    HSC pode levar a relaxamento lentificado do miocárdio e prejuízo do enchimento ventricular precoce, tanto
    em repouso como após exercício. Deve-se tratar nas seguintes condições: TSH >10 µUI/mL; gestantes ou
    mulheres que desejam engravidar em breve (mesmo se TSH entre 4,5-10); anticorpos antitireoidianos
    positivos (tireoidite de hashimoto em evolução); hipercolesterolemia (distúrbio metabólico mais frequente no hipotireoidismo); hipocontratilidade miocárdica subclínica sem causa óbvia; presença de bócio ou forte história familiar de tireopatia. O perfil lipídico da paciente, apesar do HDL baixo, não nos permite caracterizar como dislipidemia.

Resposta a.

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13
Q

UFF – 2019
13. Com relação às neoplasias da tireoide, pode-se afirmar que:

a) o carcinoma medular é um tumor neuroendócrino de crescimento muito rápido que se origina nas células
C parafoliculares
b) o carcinoma de células de Hurtle é mais agressivo que outros tumores bem diferenciados da glândula
c) o linfoma primário, em geral, manifesta-se como uma massa no pescoço de crescimento lento. O
tratamento primário é a tireoidectomia total
d) o carcinoma indiferenciado ou anaplásico tornou-se cada vez mais frequente em jovens do sexo masculino
e) o carcinoma misto papilar/folicular deve ser tratado primariamente com radioterapia

A
  1. Os tumores bem diferenciados da tiroide caracterizados pelos tumores originários das células foliculares (papilíferos e foliculares). O câncer papilífero é o mais comum, com cerca de 80%, já o folicular cerca de 10%, perfazendo 90% dos tumores malignos tireoidianos. Esses tumores apresentam geralmente bom prognóstico, com larga sobrevida. No entanto, o câncer folicular tem um subtipo clássico, de prognóstico
    mais reservado denominado câncer de células de Hurtle. Os tufões indiferenciados ou carcinoma anaplásico, são menos de 5% dos cânceres de tiroide, ocorrendo mais predominantemente em mulheres de faixa etária mais avançada, de crescimento rápido e sobrevida baixíssima. Já o Ca. Medular é a tumor das células parafoliculares ou células C de origem neuroendócrina, produtores de calcitonina. São tumores de prognóstico mais reservado em relação aos tumores diferenciados. Apesar de indolentes, não apresentam crescimento rápido. Os linfomas primários de tiroide são bastante raros, perfazendo < 1% dos cânceres de tiroide. Apresenta-se com massas de crescimento rápido e sintomas locais são comuns. A concomitância de tireoidite de Hashimoto ocorre de 30-87%.

Resposta b.

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14
Q
UFG – 2019
14. Mulher de 42 anos procura assistência médica por causa de alteração de função tireoidiana. Refere
atividade física intensa e que, após um treino, apresentou dor lombar de grande intensidade com irradiação para parte posterior de membro inferior esquerdo, sendo prescritos fisioterapia e glicocorticoide injetável intramuscular de depósito há uma semana (três ampolas). Ciclos menstruais regulares, em uso de contraceptivos orais. PA de 120 × 80 mmHg, FC = 70 BPM, com ritmo cardíaco regular. Tireoide normopalpável. Traz os exames:
TSH = 0,3 mUI/L (VR 0,4-4,0)
T4 livre = 1,4 ng/dL (VR 0,8-1,9)
T3 = 1,4 ng/mL (VR 0,7-1,8)
TRAb = 0,1 UI/L (VR < 1,75)
ATPO = 30 UI/mL (VR < 35)
Antitireoglobulina = 15 UI/mL (VR < 20)

Qual é a provável causa da alteração no TSH desta paciente?

a) doença de Graves
b) uso de contraceptivo oral
c) hashitoxicose
d) uso de glicocorticoide

A
  1. QUESTÃO DIFÍCIL PARA R1! Paciente apresenta quadro de trauma muscular gerado pela atividade física
    intensa, que não está relacionado a nenhuma alteração tireoidiana. No entanto, em exames de rotina foram
    constatados níveis baixos de TSH. Dado importante na questão, relaciona-se ao uso de determinadas
    medicações. O uso de glicocorticoides em doses mais altas (uso IM 3 ampolas) podem diminuir a liberação
    de TSH dos tireotrofos hipofisários, levando a redução isolada de níveis de TSH. A recuperação do eixo ocorre
    após a redução dos níveis teciduais do glicocorticoide exógeno.

Resposta d.

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15
Q

UFPI – 2019
15. Uma mulher de 30 anos procura o serviço médico por nervosismo, sudorese excessiva, palpitações e
perda de peso. Afirma que faz uso de “suplemento” vendido na academia que frequenta. Trouxe consigo
os seguintes exames solicitados por clínico amigo da família. T4 livre = 5,0 mcg/dL (0,7-1,7); TSH < 0,01
mcUI/mL (0,5-4,5); captação de 24 horas de I-
¹³¹: 45% (15-35); cintilografia de tireoide: aumento difuso da glândula com captação homogênea do radiotraçador. Qual a etiologia mais provável do hipertireoidismo neste caso?

a) tireotoxicose factícia (ingestão acidental de hormônio tireoideano)
b) tireoidite subaguda
c) doença de Graves
d) struma ovarii
e) hipertireoidismo induzido pelo iodo

A
  1. Paciente apresenta quadro clínico e laboratorial compatíveis com tireotoxicose. Apesar da paciente
    referir uso de “suplemento”, que poderiam estar relacionados a ingesta de T3 ou T4. Ainda, a cintilografia
    demonstra aumento difuso da glândula com captação homogênea e elevada em relação ao normal, que
    denotam uma hiperfunção da glândula, ou hipertireoidismo. Dentre as alternativas que se relacionam a hiperfunção, a Doença de Graves é a mais prevalente.

Causas de Tireotoxicose:
1. Distúrbios associados com hiperfunção tireoidiana*
- Produção excessiva de TSH (muito rara)
Tumor hipofisário produtor de TSH (tireotrofinoma)
Resistência hipofisária ao T3 e T4
- Estimulação anormal da tireoide
Doença de Graves (forma mais comum: 70-90%)
Tireoidite de Hashimoto (raramente cursa com
hipertireoidismo)
Tumor trofoblástico
- Autonomia tireoidiana intrínseca
Adenoma hiperfuncionante (doença de Plummer: 5% dos casos)
Bócio multinodular tóxico

  1. Distúrbios não associados à hiperfunção tireoidiana**
    - Excessiva liberação de T3 e T4 (por destruição dos folículos)
    Tireoidite subaguda
    Tireoidite de Hashimoto
    Fonte extratireoidiana de hormônios tireoidianos
    Tireotoxicose factícia (ingestão de T3 ou T4)
    Tecido tireoidiano ectópico
    Struma ovarii (teratoma ovariano com tecido tireoidiano
    ectópico)
    Metástase funcionante de carcinoma folicular
    Tireotoxicose por hambúrguer
    - Secundário a drogas**
    Amiodarona
    Iodo (Jod-Basedow)

(*) Associados com elevada captação do I131 (RAIU);
**Associados com baixa RAIU

Resposta c.

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16
Q

UFT – 2019
16. Nódulos tireoidianos têm por definição aumento do volume tireoidiano, com crescimento excessivo e
transformação estrutural e/ou funcional de uma ou mais áreas do parênquima tireoidiano. A maioria é de
natureza benigna. No que diz respeito aos nódulos tireoidianos, assinale a alternativa INCORRETA:

a) são alguns achados ultrassonográficos que sugerem malignidade: hipoecogenicidade, contornos mal
definidos, presença de microcalcificações
b) punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é o melhor método para diferenciar lesão benigna da maligna
c) características suspeitas para malignidade à palpação: nódulo duro e aderido e presença de
linfonodomegalias cervicais
d) quando presente na história clínica, radioterapia prévia de cabeça ou pescoço é fator de risco para a
malignidade
e) na utilização da ultrassonografia tireoidiana, dificilmente esta auxilia na detecção de nódulos tireoidianos menores que 1 cm

A
  1. Todos os nódulos sólidos ou predominantemente sólidos a partir de 1 cm em presença de eutireoidismo
    devem ser puncionados. À palpação algumas características denotam malignidade: nódulos duros, aderidos
    a planos profundos, presença de linfoadenomegalias cervicais. O US é método extremamente necessário na
    complementação da propedêutica do nódulo tireoidiano. Dentre as características de malignidade no US
    podemos destacar: hipoecogenicidade, microcalcificações trazem risco de até 95%; margens irregulares ou
    microlobuladas até 92% de risco de malignidade. Nódulos císticos são considerados benignos, bem como a
    presença de halo hiperecogênico fala a favor de benignidade. Nódulos espongiformes, também são
    benignos. No entanto, US não pode substituir a PAAF, devendo ser apenas complementar e anteceder o
    procedimento. O sistema Bethesda para laudos citopatológicos de tiroide são extremamente úteis. Apesar da punção aspirativa por agulha fina (PAAF) ser o padrão ouro na diferenciação dos nódulos benignos e
    malignos, pode não os diferenciar em até 20% dos casos. Vide abaixo o sistema a classificação:
    Categoria 1 = amostra não diagnóstica – repetir PAAF;
    Categoria 2 = benigno – apenas seguimento do paciente com US anual. Repetir a PAAF se crescimento
    nodular acima de 20% em pelo menos 2 dimensões, aumento no volume total acima de 50%, bem como
    surgimento de característica malignas no US.
    Categoria 3 = atipia de caráter indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado – deve-se
    repetir a PAAF, e se mantiver o resultado, indicar cirurgia. Risco de malignidade 5-15%
    Categoria 4 = neoplasia folicular ou suspeito de neoplasia folicular - deve-se repetir a PAAF, e se mantiver o resultado, indicar cirurgia. Risco de malignidade de 15-30%. Se BRAF, RET /PTC ou PAX8/PPAR-gama, tem risco de malignifdade de 95%. Mas se esses marcadores estiverem negativos, não afasta malignidade.
    Categoria 5 = suspeito de malignidade - a conduta é cirúrgica, com risco de 60-75% de malignidade.

Resposta e.

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17
Q

UNIFESP – 2019
17. Homem, 28 anos de idade, chega ao pronto socorro com história de agitação psicomotora, perda de
peso (10 kg) e palpitações há um mês. Há 2 dias, houve piora dos sintomas e passou a ter alucinações
visuais. Exame físico: agitado, consciente e acianótico; pele quente e úmida; temperatura 38,9 °C; FC = 140
bpm, arrítmico; PA = 160 × 60 mmHg; tiroide aumentada cerca de 2 vezes seu tamanho normal e proptose
ocular bilateral. ECG revelou fibrilação atrial. Exames laboratoriais mostraram: TSH < 0,05 mUI/L (referência:
0,45- 4,5) e T4 livre >7,7 ng/dL (referência: 0,6-1,5). Qual a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta
mais apropriada?

a) crise adrenérgica por feocromocitoma associada à tireotoxicose por Doença de Graves. Conduta:
tratamento com drogas antitireoidianas e internação para alfa-bloqueio e planejamento cirúrgico da
neoplasia adrenal
b) crise de pânico precipitada por hipertireoidismo por Doença de Graves e fibrilação atrial. Conduta:
tratar com drogas antitireoidianas, anticoagulação e avaliação psiquiátrica
c) surto psicótico precipitado por hipertireoidismo por Doença de Graves. Conduta: estabilização do
quadro de agitação com antipsicóticos, anticoagulação e encaminhamento para tratamento ambulatorial
do hipertireoidismo com especialista
d) tireoidite aguda levando a tireotoxicose e sepse. Conduta: antibioticoterapia de amplo espectro e,
se identificado abscesso, drenagem cirúrgica
e. tempestade tiroidiana complicada com fibrilação atrial. Conduta: internação hospitalar em unidade
de cuidados intensivos; antitireoidianos, betabloqueadores, corticoide e, se disponível, iodeto de potássio
após 1-2 horas da primeira dose de antitireoidianos

