Medicina fetal - alterações cromossômicas Flashcards

1
Q

Marcadores ultrassonográficos de aneuploidias no 1º trimestre: medida da translucência nucal (TN)

A
  • Medida da espessura do espaço anecoico sob a pele da região nucal do feto, feita preferencialmente na ultrassonografia de 1º trimestre de gestação
  • Seu aumento está associado às seguintes alterações:
    –> ANEUPLOIDIAS CROMOSSÔMICAS: são os principais defeitos a serem investigados. Exemplos:
    Síndrome de Down: trissomia do par 21
    Síndrome de Edwards: trissomia do par 18
    Síndrome de Patau: trissomia do par 13
    Síndrome de Turner: cariótipo 45+X0 ou mosaicismo 46 XX/45+X0
    —> Algumas síndromes genéticas como síndrome de Noonan, erros inatos do metabolismo e displasia tantofórica.
    –> Cardiopatias congênitas
  • A medição da TN passa por um processo criterioso, que deve ser realizado entre 11 - 13 semanas + 6 dias, com o feto apresentando um CCN mínimo entre 45-84 mm. Sem esses critérios, a sensibilidade da determinação da TN diminui muito!
  • A imagem visualizada no USG também deve atender a certos padrões, tornando essa medida reprodutível e auditável.
  • Os valores de corte da TN são padronizados de acordo com a idade gestacional. O uso de um ponto de corte fixo aplica-se apenas para valores extremamente alterados para todas as faixas etárias (exemplo: > 3,5 mm)
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2
Q

Marcadores ultrassonográficos adicionais de aneuploidias no 1º trimestre

A
  • Frequência cardíaca fetal: taquicardia fetal pode ser indicativa de certas síndromes cromossômicas, tal qual a síndrome de Patau (T13) - 67% dos casos terão FCF > p95 para idade gestacional.
  • Osso nasal: a ausência ou hipoplasia de osso nasal também está correlacionado com síndromes genéticas e algumas malformações - Down (T21), Edwards (T18) e Patau (T13)
  • Ondas “a” reversas ou índice de pulsatilidade (IP) > p95 no ducto venoso: a onda “a” reversa ou um IP aumentado no ducto venoso, obtidos pela dopplervelocimetria, são um sinal de alarme para aneuploidias cromossômicas
    A ausência de ondas “a” ou ondas “a” reversas são detectadas em cerca de 80% dos casos de T21. Esse fluxo anormal pode ainda representar casos de malformação cardíaca ou ainda síndrome da transfusão feto-fetal em gestações monocoriônicas.
    No segundo e terceiro trimestres de gestação, esses fluxos anormais são associados à falência cardíaca fetal.
  • Fluxo tricúspide: ao USG, pode-se identificar regurgitação tricúspide patológica
    A regurgitação tricúspide também pode ser encontrada nas síndromes de Down, Edwards, Patau e Turner, porém podem apontar risco de diversas outras malformações, entre as quais tem-se:
    –> Defeitos cardíacos: anomalia de Ebstein, displasia de valva tricúspide, atresia pulmonar, defeito do septro atrioventricular
    –> Cardiomegalias e arritmias
    –> Hidropsia não imune
    –> Diabetes materno
    –> Exposição à indometacina
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3
Q

Malformações congênitas detectadas no USG de 1º trimestre

A
  • Algumas malformações estão fortemente associadas a aneuploidias cromossômicas:
    –> DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR: Síndrome de Down (clássica)
    –> Onfalocele: síndrome de Edwards, Patau e Beckwith-Wiedemann
    –> Holoprosencefalia alobar: Patau
    –> Hérnia diafragmática: síndrome de Edwars e Patau
    –> Megabexiga: síndrome de Edwards e Patau

Todas essas malformações apresentam risco muito elevado de aneuploidias cromossômicas. Portanto, não é necessário calcular o risco pela TN

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4
Q

Avaliação dos riscos

A
  • Com base em fatores maternos - idade avançada e antecedente de filho com trissomia - e na idade gestacional, calcula-se o risco basal
  • Os marcadores ultrassonográficos - FCF, TN, osso nasal, ducto venoso e regurgitamento tricúspide - modificam esse risco basal, gerando um risco corrigido
  • Lembrar que A EXISTÊNCIA DE MALFORMAÇÃO AUMENTA SOBREMANEIRA O RISCO DE ANEUPLOIDIAS, TORNANDO O CÁLCULO DE RISCO BASAL E CORRIGIDO PRECINDÍVEL.
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5
Q

O que fazer frente a um risco corrigido alterado?

A
  • A conduta recomendada depende da faixa de risco que varia para cada aneuploidia. A aneuploidia mais prevalente e importante é a síndrome de Down (T21)
  • Para a síndrome de Down:
    –> Um risco corrigido > 1:100 é considerado de alto risco e a conduta é solicitar PROCEDIMENTO INVASIVO.
    –> Se o risco for < 1:1000, esse é considerado de baixo risco e deve-se seguir habitualmente o pré-natal, sem exames adicionais
    –> Se o risco for INTERMEDIÁRIO (entre 1:100-1:1000), a conduta deve ser individualizada (seguimento ou procedimento invasivo) ou ainda recomenda-se teste genético pré-natal não invasivo (NIPT) que apresenta sensibilidade bem elevada.
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6
Q

