Climatério Flashcards

1
Q

Introdução

A
  • O climatério é o período que compreende a transição reprodutiva da mulher, isto é, a passagem do estágio reprodutivo para o não reprodutivo, caracterizado por ciclos anovulatórios, irregulares e ainda disfunção hormonal
  • Com o envelhecimento, ocorre gradual falência ovariana que culmina na interrupção dos ciclos ovulatórios e parada do fluxo menstrual.
  • O termo menopausa refere-se à data do último episódio de sangramento menstrual apresentado pela mulher

-A definição da data da menopausa é feita retrospectivamente, após 12 meses de amenorreia em uma mulher que esteja na faixa etária esperada para ocorrência de falência ovariana

  • O normal é que a menopausa ocorra a partir dos 40 anos de idade (90% das menopausas ocorrem na faixa etária de 45-55 anos em mulheres hígidas), com uma média de 51 anos para a população geral. Amenorreia antes dos 40 anos de idade denota insuficiência ovariana prematura, tendo sido excluídas outras causas para tal.
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2
Q

Fisiologia do climatério

A

1º Queda do número de folículos ao longo da vida até reserva ovariana ficar baixa dará início ao processo climatérico!

2º A primeira alteração com essa queda de reservas é a diminuição da secreção de inibina B, um hormônio produzido pelos folículos, responsável por inibir o FSH no ciclo ovariano

3° As quedas da inibina B (aproximadamente aos 40 anos de idade) acaba aumentando transitoriamente os níveis de FSH e estradiol e leva ao encurtamento da fase folicular. Assim, os sangramentos menstruais apresentam intervalos cada vez mais curtos (irregularidade menstrual). A progesterona cai, pois o corpo lúteo mal é formado.

4º O estímulo do endométrio pelo estrogênio de forma contínua e sem contraposição da progesterona agora passa a espaçar mais os ciclos, determinando períodos mais longos de amenorreia.

5º A depleção folicular continua provoca consequente quedas nos níveis de estrogênio circulante. Em resposta ao hipoestrogenismo, há liberação de maior quantidade de FSH, que permanecerá cronicamente elevado na pós-menopausa. Todo esse processo evolui para o último sangramento menstrual da mulher e fim do seu período reprodutivo (menopausa).

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3
Q

Síndrome do climatério

A
  • Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da interação de fatores endócrinos, socioculturais e psicológicos que ocorrem na mulher que envelhece
  • Sinais e sintomas são consequências do hipoestrogenismo:
    –> Irregularidade menstrual, caracterizada inicialmente por ciclos mais curtos, que passam a ser mais espaçados, com longos períodos de amenorreia.
    –> Sintomas vasomotores: ondas de calor ou fogachos, consistem em sensação súbita de calor na região central do corpo. Podem ser acompanhadas de taquicardia/palpitação, vasodilatação periférica, e transpiração excessiva. Podem haver outros sintomas, tais quais parestesias, insônia, artralgia, mialgia, cefaleia e zumbidos.
    Os sintomas vasomotores podem ser quantificados pela classificação de Kupperman
    –> Alterações de humor: sentimentos negativos, aumentando o número de episódios depressivos. Também pode haver irritabilidade, desânimo, disforia.
    –> Síndrome urogenital: também consequência dos níveis séricos baixos de estrogênio, levando à atrofia vaginal, uretral e da própria bexiga! Acarreta em sintomas de secura vaginal, dispareunia, disuria, prurido, urgência miccional e ITUs recorrentes. Essa síndrome costuma responder bem ao estrio tópico
    –> Disfunção sexual: diminuição importante da libido, irritabilidade. É decorrente da FALTA DE ANDROGÊNIOS

CUIDADO!
Sintomas vasomotores e urogenitais são causados pelo HIPOESTROGENISMO
Sinais e sintomas de disfunção sexual são decorrentes do HIPOANDROGENISMO.

  • Diagnóstico:
    –> Eminentemente clínico, com história clínica minuciosa e exame físico detalhado.
    –> Exames laboratoriais não precisam ser solicitados, a não ser para fins de exclusão de outros diagnósticos diferenciais!
    FSH > 40
    Estradiol < 20
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4
Q