A
  1. Quadro clínico de Doença de Graves (tireotoxicose + bócio + exoftalmia) acompanhado manifestações
    cardíacas + neurológicas + aumento de temperatura corporal, denotando exacerbação aguda dos sintomas
    adrenérgicos, o que denominamos de crise tireotóxica ou tempestade tireoidiana. Os pacientes apresentamse com uma grave síndrome hipermetabólica. Febre é quase que invariavelmente presente, 90% dos
    pacientes apresentam temperatura maior que 38,5 °C. A sudorese costuma ser profusa. Sintomas
    cardiovasculares com taquicardia sinusal e arritmias cardíacas, assim como congestão pulmonar, podem
    evoluir para edema agudo de pulmão e insuficiência cardíaca congestiva franca. Sintomas do trato
    gastrintestinal também podem ocorrer com náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia. Alguns pacientes
    apresentam icterícia, sendo esta, sinal de prognóstico ruim. Conforme o quadro clínico se deteriora, os
    pacientes começam a apresentar sintomas de alterações do sistema nervoso central, com manifestações variadas como agitação, labilidade emocional, confusão mental e quadros de delirium, caracterizando o que é denominado de encefalopatia tireotóxica. O diagnóstico é clínico, não dependendo de achados laboratoriais para sua realização; esse diagnóstico pode ser feito de forma subjetiva, mas recomendamos o uso dos critérios de Bursch e Wartofsky (vide apostila – emergências tireoidianas) para definir a síndrome. O primeiro passo para o tratamento é o bloqueio da produção e liberação de hormônios tireoidianos.
    Os medicamentos usados são: metimazol ou o propiltiouracil. No Brasil, não dispomos de preparação
    intravenosa, e, por isso, podemos prescrevê-las apenas por via oral ou retal. O propiltiouracil (PTU) é
    usado na dose de 200-250 mg de 4/4 horas (1.200-1.500 mg/dia). Alternativamente, o metimazol é
    prescrito na dose de 20 mg de 4/4 horas. O PTU e o metimazol apresentam como principais efeitos
    colaterais: agranulocitose (0,3% dos casos) e hepatite medicamentosa (necessita de monitorização). Apesar dessas medicações diminuírem a formação de hormônio tireoidiano, elas não impedirão a secreção de
    hormônio tireoidiano pré-formado, o que exige outras formas de tratamento. O uso de soluções iodadas é
    indicado e apresenta vários mecanismos de ação: inibir a captura de T4 pelo fígado, inibir a conversão de
    T4 em T3, bloquear a liberação de hormônio pela glândula, diminuir a porcentagem livre de T4 e T3, além
    de bloquear a ligação de T4 e T3 com receptores celulares. Há duas preparações: ácido iopanoico:
    medicamento de escolha, a dose usual é de 1 g a cada oito horas no primeiro dia de tratamento;
    posteriormente, a dose é de 500 mg a cada 12 horas; iodeto de potássio (2ª opção): dose de quatro a oito
    gotas de seis em seis horas, via oral. É importante lembrar que as soluções iodadas só devem ser prescritas após duas a três horas do início do PTU ou metimazol. O carbonato de lítio representa uma alternativa como agente para inibir a liberação hormonal, principalmente em pacientes com alergia ao iodo. O bloqueio dos efeitos periféricos do hormônio tireoidiano é o próximo passo terapêutico. Considerando-se que a meia-vida dos hormônios tireoidianos é de três a seis dias, fica claro que não ocorrerá melhora rápida dos sintomas, a não ser que
    sejam bloqueados os efeitos periféricos destes (o PTU e o ácido iopanoico bloqueando a conversão de T4 em T3 conseguem parcialmente neutralizar estes efeitos). Para esse fim, deve-se associar o propranolol (teoricamente, todos os betabloqueadores são capazes de melhorar os sintomas de uma crise tireotóxica, porém o propranolol é a primeira escolha devido à inibição da conversão periférica de T4 em T3). A dose inicial é de 20-40 mg a cada seis horas, com aumento progressivo, de acordo com pulso e pressão arterial. Dependendo da gravidade, pode-se prescrever o betabloqueador por via IV: propranolol na dose de 0,5-1 mg a cada 15 minutos, até se conseguir o controle da frequência cardíaca do paciente. Alguns autores preferem o uso de esmolol, devido a sua ação mais rápida, sendo usado em bomba de infusão intravenosa contínua em dose de 0,05-1 mg/kg/min. Em nosso
    meio encontramos disponível o metoprolol que pode ser usado em dose de 5 mg a cada 10-15 minutos, até
    conseguir o controle da frequência cardíaca. Os corticosteroides em doses altas também diminuem a
    conversão periférica de T4 em T3; deve-se considerar, ainda, que, ocasionalmente, esses pacientes
    apresentam insuficiência adrenal associada, principalmente aqueles com doença de Graves. Deve-se considerar, também, que a tempestade tireoidiana pode precipitar o quadro de insuficiência adrenal relativa em pacientes com reserva adrenal diminuída. A hidrocortisona em dose de 100 mg a cada oito horas é
    recomendada nestes casos; doses um pouco menores como 50 mg a cada seis horas são provavelmente de
    eficácia comparável. O suporte clínico é extremamente importante. Estes pacientes encontram-se em estado
    hipermetabólico, febris, diaforéticos, muitas vezes com vômitos e diarreia. A reposição volêmica deve ser
    agressiva e, caso a hipotensão não seja corrigida pela hidratação, deve-se prescrever vasopressores e
    corticosteroides. Deve-se ficar atento à glicemia capilar; eles podem apresentar hipoglicemia. Alguns autores
    recomendam a adição de dextrose a 10% na solução de hidratação para restaurar o glicogênio hepático
    depletado. Reposição vitamínica poderia corrigir deficiências coexistentes, mas não representa indicação
    consensual. Alguns pacientes apresentam hipercalcemia na apresentação, mas facilmente corrigível com a hidratação parenteral. A hipertermia deve ser tratada prontamente, de preferência com dipirona sódica ou paracetamol. O uso de salicilatos nestes pacientes deve ser evitado por causa de sua propriedade de deslocar os hormônios tireoidianos para forma livre, piorando assim a tireotoxicose. Medidas externas para diminuição de temperatura podem ser usadas e existe relato de caso com resposta importante ao dantrolene, porém, considerando seus efeitos colaterais, essa medicação só deve ser usada em casos de exceção. Em todos os pacientes, deve-se procurar algum fator desencadeante e tratá-lo imediatamente. Portanto, culturas de sangue e
    urina tipo 1, radiografia de tórax, hemograma e eletrocardiograma são exames de rotina nestes pacientes. Antibioticoterapia empírica normalmente não é necessária, reservando-se o uso de antibióticos para casos com evidência clínica ou laboratorial de infecção. A melhora do paciente com tempestade tireoidiana costuma ser rápida, ocorrendo nas primeiras 12-24 horas. A falha em controlar o quadro clínico neste período indica a necessidade de condutas agressivas como hemoperfusão e Plasmaferese.

Resposta e.

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18
Q

UNITAU – 2019
18. Qual a principal via de disseminação do carcinoma folicular da tireoide?

a) linfática
b) extensão direta
c) contiguidade
d) continuidade
e) hematogênica

A
  1. Dentre os carcinomas diferenciados de tireoide, o carcinoma papilífero apresenta tipicamente
    disseminação linfática, com metástases distribuídas inicial enquanto que o carcinoma folicular, sua disseminação é de caráter hematogênico.

Resposta e.

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19
Q

UNITAU – 2019
19. Paciente de 50 anos apresenta nódulo único de 2 com no lobo direito da tireoide e punção aspirativa de
carcinoma medular, sem linfoadenomegalia cervical. Qual o tratamento cirúrgico adequado?

a) tireoidectomia subtotal
b) tireoidectomia total
c) lobectomia direita e istimectomia
d) lobectomia direita, istimectomia e esvaziamento cervical dos níveis II e VII, à direita
e) tireoidectomia total e esvaziamento cervical dos níveis II a VII bilateral

A
  1. A tireoidectomia total associada a dissecção de compartimentos cervicais é terapia padrão para os
    pacientes com câncer medular de tiroide. Caso não haja evidência de lesões metastáticas cervicais ou à
    distância, os linfonodos do compartimento central VI e VII devem ser retirados profilaticamente.
    Adicionalmente em caso de tumores acima de 1cm, a retirada de linfonodos laterais de II a V também deve
    ser realizada. Em presença de linfonodos cervicais afetados, a retirada terapêutica do compartimento
    cervical central deve ser também feita.

Resposta e.

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20
Q

UNITAU – 2019
20. Paciente do sexo feminino, raça branca, 30 anos, foi encaminhada ao ambulatório da endocrinologia
para acompanhamento da doença de Graves. Encontrava-se na 18ª semana de gestação. Nega queixas e outros antecedentes patológicos. Medicações em uso: metimazol (tapazol) 30 mg/dia. Nega etilismo e tabagismo. Exame físico: frequência cardíaca de 92 bpm, pressão arterial 120 × 80 mmHg, tireoide difusamente aumentada, sem nodulações aparentes. Exames laboratoriais: TSH: 0,35 (VR 0,35- 4,5), T4l 1,6 (VR: 0,7-1,8), TRAB negativo, anti-TPO positivo (450). Qual a conduta CORRETA?

a) manter metimazol e reavaliar com quadro clínico e laboratorial
b) o propiltiouracil é considerado o medicamento de escolha durante toda a gestação e a amamentação
c) suspender metimazol e iniciar propiltiouracil, mantendo-o até o final da gestação
d) indicar tireoidectomia parcial para controle hormonal, pois paciente se encontra no segundo trimestre de
gestação
e) suspender metimazol, pois durante a gestação não se dever usar tioureia

A
  1. Na terapia da Doença de Graves gestacional, ambas tionamidas (propiltiouracil – PTU e metimazol – MMI) podem ser utilizadas. A dose deve ser a mínima possível, de modo que mantenham os níveis de T4 livre no limite superior da normalidade, pois ambos passam pela placenta. O PTU é a droga mais recomendada no primeiro trimestre da gestação, devido ao maior risco de anomalia congênita do couro cabeludo fetal (aplasia cutis) pelo uso do metimazol. No restante da gestação, o MMI é preferível, devido ao maior potencial hepatotóxico do PTU. A dose deve ser a menor possível para que mantenha níveis de T4L no limite superior da normalidade. A cirurgia deve ser indicada apenas se presença de efeitos colaterais importantes com uso de tionamidas (agranulocitose), ou fatores que impeçam continua-las, ou até mesmo baixa adesão a terapia. Geralmente é feito tireoidectomia subtotal no segundo trimestre preferencialmente.

Resposta a.

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21
Q

UNITAU – 2019
21. Com relação à questão anterior, assinale a alternativa CORRETA:

a) o tratamento com iodo radioativo pode ser instituído no segundo trimestre, caso o tratamento
medicamentoso não apresente bons resultados
b) durante toda a gestação, a paciente necessita de acompanhamento hormonal bem
como ultrassonográfico
c) a paciente não apresenta mais quadro clínico, portanto não necessita mais de acompanhamento
laboratorial
d) a doença de Graves pode evoluir com remissão para eutireoidismo, sem necessidade de tratamento
definitivo, mesmo durante a gestação
e) uma vez remitido para eutireoidismo, não há necessidade de acompanhamentos futuros

A
  1. Questão mal formulada, pois vejo duas alternativas correta: “B” e “D”. Embora exista tendência a
    amenização do hipertireoidismo no segundo trimestre, com até mesmo necessidade de redução da dose de
    tionamidas, e em média suspensão dessas após 32 semanas de gestação, se os níveis de TRAb não forem
    elevados, o seguimento hormonal deve ser realizado por toda a gestação. O US é praxe no seguimento
    gestacional, mesmo não tendo um papel específico na terapia do hipertireoidismo, não vejo a alternativa
    “B” como errada. Mesmo as mulheres que apresentam espontaneamente remissão durante a gestação,
    pode haver recidiva da doença de graves cerca de 2 meses até 1 ano do pós-parto, por isso devem ser
    acompanhadas. Importante salientar que TRAb passa pela barreira placentária e pode levar a hipertireoidismo fetal, por isso também é parâmetro a ser seguido.

Resposta d.

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22
Q

HPP – Medicina da Família – 2019
22. Um menino de 10 anos é trazido pelos pais devido ter apresentado uma dosagem de colesterol total de
220 mg/dL e triglicerídeos de 150 mg/dL. Ao exame apresentava tecido celular subcutâneo mais abundante
ao nível da cintura. A estatura era de 150 cm (95° percentil) e o peso 55 kg (9 kg acima do 95° percentil); a
genitália apresentava pubarca grau I (na escala de Tanner) e testículos T1 (pelo orquidômetro de Prader).
Seu pai media 177 cm (50° percentil) e sua mãe 159 cm (25° percentil). Assinale a resposta ERRADA:

a) a etiologia mais provável é de obesidade exógena
b) os valores de colesterol e triglicerídeos estão dentro do esperado devido ao aumento da circunferência
abdominal
c) devem ser solicitadas dosagens de TSH e T4 livre
d) a perda de peso deve ser a primeira proposta terapêutica
e) o paciente ainda não iniciou a puberdade

A
  1. O paciente encontra-se acima do P95 para o peso, sendo classificado como obesidade, bem como
    apresenta níveis elevados de colesterol e de triglicerídeos compatíveis com aumento da circunferência
    abdominal, apesar de não medida. Sua altura estava no p95, mostrando que seu crescimento é adequado,
    não havendo nenhuma interferência hormonal que atrapalhasse o seu desenvolvimento estatural, como
    hipercortisolismo ou hipotireoidismo. Esse último pode estar relacionado ao avanço precoce da puberdade,
    fato que não ocorreu, pois, a criança ainda é pré-púbere, pois ainda não há desenvolvimento pubertário
    algum (tanner está no estágio 1). Portanto a obesidade exógena parece ser a principal causa do ganho de
    peso da criança.

Resposta c.

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23
Q

UNIFESP – 2019
23. Paciente de 28 anos de idade em acompanhamento por hipotireoidismo por tireoidite de Hashimoto, vem em consulta para reavaliação clínica. Refere sonolência diurna e piora do hábito intestinal, com tendência a constipação. Faz uso diário de levotiroxina 125 mcg, omeprazol 20 mg e carbonato de cálcio 500 mg pela manhã. Exame físico: peso 55 kg, PA = 120 × 80 mmHg, FC = 62 bpm, tiroide com volume diminuído, sem outras alterações. Os exames laboratoriais mostram: TSH = 18,0 mUI/L (referência: 0,45-4,5) e T4 livre = 0,5 ng/dL (referência: 0,6-1,5). É correto afirmar que:

a) a paciente está em hipotireoidismo subclínico, o que não justifica os sintomas. Outras causas devem
ser investigadas.
b) é necessário verificar se a administração da levotiroxina está sendo feita da forma preconizada
c) os sintomas podem ser pelo hipotireoidismo, pois a paciente recebe dose insuficiente de levotiroxina para
o seu peso, devendo-se aumentar a dose
d) os sintomas podem ser pelo hipotireoidismo, devendo ser associada reposição de T3, pois é possível que
a paciente apresente defeito na desiodase responsável pela conversão de T4 em T3
e) suspeita-se de resistência ao hormônio tiroidiano e, se confirmada, deve ser feita a investigação
dos familiares também

A
  1. Paciente faz uso de doses altas de levotiroxina cerca de 2.3 mcg/kg de peso, mas mesmo assim apresenta
    níveis de TSH elevados. A dose média no adulto é de cerca de 1.8 mcg/dia de LT4. Como a absorção da droga
    é errática, sua administração deve ser feita em jejum, pelo menos 60 minutos antes do desjejum. Se doses
    altas de L-T4 (> 2 mcg/kg/dia) não normalizarem os níveis de TSH, como no caso acima, devem ser considerados má adesão, interferência por drogas ou síndromes de má absorção. Alguns alimentos (café expresso, proteína de soja, fibras dietéticas) e drogas (ferro, cálcio, agentes sequestradores de ácidos biliares, sucralfato, hidróxido de alumínio e os inibidores da bomba de prótons) podem diminuir a absorção intestinal da L-T4. Veja que a paciente está em uso de carbonato de cálcio, que diminui a absorção da LT4. Nesses casos, deve-se evitar a ingestão simultânea com L-T4. Após serem descartadas a má adesão e ingestão incorreta, recomenda-se considerar possíveis interações com alimentos e medicamentos, e também síndromes de má absorção que podem alterar a absorção de L-T4.