Rastreamento combinado de 1º trimestre

A
  • Significa integrar os marcadores do USG com marcadores bioquímicos que objetivam aumentar a taxa de detecção de aneuploidias e reduzem a taxa de falsos positivos.
  • Marcadores bioquímicos: BHCG livre ou total, PAPP-A e PLGF (PLGF, associado ao PAPP-A, é mais direcionado para risco de pré-eclâmpsia)
  • Comparados com a mediana para a idade gestacional para obter os múltiplos da mediana (MoM)
  • Devem ser coletados entre 9-13 semanas e 6 dias:
    –> Considerando que o BHCG livre AUMENTA seu desempenho com a idade gestacional
    –> Considerando que o PAPP-A DIMINUI seu desempenho com o avanço da idade gestacional.
  • Perfil da T21:
    –> BHCG aumentado
    –> PAPP-A reduzido
  • Perfil das T13 e T18:
    –> Ambos os marcadores bioquímicos estão baixos ou muito baixos
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7
Q

Rastreamento com USG de 2º trimestre

A
  • Lembrar que as cromossomopatias são detectadas principalmente no 1º trimestre, cuja taxa de detecção é consideravelmente maior que o USG e marcadores de 2º trimestre, além de possuir menor taxa de falso-positivos!
  • Marcadores de T18 e T13 –> seus marcadores à ultrassonografia morfológica são bem visíveis, com malformações típicas das síndromes
  • Marcadores de T21: pode apresentar fenótipo mais leve ou “soft markers”
    –> Cisto de plexo corioide
    –> Osso nasal hipoplásico
    –> Prega nucal espessada
    –> Pielectasia leve
    –> Hipoplasia de falange média do 5º digito
    –> Intestino hiperecoico
    –> Golf ball (foco hiperecogênico)
    –> Úmero e/ou fêmur curtos
    Esses soft marks servem para modificar o risco basal materno
  • Existe também um rastreamento bioquímico de 2º trimestre, associado ao USG
    –> Pode ser feito por testes duplos, triplos ou quádruplos, sendo esses últimos os mais preconizados:
    AFP + BHCG + uE3 (estriol não conjugado) + InhA (inibina A)
    –> Para a trissomia do par 21: AFP e uE3 reduzidos / BHCG e InhA aumentados
    –> Para trissomia do par 18: AFP reduzida / BHCG e uE3 muito reduzidos
    –> A trissomia T13 apresenta alterações bioquímicas insensíveis.
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8
Q

Teste pré-natal não invasivo (NIPT)

A
  • É a triagem de aneuploidias fetais em sangue materno, a partir da detecção de DNA fetal livre no sangue da mãe
  • Pontos importantes:
    –> Fração fetal: % do DNA livre na circulação materna que tem origem fetal. A fração fetal interfere na sensibilidade do NIPT, quanto maior, maior o NIPT
    –> Taxa de detecção extremamente elevada e taxa de falsos positivos baixíssima para as trissomias mais comuns.
    –> Causas de falsos negativos: obesidade materna, idade gestacional muito precoce, uso de enoxaparina* e mosaicismo confinado à placenta
    *diminuem a fração fetal
    –> Causas de falso positivo: mosaicismo confinado à placenta (sim, é uma causa para falso positivo e falso negativo), câncer ou alterações genéticas maternas, transplante de medula óssea ou de órgãos sólidos, vanishing twin
  • CUIDADO! Apesar de ter alta taxa de detecção, o NIPT é um teste de rastreio, portanto seus resultados positivos devem ser confirmados com testes invasivos (biópsia de vilo ou amniocentese)
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9
Q

Confirmação diagnóstica

A
  • Para ser confirmado, PRECISA DE TESTES INVASIVOS:
    BIÓPSIA DE VILO CORIAL (BVC)
    AMNIOCENTESE
  • A indicação desses métodos depende da idade gestacional do paciente:
    –> BVC: entre 10 - 13 semanas + 6 dias (não é recomendada em < 10 semanas)
    –> Amniocentese: a partir de 15 semanas
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10
Q

Principais trissomias e suas alterações

A
  • Síndrome de Down (T21):
    –> É a aneuploidia cromossômica mais comum entre os recém-nascidos
    –> Malformações maiores:
    DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR (a cardiopatia mais comum nessa população)
    Tetralogia de Fallot
    Atresia duodenal
    Ventriculomegalia leve
    –> Pode ainda haver malformações menores (soft marks)
    –> A T21 é uma condição altamente POLIMÓRFICA (pode ter malformações atípicas)
  • Síndrome de Edwards (T18)
    –> Múltiplas malformações graves:
    Cardiopatias: comunicação interventricular (CIV), anomalias conotruncais (DUPLA VIA DE SAÍDA DO VENTRÍCULO DIREITO - importante memorizar)
    Hérnia diafragmática
    ONFALOCELE (25% dos pacientes)
    Meningomielocele
    Agenesia radial
    –> Fenótipo e dismorfismos, muito evidentes ao USG morfológico: crânio “em morango”, micrognatia, orelhas com baixa implantação, restrição de crescimento fetal grave e precoce, mãos em garra e pés em mata-borrão
  • Síndrome de Patau (T13):
    –> Condição a malformações maiores graves, muito evidentes ao USG morfológico:
    –> SNC: HOLOPROSENCEFALIA, anomalias de fossa posterior
    –> Alterações oculares (geralmente associadas à holoprosencefalia)
    –> FISSURAS LABIOPALATINAS PRINCIPALMENTE MEDIANAS
    –> Displasia renal (rins hiperecoicos e aumentados)
    –> Cardiopatias, sendo a CIV a mais comum
    –> POLIDACTILIA PÓS-AXIAL
    Óbito intraútero até 80%
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