Tratamento

A
  • Objetiva melhorar a qualidade de vida.
  • Orientações de estilo de vida:
    –> Realizar atividades físicas, que reduzem a intensidade e frequência dos sintomas vasomotores, bem como diminui a incidência de sintomas negativos do humor, porém não é superior à terapia de reposição hormonal
    –> Estimular dietas saudáveis e uso de roupas frescas e arejadas
  • Prevenir riscos
    –> Avaliar osteoporose e necessidade de reposição da vitamina D (sempre repor primeiro antes de iniciar bifosfonatos em mulheres osteoporóticas)
    –> Indicações de rastreio da osteoporose com densitometria óssea (DMO):
    1. Mulheres com idade ≥ 65 anos ou;
    2. Idade < 65 quando houver maior risco para fraturas futuras (existem ferramentas para tal como o FRAX que avalia idade, sexo, peso, tabagismo, uso de corticoides, história pessoal prévia de fraturas, história familiar de fraturas de quadril, consumo de álcool ≥ 3 unidades por dia, artrite reumatoide e osteoporose secundária). A recomendação deve ser uma repetição a cada 5 anos da DMO. Para aquelas portadoras de osteopenia ou fatores de risco para fraturas, recomenda-se encurtar esse intervalo de rastreio, geralmente para 2 anos.
  • Avaliar hipertensão, risco cardiovascular, dislipidemias, tabagismo, alcoolismo, rastreio ao câncer de mama e de colo do útero.
  • Tratamentos sistêmicos:
    –> Terapia de reposição hormonal (TRH): estrogênio + progesterona (a progesterona confere proteção endometrial em mulheres com útero)
    –> Se fatores de risco cardiovascular presentes - HAS, tabagismo, dislipidemias - preferir a via transdérmica.
    –> Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) podem ser úteis no tratamento dos fogachos (em caso de contraindicação à terapia hormonal)
    –> Tratamento tópico: se a paciente relatar queixas urogenitais isoladas, pode-se tentar administrar estrogênio tópico, sem absorção sistêmica significativa. O estrogênio tópico comumente utilizado é o promestrieno (estriol)
    –> Isoflavona, cramberry, vitamina E, cinarizina: SEM EVIDÊNCIA!
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5
Q

Terapia de reposição hormonal (TRH)

A
  • Benefícios:
    –> Redução do risco cardiovascular - aumenta o HDL, diminui o LDL, reduz o risco de diabetes, pois permite melhor controle glicêmico
    –> Reduz risco de adenocarcinoma colorretal
    –> Melhora sintomas vasomotores e da síndrome urogenital
    –> Previne osteoporose e fraturas futuras
    –> Melhora sintomas depressivos e insônia
  • Riscos:
    –> Aumenta o risco de câncer de mama (menos de 1% ao ano)
    –> Demonstrou aumento discreto no risco de tromboembolismo venoso
    –> Não há aumento do risco de hiperplasia ou neoplasia endometrial se o estrogênio estiver associado com progesterona
  • Contraindicações ao TRH com estrogênio:
    –> Câncer de mama - contraindicação absoluta de qualquer método hormonal, incluindo de progesterona
    –> Câncer endometrial
    –> Evento tromboembólico prévio
    –> Doença cardiovascular estabelecida - AVC e IAM prévios, obstrução arterial aguda, cardiopatia isquêmica
    –> Doenças sistêmicas descompensadas
    –> LES e SAF
    –> Sangramento genital ou nódulo mamário não investigados
    –> Meningiomas (nesse caso, a contraindicação é apenas para o progestagênio. Mulheres HISTERECTOMIZADAS com meningioma podem fazer uso de estrogênios isolados, se não apresentarem outras contraindicações para tal)
  • A TRH é feita na janela de oportunidades (iniciar em até 5-10 anos da menopausa)
  • Tibolona:
    –> Derivado da 19-nortestosterona, tem propriedades progestagênicas, estrogênicas e androgênicas
    –> Ajuda no alívio dos sintomas climatéricos, prevenção da perda de massa óssea e efeitos positivos sobre a sexualidade e humor
    –> Pode piorar dislipidemias, contraindicadas nesse cenário.
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6
Q

Insuficiência ovariana prematura (IOP)

A
  • A IOP consiste na perda da atividade ovariana antes dos 40 anos de idade, determinando um quadro de amenorreia (hipogonadismo hipergonadotrófico)
  • Tem uma sintomatologia semelhante ao climatério, por conta do hipoestrogenismo
  • A tendência é apresentar sinais e sintomas da perimenopausa antes da história natural da doença para tal
  • Pode ser causadora de amenorreia primária na fase pré-púbere.
  • Causas:
    1. Autoimunes - 30% dos casos
    2. Genéticas - 15% dos casos - síndrome de Turner, disgenesia gonadal pura, trissomia do X, deleções ou translocações no cromossomo X, síndrome do X frágil ou ainda defeitos genéticos autossômicos.
    3. Iatrogênicas: danos causados por radioterapia, quimioterapia ou cirurgias
    4. Infecciosas: parotidite, rubéola, varicela, herpes-zóster, CMV, tuberculose, malária e Shigella.
    5. Pode ser ainda idiopática, sem causa definida. O tabagismo é um fator de risco ao seu desenvolvimento.
  • Diagnóstico:
    –> Aqui a dosagem de hormônios é importante
    FSH > 25 em duas dosagens com intervalo de 4 semanas.
    –> Investigar outras causas de amenorreia primária
  • Repercussões clínicas:
    –> Hipoestrogenismo prolongado - sintomas vasomotores, atrofia urogenital, perda de massa óssea (osteoporose precoce), aumento do risco cardiovascular, infertilidade.
    –> Alguns estudos apontaram aumento do risco de demências e doença de Parkinson
  • Tratamento:
    –> Preferencialmente é realizado com reposição hormonal combinada (estrogênio + progestagênio) até os 50 anos em média
    –> Poder por via oral ou transdérmica (preferível em pacientes de alto risco cardiovascular, tabagistas sem carga tabágica proibitiva e dislipidemia)
    –> Iniciar progestagênio SEMPRE 2 anos após introdução do estrogênio, se mulher pré-púbere.
    –> Se houver desejo reprodutivo, pode-se proceder à ovodoação (somente 10-15% das mulheres com IOP engravidam espontaneamente)
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