Resposta b.

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24
Q

AMRIGS – 2019
24. A maioria dos casos do Diabetes tipo 2 está associada a duas condições clínicas, quais sejam:

a) alcoolismo e dieta rica em carboidratos
b) sobrepeso e sedentarismo
c) erro alimentar e imunidade
d) idade avançada e intoxicações

A
  1. O DM2 é Responsável por 90-95% de todos os casos de diabete, surge habitualmente após os 40 anos
    de idade, e 80% dos pacientes afetados são obesos. Os principais mecanismos fisiopatológicos que levam
    à hiperglicemia no DM tipo 2 são:
    a) resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético.
    b) deficiente de insulina pelo pâncreas. Aproximadamente 80-90% dos pacientes com DM2 têm também a síndrome metabólica, caracterizada por um conjunto de fatores que implica em risco cardiovascular elevado (diabete, obesidade abdominal, hiperlipidemia e hipertensão arterial). Dentre os fatores de risco mais relevantes para o DM2, a obesidade abdominal é o mais importante. Outros incluem o sedentarismo, história familiar de DM2, idade > 40 anos, síndrome de ovários policísticos, diabete gestacional prévio ou macrossomia fetal, tabagismo; raça/etnia (negros, hispânicos, índios Pima, indivíduos oriundos de ilhas do Pacífico etc.), diagnóstico prévio de intolerância à glicose; hipertensão arterial; dislipidemia (colesterol DHL ≤ 35 mg/dL e/ou triglicerídeos ≥ 250 mg/dL).

Resposta b.

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25
Q

AMSL – Medicina da Família – 2019
25. Todas as assertivas abaixo são fatores isolados de maior risco para Diabetes, EXCETO:

a) idade < 30 anos
b) sobrepeso (Índice de Massa Corporal IMC > 25)
c) antecedente familiar (mãe ou pai) de diabetes
d) história de macrossomia ou diabetes gestacional
e) todas as anteriores

A
  1. Quando não especificam o tipo de diabetes, o DM 2 é o mais indicado. A questão está incompleta, mas
    casa seja exceto, a idade abaixo de 30 anos não é fator de risco, embora a prevalência de DM 2 em crianças
    e jovens esteja aumentando progressivamente. Fatores de risco relacionados ao DM2: Obesidade (principalmente o tipo androide, predominância abdominal); História familiar de diabete (pais ou irmãos
    com diabete); Raça/etnia (negros, hispânicos, índios Pima, indivíduos oriundos de ilhas do Pacífico etc.);
    Idade (a partir dos 45 anos); Diagnóstico prévio de intolerância à glicose, hipertensão arterial, dislipidemia
    (colesterol DHL ≤ 35 mg/dL e/ou triglicerídeos ≥ 250 mg/dL); História de diabetes mellitus gestacional ou
    macrossomia fetal, tabagismo.

Resposta a.

26
Q

CERMAM – 2019
26. Jovem de 22 anos, portador de diabetes mellitus tipo 1 desde os 11 anos de idade, sem complicações
crônicas, em terapia insulínica basal/bolus desde o início do quadro. Atualmente, com insulina Degludeca
como insulina basal, e Lispro como insulina para o bolus corretivo e alimentar antes das três principais
refeições. Hoje, a glicemia capilar de jejum foi de 132 mg/dL, antes do almoço 142 mg/dl e antes do jantar
151 mg/dL, não precisando de bolus corretivo em nenhuma das refeições, somente bolus alimentar, ao
qual fazia por contagem de carboidratos (CH). Ajude o paciente efetuando o cálculo de quanto ela irá aplicar
de insulina Lispro ao ingerir 60 g de CH no café, 75 g no almoço e 45 g no jantar, utilizando a razão
insulina/carboidrato de 1:15 no café e almoço, e 1:20 no jantar:

a) 06 U; 08U e 10U
b) 04 U; 05U e 02U
c) 18 U, 19 U e 14U
d) 08 U, 10U e 06U

A
  1. Na questão apesar de ser mais voltada ao especialista é fácil se entender o questionamento, fazendo a divisão da quantidade de carboidratos ingerido pela razão apresentada, ou seja, cada 1grama de insulina
    reduz certa quantidade de carboidratos: 15g no café e almoço e 20 gramas no jantar.
    Veja só: relação insulina/ carboidrato 1/15 café, se ingerir 60 g: 60/15 = 4 UI. Se 1/15 almoço, se 75 g/15 =
    5U. Como a proporção é de 1/20 no jantar, ingerindo 45 g/2: 2.2. Alternativa mais próxima é a “B”.

Resposta b.

27
Q

FAMERP – 2 019
27. Paciente de 15 anos, gênero feminino, admitida no departamento de emergência por quadro de
confusão mental, dor abdominal intensa de localização difusa associado à dispneia. Segundo a família, a
paciente já apresentava há 2 meses queixas de poliúria, polidipsia e perda de 8 kg no período. Ao exame físico percebia-se desidratada +++/4+, FC = 120 bpm, FR = 30 ipm, PA = 110 × 70, abdome doloroso
difusamente sem visceromegalias ou descompressão brusca dolorosa. Exames laboratoriais: hemograma (Ht
= 44%, leucócitos totais = 18.000 com 76% de segmentados, plaquetas = 220 mil), glicemia = 380 mg/dL, Na+ = 144mmol/L, K+ = 3,8 mmol/L, creatinina = 1,4 mg/dL, bilirrubina total = 1,0 mg/dL e gasometria arterial pH = 7,15, pO2 = 80 mmHg, pCO2 = 17 mmHg, HCO3 = 6 mEq/L, SatO2 = 94%. Com relação à conduta deste caso assinale a alternativa correta:

a) após expansão salina inicial na primeira hora a hidratação deste paciente deve ser realizada com solução salina a 0,45%
b) não será possível a introdução da insulinoterapia sem antes repor potássio
c) a insulinoterapia deve ser prontamente prescrita, em bomba de infusão contínua, sem necessidade de
reposição de potássio
d) o provável fator de descompensação é de natureza infecciosa, estando indicada a introdução de
antibioticoterapia na primeira hora

A
  1. Paciente apresenta tipicamente um quadro de primodiagnóstico de diabetes, com episódio de
    cetoacidose diabética. A cetoacidose diabética (CAD) é um distúrbio metabólico caracterizado por três
    anormalidades: hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com Ânion-gap elevado. Do ponto de vista
    hormonal, decorre de uma deficiência absoluta ou relativa de insulina, associada a um aumento absoluto ou relativo de glucagon. Em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 a cetoacidose é o sintoma de apresentação em 20-30% das crianças e adolescentes e cerca de 17% dos adultos. A dor abdominal é um achado comum e pode simular abdome agudo cirúrgico. Pode ser decorrente da própria CAD ou secundária a distensão e estase gástrica ou, ainda, ao processo patológico que precipitou a crise. Leucocitose secundária ao episódio de estresse pode ocorrer da mesma forma que aumento do hematócrito, da ureia e da creatinina. Tratamento inicial da cetoacidose diabética, recomenda-se reposição inicial com soluto
    fisiológico (SF) a 0,9% por impedir uma queda rápida da osmolaridade (prevenindo o edema cerebral) e por
    permitir restauração do volume plasmático. O Ringer Lactato tem a vantagem, devido à menor concentração
    de cloro, porém deve ser usado com cautela, no início, por conter potássio. O déficit de líquidos na CAD varia
    de 4-6 litros. A reposição volêmica tem como objetivos: repor o déficit de água, manter a pressão arterial,
    reduzir os níveis da glicemia e melhorar as perfusões tissular e renal, auxiliando na reversão da acidose. É a
    medida isolada de maior impacto no tratamento da CAD. A perda estimada de líquido é de 100 mL/kg. Logo
    após a chegada ao PS, deve-se pegar um bom acesso venoso e infundir 1.000 mL de SF 0,9% na primeira
    hora. Após esta fase, o paciente é avaliado. Se persistir hipotenso, deve-se prescrever mais 1.000 mL de SF
    e reavaliá-lo após uma hora e assim sucessivamente. A média de fluidos administrados nas primeiras 8 horas
    de tratamento da CAD é de cerca de 5 litros. Reposições volêmicas muito vigorosas ou rápidas são perigosas, podendo acarretar edema cerebral ou síndrome de angústia respiratória. Apenas após a e estabilização hemodinâmica, deve-se avaliar o sódio sérico corrigido para a hiperglicemia: Na+ corrigido ≥ 135 mEq/L: troca-se para SF 0,45% em infusão de 250-500 mL/h, até glicemia em torno de 250 mg/dL. Na+
    corrigido ≤ 135 mEq/L: mantém SF 0,9% em infusão de 250-500 mL/h, até glicemia em torno de 250 mg/dL. Na corrigido = na medido + [1.6 × (glicose – 100) / 100]. Na corrigido da paciente =149 mmol/L, por isso deve-se trocar para SF 0.45%.
    A insulina só deve ser iniciada após níveis de potássio estiverem acima de 3,3 mEq/L. Revise agora o algoritimo de reposição de potássio na CAD.
  • Habitualmente, o potássio sérico inicial é normal ou aumentado (raramente ele estará baixo). Entretanto,
    o déficit corporal de potássio é grande, em torno de 3-5 mEq/kg.
  • Com hidratação, reposição de insulina, correção da acidose e hipovolemia, haverá diminuição drástica do K+ sérico. Por isso, deve-se dosá-lo com frequência (2/2-4/4 horas).
  • Três situações podem ocorrer:
    a) potássio sérico maior que 5 mEq/L: não se deve repor o eletrólito e continuar a dosagem de potássio
    de 2/2 horas. Logo ele ficará abaixo de 5 mEq/L e necessitará ser reposto (tópico b);
    b) potássio sérico entre 3,3 e 5 mEq/L: repor o potássio de rotina. Deve-se colocar de 20-30 mEq de K+
    para cada litro de qualquer soro infundido. O ideal é manter o potássio entre 4 e 5 mEq/L, mantendo a
    monitorização de 2/2 horas;
    c) potássio menor que 3,3 mEq/L: risco importante de arritmias. Nesse caso, deve-se: não prescrever a
    dose inicial de insulina (bolus); repor 20-30 mEq de K+ em 1 L de SF, durante 1 hora, e dosá-lo logo após;
    só iniciar insulina quando o potássio estiver maior que 3,3; uma vez maior que 3,3 mEq/L, voltar ao item
    b (20-30 mEq de potássio para cada litro de solução).

Resposta a.

28
Q

FMJ – 2019
28. Mulher de 62 anos, sem antecedentes mórbidos, apresenta acentuada perda de peso nos últimos meses,
sem apresentar hiporexia. Procurou atendimento médico, sendo lhe receitado polivitamínicos, sem
melhora. Nos últimos 15 dias, apresenta fraqueza, mal-estar, tonturas com sensação de desmaio,
procurando atendimento médico, onde chegou em MEG, desidratada +++/4, afebril, sem edemas, sonolenta
e pouco contactuante, sem sinais de localização neurológica, com hálito cetônico, P: FC: 120 bpm, PA: 100 × 50, perfusão periférica de 4 segundos, FR: 24 irpm (movimentos amplos), pulmões livres, BRNF S/S, abdome normal. Em relação ao quadro descrito, assinale a alternativa correta, em relação ao possível diagnóstico:

a) neoplasia grave em fase terminal
b) desidratação grave por diminuição da ingesta e dispepsia
c) diabetes mellitus descompensado, tipo hiperosmolar
d) diabetes insípidus
e) cetoacidose diabética, com “primo-descompensação”

A
  1. Paciente apresenta quadro típico de descompensação aguda de DM, provavelmente primodiagnóstico, mas com déficit total de insulina. A perda de peso acompanhada de ausência de redução do apetite, a grave desidratação decorrente de perdas de água pela urina, ausência de fatores neurológicos, e a presença de hálito cetônico, são fatores contundentes na realização do diagnóstico de cetoacidose diabética (CAD). Essa descompensação aguda decorre de um déficit absoluto de insulina com geração de corpos cetônicos e acidose metabólica. Apesar de não sabermos mais dados da paciente, a CAD ocorre prioritariamente no
    DM1, mas pode ocorrer também no DM2 quando o déficit de insulina é total. Adicionalmente, embora no
    DM1 a cetoacidose ser sintoma de apresentação em 20-30% das crianças e adolescentes e cerca de 17% dos
    adultos podem apresentá-lo. Resposta e.
29
Q

FMJ – 2019
29. Em relação à terapêutica de um paciente diabético tipo 2, com IMC: 32 e falência pancreática secundária
assinale a alternativa CORRETA:

a) insulina NPH e sulfas
b) insulina “bed time” e metformina
c) glitazonas, metformina e acarbose
d) sulfas e metformina
e) insulina NPH e metforminas

A
  1. A falência secundária decorre da resposta terepêutica ao uso de sulfoniureias. A frequência dessa
    falência é de cerca de 4% ao ano, de modo que após 10 anos, cerca de 40% dos pacientes precisarão de
    insulina para um controle adequado. O início da insulinização deve ser realizado principalmente ao deitar com insulinas basais: detemir, NPH, glarnina ou degludeca (essa última pode ser pela manhã ou noite). A alternativa “B” não está correta porque não especificou o tipo da insulina, embora tenha escrito bed
    time. Como paciente apresenta obesidade, cujo mecanismo relacionado é a resistência periférica a
    insulina, a manutenção da metformina pode ser adequada. No entanto, apesar da resposta inadequada
    a sulfoniureias e outras medicações na terapia do DM, no momento da transição da terapia para
    insulinização, não há necessidade de suspensão das drogas orais já utilizadas previamente pelo paciente.

Resposta e.

30
Q

PSU-CE – 2019
30. Homem, 62 anos, obeso e hipertenso, procurou assistência médica na UPA com queixa de cansaço,
perda de peso, poliúria e polidipsia. Ao exame, IMC 31 kg/m2, desidratado +/4+, sem outros achados
clínicos relevantes. Exames laboratoriais: glicemia: 258 mg/dL, creatinina 1,7 mg/dL, taxa de filtração glomerular estimada (CKD-EPI): 42,3 ml/min/1,73 m2 e A1C: 9,8% Sumário de urina: glicose+++/cetonas negativo. LEGENDA: IMC: índice de massa corpórea; CKD-EPI: Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration; AIC: hemoglobina glicada. Qual o esquema terapêutico mais
apropriado para este paciente?

a) gliclazida e insulina
b) metformina e insulina
c) gliclazida e sitaglipitina
d) sitaglipitina e metformina

A
  1. Paciente apresenta sintomas compatíveis com descompensação de DM, provável primodiagnóstico
    (pólis, perda de peso, hiperglicemia, creatinina elevada, com clearence de 42. A perda de peso é fato
    importante na condução terapêutica, pois mostra que existe um catabolismo exacerbado, que está
    relacionado a uma deficiência de insulina naquele momento. Provavelmente essa deficiência está
    relacionada a glicotoxicidade das células beta pancreáticas, que impedem sua liberação correta. Não
    podemos descartar que os níveis de creatinina estejam mais altos pela desidratação. Dessa forma, além da
    hidratação do paciente, iniciar a insulinização nesse momento faz-se imperativa. Adicionalmente, o paciente
    é obeso e tem presença de resistência à insulina, o que nos permite indicar o uso da metformina. Apesar de
    creatinina acima de 1.5 mg/dL, estudos recentes têm sugerido que a metformina é segura no caso de Taxa
    de Filtração Glomerular acima de 30 mL/min, permintindo o uso dessa medicação.

Resposta e.

31
Q

PUC-PR – 2019
31. “A prevalência de DM em internados varia de 15% a 35% e aumenta com a idade, a gravidade e a
presença de comorbidades. O DM afeta 25% dos internados por cardiopatias, 30% dos portadores de
infecção e até 50% dos idosos com demência e em nutrição enteral. O número de internações de diabéticos
cresceu de 60-140% nos últimos dez anos em diversos países, inclusive no Brasil. ” Posicionamento Oficial
da Sociedade Brasileira de Diabetes sobre o Controle da Glicemia no Paciente Hospitalizado – 2015. Considerando esse cenário, ao admitir na Unidade de Internamento de Clínica Médica um paciente
com diabetes e com pneumonia da comunidade em uso domiciliar de Metformina e Glimepirida, com bom
controle prévio, você deveria:

a) manter as medicações orais de uso domiciliar, uma vez que o paciente possuía bom controle prévio
b) iniciar insulina regular correcional, conforme glicemia capilar, como opção única, visto paciente
hospitalizado
c) iniciar insulina basal e correcional, podendo manter a Biguanida de uso domiciliar (Metformina)
d) solicitar glicemia capilar pré-prandial e hemoglobina glicosilada, que serão utilizadas para guiar a
terapêutica
e) iniciar insulina correcional, dando preferência à NPH ou a Glargina, nesse caso

A
  1. Em todos os pacientes hospitalizados, recomenda-se a realização de pelo menos um teste de glicemia
    admissional. Naqueles com diagnóstico prévio de DM ou com hiperglicemia detectada na admissão, indicase a realização imediata do exame de hemoglobina glicada (HbA1c), desde que ele não tenha sido feito nos
    últimos 3 meses. A mensuração de HbA1c acima de 6,5% possibilita a identificação de pacientes com DM,
    desconhecedores de seu diagnóstico, distinguindo-os daqueles com hiperglicemia do estresse, o que
    permite planejar a estratégia de seguimento tanto durante a internação como após a alta hospitalar. A
    hiperglicemia hospitalar é definida por valores de glicemia maiores que 140 mg/dL. A persistência de
    glicemia acima desses patamares deve ser enfatizada na ficha de admissão, requerendo acompanhamento
    por equipes especializadas em controle glicêmico hospitalar. Muitas vezes, a glicemia retorna a patamares
    adequados após medidas gerais, como hidratação endovenosa, uso de agentes antitérmicos, oxigenoterapia e analgesia, por exemplo. Atualmente, recomenda-se como meta terapêutica um patamar de glicemia entre 140 e 180 mg/dL para a maioria dos pacientes críticos e não críticos. Esses patamares foram definidos em consenso pela Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association, ADA) e pela Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (American Association of Clinical Endocrinologists, AACE). A recomendação resulta de estudos de metanálise que observaram aumento inaceitável das taxas de hipoglicemia e de mortalidade em pacientes com critérios de alvo glicêmico mais rígidos, almejando a normoglicemia. Eventualmente, em pacientes não críticos, de baixo risco para hipoglicemia, e sem maiores
    comorbidades, pode ser aceita glicemia entre 100 e 140 mg/dL. Por sua vez, níveis mais elevados podem ser
    considerados nos pacientes terminais ou naqueles muito idosos. No ambiente hospitalar, a insulina é o
    padrão-ouro no tratamento da hiperglicemia. Apenas em raras situações, pode-se considerar a manutenção
    do tratamento ambulatorial com drogas orais, principalmente nos pacientes não críticos e que serão
    submetidos a procedimentos pouco invasivos, de baixo risco, e sem modificação de seu estado nutricional.

Resposta d.

32
Q

Santa Casa-BH – 2019
32. O diabetes mellitus (DM) é uma doença de prevalência mundial. A respeito dessa patologia, NÃO se pode afirmar que:

a) as sulfonilureias são hipoglicemiantes orais utilizados no tratamento do DM tipo 2, sendo mais eficazes
nos pacientes com peso corporal normal e com deficiência relativa na secreção de insulina
b) os pacientes diabéticos, portadores de anemia por deficiência de ferro, de vitamina B12 ou de folato,
podem apresentar nível sérico de hemoglobina glicada com resultado falsamente elevado
c) as biguanidas atuam reduzindo a resistência periférica à insulina e podem ser utilizadas com segurança
nos pacientes com elevação de escórias renais
d) os inibidores da dipeptidil peptidase 4 raramente causam hipoglicemia e não alteram o peso corporal dos
pacientes

A
  1. Sulfonioureias atuam aumentando a secreção de insuina da célula beta (não na produção), fechando os
    canais de potássio nas membranas das células beta, favorecendo assim a liberação de insulina. Bem indicado no indivíduo com redução na secreção de insulina. Biguanidas reduzem a produção hepática de glicose, inibindo a gliconeogênese e melhora a sensibilidade periférica a insulina, bem como reduz o turnover de glicose no leito esplâncnico. Deve ser evitada se creatinica ≥ 1.4 em mulheres e acima de 1.5 mg/dL em homens, apesar, de seu uso poder ser feito em indivíduos com clearennce até 30 mL/minuto, mas com dose reduzida a partir de 45 mL/minuto.
    Inibidores da dipepdil peptidase 4: inibem a atividade da DPP4, enzima que degrada o GLP1 e GIP,
    aumentando assim os níveis dessas incretinas no período pós-prandial, permitindo o aumento da secreção de insulina glicose dependente e reduzindo glucagon. Praticamente não provocam hipoglicemia, e não tem efeito sobre o peso. Na interpretação da HbA1C, devemos considerar fatores que interferem na meia vida das hemácias, que poderiam interferir em seus níveis – encurtam a meia-vida: anemia hemolítica, estados hemorrágicos, podem reduzir a HbA1C, enquanto que fatores que aumentam a meia-vida, como, anemia por deficiência de ferro, vitamina B12 ou folato, cursam com HbA1C inapropriadamentes elevadas. Adicionalmente, altas doses de vitamina C e E levam a resultados falsamente baixos, pois reduzem a glicação da hemoglobina, enquanto que a uremia, hipertrigliceridemia alcoolismo crônico, uso de AAS e opioides, interferem na metodologia e levam a valores falsamente elevados.

Resposta c.

33
Q

Santa Casa-BH – 2019
33. Paciente de 12 anos, diabético tipo 1, procura o Pronto Atendimento com quadro de vômitos e dor
abdominal. O quadro iniciou há 2 dias acompanhado de febre baixa e hiporexia. Ao exame, o paciente
encontra-se sonolento, sudoreico, hipocorado, com enoftalmia, taquipneico, mas oximetria de 98% em ar
ambiente, pulso rápido, taquicárdico, PA: 120 × 80 mmHg. Assinale a alternativa que apresenta a
hipótese diagnóstica e a conduta MAIS adequadas para o caso descrito:
a) o paciente está com um quadro de gastroenterite viral e deverá iniciar o uso de terapia de hidratação oral
e antibióticos
b) o paciente está desidratado por descompensação da diabete mellitus pela enterovirose e deverá
ser tratado com insulina regular
c) o paciente está com descompensação da doença de base e precisa de hidratação venosa e insulina NPH
intramuscular
d) o paciente está com sinais clínicos de cetoacidose diabética e deverá receber hidratação venosa vigorosa
e insulina regular venosa ou intramuscular

A
33. A cetoacidose diabética (CAD) é um distúrbio metabólico caracterizado por três anormalidades:
hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com ânion gap elevado. Do ponto de vista hormonal, decorre
de uma deficiência absoluta ou relativa de insulina, associada a um aumento absoluto ou relativo de
glucagon. Em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 a cetoacidose é o sintoma de apresentação em 20-
30% das crianças e adolescentes e cerca de 17% dos adultos. A dor abdominal é um achado comum e pode
simular abdome agudo cirúrgico. Pode ser decorrente da própria CAD ou secundária a distensão e estase
gástrica ou, ainda, ao processo patológico que precipitou a crise. No tratamento inicial da cetoacidose
diabética, recomenda-se reposição inicial com soluto fisiológico (SF) a 0,9% por impedir uma queda rápida
da osmolaridade (prevenindo o edema cerebral) e por permitir restauração do volume plasmático. O Ringer Lactato tem a vantagem, devido à menor concentração de cloro, porém deve ser usado com cautela, no
início, por conter potássio. O déficit de líquidos na CAD varia de 4-6 litros. A reposição volêmica tem como
objetivos: repor o déficit de água, manter a pressão arterial, reduzir os níveis da glicemia e melhorar as
perfusões tissular e renal, auxiliando na reversão da acidose. É a medida isolada de maior impacto no
tratamento da CAD. A perda estimada de líquido é de 100 mL/kg. Logo após a chegada ao PS, deve-se pegar
um bom acesso venoso e infundir 1.000 mL de SF 0,9% na primeira hora. Após esta fase, o paciente é
avaliado. Se persistir hipotenso, deve-se prescrever mais 1.000 mL de SF e reavaliá-lo após uma hora e assim sucessivamente. A média de fluidos administrados nas primeiras 8 horas de tratamento da CAD é de cerca de 5 litros. Reposições volêmicas muito vigorosas ou rápidas são perigosas, podendo acarretar edema cerebral ou síndrome de angústia respiratória. O início da insulina deve ser precoce, mas apenas se níveis de potássio estiverem acima de 3,3 mEq/L. Caso esteja abaixo desse nível, a hidratação e reposição de potássio são essenciais. A solução de insulina para infusão contínua pode ser preparada adicionando-se 50 unidades de insulina regular a 500 mL de SF a 0,9%; com isto, obtém-se uma solução em que se tenha, a cada 10 mL do soluto, uma unidade de insulina. Como esquema alternativo de insulinoterapia (se não houver choque ou desidratação intensa), podemos administrar a IR (insulina regular) por via intramuscular (0,1 unid/kg/h), precedida pela dose de ataque (0,15 unid/kg, de bolus, EV). Se houver dificuldade de acesso venoso, podem ser administradas 10-20 unidades IM, como dose de ataque. O objetivo da insulinoterapia é que a queda da
glicemia se dê em uma velocidade de 10% na primeira hora de tratamento e, posteriormente, a 50-70
mg/dL/hora. Recentemente, a insulina lispro tem sido usada para tratar a cetoacidose diabética. O estudo de
Latif usou a lispro com a dose inicial subcutânea de 0,3 U/kg e, posteriormente, 0,1 U/kg/hora até atingir
glicemia de 250 mg/dL. Nesse momento, a dose foi reduzida para 0,05-0,10 U/kg/hora, até a resolução do
quadro de cetoacidose. 

Resposta d.

34
Q

Santa Casa-SP – 2019
34. Acerca dos medicamentos usados no tratamento do diabetes tipo 2, assinale a alternativa CORRETA:

a) sulfonilureias ocasionam perda de peso
b) tiazolidinedionas associadas à metformina causam hipoglicemia grave
c) diferentemente da pioglitazona, a rosiglitazona não aumenta o risco de infarto do miocárdio
d) a acarbose pode causar hipoglicemia grave
e) a metformina tende a melhorar a hipertrigliceridemia e a hiperglicemia de jejum e pós‐prandial em
diabéticos tipo 2 obesos, sem promover ganho de peso

A
  1. Sulfonioureias atuam aumentando a secreção de insulina da célula beta (não na produção), fechando os
    canais de potássio nas membranas das células beta, favorecendo assim a liberação de insulina. Bem indicado no indivíduo com redução na secreção de insulina. Biguanidas reduzem a produção hepática de glicose, inibindo a gliconeogênese e melhora a sensibilidade periférica a insulina, bem como reduz o turnover de glicose no leito esplâncnico. Deve ser evitada se creatinica ≥ 1.4 em mulheres e acima de 1.5 mg/dL em homens, apesar, de seu uso poder ser feito em indivíduos com clearence até 30 mL/minuto, mas com dose reduzida a partir de 45 mL/minuto.
    Tiazolidinedionas atuam ligando-se aos receptores de PPAR-gama, expressos principalmente no tecido
    adiposo, no qual regulam genes envolvidos na diferenciação dos adipócitos, armazenamento dos ácidos graxos e captação de glicose. Atuam aumentando a síntese dos transportadores de glicose GLUT 4, melhorando a utilização de glicose no músculo esquelético e adipócito, atuando assim na resistência
    periférica a insulina. Não causam hipoglicemia, mas seu principal efeito colateral, por aumentar a diferenciação do adipócito é o ganho de peso, especialmente de gordura subcutânea. A acarbose, (inibidor da alfaglicosidase, inibe por competição a ação das alfaglicosidases, enzimas localizadas na superfície em
    escova dos enterócitos do intestino delgado, responsável pela hidrólise dos oligossacarídeos, dissacarídeos e trissacarídeos. Dessa forma promovem o retardo na absorção dos carboidratos complexos do intestino delgado, reduzindo a glicemia pós-prandial. Geralmente raramente está relacionado a hipoglicemia.

Resposta e.

35
Q

SES-PE – 2019
35. Um paciente diabético de 48 anos foi internado em coma hiperosmolar. Que alterações dos eletrólitos
séricos são esperadas após início da infusão endovenosa de insulina?

a) elevação dos níveis de potássio e magnésio
b) redução dos níveis séricos de sódio e potássio
c) redução dos níveis de sódio e cálcio
d) elevação dos níveis de sódio e potássio
e) elevação do nível de sódio e redução do nível de potássio

A
  1. Importante salientar que nos episódios de cetoacidose e estado hiperosmolar, existe déficit de potássio corporal. Mas mesmo assim a calemia deve ser observada dependendo da gravidade, do tempo de instalação e diferenças individuais. Níveis altos séricos de potássio estão relacionados a: insulinopenia, a
    hipertonicidade e a acidose favorecem a saída de potássio do intracelular. A terapia com insulina e
    hidratação leva a queda dos níveis desse íon tanto pela entrada de potássio das células, quanto pela
    hemodiluição causada pela hidratação. Os níveis de sódio geralmente são normais ou baixos nos pacientes
    com CAD ou EHH. Níveis altos estão relacionados à maior grau de desidratação. Glicemia muito elevada pode falsear o resultado da natremia para baixo. Por isso é utilizada fórmula para estimativa de sódio sérico: Na+ corrigido = Na+ medido + [1.6 × (glicose - 100) / 100]. Com a hidratação e administração de líquidos NaCL e KCL, ocorre aumento dos níveis de Na+ e recuperação de seus níveis. O fosfato intracelular está depletado nos pacientes com EHH devido diurese osmótica. A queda da fosfatemia é exacerbada pela administração de insulina. Geralmente também existe perda de cálcio e magnésio nos EHH.

Resposta e.

36
Q

SES-PE – 2019
36. CBS, sexo masculino, 11 anos de idade, internado por apresentar primo descompensação de diabetes
mellitus tipo 1, com quadro de cetoacidose diabética. No momento, em uso de venóclise de manutenção
com SF0,9% e KCl, além de Insulina Regular 0,1 U/kg/hora, em bomba de infusão contínua endovenosa. Ao ser reavaliado novamente pela plantonista da emergência, está sem vômitos, hidratado, consciente e
orientado, com dor abdominal difusa leve, apresenta glicemia capilar = 250 mg/dL e gasometria venosa com
pH = 7,15, Bic. = 8, K+= 4,0. Qual seria a conduta ideal da plantonista nesse momento?

a) suspender o soro e a insulina e não dar bicarbonato
b) manter soro fisiológico, reduzir infusão de insulina para 0,05 U/kg/hora, dar bicarbonato e reavaliar
gasometria após 2 horas
c) manter soro fisiológico, manter dose de insulina de 0,1 U/kg/hora até glicemia próxima de 100 mg/dL, dar
bicarbonato em bolus e reavaliar glicemia capilar após 1 hora
d) introduzir glicose ao soro, manter dose de insulina de 0,1 U/kg/hora, não dar bicarbonato e reavaliar
glicemia capilar após 1 hora e gasometria após 2 horas
e) introduzir glicose ao soro, reduzir dose de insulina para 0,05 U/kg/hora, não dar bicarbonato e reavaliar
glicemia capilar após 1 hora e gasometria após 2 horas

A
  1. A forma ideal é pela bomba de infusão contínua intravenosa. Dose inicial de insulina regular em bólus:
    0,15 U/kg IV. Em adultos, essa dose, normalmente, é de 5-10 unidades IV. Manutenção da insulina regular:
    0,1 U/kg /h. Prepara-se a solução, colocando-se 50 unidades de insulina regular (1 mL = 100 U) em 250 mL de
    soro fisiológico (1 mL = 0,2 unidades). Monitorização: glicemia capilar (dextro) de 1/1 hora. O objetivo é reduzir
    a glicemia de 50-70 mg/dL por hora. Queda da glicemia maior que 70 mg/dL por hora: deve-se reduzir a
    velocidade da bomba de infusão de insulina à metade. Queda da glicemia menor que 50 mg/dL por hora: devese dobrar a velocidade da bomba de infusão de insulina. Quando a glicemia chegar próximo a 250 mg/dL, recomendamos: na CAD: não desligar a bomba de insulina, deve-se prescrever soro glicosado a 5% ou 10%, 100 mL/h e ajustar a infusão conforme as glicemias (manter em torno de 200 mg/dL a 250 mg/dL); A
    utilidade da administração do NaHCO3 - é extremamente controversa, não existindo benefícios do seu uso no tratamento da CAD. O objetivo é apenas elevar discretamente o pH. Baseado na gasometria, o
    bicarbonato poderia ser indicado se o pH estivesse 7,0 A administração de bicarbonato deve ser feita
    lentamente em infusão endovenosa, evitando-se injeções em bólus: uma a duas ampolas de solução de
    NaHCO3 - a 8,4% são adicionadas a SF 0,45% e infundidas em cerca de uma hora. O pH sanguíneo é
    checado a cada trinta minutos, mantendo-se a infusão de NaHCO3 - até que atinja 7,1.

Periodicidade de Exames para Monitorização do Tratamento do CAD e SHH, após as Dosagens Iniciais:

  • Glicose capilar: 1/1 h e a cada 2-4h após estabilização e mudança do esquema insulínico
  • Eletrólitos: [Na+] e [K+] 2-4h e após administração de solução de potássio
  • Cetonúria 1-2h*
  • Gasometria arterial pH e [HCO–3] 4/4h e após administração de solução de bicarbonato de sódio, até correção da acidose: pH > 7,3 e [HCO3-] > 15
  • Fosfato Repetir após a reposição endovenosa quando esta for necessária

Resposta d.

37
Q

UERJ – 2019
37. Mulher de 60 anos, IMC = 32, com emagrecimento recente de 6 kg, poliúria e polifagia associadas
a episódios repetidos de vaginite por cândida. Foram solicitados exames complementares que
revelaram: glicemia = 298 mg/dL, creatinina = 1 mg/dL, hemoglobina = 11 g/dL, leucócitos = 12.000/mm3 e
plaquetas = 260.000/mm3. A hemoglobina glicada era de 10%; o exame de urina mostrava 30-40 piócitos por
campo. Nesse caso, no esquema terapêutico inicial, a melhor opção é indicar o uso de:

a) pioglitazona
b) glimeperida
c) metformina
d) insulina

A
  1. Trata-se de paciente obesa com resistência insulínica, que se apresenta em estado de insulinopenia e primodiagnóstico de diabetes. Apresenta polia e emagrecimento, bem como níveis
    altos de glicemia e de HbA1C, descompensados por um quadro de infecção urinária. Por isso a insulinoterapia deve ser imperativa nesse momento. Segundo diretrizes de DM a insulinoterapia no DM 2 deve ser considerada: apesar do tratamento com agentes antidiabéticos orais, uma ou mais das seguintes situações estiverem presentes:
    (1) pacientes muito sintomáticos (sede, poliúri a etc.);
    (2) HbA1c > 7%; e
    (3) surgimento de grave disfunção renal. Está também indicada temporariamente, durante a gravidez e em doenças agudas, como sepse, infarto agudo do miocárdio, AVC ou complicações agudas hiperglicêmicas (estado hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico e cetoacidose diabética). Além disso, deve ser considerada na ocasião do diagnóstico quando os níveis de glicose plasmática estiverem muitos elevados (> 275-300 mg/dL), especialmente se acompanhados de perda de peso, cetonúria e cetonemia, ou ainda na presença de valores de hemoglobina glicosilada acima
    de 10%.

Resposta d.

38
Q

UFPA – 2 019
38. Mulher de 24 anos, assintomática, realizou glicemia capilar por volta de 13h15 em uma campanha em
praça pública. Havia almoçado às 12h. O resultado foi: 188 mg/dL. Em relação ao quadro apresentado, é
correto afirmar que:

a) a paciente apresenta diagnóstico de diabetes
b) o exame encontra-se normal
c) deve-se realizar hemoglobina glicada
d) deve-se realizar teste de tolerância oral à glicose
e) deve-se realizar dosagem de peptídio C

A
  1. A glicemia capilar não ser arma que deva ser utilizada para diagnosticar o diabetes mellitus, mas sim para
    seguimento de paciente já diagnosticado para evoluir o seu controle. O uso da glicemia capilar em
    campanhas de conscientização permite atrair os indivíduos para buscarem investigação posterior devida,
    uma vez que cerca de 50% dos pacientes DM2 são assintomáticos e não sabem de seu diagnóstico. Portanto,
    todos os indivíduos devem fazer a medida da glicemia plasmática para que se permita a realização da
    investigação correta do DM.

Critérios diagnósticos atuais para o diabetes mellitus
1. HbA1c ≥ 6,5% §
ou
2. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7,0 mmol/L).**
ou
3. Glicemia de 2 h ≥ 200 mg/dL (11,1 mmol/L) durante o TOTG 75 g-2 h

ou
4. Glicemia ≥ 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica

Critérios diagnósticos para DM recomendados pela ADA e pela SBD.
- Exame Normal < 100/ 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) < 140/ HbA1C (%) < 5,7
-Pré-diabetes 100 a 125/2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) 140 a 199/ HbA1C (%) 5,7- 6,4
-Diabetes Glicemia ≥ 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise
hiperglicêmica + glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7,0 mmol/L)/ 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) ≥ 200 ou HbA1C (%)≥ 6,5

Resposta b.

39
Q

UFPA – 2019
39. Quanto aos hipoglicemiantes orais, é correto afirmar:

a) a linagliptina não pode ser usada em renal crônico dialítico
b) as sulfoniureias interferem com a digestão de carboidratos complexos e retardam a velocidade de
absorção dos monossacarídeos
c) as tiazolinedionas agem aumentando a secreção de insulina pela célula beta pancreática
d) a metformina age aumentando a secreção de insulina pela célula beta pancreática e pode ser utilizada em paciente em hemodiálise
e) a dapagliflozina age aumentando a excreção urinária de glicose

A
  1. O cotransportador de glicose e sódio 2 (SGLT2) – são responsáveis pela reabsorção de glicose no túbulo
    proximal (cerca de 90% da reabsorção da glicose filtrada). Os inibidores de SGLT-2 (dapa/cana e
    empaglifozinas) produzem a excreção de glicose pela urina com redução da glicemia e com discreta
    redução do peso corporal e de níveis de pressão arterial. Sulfonioureias atuam aumentando a secreção de insuina da célula beta (mas não na produção), fechando os canais de potássio nas membranas das células beta, favorecendo assim a liberação de insulina. Bem indicado no indivíduo com redução na secreção de insulina. Levam ao ganho de peso e maior risco de hipoglicemia. Tiazolidinedionas atuam ligando-se aos receptores de PPAR gama, expressos principalmente no tecido adiposo, no qual regulam genes envolvidos na diferenciação dos adipócitos, armazenamento dos ácidos graxos e captação de glicose. Atuam aumentando a síntese dos transportadores de glicose GLUT 4, melhorando a utilização de glicose no músculo esquelético e adipócito, atuando assim na resistência
    periférica a insulina. Não causam hipoglicemia, mas seu principal efeito colateral, por aumentar a diferenciação do adipócito é o ganho de peso, especialmente de gordura subcutânea. Biguanidas reduzem a produção hepática de glicose, inibindo a gliconeogênese e melhora a sensibilidade periférica a insulina, bem como reduz o turnover de glicose no leito esplâncnico. Permitem melhora do perfil lipídico, reduzindo níveis de LDL, triglicérides, e aumento discreto de HDL. Causam hiporexia, podendo levar a perda de peso. Não causam hipoglicemia. Seus efeitos colaterais mais comuns estão relacionados aos distúrbios do TGI. Deve ser evitada se creatinica ≥1.4 em mulheres e acima de 1.5 mg/dL em homens, apesar, de seu uso poder ser feito em indivíduos com clearence até 30 mL/minuto, mas com dose reduzida a partir de 45mL/minuto. Inibidores da dipepdil peptidase 4: inibem a atividade da DPP4, enzima que degrada o GLP1 e GIP, aumentando assim os níveis dessas incretinas no período pós-prandial, permitindo o aumento da secreção de insulina glicose dependente e reduzindo glucagon. Praticamente não provocam hipoglicemia, e não tem efeito sobre o peso. Dentres os IDPP4, não é necessário ajuste de dose nos pacientes em uso de linagliptina e com insuficiência renal crônica, devido sua excreção ser biliar. Enquanto que com a saxa, vilda e sitagliptina são administradas com a metade da dose usual se TGF < 50 mL/min. Com aloglipitina é recomendável 6.25mg se TGF <30 e 12.5 entre 30 e 50mL/min.

Resposta e.

40
Q

UFPR – 2019
40. Menino de 3 anos apresenta história de cansaço há 2 semanas, poliúria e polidipsia. Há 2 dias relata dor
abdominal e vômitos. Ao exame, paciente está desidratado, com respiração profunda. Glicemia capilar 470 mg/dL, glicosúria e cetonúria positivas. Em relação à fisiopatologia, diagnóstico e tratamento, é correto
afirmar:

a) a deficiência absoluta ou relativa de insulina e a diminuição dos hormônios contrarreguladores estão
envolvidas na fisiopatologia da doença
b) a prioridade do tratamento deve ser a hidratação e a correção de distúrbios hidroeletrolíticos
c) o teste oral de tolerância à glicose deve ser solicitado para confirmar o diagnóstico
d) insulina EV em bólus 0,5 U/kg deve ser administrada imediatamente, para evitar edema cerebral
e) após o tratamento da cetoacidose diabética, deve-se iniciar dieta com restrição de carboidratos, como
tentativa de evitar a dependência da insulina, já que o paciente entrará na fase de lua de mel

A
  1. Dentre as alternativas relacionadas, a “B” é a mais correta, mas não devemos esquecer que a insulina
    deve ser administrada também após hidratação e correção dos distúrbios hidreletrolíticos. A cetoacidose
    diabética (CAD) é um distúrbio metabólico caracterizado por três anormalidades: hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com Ânion–gap elevado. Do ponto de vista hormonal, decorre de uma deficiência absoluta ou relativa de insulina, associada a um aumento absoluto ou relativo de glucagon. Em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 a cetoacidose é o sintoma de apresentação em 20-30% das crianças e
    adolescentes e cerca de 17% dos adultos. A dor abdominal é um achado comum e pode simular abdome
    agudo cirúrgico. Pode ser decorrente da própria CAD ou secundária a distensão e estase gástrica ou, ainda, ao processo patológico que precipitou a crise. Leucocitose secundária ao episódio de estresse pode ocorrer da mesma forma que aumento do hematócrito, da ureia e da creatinina. Tratamento inicial da cetoacidose diabética, recomenda-se reposição inicial com soluto fisiológico (SF) a 0,9% por impedir uma queda rápida da osmolaridade (prevenindo o edema cerebral) e por permitir restauração do volume plasmático. O Ringer Lactato tem a vantagem, devido à menor concentração de cloro, porém deve ser usado com cautela, no início, por conter potássio. O déficit de líquidos na CAD varia de 4-6 litros. A reposição volêmica tem como objetivos: repor o déficit de água, manter a pressão arterial, reduzir os níveis da glicemia e melhorar as perfusões tissular e renal, auxiliando na reversão da acidose. É a medida isolada de maior impacto no tratamento da CAD. A perda estimada de líquido é de 100 mL/kg. Logo após a chegada ao PS, deve-se pegar um bom acesso venoso e infundir 1.000 mL de SF 0,9% na primeira hora. Após esta fase, o paciente é avaliado. Se persistir hipotenso, deve-se prescrever mais 1.000 mL de SF e reavaliá-lo após uma hora e assim sucessivamente. A média de fluidos administrados nas primeiras 8 horas de tratamento da CAD é de cerca de 5 litros. Reposições volêmicas muito vigorosas ou rápidas são perigosas, podendo acarretar edema cerebral ou síndrome de angústia respiratória. Apenas após a e estabilização hemodinâmica, deve-se avaliar o sódio sérico corrigido para a hiperglicemia: Na+ corrigido ≥ 135 mEq/L: troca-se para SF 0,45% em infusão de 250-500 mL/h, até glicemia em torno de 250 mg/dL. Na+ corrigido ≤ 135 mEq/L: mantém SF 0,9% em infusão de 250-500 mL/h, até glicemia em torno de 250 mg/dL. Na corrigido = Na+ medido + [1.6 x (glicose-100) / 100]. Na corrigido da paciente = 149 mmol/L, por isso deve-se trocar para SF 0.45%. A insulina só deve ser iniciada após níveis de potássio estiverem acima de 3,3 mEq/L. Revise agora o algoritimo de reposição de potássio na CAD. Habitualmente, o potássio sérico inicial é normal ou aumentado (raramente ele estará baixo). Entretanto, o déficit corporal de potássio é grande, em torno de 3-5 mEq/kg. Com hidratação, reposição de insulina, correção da acidose e hipovolemia, haverá diminuição drástica do K+ sérico. Por isso, deve-se dosá-lo com frequência (2/2 a 4/4 horas).
    Três situações podem ocorrer:
    a) potássio sérico maior que 5 mEq/L: não se deve repor o eletrólito e continuar a dosagem de potássio de
    2/2 horas. Logo ele ficará abaixo de 5 mEq/L e necessitará ser reposto;
    b) potássio sérico entre 3,3 e 5 mEq/L: repor o potássio de rotina. Deve-se colocar de 20 a 30 mEq de K+ para
    cada litro de qualquer soro infundido. O ideal é manter o potássio entre 4 e 5 mEq/L, mantendo a
    monitorização de 2/2 horas;c) potássio menor que 3,3 mEq/L: risco importante de arritmias. Nesse caso,
    deve-se: não prescrever a dose inicial de insulina (bolus); repor 20-30 mEq de K+ em 1 L de SF, durante 1
    hora, e dosá-lo logo após; só iniciar insulina quando o potássio estiver maior que 3,3; uma vez maior que 3,3
    mEq/L, voltar ao item b (20-30 mEq de potássio para cada litro de solução).

Resposta b.

41
Q

UFRN – 2019
41. Um adolescente de 17 anos teve o diagnóstico de diabete mellitus tipo 1 aos 12 anos e foi medicado com
dose baixa de insulina e metformina, ambos usadas de forma irregular. Não teve episódios de
descompensação no diagnóstico ou internações durante o seguimento. Não tem antecedentes para diabete
tipo 1, apenas positivo para tipo 2. Vem para avaliação trazendo hemoglobina glicada (por HPLC) de 7,0%,
referindo controles glicêmicos esporádicos de até 180mg/dL, sem queixas clínicas. Exame clínico normal.
Peso e estatura próximos ao P50. O diagnóstico mais provável para esse adolescente é:
a) pré-diabete (intolerância à glicose)
b) diabete tipo LADA
c) diabete tipo 2 em fase inicial
d) diabete monogênico (MODY2)

A
  1. Embora não tenhamos muitos dados suficientes do paciente acima, vemos que não se trata de jovem
    obeso, com predomínio de resistência à insulina, o que falaria a favor de DM2. Aos mesmo tempo, controla
    a sua glicemia com doses baixas de insulina e sem maiores picos ou história de cetoacidose, mostrando um
    diabetes fácil de controlar, o que também fala contra o DM1. O diagnóstico de DM2, na maioria dos
    pacientes, poderá ser baseado na apresentação clínica e no curso da doença. O diagnóstico de DM2 deve
    ser suspeito, sobretudo em pacientes adolescentes, negros, obesos, muitas vezes sem queixas clínicas, com
    história familiar positiva para a doença e apresentando hiperglicemia e/ou glicosúria em exame de rotina.
    Indivíduos com diabetes do tipo MODY (maturity onset diabetes of the young), juvenil de início tardio, devem
    ser diferenciados de jovens com DM2. No tipo MODY, observa-se história familiar proeminente de DM,
    envolvendo três ou mais gerações consecutivas, o que é compatível com um padrão autossômico dominante
    de transmissão hereditária. A manifestação mais comum é a hiperglicemia leve e assintomática, em crianças
    ou adolescentes não obesos. Alguns pacientes podem apresentar somente discretas hiperglicemias de jejum
    durante anos, enquanto outros têm graus variáveis de intolerância à glicose por vários anos antes da eclosão
    do diabetes. Estima-se que as variantes MODY correspondam a 1-5% de todos os tipos de DM nos países industrializados. Vários genes de MODY já foram descritos (até então 6 genes diferentes). Em especial o MODY 2, altamente frequente, está relacionado com a mutação do gene que codifica a enzima glicoquinase (GCK) envolvido na secreção da insulina, e está relacionado a elevações apenas discretas da glicemia, o que ocorre no caso acima descrito.

Resposta d.

42
Q

UFRN – 2019
42. Homem de 48 anos de idade, com história de diabetes mellitus tipo 2 há 5 anos foi admitido na
enfermaria com história de febre e tosse produtiva há 3 dias. Foi feito o diagnóstico de pneumonia de lobo
inferior direito pela radiografia de tórax. Vinha em uso de metformina 850 mg 2 vezes ao dia e sitagliptina
100 mg ao dia. Os exames solicitados na admissão mostravam glicose 224 mg/dL, HbA1C 8,4%, creatinina
1,2 mg/dL (CKD-EPI 71 mL/min/1.73 m2). O paciente será mantido em dieta oral para diabéticos. O melhor
esquema para manejo da hiperglicemia do paciente é usar

a) insulina regular conforme glicemia capilar
b) insulina no esquema basal-bolus
c) sitagliptina e insulina regular conforme glicemia capilar
d) metformina e insulina regular conforme glicemia capilar

A
  1. No ambiente hospitalar, a insulina é o padrão-ouro no tratamento da hiperglicemia. O esquema de
    insulina basal bolus deve ser determinado. Em raras situações, pode-se considerar a manutenção do
    tratamento ambulatorial com drogas orais, principalmente nos pacientes não críticos e que serão
    submetidos a procedimentos pouco invasivos, de baixo risco, e sem modificação de seu estado nutricional.
    O uso das chamadas tabelas progressivas de insulina, de acordo com a glicemia, ou sliding scale, deve ser
    abolido, por induzir grande variabilidade glicêmica e também repetidos episódios hipoglicêmicos Essa
    prática, bastante difundida em hospitais que não dispõem de protocolos bem definidos, baseia-se na infusão de insulina apenas quando ocorre descontrole glicêmico, permanecendo o indivíduo por horas em
    hiperglicemia, quando, então, são aplicadas doses excessivas de insulina, com queda abrupta dos níveis
    glicêmicos. Em estudo recente, randomizado, que avaliou pacientes não críticos com DM2, englobando
    unidades clínicas e cirúrgicas, a utilização de sitagliptina, um representante da classe dos inibidores da enzima dipeptidil peptidase 4 (DPP-4), de forma isolada ou em combinação com insulina basal, foi bem
    tolerada, tendo demonstrado similaridade no controle glicêmico e na taxa de ocorrência de hipoglicemia,
    quando comparada ao esquema insulínico basal-bolus. A vantagem dessa classe farmacológica é seu baixo
    potencial para hipoglicemia, em função dos efeitos moduladores nas células α pancreáticas, além do
    excelente perfil de segurança e tolerabilidade. Os demais medicamentos ainda carecem de dados de
    segurança ou apresentam potenciais efeitos adversos, portanto ainda não são rotineiramente recomendados como coadjuvantes na terapia hospitalar.

Resposta b.

43
Q

UFRN – 2019
43. Usuário, 38 anos, apresenta quadro de diabetes mellitus de longa data e comparece para acompanhamento, embora esteja em atraso com os exames de seguimento. Dentre outros exames,
cabe solicitar, na rotina para diabetes mellitus:

a) hemoglobina glicada, colesterol total e frações, creatinina e fundoscopia
b) hemoglobina glicada, creatinina, sumário de urina e ultrassonografia renal
c) glicemia de jejum, colesterol total e frações, fundoscopia e ultrassonografia de membros inferiores
d) glicemia de jejum, creatinina, ultrassonografia renal e ecocardiograma

A
  1. Parâmetros de seguimento do DM busca a tiragem de complicações crônicas micro e macrovasculares,
    bem como fatores relacionados a essas complicações: HbA1C, controle lipídico, glicemia de jejum, função
    renal, sumário de urina, fundoscopia, microalbuminíria isolada. A alternativa A dentre as acima é a que mais
    se aproxima.

Resposta a.

44
Q

UFT – 2019
44. Diabetes mellitus corresponde à doença endócrino – metabólica mais comum em todo o mundo, sendo
que a forma infantil, o diabetes tipo 1, corresponde à falência progressiva e total das células beta
pancreáticas. Em relação à avaliação laboratorial de uma criança de 8 anos, portadora de diabetes mellitus
tipo 1 desde os 2 anos, assinale a alternativa CORRETA:
a) a hemoglobina glicosilada deve ser dosada a cada 180 dias
b) a avaliação da proteinúria em urina de 24 horas periodicamente é a melhor forma de detecção precoce
de microalbuminúria e prevenção da nefropatia diabética
c) a presença de glicosúria e cetonúria no EAS são indicadores de mal controle glicêmico
d) todas as alternativas estão corretas
e) as alternativas “B” e “C” estão corretas

A
  1. Duas alternativas estão corretas. A HbA1C demonstra o controle glicêmcio de cerca de 120 dias, devendo ser repetida a cada 3-4 meses. No seguimento do diabetes a microalbuminúria / proteinúria de 24 horas antigamente muito utilizado como instrumento de detecção de doença renal do diabetes, é muito susceptível a erros de coleta. Dessa mneira a dosagem da albumina aleatória em amostras de urina tornouse preferível, com o uso da relação albumina /creatinina na amostra. Adicionalmente a pesquisa de glicose na urina surge quando níveis de glicose ultrapassam 180 mg/dL, apesar de baixa sensibilidade (gravidez, tubulopatias renais, insuficiência renal crônica, são causas de glicosúria sem DM). A cetonbúria na fita reagente associada a hiperglicemia fala a favor de cetoacidose DM. No entanto, os corpos cetônicos na urina podem aparecer em cerca de 30 % de indivíduos normais durante o jejum.

Resposta e.

45
Q

UNIFESP – 2019
45. O diagnóstico de diabetes mellitus pode ser estabelecido quando o indivíduo apresenta:

a) glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL independente dos valores da glicemia pós-prandial e da HbA1c.
b) glicosúria e frutosamina ≥ 300 mg/dL.
c) glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL ou glicemia 2h após sobrecarga de glicose via oral ≥ 200 mg/dL ou HbA1c ≥
6,5%.
d) glicosúria e/ou cetonúria positivas.
e) glicemia de jejum ≥ 115 mg/dL e poliúria superior a 4 litros por dia.

A

Diagnóstico de diabetes:
Critérios diagnósticos atuais para o diabetes mellitus
1. HbA1c ≥ 6,5% §
ou
2. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7,0 mmol/L).**
ou
3. Glicemia de 2 h ≥ 200 mg/dL (11,1 mmol/L) durante o TOTG 75 g-2 h

ou
4. Glicemia ≥ 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica

Critérios diagnósticos para DM recomendados pela ADA e pela SBD.
- Exame Normal < 100/ 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) < 140/ HbA1C (%) < 5,7
- Pré-diabetes 100 a 125/2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) 140 a 199/ HbA1C (%) 5,7-6,4
- Diabetes Glicemia ≥ 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise
hiperglicêmica + glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7,0 mmol/L)/ 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) ≥ 200 ou HbA1C (%)≥ 6,5.

Resposta c.

46
Q

USP-SP – 2019
46. Homem, 57 anos de idade, hipertenso e diabético há 12 anos em acompanhamento clínico regular, faz
uso de captopril, metformina e glibenclamida, todos em dose máxima. Não tem outros antecedentes
mórbidos relevantes. Há três dias apresenta náuseas, diarreia e inapetência, com vômitos. Refere febre de
até 38,3 °C no período. Há 30 minutos, queixou-se de mal-estar inespecífico e há 15 minutos apresentou
convulsão tonicoclônica generalizada, quando foi trazido ao pronto-socorro. Qual é a principal hipótese
etiológica para o quadro convulsivo?

a) acidose metabólica
b) acidente vascular encefálico
c) hipopotassemia
d) hipoglicemia

A
  1. Paciente DM 2 apresenta uso de sulfonioureia em dose máxima e quadro infeccioso de estresse
    metabólico, que sugere que não se alimenta e ainda tem maior eliminação em fezes no período de 3 dias
    apesar do uso crônico de doses altas dessa medicação, que reduz ainda mais a glicemia. Lembrar que essa medicação age via estímulo de secreção pancreática de insulina. A glibenclamida tem tempo de ação de até 24 horas é degradada no fígado, mas tem alguns compostos ainda ativos com atividade hipoglicêmica. Seu principal inconveniente é causar hipoglicemias mais graves do que outras drogas dessa classe. Num período de 30 minutos inicia com mal-estar e leva a convulsões generalizadas. O quadro típico é de evolução de hipoglicemia com sintomas adrenérgicos e logo após neuroglicopênico, que resultam em convulsão generalizada.

Resposta d.

47
Q

HAS – 2019
47. A diabetes mais comum em crianças é a diabetes tipo 1. Porém, o percentual de crianças com diabetes
tipo 2 vem aumentando ao longo dos anos já correspondendo a 50% dos novos diabéticos em alguns centros. Em relação a diabetes tipo 2 em crianças marque a alternativa CORRETA em relação ao rastreio desta patologia:

a) deve ser realizado a partir dos 4 anos de idade naqueles com sobrepeso associado a mais dois fatores de risco com glicemia de jejum a cada 4 anos
b) deve ser realizado a partir dos 10 anos em crianças com sobrepeso e mais dois fatores de risco com
glicemia de jejum a cada 2 anos
c) deve ser realizado a partir dos 10 anos em todas as crianças e, a cada 2 anos, apenas naqueles de alto
risco com glicemia de jejum
d) deve ser realizado a partir da puberdade em crianças com sobrepeso e mais dois fatores de risco com
hemoglobina glicada a cada 4 anos
e) deve ser realizado em todos as crianças a partir da puberdade e, a cada 4 anos naquelas de alto risco com
glicemia de jejum

A
  1. A prevalência de obesidade tem aumentado entre crianças e adolescentes, e há maior risco de doenças
    e associação de doenças ligadas a obesidade. Algumas das causas do aumento do número de crianças obesas
    são a disponibilidade abundante de alimentos com alto teor calórico e o sedentarismo ligado a atividades
    como televisão, jogos eletrônicos e computadores. Com o crescimento da obesidade infantil, as complicações associadas tornam-se mais comuns. Assim como no adulto, a obesidade infantil leva ao aparecimento de doenças como diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, que conferem aumento do risco de eventos cardiovasculares. O DM2, por exemplo, tem crescido de maneira dramática entre os adolescentes nos últimos 20 anos. A medida deve ser feita a cada 2 anos se fatores de risco de síndrome metabólica.

Resposta b.

48
Q

FMJ – 2019

  1. São achados clinicolaboratoriais da insuficiência adrenal:
    a) hipotensão, hipoglicemia, hiponatremia, hipercalemia
    b) hipertensão, febre, hipoglicemia, hipercalcemia
    c) hipotensão, hiperglicemia, hipernatremia, hipocalemia
    d) facies cushingóide, estrias, hipotensão postural, hipernatremia
    e) giba dorsal, hirsutismo, TSH elevado, hipocalemia
A
  1. As principais manifestações clínicas da doença de Addison são: hiperpigmentação, astenia, fraqueza,
    anorexia, perda de peso (podendo chegar a 15 kg), distúrbios gastrointestinais e hipotensão (Tabela). A
    anorexia e a perda de peso podem, às vezes, simular o quadro da anorexia nervosa. Outros achados
    relativamente comuns são a avidez por sal, tendência a hipoglicemia, hiponatremia, hipercalemia, amenorreia. Esta última pode resultar da perda de peso e doença crônica, bem como de uma falência ovariana primária (ooforite autoimune) associada. Sintomas psiquiátricos (síndrome cerebral orgânica, depressão ou psicose) ocorrem na maioria dos pacientes com IA primária grave ou de longa duração. Eventualmente, podem ser a manifestação inicial da doença. Redução da libido e pilificação axilar e pubiana ocorrem apenas em mulheres, nas quais a principal fonte de androgênios são as adrenais. Hiperpigmentação, consequente a um conteúdo aumentado de melanina na pele, é o achado mais característico da doença de Addison, estando presente em 92-94% dos pacientes. Decorre do excesso de ACTH, betalipotrofina e, possivelmente, beta-MSH, todos componentes da macromolécula próopiomelanocortin (POMC). Ela é generalizada, porém é mais facilmente percebida em áreas expostas ao sol, bem como em locais mais propensos a traumatismo, fricção ou pressão leve e crônica (dedos dos pés, cotovelos, joelhos, cintura, ombros etc.). Pigmentação também é proeminente nas linhas ou dobras das palmas da mão, aréola e mamilo, axila, períneo e cicatriz umbilical. Na cavidade oral pode ser encontrada, de modo não uniforme, na superfície interna dos lábios, mucosa bucal (ao longo da linha de oclusão dentária), língua, bordo gengival e palato. Podemos também observar hiperpigmentação generalizada da mucosa bucal, perivaginal e perianal, bem como escurecimento de unhas e cabelos e surgimento de sardas (as previamente presentes podem ficar mais escuras). Cicatrizes formadas após a instalação da doença tornam-se igualmente hiperpigmentadas. A “Crise Adrenal” (CA) é uma emergência endócrina caracterizada pela “agudização” da IA com risco de morte eminente para o indivíduo se o tratamento não for imediato. As manifestações principais incluem hipotensão e choque hipovolêmico, alteração do nível de consciência, mas pode ser acompanhada de outras manifestações como: fraqueza, náuseas, vômitos, dor abdominal, febre,
    fadiga, confusão, alterações hidroeletrolíticas e coma. A real incidência da CA não é sabida, pois devido
    sintomas inespecíficos é frequentemente subdiagnóstica. Segue abaixo alguns dos achados laboratoriais da DA.
Principais achados laboratoriais na doença de Addison
ACTH elevado - 100%
Cortisol basal < 5 ou < 20 µg/dl após cortrosina - 100
Distúrbios eletrolíticos: 92%
Hiponatremia: 88%
Hipercalcemia: 6%
Azotemia: 55%
Anemia: 40%
Eosinofilia/linfocitose: 17%
Anticorpos antiadrenais*: 48-74*%
Elevação do TSH**: Frequente

Resposta a.

49
Q

HNMD – 2019
49. O tratamento farmacológico no paciente obeso sem comorbidades deve ser considerado com IMC acima
de:

a) 20 kg/m
b) 22 kg/m
c) 25 kg/m
d) 27 kg/m
e) 30 kg/m

A
  1. O tratamento farmacológico da obesidade está indicado quando o paciente tem IMC > que 30 na
    ausência de comorbidades ou quando o IMC é maior que 25 na presença de comorbidades. Pode ser indicado, ainda, quando a dieta e o aumento da atividade física não se mostrarem suficientes em um paciente com IMC acima de 25.

Resposta e.

50
Q

HPP – Medicina da Família – 2019
50. Sobre a hiperprolactinemia é CORRETO afirmar:

a) se a prolactina apresentar níveis maiores que 5 ng/mL deve-se indicar exame de imagem para avaliação
da hipófise
b) hipotireoidismo e insuficiência renal crônica estão entre as possíveis causas
c) o tratamento de escolha é feito com antagonistas dopaminérgicos
d) a cirurgia é o tratamento inicial para macroademonas hipofisários
e) não interfere na libido ou na produção estrogênica

A
  1. Existem várias possíveis causas de hiperprolactinemia que se enquadram em três principais categorias: fisiológicas, farmacológicas e patológicas. As manifestações clínicas da hiperprolactinemia estão relacionadas a anormalidades do sistema reprodutor: hipogonadismo hipogonadotrófico, sendo amenorreia e galactorréia os sintomas mais comuns em mulheres na menacme. No homem, predominam as queixas de baixa de testosterona. Diante da suspeita clínica de hiperprolactinemia, deve-se solicitar a dosagem sérica da PRL. Convém mencionar que o estresse da punção venosa e/ou a falta de repouso antes da coleta podem gerar discretas elevações da prolactinemia (em geral, abaixo de 40 ng/mL). Níveis de prolactina tem relação com o tamanho tumoral, portanto PRL: 25-100 ng/mL Causas não tumorais, incluindo fármacos, pseudoprolactinomas ou até mesmo microprolactinomas. PRL: 100-250 ng/mL, Microprolactinomas, excepcionalmente fármacos; PRL: > 250 ng/mL nos Macroprolactinomas, muito raramente risperidona. Portanto, imagem deve ser pedida, se excluída causas não fisiológicas, e farmacológicas, geralmente à partir de 100 ng/dL. O tratamento de escolha dos prolactinomas é farmacológico! Os agonistas dopaminérgicos são as drogas de eleição, mesmo nos macroprolactinomas. A terapia cirúrgica deve ser reservada em casos de exceção caso haja intolerância/ resistência a medicação, complicações do tumor ou ausência de resposta ao tumor naqueles invasivos que afetam áreas visuais.

Causas de hiperprolactinemia
1. Fisiológicas
Gestação e puerpério, período neonatal, estresse, estimulação do mamilo, exercício, relação sexual,
hipoglicemia.
2. Induzida por drogas
a) Drogas depletoras de dopamina: reserpina, alfametildopa.
b) Drogas bloqueadoras dos receptores de dopamina no lactotrofo: Fenotiazinas e medicações
antipsicóticas.
c) Antagonistas dopaminérgicos: metoclorpramida, sulprimida.
d) Estrógenos.
3. Patológicas
a) Hipofisária: Idiopática, tumores secretores de prolactina*, acromegalia, doença de Cushing, sela vazia,
secção de haste hipofisária.
b) Hipotalâmica: craniofaringiomas, meningiomas, disgerminosas, gliomas, linfoma, doença metastática,
tuberculose, sarcoidose, irradiação.
Granuloma eosinofílico.
4. Outros
Insuficiência renal crônica, hipotireoidismo primário, convulsões, trauma ou lesões da parede torácica,
herpes zoster, produção hormonal ectópica, síndrom de ovários policísticos.

Resposta b.

51
Q

PSU-CE – 2019
51. Mulher de 28 anos compareceu em consulta ambulatorial referindo ganho de peso há 8 meses,
associado ao surgimento de acne, hirsutismo, irregularidade menstrual, e fraqueza muscular. Há 2 meses, refere sintomas depressivos e nega uso de outros medicamentos. Ao exame, PA: 150 × 100 mmHg, Pulso: 92 bpm. Índice de massa corporal: 32 kg/m2
. Cintura: 98 cm. Face arredondada e pletórica. Pele fina, com acne em face e dorso, estrias largas e arroxeadas abdominais e equimoses em membros. Fraqueza muscular proximal. Qual exame está indicado no início da investigação para confirmar o diagnóstico clínico?

a) cortisol plasmático basal
b) cortisol salivar domiciliar às 23:00
c) cortisol livre urinário em amostra isolada
d) cortisol pós-8 mg dexametasona às 23:00

A
  1. Para confirmação diagnóstica do hipercortisolismo endógeno, três métodos diagnósticos são comumente empregados teste de supressão com doses baixas de dexametasona (teste de liddle 1 ou 0.5 mg
    6/6h por 2 dias ou dexametasona overnight 1mg; dosagem do cortisol à meia-noite (sérico ou salivar) e
    medida do cortisol livre urinário das 24 horas- esse último não pode ser feito em amostra isolada, como está na alternativa “C”. O Teste de 8 mg com dexamentasona ou teste de liddle 2, geralmente é utilizado para determinação de causas de síndrome de Cushing ACTH dependentes (ACTH ectópico ou doença de Cushing).
52
Q

PSU-CE – 2019
52. Mulher de 24 anos procura consultório médico com história de ciclos menstruais longos desde a menarca, chegando a passar até 6 meses sem sangrar. Ao exame físico, apresenta índice de massa corpórea (IMC) 28 kg/m2, acne moderada e hirsutismo. Qual a conduta mais adequada?

a) iniciar metformina 1g/dia para controle dos ciclos menstruais e hirsutismo
b) orientar teste de progesterona para descartar causas uterinas de amenorreia
c) dosar TSH, prolactina e 17-hidroxiprogesterona para descartar patologias sistêmicas
d) iniciar anticoncepcional oral com ciproterona pelo diagnóstico de síndrome de ovários micropolicísticos

A
  1. Dentre as causas de amenorreia secundária, além da gestação devemos lembrar que a anovulação
    crônica relacionada ao hipoestrogenismo em consequência da hiperprolactinemia pode ser causa
    prevalente. Dentre as causas de hiperprolactinemia, devemos lembrar o uso de medicações. O
    hipotireoidismo primário, também pode levar a hiperprolactinemia e por isso levar a amenorreia. O
    diagnóstico laboratorial da hiperplasia adrenal congênita pela deficiência de 21-hidroxilase baseia-se na demonstração de níveis plasmáticos elevados de 17-α-hidroxiprogesterona pela manhã ou elevação
    desproporcionalmente grande dos níveis de 17-α-hidroxiprogesterona após a administração de ACTH.
    Deficiência da enzima 21-hidroxilase (D21OH) é a forma mais frequente de HAC, com cerca de 90% de todos
    os casos, caracteriza-se pela redução da capacidade de a suprarrenal converter a 17-α-hidroxiprogesterona
    em 11-desoxicortisol e consequentemente cortisol. A secreção excessiva e crônica de ACTH pode estimular
    uma biossíntese deficitária de cortisol, mas com excesso de esteroides adrenais precursores que são convertidos em androgênios. A HAC não clássica, também denominada HAC de início tardio, defeito
    genético resulta em uma redução bem mais leve da atividade enzimática. As manifestações clínicas de
    hiperandrogenismo podem ocorrer desde a infância, com surgimento de pubarca/axilarca precoce
    (puberdade precoce periférica) em meninas. Importante salientar que a conversão do excesso de andrógenos para estrógenos na periferia durante o período da infância, resulta na maturação precoce da cartilagem de crescimento, avanço na idade óssea e consequente diminuição da altura final. Se as manifestações ocorrerem no período pubertário ou até mesmo na idade adulta, as mulheres podem apresentar: hirsutismo, acne, alopecia, síndrome de ovários policísticos (like), com oligomenorreia ou amenorreia ou até mesmo infertilidade.

Resposta c.

53
Q

UEL – 2019
53. Em relação à obesidade infantil, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
() 1. O tratamento focado nas mudanças de comportamento no contexto do ambiente familiar tem
sido associado a perdas de peso duradouras e reduções do índice de massa corpórea.
() 2. Exames de triagem devem ser realizados independentemente da idade, uma vez que é importante
a pesquisa da etiologia.
() 3. A obesidade é uma doença de etiologia multifatorial e resulta da associação entre fatores
genéticos, ambientais e comportamentais.
() 4. Assim como no indivíduo adulto, a determinação do peso calórico determina o diagnóstico de
obesidade.
() 5. Três importantes componentes do sistema aferente que regulam o apetite e a saciedade são a leptina, a
adiponectina e os hormônios intestinais.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência CORRETA:

a) V, V, F, V, F
b) V, F, V, F, V
c) V, F, F, V, V
d) F, V, F, F, V
e) F, F, V, V, F

A
  1. As alternativas consideradas verdadeiras (primeira, terceira e quinta afirmações, são autoexplicativas).
    A segunda afirmativa é falsa, pois exames de triagem devem ser realizados de acordo com a história clínica
    e anamnese da criança, por exemplo, ganho de peso e queda da velocidade de crescimento pode estar
    relacionado a hipercortisolismo. O Índice de Massa Corpórea (IMC) é classicamente utilizado para
    classificação da obesidade no adulto, mas o seu uso em crianças e adolescentes é inadequado quando
    utilizado isoladamente como peso calórico. Em crianças maiores que 5 anos, ainda são comumente utilizadas
    as curvas americanas de IMC do National Center for Health Statistics (NCHS), específicas para cada sexo, que consideram como diagnóstico de sobrepeso e obesidade os percentis acima de 85 e 95, respectivamente. Em 2009 a Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde do Brasil adota as curvas desenvolvidas pela OMS em 2007, que incluem curvas de IMC desde o lactente até os 19 anos de idade e consideram os pontos de corte para sobrepeso e obesidade os percentis 85 e 97, respectivamente. Curvas em escore-Z para o IMC também estão disponíveis. Tais curvas são fundamentais tanto para o diagnóstico quanto para a avaliação da evolução do paciente durante o tratamento. Somente visualizando
    o gráfico da criança é que podemos verificar o quanto pequenas variações no peso e, consequentemente,
    no IMC podem ser significantes.

Resposta b.

54
Q

UERJ – 2019
54. Homem de 21 anos apresenta hipertensão arterial de início recente e de difícil controle. Na
história pregressa, houve episódios de fraqueza muscular generalizada de padrão proximal, além de
dosagem elevada de enzimas musculares (CPK e aldolase). O eletrocardiograma evidencia achatamento da onda T e presença de onda U. Nesse caso, a principal hipótese diagnóstica é de:

a) hiperaldosteronismo primário
b) carcinoma de células claras
c) estenose de artéria renal
d) polimiosite

A
  1. Hipertensão acompanhada de achados aumento de enzimas musculares e achados eletrocardiográficos
    compatíveis com hipocalemia (achatamento de onda T e onda U), demonstra que paciente a presenta
    rabdomiólise relacionada a queda desse íon. O hiperaldosteronismo primário é causa principal de
    hipertensão de caráter mineralocorticoide em nosso meio. Para que hipocalemia clínica e manifesta possa
    efetivamente ser notada, decorre um tempo mais longo – geralmente meses ou anos – do que o necessário para ocorrer expansão de volume e supressão da renina (dias a meses), após o início do hiperaldosteronismo. Isso se deve ao fato de que o potássio, por ser um íon predominantemente intracelular, tem uma reserva corporal substancial, capaz de manter seus níveis sanguíneos normais por um tempo relativamente.

Resposta a.

55
Q

UERJ – 2019
55. Mulher de 65 anos, em bom estado geral e história de lombalgia ocasional, realiza densitometria
óssea que demonstra T-score (-) 3 no fêmur. Os exames de sangue mostram: hemoglobina = 13 g/dL,
leucócitos = 8.000/mm3, plaquetas = 250.000/mm3
, glicemia = 87 mg/dL, creatinina = 1,1 mg/dL, proteína
total = 7,0g/dL, albumina = 4,5g/dL, cálcio = 12,5 mg/dL, fósforo = 2 mg/dL, fosfatase alcalina = 800 U/L,
sódio = 140 mEq/L, potássio = 4,0 mEq/L, cloro = 112 mEq/L, pH = 7,35 e bicarbonato = 18 mEq/L. O
diagnóstico mais provável para esse caso é de:

a) doença de Paget
b) metástases ósseas
c) hiperparatireoidismo
d) osteoporose pós-menopausa

A
  1. Hiperparatireoidismo primário (HPTP) acomete 27 pessoas em cada 100.000/ano, sendo que a incidência
    aumenta com a idade e é maior no sexo feminino (3:1), sendo mais frequente entre os 40 e 65 anos de idade.
    É uma doença que preocupa mais pela sua morbidade do que pela mortalidade. É responsável por 75% dos
    casos de hipercalcemia diagnosticados ambulatorialmente, geralmente em exames de rotina, e por 25% dos casos de diagnóstico hospitalar, em que a maioria das hipercalcemias decorre de neoplasias. Outras alterações bioquímicas do HPTP, com menor valor diagnóstico, incluem hipofosfatemia (detectada em
    aproximadamente 25% dos pacientes), hipercalciúria (em cerca de 40% e em 100% quando há nefrolitíase),
    aumento da 1,25(OH)2 vitamina D (em um terço dos casos), elevação do AMP cíclico urinário e, com menos
    frequência, acidose metabólica hiperclorêmica. Esta última é vista nos casos com níveis muito altos de
    PTH, com consequente inibição da reabsorção tubular de fosfato. Portanto, hipercloremia e diminuição
    do bicarbonato sérico são achados úteis na diferenciação entre HPTP e outras causas de hipercalcemia.

Resposta c.

56
Q

UERJ – 2019
56. Paciente de 52 anos com história de hipertensão realizou avaliação laboratorial que
demonstrou presença de hipocalemia e aumento da aldosterona livre urinária. Diante desses achados,
associados à avaliação tomográfica e dosagem de aldosterona nas veias adrenais, foi confirmado o
diagnóstico de síndrome de Conn secundária a hiperplasia adrenal bilateral. A conduta a ser adotada,
preferencialmente, é:
a) ressecção pituitária
b) embolização glandular
c) adrenalectomia bilateral
d) tratamento medicamentoso

A
  1. O cateterismo das veias adrenais, no qual aldosterona e cortisol são colhidos em ambos os efluentes adrenais, permite estabelecer em definitivo se a fonte de produção excessiva da aldosterona é uni ou bilateral. Representa, portanto, o meio mais específico de diferenciação entre adenomas produtores de aldosterona e hiperplasia adrenal idiopática ou bilateral. Um diagnóstico correto é obtido em mais de 95% dos casos quando se consegue cateterizar a veia adrenal direita, mas a frequência de procedimentos malsucedidos pode chegar a 25%. Existe também um inconveniente pequeno, mas significativo: o risco para trombose, hemorragia adrenal e/ou insuficiência adrenal. Dessa forma, o cateterismo está
    particularmente indicado nos casos em que os testes bioquímicos sugerem o diagnóstico de um
    hiperaldosteronismo especialmente por adenoma, mas cuja presença não pôde ser definida através da
    TC ou outros exames de imagem. A finalidade do tratamento é prevenir a morbidade e a mortalidade
    associadas à hipertensão, ao próprio excesso de aldosterona e à hipocalemia. A causa do
    hiperaldosteronismo primário determina o tratamento adequado. Cirurgia (adrenalectomia unilateral) é a
    opção de escolha para os adenomas produtores de aldosterona. O hiperaldosteronismo idiopático ou
    hiperplasia adrenal bilateral são tratados clinicamente.

Resposta d.

57
Q

UFPR – 2019
57. Em relação ao manejo terapêutico de crise adrenal, além de ressuscitação volêmica com solução salina
0,9%, deve ser administrada:

a) hidrocortisona em dose alta
b) fludrocortisona em dose alta
c) dexametasona em dose baixa
d) metilprednisolona em dose intermediária
e) prednisolona em dose alta

A
  1. Alternativa correta é “A”, uso de hidrocortisona em dose alta. A crise adrenal aguda representa uma
    emergência clínica com necessidade de tratamento imediato. Caso o diagnóstico não seja de certeza,
    idealmente deve-se colher cortisol plasmático e iniciar a reposição de glicocorticoides.
    Hidrocortisona (100 mg IV) deve ser prescrita inicialmente, seguida de 50-100 mg IV de 6 em 6 horas. Essa é a forma natural do cortisol administrada IV, cuja concentração administrada oferece ação glico e
    mineralocorticoides suficientes na crise adrenal. Nos pacientes hipotensos, deve-se repor soro fisiológico
    agressivamente. A hipoglicemia frequentemente está associada nestes pacientes, portanto, é necessário
    repor glicose na solução de reposição conforme o resultado de exames laboratoriais. Deve-se salientar a
    necessidade de procurar na história, no exame físico e em exames complementares os fatores precipitadores de crise adrenal aguda (infecções, desidratação, eventos cardiovasculares e outros que aumentem estresse fisiológico). Após 48-72 horas, a dose de reposição de glicocorticoide poderá ser diminuída caso o paciente tenha boa evolução e o fator precipitador tenha sido tratado. Provavelmente, após suspensão da infusão de solução salina, o paciente deverá necessitar também de mineralocorticoide.

Resposta a.

58
Q

UFRN – 2019
58. Mulher de 32 anos de idade procura atendimento por ganho de peso progressivo no último ano. Manteve
dieta habitual ao longo desse ano e é sedentária. Nega uso crônico de qualquer medicamento. Ao exame, o
médico percebe alopecia androgenética, pletora facial discreta, deposição centrípeta da massa gordurosa e
estrias violáceas em abdome. Pelos achados observados ao exame físico, o médico deverá solicitar nesse momento:

a) tomografia de adrenais
b) hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
c) cortisol basal às 8h
d) cortisol basal após 1 mg de dexametasona

A
  1. Paciente apresenta clínica compatível com hipercortisolismo endógeno. Para confirmação diagnóstica do hipercortisolismo endógeno, três métodos diagnósticos são comumente empregados teste de supressão com doses baixas de dexametasona (teste de liddle 1 ou 0.5 mg 6/6h por 2 dias ou dexametasona overnight 1 mg com dosagem de cortisol as 8H a; dosagem do cortisol à meia-noite (sérico ou salivar) e medida do cortisol livre urinário das 24 horas esse último não pode ser feito em amostra isolada, como está na alternativa “C”. O Teste de 8 mg com dexamentasona ou teste de liddle 2, geralmente é utilizado para determinação de casas de síndrome de Cushing ACTH dependentes (ACTH ectópico ou doença de Cushing).

Respostas d.

59
Q

UFT – 2019
59. Correlacione a coluna que contém o gene relacionado à síndrome hereditária correspondente:

Genes 
1- APC
2- MEN 1
3- p53
4- RB
5- RET

Síndromes
( ) Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 1
( ) Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2
( ) Polipose Adenomatosa Familiar

Assinale a alternativa que contenha a sequência CORRETA de cima para baixo:

a) 1 – 4 – 3
b) 2 – 3 – 1
c) 2 – 5 – 1
d) 3 – 2 – 1
e) 3 – 5 –4

A
  1. Mutações germinativas nos genes abaixo estão relacionadas com as seguintes patologias:
  2. Gene APC = polipose adenomatosa familiar
  3. Gene MENIN (MEN1) = neoplasia endócrina múltipla do tipo 1
  4. Gene p53 = síndrome de Li-Fraumeni
  5. Gene RB = retiniblastoma
  6. Gene RET = neoplasia endocrinla múltipla tipo 2A e 2B

Resposta c.

60
Q

UFT – 2019
60. Para se chegar ao diagnóstico correto de síndrome de Cushing, é importante seguir uma sequência de
investigação, sem a qual o risco de erros aumenta substancialmente. Qual seria a sequência CORRETA?

  1. Dosar o ACTH.
  2. Solicitar RNM de hipófise.
  3. Solicitar a dosagem de cortisol salivar noturno, do cortisol urinário de 24h (CLU) e do cortisol sérico após
    a supressão com 1 m de dexametasona.
  4. Afastar o Cushing exógeno.
    a) 1 – 2 – 3 – 4
    b) 3 – 2 – 1 – 4
    c) 4 – 3 – 1 – 2
    d) 4 – 3 – 2 – 1
    e) 3 – 4 – 1 – 2
A
  1. Na investigação do hipercortisolismo endógeno devemos seguir a seguinte ordem
  2. Afastar cushing exógeno – história apurada, para afastar uso de medicações com ação glicocorticoide
  3. Confirmação: Teste de supressão com doses baixas de dexametasona 0,5 mg de 6/6 horas, por 48 horas
    ou 1 mg overnight; Dosagem do cortisol à meia-noite (sérico ou salivar); dosagem do cortisol urinário livre
  4. Dependência de ACTH: dosagem de ACTH
  5. Se causa ACTH dependentes: testes de diferenciação (liddle 2, teste CRH, e outros)
  6. RM de hipófise: se sugestivo de doença de cushing (causa hipofisária)

Resposta c

61
Q

AMRIGS – 2019
61. A obesidade consiste em fator de risco para:

a) tumor de Klatskin
b) carcinoma epidermoide de esôfago
c) adenocarcinoma da junção esofagogástrica
d) carcinoma epidermoide do reto

A
  1. O adenocacinoma de esôfago e junção esofagogástrica está fortemente relacionado a sintomas de refluxoesofágico como pirose frequente e obesidade. Quanto maior o peso, maior o refluxo, e maior o risco de câncer de esôfago. Quanto a azia e obesidade estão combinadas, potencializam mais o risco de câncer de esôfago do tipo adenocarcinoma. Nos EUA, é sua incidência aumentou significativamente, sendo responsável por cerca de 50% dos casos de câncer por lá. Há evidências que a azia frequente e o aumento de peso, principalmente a obesidade absominal estejam impulsionando o aumento da incidência do adenocarcinoma.